04 agosto 2011

BR/1997, campanha comentada

Já faz um tempo que escrevi um post dedicado à campanha do Palmeiras no Brasileirão/1994. Estavam lá todos os jogos, os comentários e mais alguns vídeos. Chegou a hora agora de destacar a campanha no Brasileirão/1997, o primeiro sob o comando de Felipão. Vice-campeonato à parte, foi uma competição que deixou para a torcida palmeirense um saldo bem positivo. E eu, por motivos particulares, tenho por aquele ano uma predileção toda especial.

Campeonato Brasileiro/1997
 

Talvez seja necessário lembrar que o 12 de junho de 1993 tinha acontecido apenas quatro anos antes. 1996, o ano anterior, teve aquele time inesquecível dos 102 gols e a rivalidade com o Grêmio era latente. O primeiro semestre de 1997 ficou marcado por eliminações traumáticas: em casa para o Santos no Rio-SP, três derrotas na fase final do Paulistão (1-4 para o SPFC, 0-2 para o SCCP e 0-4 para o Santos) e duas derrotas para o Flamengo na semifinal da Copa do Brasil (0-2 lá e 0-1 aqui, depois de Djalminha nos enterrar com uma expulsão cretina). Márcio Araújo caiu, o Palmeiras chegou a ser dirigido por Sebastião Lapola e então veio Felipão. 

Luiz Felipe Scolari estreou na Fonte Nova, na disputa da Taça Cidade de Salvador. O título foi conquistado já como prévia do que viria nos anos seguintes: na semifinal, empate em 2 a 2 com o Bahia e vitória nos pênaltis; na final, empate sem gols com o Flamengo e título nos pênaltis. O goleiro? Marcos. E sim, ele defendeu dois pênaltis! 

O título em Salvador veio em 3 de julho de 1997, uma quinta. A estreia de Felipão no Palestra Italia - e no Campeonato Brasileiro - aconteceu dois dias depois, 5 de julho de 1997, um sábado às 21h30!: 4 a 1 no Fluminense. O regulamento não era dos mais complexos. 26 clubes, jogaram todos contra todos em turno único (25 rodadas, portanto) e se classificaram para a fase final os oito primeiros - que é como deveria acontecer até hoje no futebol brasileiro, se não prevalecesse essa imbecilidade de pontos corridos.

1ª fase


Palmeiras 4 x 1 Fluminense/RJ - 3.306
 
Atlético/MG 0 x 1 Palmeiras - 22.324 
Palmeiras 1 x 1 Guarani/SP - 10.442 
Juventude/RS 2 x 1 Palmeiras - 1.978 
Palmeiras 4 x 0 América/RN - 9.927 
Palmeiras 3 x 1 Botafogo/RJ - 5.325 
Vitória/BA 1 x 2 Palmeiras - 10.567 
Paraná/PR 1 x 1 Palmeiras - 12.921 
Internacional/RS 2 x 1 Palmeiras - 31.477 
Palmeiras 4 x 0 Cruzeiro/MG - 12.212 
Palmeiras 0 x 1 Criciúma/SC - 8.419 
União São João/SP 0 x 0 Palmeiras - 1.834 
SPFC/SP 0 x 2 Palmeiras - 17.343 
Bragantino/SP 2 x 1 Palmeiras - 4.501 
Palmeiras 1 x 1 Bahia/BA - 4.213 
Palmeiras 5 x 0 Santos/SP - 14.849 
SCCP/SP 2 x 2 Palmeiras - 21.833 
Vasco/RJ 2 x 1 Palmeiras - 9.643 
Coritiba/PR 1 x 1 Palmeiras - 11.139 
Palmeiras 0 x 0 Portuguesa/SP - 13.511 
Flamengo/RJ 0 x 0 Palmeiras - 22.399 
Palmeiras 3 x 1 Atlético/PR - 7.194 
Palmeiras 5 x 1 Grêmio/RS - 16.124 
Palmeiras 3 x 3 Goiás/GO - 19.316 
Sport/PE 1 x 1 Palmeiras - 11.702 

Foi uma trajetória marcada pela irregularidade, com altos e baixos. Foram 10 vitórias, 10 empates e 5 derrotas (com 47 gols a favor e 24 contra), campanha que não foi assim tão boa quanto parece, em especial porque um campeonato com 26 clubes permitia a participação de alguns times bem fracos. O time-base: Velloso, Pimentel, Roque Jr., Cléber e Júnior; Rogério, Galeano, Alex e Zinho; Oséas e Viola. tínhamos ainda Nenem, Amaral, Marquinhos e Euller entre os que mais entravam no time. 

