19 abril 2011

Geração Winning Eleven (2)



2011, 16 de abril. Em Madrid, jogaram Real Madrid e Barcelona. Empataram. O Barcelona foi a 85 pontos e deixou o rival com 77. Pouco importa; o Campeonato Espanhol é disputado só por esses dois times. O terceiro colocado tem apenas 63 pontos. O quinto colocado soma míseros 48 - são 37 de diferença do líder para o primeiro fora da zona da Uefa Champions League. Tirando os dois maiores, nenhum outro pode sequer sonhar com o título.

2011, 16 de abril. Na mítica Avellaneda, o Racing bateu o Independiente no clássico local. 2 a 0. Rivalidade, ódio pulsante, um tabu que chegou ao fim. Não existe nada igual ao espetáculo proporcionado por duas hinchadas argentinas, a do Racing em especial. Do líder ao 10º lugar, a diferença é de apenas quatro pontos. Muitos são os times que podem chegar ao título.

Para a maldita Geração Winning Eleven, só o primeiro jogo existiu. A molecada que infesta nossas cidades com camisas do Chelsea, do Barcelona e do Manchester parece desconhecer o clássico de Avellaneda. Presos ao videogame e sem saber o que é jogar futebol na rua, por entre carros e pedestres que atravessam o campo na hora errada, eles talvez nem saibam da existência de instituições tão grandes quanto Racing e Independiente.

A disparidade no Espanhol é também culpa deles, responsáveis que são por sustentar a bajulação midiática em torno desses clubes que vivem mais de marketing do que de futebol. A culpa é também da imprensa esportiva, a cada dia mais envolvida neste esquema sórdido que considera o torcedor mero instrumento de sustentação para uma lógica comercial ou, no caso dos resistentes, marginais.

O marketing quer ocupar todos os espaços. Até mesmo o clássico de Avellaneda. No último sábado, durante o intervalo de Racing 2-0 Independiente, meia dúzia de fulanos percorreu todo o gramado do Cilindro carregando cartazes que anunciavam a transmissão pela Directv do tal clássico espanhol para aquele mesmo dia. Inexplicável. E inócuo também. Quem foi ao Cilindro vive o futebol com alma. Ninguém se importava com o duelo espanhol.

Nada de estrelas midiáticas, técnico estrela, guerra de patrocinadores ou milhões em jogo. Só o que importava era o clássico. Rivalidade, ódio, histórias centenárias, hinchadas apaixonadas. Porque o futebol vive na Argentina.

Todo o meu desprezo pela Geração Winning Eleven e suas camisas de clubes que venderam sua alma.

***

*Isso tudo, senhores, me leva a crer que é mais do que necessário dar início a uma outra série no blog: Geração Winning Eleven. Este foi o capítulo 2. Vem mais por aí.

**O post de Racing 2-0 Independiente ficará para um momento oportuno, assim que houver tempo suficiente para levantar as melhores fotos e subir todos os vídeos.

20 comentários:

Mastigador de amendoim disse...

Barneschi, mais uma vez fantástico! Ver ao vivo esse (verdadeiro) clássico está no meu rol de "coisas pra fazer antes de morrer".

Aproveito para te indicar esse post do Flavio Gomes, um também amante do futebol (o velho e bom futebol)

http://colunistas.ig.com.br/flaviogomes/2011/04/18/vale-muito/

Um tapa na cara dos juquinhas! E, um texto que complementa o seu, com louvor!

E, o detalhe principal do texto do Flavio, entre parêntese no comentário dele - "alguns jamais entenderão" - fecha tudo o que todos nós pensamos sobre o futebol!

Abraço!

vitor disse...

"Não existe nada igual ao espetáculo proporcionado por duas hinchadas portenhas..."

pelo menos reconheceu a hinchada roja e que aquele papo de "amargos" é só o unico "argumento" que os hinchas do rasin tem.

Marcel MV disse...

Sensacional...

Anônimo disse...

"2001, 16 de abril. Na mítica Avellaneda, o Racing bateu o Independiente no clássico local. 2 a 0. "
Data errada???

Muito bom seu post, como sempre.

Marco Túlio disse...

Baita texto, cara! Vc pois no papel o q eu penso. Odeio essa babação em cima dos times europeus!

Leonardo disse...

Belo texto.

Espetáculo da torcida do Racing:

http://www.youtube.com/watch?v=Y0RWQ25Swfo

http://www.youtube.com/watch?v=sF2SUkpnHE8

http://www.youtube.com/watch?v=DWFsb7B31gU

Fabiano 1914 - Jundiaí disse...

