Houve quem reclamasse na semana passada do tom de alguns
posts deste blog. Não foi nem aqui, mas em outra página, e a discordância principal não se referia aos argumentos em si, mas sim ao uso de palavras, digamos, mais
intensas. Gente que se ofendeu com o linguajar utilizado por este blog contra o
técnico Luiz Felipe Scolari. Pois então eu digo, senhores, que usar palavrões é
uma arte. Eles são necessários quando o sentimento em jogo é muito forte. Há
quem faça uso deles para se referir a outras pessoas e situações; por outro
lado, há gente, como o nosso treinador, que faz uso de palavrões para se
referir ao Palmeiras. Enfim, cada um defende o que lhe parece mais importante.
Isso tudo para dizer que, ainda que corra o risco de me
tornar repetitivo, sigo defendendo o interesse do torcedor palmeirense e do
próprio Palmeiras. Para ampliar o debate, abro espaço
agora para duas opiniões distintas sobre os jogos em Barueri.
Opiniões de dois grandes amigos da arquibancada, um contra e outro a favor.
Peço que atentem para os argumentos do Teo. Eles são válidos e fazem sentido. Entendo eu que eles não compensam o transtorno de se jogar fora de SP, mas, se vamos mesmo fazer
uma visita quase semanal a Barueri, é bom tentarmos extrair algo de positivo.
Por que não em Barueri?
*por Felipe Giocondo
Antes de tudo, é importante ressaltar que nada temos contra o
estádio em Barueri. Embora seja um desperdício de dinheiro público em uma obra
que não traz retorno relevante para a comunidade onde está inserido (para os
que não o conhecem, o estádio situa-se em meio a residências muito simples, por
vezes precárias), nem para o outro lado da Rodovia, abastado pelos seus
condomínios de luxo e restaurantes da moda, não é o cerne da questão para o
palmeirense as condições estabelecidas para que se levante um estádio – embora
tenhamos um exemplo parecido aqui em nossa própria cidade.
Por que não Barueri? Pela mesma razão que somos contra o
mando de jogos por outras cidades do interior paulista, algumas tão distantes
da capital é que mais rápido – e barato – vir de outro estado para um jogo por
lá.
Porque a Sociedade Esportiva Palmeiras é um clube sediado na
capital paulista, onde até mesmo times de fora do município mandam seus jogos
para que possam – vejam que constrangedor para o Palmeiras – arrecadar mais e
ter um público maior.
Poderíamos ser contra Barueri porque jogamos no Pacaembu
desde o primeiro dia em que ele esteve ativo, inaugurando o estádio municipal
com uma sonora goleada.
E porque o Pacaembu, a despeito do que muitos afirmam e
bradam, nunca, jamais, em tempo algum, foi inimigo do Palmeiras, ou não
seríamos, como somos e de longe, o clube a mais levantar troféus no estádio,
mesmo tendo outro clube da cidade se apropriado do Municipal como se fosse sua
casa por muitos e muitos anos.
Somos radicalmente contra Barueri pelas suas parcas opções
de transporte público, seu acesso dificultado por estar em um extremo da Grande
São Paulo, por obrigar a quem mora na capital e cidades vizinhas a pegar estrada e pagar pedágio para ver seu time jogar.
Convenhamos, não há conta de economia que justifique ter uma
menor renda, como usualmente é quando jogamos por lá.
Somos contra jogar fora da capital e do Pacaembu quando
estamos prestes a relançar um programa de sócio torcedor e o estádio é, vejam a
contradição, uma arma fundamental para o sucesso do programa.
Não queremos nos aproximar ainda mais dos pequenos times que
peregrinam por trocados de prefeitos populistas e “empresários do ramo”.
Gostaríamos, nada além disso, de ver nosso clube de coração jogando onde desde
o dia da fundação o faz: em sua cidade.
Já nos dói bastante não ter o antigo Palestra Itália em pé.
Já nos entristece o suficiente ser um clube retrógrado, feudal, dominado pelos
mesmos sobrenomes que tanto fizeram no passado para construir um clube
vencedor. Os filhos que apagam vorazmente o legado de seus pais.
Não precisamos nos apequenar para que se economize 20, 30
mil reais por jogo quando temos uma estrutura corrompida que permita um time B
– que nos parece mais um verdadeiro balcão de negócios e negociatas – e que
pagaria, por mês, uns 15 jogos no Pacaembu.
Pedimos apenas respeito à instituição. Já não nos importamos
com quem dirige este clube. Com quem o treina. Pelos que jogam. Pouco significa
para nós um Palmeiras que só nos desperta reações viscerais de raiva e
angústia. Um clube que não pune quem o rouba, que não acata a voz dos seus
representantes que clamam pelas Eleições Diretas.