O Palmeiras alternou grandes momentos (5 a 0 no Santos, 2 a 0 no SPFC no Morumbi, 4 a 0 no Cruzeiro, 5 a 1 no Grêmio e vitórias fora de casa em Salvador e em BH) com algumas jornadas abaixo da crítica (culminando em uma série de cinco jogos sem vitória, já no sprint final). Resultado disso? Um modesto sétimo lugar: 

1. Vasco/RJ: 54 
2. Internacional/RS: 51 
3. Atlético/MG: 47 
4. Portuguesa/SP: 45 
5. Flamengo/RJ: 42 
6. Santos/SP: 41 
7. Palmeiras: 40 
8. Juventude/RS: 37 

2ª fase 

Oito avançaram para a fase final e se dividiram em dois grupos: 

Grupo A: Vasco/RJ, Portuguesa/RJ, Flamengo/RJ e Juventude/RS 
Grupo B: Internacional/RS, Atlético/MG, Santos/SP e Palmeiras 

No A, Portuguesa e Juventude fizeram figuração para que os cariocas lutassem pela vaga. A disputa teve como auge aquela atuação monstruosa de Edmundo, com três gols no 4 a 1 contra o Flamengo. O Vasco venceu quatro jogos, empatou dois e seguiu em frente. 

Quadrangular final - Grupo B 

Palmeiras 1 x 0 Internacional/RS - 26.162 
Santos/SP 3 x 3 Palmeiras - 33.795 
Atlético/MG 0 x 1 Palmeiras - 56.865 
Palmeiras 3 x 1 Atlético/MG - 37.855 
Palmeiras 1 x 0 Santos/SP - 20.770 
Internacional/RS 0 x 1 Palmeiras - 1.186 

Se o Vasco fez 14 pontos, o Palmeiras foi ainda mais perfeito. Largou vencendo o forte Internacional no Morumbi (gol de Viola, de cabeça, aos 5 minutos do segundo tempo). Empatou em três gols com o Santos (dois de Viola e um de Zinho) também no Morumbi. Aí matou a parada nos dois jogos intermediários, contra o Galo de Leão: 1 a 0 no Mineirão (com uma atuação épica de Velloso e gol de Euller) e 3 a 1 em SP (Rogério, Zinho e Euller). A vaga foi assegurada em uma quarta-feira à noite - a mesma em que o Vasco bateu o Flamengo por 4 a 1: o alviverde derrotou o Santos no Morumbi, com gol de Galeano (sim, Galeano!). Para completar, Felipão mandou um time reserva para o Beira-Rio e Wagner se encarregou de fazer o gol da nossa última vitória lá na cancha do Inter. 16 pontos em 18 possíveis! 

Final 

Palmeiras 0 x 0 Vasco/RJ - 54.243 
Vasco/RJ 0 x 0 Palmeiras - 89.900 

 A maioria (mesmo os mais jovens) deve se lembrar dos dois jogos desta final. O Palmeiras de Felipão foi melhor aqui em SP e também no Rio: encurralou o Vasco (que tinha um ataque com Edmundo e Evair), perdeu gols incríveis, Carlos Germano pegou tudo lá no Marcanã, Edmundo forçou a expulsão para depois ser julgado pelo escroto STJD e disputar a finalíssima no Rio (eram tempos negros, mas diferentes dos atuais), Eurico Miranda tripudiou da nossa diretoria, Felipão esbravejou pela primeira vez (foi expulso no primeiro jogo da final e também julgado pelo tribunalzinho). 

Não veio o título. Mas tínhamos Felipão. E saímos do Maracanã (fomos mais de 12 mil os palestrinos lá) com a cabeça erguida. 1998 estava por chegar. Vieram Paulo Nunes e Arce, o time ficou mais forte e anos gloriosos se seguiram. E pensar que tudo começou em uma noite fria de julho de 1997...

Campanha final 
33 jogos 
15 vitórias 
13 empates 
5 derrotas 
57 gols pró 
28 gols contra

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Vídeos daquela campanha: 

Palmeiras 4 x 1 Fluminense/RJ - 3.306 
 

Palmeiras 4 x 0 Cruzeiro/MG - 12.212 
 

Palmeiras 5 x 0 Santos/SP - 14.849
 

Palmeiras 5 x 1 Grêmio/RS - 16.124 
 

Santos/SP 3 x 3 Palmeiras - 33.795
 

Palmeiras 0 x 0 Vasco/RJ - 54.234
 

Vasco/RJ 0 x 0 Palmeiras - 89.900 

22 comentários:

Pedro Niglio disse...