Nunca cogitei na vida simpatizar com algum time sem ser o meu Palmeiras, mas graças ao Barneschi, confesso ser um simpatizante do Racing. Depois dos videos da torcida e de procurar pela história do clube cheguei a conclusão que o Racing vale a minha simpatia.
E mais, que a Argentina é mesmo a terra onde vive o futebol.

MAS ME DESCULPEM TODOS... O MEU PALMEIRAS AINDA É O MAIS FODA, ACHO QUE ISSO VCS NÃO VÃO DISCORDAR NÉ.

Riick disse...

O que me deixa mais desanimado é saber que nosso campeonato, com essa patifaria de direito de transmissão - e o caralho a quatro - caminha para ter um camp. igual ao espanhol! 2 times principais e o resto coadjuvante! Deprimente, vergonhoso, horroroso e por aí vai...

Craudio disse...

Eu só acrescentaria que o futebol ainda vive também nas nossas ruas. E reitero que nem na várzea mais, porque a prefeitura do prefeito de merda colocou grama sintética em quase todos os campos...

Agora, a pergunta que não quer calar: esse gorrinho tinha um par de luvas combinando?

Marcel Jabbour disse...

Sensacional. Outro dia, após nosso tradicional jogo na Boaçava, crianças invadiram a quadra devidamente paramentadas de uniformes completos de Barcelona, Milan e Arsenal. Triste.

Ainda assim, adoro o Mourinho. Retrancas memoráveis.

Abs e valeu pela ligação!

Rodrigo Barneschi disse...

E o japonês mostra sempre uma tendência às polêmicas infundadas... hahahaha
Nada! Só o gorro mesmo. Até porque nem estava frio; comprei o gorro porque os bonés eram feios.

Jabbour
Retranca é comigo mesmo. Defender sempre! Mas o endeusamento do cara não é algo que me agrada.

Luan disse...

uai Barneschi voce foi ver o clássico de Avellaneda até uniformizado?? kkkk..
Pela foto parece que voce ficou do lado oposto de La Guardia Imperial, ou estou enganado?
E parabéns pela vitória! O Racing e sua hinchada apaixonada não merecem ficar tanto tempo sem vencer seu maior rival.

AVANTI PALESTRA!

Marcel Jabbour disse...

Concordo, Barneschi. Não há motivos para endeusarem o cara. É um grande treinador e ponto.

Fábio disse...

Que se f. o Barcelona, o Real Madrid, o Manchester United e os times de Milão.

Simpatizo com o San Lorenzo de Almagro e a Portuguesa de Desportos.

Palmeiras acima de tudo/todos.

Ótimo post.

Abraço

Anônimo disse...

Não posso deixar de comentar... Nosso amigo Interista perdeu a linha no post anterior. Esse povo de Milão é milindrado...gostam de moda, melindre... não sei não. Milão seria a Pelotas da Italia?

No mais, pelos comentários só vejo crescer o ódio aos times de Milão, representantes fiéis do futebol moderno e gestão voltada aos negócios.

I ragazzi danno il culo a Milano di non spendere il pulcino.
Dove Napoli. Avanti Palestra

Casselli Napolitano

Anônimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

A falta do que escrever e a evidente falta de argumentos explica sua tentativa barata de disvirtuação de palavras alheias. Q.I. baixo normalmente é a causa disso.

Desculpa de pobre é colocar a culpa no dinheiro. Quem tem tem, quem não tem bate palma e assiste. Ou chora se preferir.

Na Italia os odiados ficam ao sul, são um paradoxo social pois são megalomaniacos mas com enorme complexo de inferioridade, parecem um bando de Smurfs e são conhecidos como "la fogna d'Italia".

PS.: Já dizia o sabio, A INVEJA É UMA MERDA!

Sem mais.

Tutte le puttana sono napoletana.

Milano padroni d'Italia.
Forza Inter! CN69.

Unknown disse...

Sensacional o Texto...Saudades do bom e velho "futebol com alma"...

João Medeiros disse...

Seria arrogância minha imaginar que meu comentário comparando os dois jogos no nosso bate papo dia desses influenciou de alguma forma seu argumento nesse belíssimo texto?

Independente disso, sabe que concordo 100%.

O futebol com alma vive no vizinho.

Junior disse...

Boa, Barneschi!

Ao ver as vagabundas passando com tais cartazes, a reação em La Guardia foi imediata, cantando um sonoro "Soy de Racing, soy de Racing, de Racing soy yo!"

E Vítor, continuam os amargos de sempre. Aliás, como reconheceu o taxista que nos levou ao Cilindro, hincha do Independiente.

"Muchas copas vos podrás tender, no una banda como La Acadé! Que amargo que sos, rojo puto!"