Nestes tristes momentos que temos vivido, queremos apenas
acompanhar esta camisa, pois ela será eterna, não importa quantos
descompromissados a vestem ou a usam.
O gigante Palmeiras, que, a despeito de sua administração, ainda ressurgirá, é e sempre será maior do que as mentes mesquinhas e incapazes
que o dirigem.
Não tirem o Palmeiras de nós. Por cada palmeirense, em cada
cidade deste país, permitam que ele possa jogar em sua casa de direito, pois
aqui construímos nossa história e a do Brasil no último século.
Barueri, onde vive o futebol
*por Marco Bressan, o
Teo
Foi, sem dúvida, a peleja mais agradável e prazerosa do
ano.
Barraca de pernil, maria mole, engasga gato e cerveja gelada
a 10 metros do portão. A favela nos arredores com o povão mais humilde se
fazendo presente, a proximidade com o campo, a pressão na imprensa e
na arbitragem. Enfim, tudo aquilo que não nos é permitido na São Paulo demotucana
de Kassab & Serra, ainda está ali, em Barueri, à nossa disposição.
Futebol como antigamente, sem frescura ou restrição.
Toda vez que vou pra lá, retorno com a sensação de que o
futebol, mesmo nos dias de hoje, pode ser muito mais caloroso e
participativo. Vive-se, por ali, o contraponto ao clima de
cemitério, percebido nos sombrios arredores do ex-Pacaembu (a pior opção,
entre todas), onde simplesmente inexiste a convivência entre torcedores
(desculpem-me, eu tenho vergonha do Buim).
Em Barueri, depois de um bom tempo, voltei a sentir
aquele espírito de comunhão entre semelhantes. Este, tanto quanto a
busca por uma vitória do time de coração, é o que eu imagino que deveria guiar
a presença de um homem em um estádio de futebol.
De novo, obrigado, rapaziada. E que em Barueri a
babaquice, invariavelmente acompanhada de um dinheiro desnecessário, demore um
pouco pra chegar.
14 comentários:
Os argumentos do Teo vão de encontro ao novo fenômeno de elitização dos estádios e nisso ele tem razão. Essa nostalgia é sentida por todos que frequentam estádios, imagino.
Mas o lado negativo nisso tudo acaba sendo muito maior. Mesmo assim, os de sempre estarão lá mais uma vez...
Uma coisa que eu gostaria de lembrar à nobre diretoria palmeirense e ao ex-ídolo que senta no nosso banco de reservas, é que, além das já existentes dificuldades de transportes, a linha de trem que passa por Barueri tem constantemente passado por problemas, e, nos fins de semana, para a realização de obras na linha, os trens circulam "com intervalos maiores". Outro dia eu tive o "prazer" de conhecer esses "intervalos maiores" da CPTM. O resultado foi a plataforma da Estação da Luz abarrotada de gente. E nem era dia de jogo.
De resto, tem todo meu apoio no tom que você usa para falar contra Barueri, Prudente e qualquer lugar que não seja São Paulo para o Palmeiras mandar seus jogos. Se o Palmeiras é um clube da Capital, é lá que tem que mandar seus jogos. Qualquer coisa fora disso é desrespeito ao torcedor. Simples assim. (em tempo, eu moro em Brasília, ou seja, muito mais longe que Prudente. Mas não defendo a realização de jogos aqui. Quando quero ver o Palmeiras, vou a SP).
Desculpe-me pelo comentário longo, mas é muita coisa aqui entalada, e aqui é um bom espaço para falar.
O Teo possui alguns bons argumentos, mas de toda forma, Barueri deveria ser a exceção e não a regra. Tudo bem realizar 2 ou 3 jogos por campeonato fora da capital, mas mais do que isso é exagero.
Barueri é meu ovo, Felipão!
Não vou poder ir em nenhum jogo do meu time, pois não tenho como ir para o interior, e se tivesse pensaria 1000 vezes antes de ir, pois não sei se vale a pena se matar para continuar vendo estes putos que ai estão vestindo o uniforme do meu glorioso time.
Meu pai,que me ensinou a torcer por este time maravilhoso, me apresentou o pacaembu quando criança, sempre que chego na cancha municipal lembro de meu querido velho e de como ele gosta do paca...
Que joguem a cortina de fumaça, nós estamos acostmados com a imbeciidade dos senhores, acontece que vcs (Tirone, Frizzo e Scollari) vão demorar para se acostumar com a nossa ira.
E digo mais, o treinador já colocou a culpa até no estádio, quem será o próximo culpado? Nós?!
Quem viver verá......
@BrunnoAnimal7
Fui apenas uma vez a Barueri - com o próprio Barneschi - num Palmeiras 1 X 0 Guarani.
