13 junho 2011

O país do futebol? (21)

O grande Martín Palermo se despediu ontem do futebol. Não foi o último jogo pra valer, mas foi o último em La Bombonera, estádio onde fez a maioria de seus gols pelo Boca Juniors. Quem assistiu à festa de despedida feita pelo clube a seu maior artilheiro se emocionou. Palermo chorou e fez chorar. A multidão ficou até muito depois do apito final (de um 1 a 1 contra o Banfield) em pleno domingo à noite para dizer adeus a um símbolo do clube. O Boca o presenteou com a trave que fica do lado de La 12. Fato inédito.

Rivalidade à parte, fica impossível não se comover com a sintonia entre torcida, jogador, time, clube e estádio. Impossível não se emocionar com uma cancha tomada já bem depois do jogo, com as declarações de grandes ídolos, com um Maradona que vai às lágrimas em seu camarote, com a hinchada que reverencia pela última vez o seu camisa 9, com a festa da arquibancada, com as imagens de um estádio que é único, com o simbolismo contido na entrega da trave, com o herói que se despede da multidão e desce para o vestiário pela última vez.

Palermo foi um dos grandes do futebol, e a despedida feita pelo Boca Juniors é digna de figurar aqui nesta série "O país do futebol?" e em todos os espaços onde se reverencia o futebol de verdade. A esta altura, imagino, estão envergonhados todos aqueles que fizeram uma outra despedida, realizada há pouco menos de uma semana no país vizinho, também para um camisa 9.

"Martín, te regalamos el arco de Boca. Es tuyo"

A homenagem deste blog segue nos vídeos abaixo, todos eles emprestados lá do excepcional blog Futebol Argentino.

Vídeo 1, a despedida


Vídeo 2, a despedida


Vídeo 3, a despedida


Vídeo 4: A entrevista de Palermo


Tão grandiosa foi a despedida de Palermo que pouca gente se lembrou que naquele mesmo domingo, algumas horas antes, saiu o campeão do Torneo Clausura, o Vélez Sarsfield. Tanto é assim que o diário Olé estampou Palermo em sua capa, deixando o campeão nacional em segundo plano. A manchete resume bem o significado da despedida:


Eis que o Vélez levou o título, mas não teve assim tanta importância. Nem poderia, uma vez que a conquista veio não com o time em campo, mas horas depois, na derrota do Lanús para o Argentinos Juniors (malditos pontos corridos!). O Vélez bateu pouco antes o Huracán fora de casa (2 a 0 no Tomás A. Ducó) e isso me fez lembrar que o título anterior do Vélez (em 2009) veio contra o mesmo Huracán, então em uma decisão épica, com grande participação da hinchada do time da casa, com uma tensão acima do normal e com imagens que não são vistas em qualquer lugar.

E é então que, como maneira de compensar a pouca atenção dada ao título deste ano, vamos fechar o capítulo com um vídeo daquele Vélez Sarsfield 1-0 Huracán de 2009.

Vídeo 5: Tensão no José Amalfitani, a hinchada do Huracán no Tomás A. Ducó, a dramaticidade, a polêmica no único gol do jogo, o "cagones de mierda", a senhorinha cantando depois do gol, a briga, o sangue escorrendo pela testa, a invasão de campo, os hinchas da casa pendurados no alto do alambrado, os jatos d'água... isso é futebol!

18 comentários:

Fernando Cesarotti disse...

Infelizmente, para os míopes que acompanham daqui o futebol sul-americano com um ar de nefasta superiordade, Martín Palermo é só um cara que perdeu três pênaltis no mesmo jogo. Bobalhões, não sabem o que tão perdendo.

E a festa do Vélez é muito massa, mas esse gol do título de 2009 é um assalto a mão armada. O atacante quase mata o goleiro na trombada, tinha que ter parado o jogo ali. A cara do técnico do Globo logo depois, inclusive, é comovente.

Rodrigo Barneschi disse...

Sem dúvida, Cesarotti. Foi um assalto mesmo, e fica difícil entender o que levou o árbitro a mandar seguir a jogada. Foi acintoso.

E o mais irônica é que este post foi publicado exatos 10 anos depois de termos sido eliminados pelo Boca na semifinal da Libertadores de 2001. 13 de junho, uma dor ainda maior que aquela do 21 de junho de 2000.

Fica a dor, mas o respeito prevalece. E, acima disso, o dever de reverenciar o futebol.

Luan disse...

É realmente muito irônico o post sair na mesma data daquela eliminação no Palestra! Assisti o jogo junto ao meu pai, e eu apertava a mão dele com tanta força... Chorei muito naquele dia, e a dor e a raiva deste Boca Juniors, se já era grande desde a final de 2000, dobrou neste dia dolorido. Mas te admiro pelo que disse, que o respeito precisa prevalecer e devemos reverenciar o futebol, mas não podemos esquecer que naquele dia o juiz ordinário nos garfou a classificação.

AVANTI PALESTRA

Anônimo disse...

EU ODEIO O BOCA

Anônimo disse...