Belo post...seu blog é ótimo! Textos muito bem escritos...parabéns!

Rodrigo Barneschi disse...

Como jogava bola o Oséas, senhores! Como jogava bola! Foi um injustiçado! Merecia muito mais reconhecimento do que tem.

E o Viola, é necessário reconhecer, jogou muito com a nossa camisa também.

Bons tempos...

sep_luis disse...

sensacional esse post !!!
felipão sempre um guerreiro à beira do campo.
clebão d+ na zaga.
se a decisão fosse decidida nos pênaltis ia ser épica a vitória. venceríamos !!!
mas valeu pela bela campanha.

Robson disse...

Esse foi o campeonato que eu acompanhei mais de perto. 1997 foi o auge do meu fanatismo. fui em todos os jogos em SP e em alguns fora. nessa época era complicado viajar pra fora porque a Mancha estava oficialmente extinta e as caravanas eram meio clandestinas. mesmo no Palestra era complicado porque uns PMs vinham encher o saco sempre que puxavam os gritos da Mancha (e se o puxador fosse identificado era levado pra salinha da PM).

me lembro claramente de quase todos os jogos. a estréia contra o Flu, que tinha sido rebaixado e virado a mesa, num sábado a noite no Palestra quase vazio por causa do horário ridiculo e pelo frio que fazia. o jogo contra o América-RN que foi a estréia do Oséas e foi o jogo que o Viola e o Felipão se desentenderam. o 3x3 com o Santos, onde eu apareci na TV na reportagem do mesa redonda e tinha a gravação guardada como um trofeu. enfim... se eu ficar puxando pela memória vou escrever um livro.

Você tem toda a razão a respeito do Oséas. ele merecia ser mais lembrado pela torcida.

Luiz Fernando disse...

ahahahahauahuhaahuahuauauha o Viola desmaiando eh foda,mas como sempre a merda da globo explica como quer,o Viola desmaiou não só pq tava calor,tb pq levo uma cotovelada do cavalo do Nasa um pouco antes,alguém se lembra hahhaha?

Gustavo Moraes disse...

Saudosos tempos... não tinha visto o post de 1994. Quem não viu, veja pois como este de 1997, está demais !!

Ótimas lembranças desta época.

Eu estava engatinhando como espectador de futebol, más ja foram momentos para marcar uma vida!

Rodrigo, valeu por resgatar tantas histórias e dados desta época gloriosa!

Grande Abraço!

Anônimo disse...

Barneschi, post perfeito.. que nostalgia gostosa... que saudade dos bons tempos (ainda) do futebol...

Me desculpe a comparação esdrúxula.. mas o Oséas tinha um papel emelhante ao do Luan (obviamente muito mais fraco) nos dias de hoje, não acha? Apesar de jogarem em posições diferentes...

Anônimo disse...

Lembro-me perfeitamente de estar no jogo contra o Inter 1x0 no Jd.Leonor e na final 0x0 com meu finado avô.
#
Público ridículo na 1°fase qdo mandavamos os jogos em casa hein?

Casselli o Carcamano

Luan disse...

Me lembro deste campeonato, boas lembranças, mas foi uma pena não termos saído campeões. Um gol apenas que marcássemos...

E realmente o Oséas foi um injustiçado e era um grande jogador e decisivo, muito decisivo marcando gols em duas finais nos dando os títulos da Copa do Brasil de 98 e da Libertadores de 99 fazendo o segundo gol das duas finais, isso pra mim é histórico e foi muito importante para o Verdão conquistar estas duas taças!

AVANTI PALESTRA!

Elson Júnior disse...

Excelente post Barneschi.
Saudades de um tempo em que o futebol era de fato emocionante.

Fábio disse...

