Quando as pessoas descobrem que eu sigo amanhã para Montevideo em um esquema bate-e-volta 'apenas' para ver um jogo de futebol, a reação é inevitavelmente a mesma: "Você é louco!"
Sim, isso eu já sei. Mas insisto em dizer que não é 'apenas' um jogo e que eu tampouco estou indo até lá para ver o que quer que seja. Porque é Libertadores, é Palmeiras e é tudo aquilo pelo que lutamos. E porque eu não vou para ver, mas para empurrar o meu time à vitória.
É difícil compreender o que leva alguém a perder o seu único dia de folga em meses de trabalho e mais algumas centenas de reais para ver 'apenas' um jogo de futebol. Não pertence ao terreno do racional, e é bom que seja assim. Porque é tão insano quanto inesquecível.
Foi assim na vitória em Recife, que nos livrou da virtual eliminação e nos trouxe até a Batalha do Centenario. Foi assim na vitória em São Januário, em 1999. Foi assim em toda a caminhada de 2000. Foi assim com o vitorioso duelo nos pênaltis, em 2001, no Mineirão. Foi assim em 2005, em 2006 e em tantas outras situações. Porque nada é tão bom quanto ir buscar uma vitória ou uma classificação bem longe de casa.
Neste 16 de junho de 2009, passados 10 anos desde o título da Libertadores/99, é justo lembrar de cada uma das vitórias heróicas do Palestra, em casa ou em campos inimigos. Em meio a tantos duelos inesquecíveis, eu preciso apenas buscar na memória a minha visão do chute de Zapata para fora para tudo isso fazer ainda mais sentido.
10 anos. As memórias de dentro do estádio, confesso, não são assim tão claras. Não era um jogo para se assistir; era para jogar junto com o time, cantando do início ao fim. Eu estava, admito, entorpecido, como fiquei ainda por um bom tempo, mesmo já fora do estádio.
É então que vêm à mente só as cobranças de pênalti, incluindo a decisiva, com a massa alviverde de mãos dadas, pronta para explodir. E eu, abraçado ao meu irmão, os dois já sem conseguir conter as lágrimas, com os joelhos no cimento sagrado daquela arquibancada que hoje já não existe mais.
Isso, meus caros, não tem preço. Viver um momento desses significa buscar - e alcançar - um lugar na história. Representa se eternizar em uma conquista única. Significa receber a visita de Felipão já no 10º aniversário da vitória e ter a exata noção de que a Libertadores é tão dele quanto de cada torcedor de arquibancada. E é até mais nossa, à medida que estaremos sempre do mesmo lado da batalha.
Se estivemos juntos lá atrás, estamos agora também, uma década depois. Podemos não gostar de um jogador aqui e de outro ali e até o treinador pode ser hoje uma figura que não desperta a nossa confiança. Pouco importa; o Palmeiras vai a campo na fria noite uruguaia e eu confio nos homens que vestem aquela camisa verde.
Eles serão a nossa alma e o nosso coração na cancha. E nós, poucos e bravos na arquibancada do Centenario, seremos a voz de milhões. Para buscarmos o nosso lugar na história mais uma vez...
À VITÓRIA, GUERREIROS!
AQUI É PALESTRA!
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Outra boa fonte de inspiração é a nossa campanha no título da Copa Mercosul/1998. Aí vai:
2ª rodada da 1ª fase - 19.08.1998, 22h
Nacional/URU 0 x 5 Palmeiras
Estádio Centenario, Montevideo/URU
Gols: Oséas, 10' do 1º; Magrão, 30' do 1°; Magrão, 41 do 1º; Tiago Silva, 32' do 2º; e Juliano, 39' do 2º
Os guerreiros: Velloso; Nenem, Júnior Baiano, Cléber e Júnior; Roque Jr., Rogério, Zinho (Tiago Silva) e Alex; Oséas (Galeano) e Magrão (Juliano). Técnico: Luiz Felipe Scolari
5ª rodada da 1ª fase - 01.10.1998, 21h50
Palmeiras 3 x 1 Nacional/URU
Palestra Itália
Gols: Rogério, 2' do 2º; Arilson, 30' do 2º; Arilson, 35' do 2º; e Barrios, 45' do 2º
Os guerreiros: Marcos; Nenem, Júnior Baiano, Agnaldo e Júnior; Galeano (Rogério), Tiago Silva, Alex (Paulo Nunes) e Arílson; Magrão e Oséas (Almir). Técnico: Luiz Felipe Scolari