Vc é paga pau de Argentino?

Rodrigo Barneschi disse...

Mais um filhote de Tiago Leifert.

Anônimo disse...

Parabéns ao Palermo.

Quem move uma hinchada assim merece meu respeito.

E aquilo que merece respeito é o que se faz esquecido no futebol...

Hoje, tive de ouvir de um gambá-amigo:

"O Corinthians teve uma República! Quem têm uma República no futebol?"

Ao que só pude responder: "A Nike, e seu marketing, cagando sobre o nome do que você chama de futebol..."

Dó, Ô dó!

VAMOOOOO PALMEEEEIRAS !!!

Gabriel, verde até o osso

Anônimo disse...

“O futebol não é prioridade no Palmeiras e sim a área social”.

http://globoesporte.globo.com/platb/robertogalluzzi/2011/06/14/fora-mustafa-diretas-ja/

"Engraçado" como esses filhos da puta seguem acabando, destruindo, sumindo com o Palmeiras dia apos dia, mes apos mes, ano apos ano e nada, nada, repito, NADA "acontece" com esses bandidos. Mto engraçado isso, pra nao dizer estranho...

Pq sera hein???

Anônimo disse...

isso é o mais "irônico", para não dizer óbvio...

já bateram no Vagner Love, já ameaçaram muitos outros jogadores, apedrejaram carros de outros, além do onibus do próprio Palmeiras quase acertando o MARCOS...

mas com o Mustafá a tal organizada não faz nada né...que curioso isso não?!

Anônimo disse...

Gostaria de saber o que os gambás que frequentam a Mídia Palestrina tem a dizer sobre isso:

Reportagem 14/06/11 veiculada pelo Jornal da Record: a sujeira nos bastidores do Futebol!!!

"Prefeitura de São Paulo pretende beneficiar Corinthians com R$ 420 milhões"

http://noticias.r7.com/videos/andres-sanchez-do-corinthians-ganha-estadio-por-apoiar-ricardo-teixeira/idmedia/4df7fb1a3d14ba875f722d46.html

PS.: Qual a moral desses gambás imundos pra falar da escória bambi??? NENHUMA!!! TUDO A MESMA MERDA!!!

Ren disse...

Incrível mesmo essa despedida. O que é mais simbólico do que a própria trave do estádio?! Espero que façam uma despedida à altura do Marcos no fim do ano, pena não poder ser em nosso estádio.

Luigi SEP 1914 disse...

16 Junho 1999

"... Expectativa no Palestra Italia! Agora o mundo aqui seca o zapata! A Libertadores pode ser decidida por MARCOS e zapata... Correu... Bateu... PRA FORA!!! O PALMEIRAS é CAMPEÃO da TAÇA LIBERTADORES da AMÉRICA!"

Roberto Kamarad disse...

Vendo esse vídeo não consigo pensar em outra coisa a não ser na despedida do gigante São Marcos.
Foda é pensar que possivelmente não estarei no estádio.

Abraços, mano!

Henrique Assale disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Cabelo disse...

Cara, concordo com quase tudo que você escreve sobre o futebol moderno, que o marketing está matando a alme do futebol, que as arqubancadas não são mais as mesmas desde quando foram proibidas faixas e bandeiras, que este padrão FIFA e uma bosta e só tende a expulsar o verdadeiro torcedor do estádio e transformar a arquibancada em uma platéia de teatro e etc... Porém, na parte em que vc colocou a capa do Olé dizendo que eles fizeram isso pela importancia da festa da despedida do Palermo, muito pelo contrario, eles fizeram isso pensando na venda dos jornais no dia seguinte, pois o Boca vende mais jornal que o Velez. Seria a mesma coisa que o Palmeiras ser campão e no mesmo dia o jogadorzinho qualquer dos Gambás fizesse uma despedida, e o LANCE! ou o Marca Brasil ignorassem o título do Palmeiras e dessem o Gambá na capa. Todos nós ficariamos revoltados, então, então, o Olé fez isso pensando unica e exclusivamente nas vendas, e isso é o que nós repudiamos...
Parabéns pelo blog...abç

Anônimo disse...

Rodrigo...
cade os posts???

Rodrigo Barneschi disse...

Cabelo
Permita-me discordar um pouco, mas aí a comparação não cabe. Porque a diferença entre Boca e Vélez é enorme (um é grande e outro não), e porque o tratamento destinado ao Palermo por lá merecia isso.

Exagerando um pouco, o Vélez seria uma espécie de Portuguesa com mais torcida e o Boca, um Palmeiras ou um SCCP. Me parece justo que deem a capa para o Palermo, muito bem acompanhada do pedido de desculpas. Foi uma exaltação ao que existe de mais importante no futebol: a sintonia entre uma torcida, seu clube e um ídolo.

Rodrigo Barneschi disse...

E faltou responder pro outro leitor: falta tempo, amigo. Falta tempo. Só isso...

Amanhã tem post pós Palmeiras-Avaí e segunda o capítulo 22 da série "O país do futebol?". E é só o que eu consigo prometer.

Abraços