O
penúltimo post rendeu uma série de manifestações sobre a Mancha Verde e questionamentos sobre o papel da entidade. Deixei para emitir minha opinião em um novo post:
Eu sou da Mancha há 12 anos - e tomo por base aqui a associação à entidade, com a carteirinha 1561, número baixo porque referente ao recadastramento pós-extinção das organizadas paulistanas. Mas sou mancha há mais tempo, pra mais de 15 anos, porque aí considero o período de dedicação à torcida na arquibancada. Já viajei o Brasil quase inteiro nas caravanas da torcida, conheço gente de todas as gerações, desfilo pela escola de samba todos os anos e estou sempre junto na arquibancada.
Até por isso tudo me sinto à vontade para eventualmente discordar de certas posições da MV nos dias de hoje.
Começo por dizer que sou amplamente favorável às torcidas organizadas, todas elas, desde que tenham um mínimo de representatividade numérica.
Sigo com algo que já apontei há poucos meses: tenho discordado da maioria das decisões recentes da entidade e, por vezes, não sinto minhas opiniões representadas por ela (tipo
aqui). Vejo na Mancha desses dias - e em boa parte das outras organizadas paulistanas - uma certa crise de identidade, e me sinto agora pouco capacitado para explicar as razões disso. Uma tentativa de avançar em um diagnóstico mais preciso poderia me levar a cometer injustiças.
O tempo passa e às vezes não nos damos conta disso: notem os senhores que o período pós-extinção (1995-2011) já é mais representativo para a entidade Mancha Verde do que todo o período anterior (1983-1995). Não quero entrar em discussões filosóficas sobre isso, mas é algo que certamente deve trazer subsídios para qualquer análise que se pretenda mais embasada.
Não quero também entrar no mérito dos protestos contra alguns jogadores do atual elenco ou de qualquer outra situação que tenha provocado divergências em outros setores da torcida palmeirense. Já disse que discordo da atitude tomada em Volta Redonda, mas entendo como legítimo o direito de a torcida protestar contra o que julga equivocado no time ou no clube. E é legítimo porque se trata a Mancha Verde da voz mais ativa que temos na arquibancada.
Discordo da posição adotada, mas defendo o direito de a Mancha se posicionar. E entendo, como já dito inúmeras outras vezes, ser incontestável a legitimidade alcançada por um grupo que leva 13 onibus para Volta Redonda em um jogo que valia muito pouco. E eu talvez tenha essa visão dos fatos porque tenho pelo Palmeiras a mesma dedicação - e a diferença agora é que, por uma série de circunstâncias, encaro as longas viagens não mais na caravana da torcida, mas de carro e aproveitando mais a viagem.
Observo - e peço que entendam o fato de não estar me dirigindo a ninguém em específico - que algumas críticas contundentes contra a Mancha partem exatamente de setores pouco participativos na vida do clube. Não admito, por exemplo, reclamações de gente que não vai a estádios. Admito contestações de todos os outros, mas é preciso tomar como parâmetro toda a dedicação de gente que sacrifica muito de sua vida para acompanhar o Palmeiras onde ele for.
Não há um lado certo e um lado errado. Há posições divergentes, e isso sempre vai acontecer em se tratando de Palmeiras.
Lembro que a Mancha já adotou longos períodos de cessar-fogo em relação ao time, e tal situação já foi importante para blindar elencos até mais fracos que o atual da pressão exercida por setores, digamos, mais críticos da coletividade palestrino. Não adiantou muito, mas a torcida "fechou" com o time - e é criticada agora exatamente por não fazer isso. Lembro que já cantamos o nome de um monte de vagabundo pior que os atuais, e que já apoiamos o time mesmo quando outros setores expunham contrariedade durante os 90 minutos. E lembro ainda que determinados episódios de pressão ou agressão a jogadores vagabundos se mostraram necessários.
Na minha visão, uma entidade como a Mancha Verde - e qualquer outra organizada representativa - tem o direito (ou seria dever?) de cobrar jogadores, técnicos, dirigentes ou o que quer que seja.
Contesto um pouco da falta de um posicionamento político da entidade. A meu ver, teria a Mancha um papel fundamental para questionar certas excrescências às quais somos submetidos quase que diariamente. Isso acaba por acontecer apenas entre a velha guarda e às vezes de maneira isolada. Não deixa de ser alguma coisa.
Mas, por fim, e reside aqui o mais importante, entendo que não se pode culpar a Mancha pelos maus resultados do time. A culpa é de muita gente, menos da organizada. Não aceito que seja creditada a quem encarou a estrada em um enorme comboio a responsabilidade por uma derrota como a de domingo para o Fluminense. Como não admito qualquer responsabilidade na derrocada de 2009 ou de qualquer outra competição.
E agora, relendo o que escrevi, percebo a confusão em meio a tantas ideias soltas. Vai ficar assim mesmo. O texto acima não pretende ser um editorial em defesa da MV - até porque eu já disse que discordo da maior parte das decisões recentes. O texto acima é apenas a exposição de alguns argumentos que talvez nem façam assim tanto sentido. Enfim, é a minha sincera contribuição para o tema. Respeito as opiniões divergentes.