Pude experimentar as duas visões. De fato, o acesso é ruim (tanto que tive que contar com os préstimos caronísticos do autor do blog). Por outro lado, fiquei bastante impressionado com as barraquinhas e com as biroscas em volta do estádio, os quais lembram os entornos da finada Fonte Nova e de Pituaçu, onde o futebol ainda existe. Em adição, o estádio de Barueri me pareceu muito bom para assistir os jogos.
No entanto, colocando na balança, os benefícios acima não compensam o custo de sair de fora de São Paulo, a falta de transporte e de estacionamentos. Isso sem falar no custo moral de se sentir um errante sem-teto.
Na próxima quarta, farei uma ginástica para estar aí e, novamente com a carona de Barneschi empurrar o time à classificação. Esses putos não merecem a torcida que têm...
Abraço.....Sandro (Salvador/BA)
Os argumentos realmente não são ruins, mas como já foi falado colocando na balança Barueri não vale a pena. E tá muito longe de começar a valer.
O mínimo que o Palmeiras tem que fazer é disponibilizar ônibus a todo torcedor que quiser ir pra Barueri de graça saindo do Palestra.
Gosto de Barueri.
Pelas razões expostas pelo grande Teo e também em benefício próprio, afinal, moro em Osasco. O estádio fica a 20 minutos de ônibus da minha casa.
Sou contra Barueri por todos os motivos citados, concordo com o Teo sobre ter vergonha do Buim mas para encontrar e usufruir todas as marcas do futebol de antigamente basta ir em jogos onde o Palmeiras é visitante em várias cidades do estado e do país, não há necessidade de ir a Baurueri como mandante para faturar um pernil com cerveja.
Abs
sem dúvidas comi um pernil delicioso em Barueri (infinitamente melhor aos do Pacaembu). A cidade estava despreparada, 30min antes do jogo não tinha mais pão nem cerveja. Fiquei na Coca Cola. Xingar o bandeira e os adversários nos escanteios, bem na orelha, faz tudo muito mais divertido. Voltar até Santo André, chegar em casa 2hAM, gastar R$20,00 de gasolina, ficar preso na ineficiência da organização, entrar no estádio com o jogo começando (mesmo tendo chegado 21h), sofrer pra sair da cidade e ter meu saco apertado pelo gambé reduz bastate a diversão (ok, eu até ri qdo o gambé apertou meu saco). Infelizmente Barueri não está preparada pro Palmeiras. Poderíamos tranquilamente estes prazeres no Pacaembu (espero que o Palestra volte com estes atrativos, estádio sem barracas de comida/bebida vira shopping center).
Concordo com ambos os argumentos, mesmo porque eles não se excluem, se complementam. Queremos o Palmeiras em nossa cidade - falta muito para voltarmos para casa? - e ao mesmo tempo queremos uma cidade onde o mais importante sejam as pessoas, o que - definitivamente - não é a atual vocação de nossa cidade. Belo debate!
Barneschi,
pra começar, que se fodam aquelas que ficam incomodadinhas com palavrões, pula o muro e vai pro lado colorido pq aqui é palmeiras.
O teo, apenas ressaltou um sentimento de saudade do antigo futebol, que como alguem falou, vai de encontro com a modernizaçao. Sentir o calor da torcida, comer pernil, etc etc etc, nao mudara porra nenhuma no nosso momento. primeiro resolvemos a pessima adm, depois veremos se comer pernil é melhor que ser campeao... jogar na puta que pariu é consequencia da merda que ta la...
Forza! Avanti Palestra!
Mais um post perfeito!
Tbm ví que lá no verdazzo, um monte de carolas reclamou dos palavrões nos textos. Na época, me veio à mente aquelas pessoas que justificam seu ódio ao cinema nacional simplesmente porque "tem muito palavrão".
Não entendem o conteúdo, e acostumados que estão com os filmes da sessão da tarde e sua dublagem horrível, que transforma "son of a bitch" em "filho da mãe", preferem atacar o que não entendem.
No caso do seu blog, como não vão ao estádio, e como são pautados pelo globo esporte, se melindram com os palavrões, pois é mais fácil do que tirar a bunda do sofá e sentir a mesma indignação que sente o Palmeirense que gira a catraca.
Faltam-lhes conhecimento de causa!
varios reclamando que não poderão ver o palmeiras, por causa de transporte , dinheiro, tempo. moro no interior e me desdobro MUITO mais que essas pessoas p ver o Palmeiras, gasto MUITO mais, otima iniciativa mandar pra la os jogos, tem torcida do palmeiras p ca tb, que roe o osso como tds os outros! Tamo jto porcada
Realmente... dois bons argumentos.
Mas que é uma merda chegar maquela merda... É!
Gabriel, verde até o osso.
Postar um comentário