Me lembro bem deste campeonato, principalmente da fase final. Prá mim, pessoalmente, me marcou muito, pois também vivia uma fase de transição na minha vida (basicamente da molecagem para adulto). Lembro que tinha tomado um pé da minha namoradinha na época da 2ª fase e o segundo jogo foi no dia do vestibular que eu prestava, um desespero, pois queria fazer bem a prova, mas tinha o jogo na cabeça... Me recordo até que no dia seguinte, ainda durante o vestibular, conversava com uma amiga e comentava: "tô ferrado, não vou passar nesta porra, meu time perdeu o campeonato e ainda tomei uma bota..." kkk. O mais legal é que encontrei com ela na semana seguinte ao título da Libertadores, já na faculdade naquele tempo e ela me lembrou: "aí tá vendo, agora vc tá bem, passou no vestibular e tá comemorando o título...".
PS: aquela falta na trava do Alex poderia ter entrado né?

Fábio disse...

Corrigindo, "falta na trave"

Edsinho IV Centenário disse...

Caro Barneschi, admiro seus textos, pois me identifico muito com eles, sobre esse campeonato, fui no estádio em 3 jogos-contra o Atlético PR, Atlético MG-segunda fase, e Vasco -final em SP, recordações ótimas, apesar do vice, outra coisa, sobre o Viola-era falastrão-mas jogava muito, hoje seria titular da seleção com o pé mas costas.Forza e ódio eterno ao futebol moderno.

FabioTremems disse...

To viciado nessa porra desse blog...rs. E o phoda é que em alguns textos, me emociono pra caraio...
Me lembro do campeonato de 97 como fosse ontem. Tinha 15 anos, vivia fudido, ja trabalhava igual a burro de carga mas não tinha grana pra nada e ir pra estádio era coisa de outro mundo. morava em Embu da Artes, e naquela época era mais longe que hj, rs. Mas, graças ao meu padrinho e ao seu caminhão, estive no morumbi naquele 2 a 0 nos bixas, o que marcou muito foi que quando ia pra casa, na caçamba do caminhão, emparelhamos um busão cheio de tricolino e não perdoamos, jogamos tudo que conseguimos da caçamba no ônibus, hahahahahahaaa...
Também foi em 97 que peguei um dos únicos autógrafos da minha vida. trabalhava no shopping eldorado, no hipermercado eldorado que depois virou carrefour. era pacoteiro e atendi o grande Veloso. Levei suas compras até o seu carro, um crysler stratus. quase não consegui falar, mas quando ele ficou sabendo que eu era o único palmeirense numa família gigante de gambas, me deu um abraço e um autógrafo. infelizmente, com mudanças e tudo, não sei onde foi parar a relíquia.

O mais legal de tudo, foi que mesmo com o segundo lugar, o pensamento do palmeirense era de que era questão de tempo pra algo muito maior... e nós ficamos só esperando.

Bruno Ricardo SEP disse...

Mais um grande post...
Rodrigo, procede a informação de Dérby no interior???
Fique com Deus!!!

Anônimo disse...

Confirmado! Derby em MT.... Preparem as galochas...

Casselli o Carcamano

Gustavo Moraes disse...

Fodeu.. Prudentão, ai vamos nós !!

Leonardo disse...

Ótimo texto!

Não vivi este Campeonato Brasileiro de 1997, tinha apenas 3 anos na época. Ler um texto deste tipo, ver a tabela e os vídeos das partidas é muito bom.

globoesporte.com afirma que o clássico será em Presidente Prudente:

http://globoesporte.globo.com/futebol/brasileirao-serie-a/noticia/2011/08/palmeiras-x-corinthians-sera-em-presidente-prudente-dia-28.html

REVOLTANTE!

Bruno Ricardo SEP disse...

Não quero te pautar, mas como imagino que o próximo post será sobre o local do clássico, lhê peço: por gentileza, sejas muito, muito, muito ácido. Bela noite Fique com Deus!

Sanna disse...

Cazzo... teve uma na trave no segundo jogo no maraca que eu quebrei um banco com a cabeça aqui em casa... Dio cane!!!

Saluti

Cesar disse...

Que saudade dessa época!! Como bem falaram aqui, perdemos o título mas nem td virou desespero, tínhamos confiança no time, sabíamos que muita coisa boa ainda estava por vir!!

Com relação ao Oséias, eu costumo dizer que ele marcou os dois gols mais importantes da nossa história!! Pra mim é ídolo!!

Unknown disse...

Que nostalgia! Esse Palmeiras e Fluminense, além da estréia do Felipão foi a minha primeira ida à cancha Palestrina.
O horário era um insulto, mesmo assim convenci meu pai (que não acompanha futebol) a me levar. Tudo era novidade.. os cantos, a provocação ao Flumerdense - que estreava no campeonato depois do tapetão do ano anterior - e a vitória. Nunca esquecerei!