21 fevereiro 2011

O país do futebol? (3)

A terceira edição (confiram aqui a primeira e a segunda) da série "O país do futebol?" traz vídeos da Turquia, da Inglaterra e da Croácia.

Vídeo 1: Istambul: taí uma cidade que eu preciso conhecer o quanto antes. Porque poucos povos são tão dedicados ao futebol quanto os turcos. Adianto que todos os principais times de lá terão espaço por aqui, mas hoje ficaremos só com o Fenerbahçe. Começando por um embate contra o Chelsea, o símbolo supremo deste maldito futebol moderno. Vale pelo clima criado pela torcida e até pelo hino da Champions League (ao fundo).


Vídeo 2: Eis o que diferencia os brasileiros dos torcedores de outros países: se aqui a organizada canta sozinha, diante da apatia do resto do estádio, lá fora o incentivo é amplo, geral e irrestrito. Confiram:


Vídeo 3: Não poderia faltar algo relacionado ao clássico Fenerbahçe x Galatasaray. A festa da torcida da casa é algo sem igual - e jamais seria possível em um país como o Brasil, vitimado por uma imprensa reacionária e por figuras como Fernando Capez e Paulo Castilho. O vídeo é um pouco extenso, mas vale acompanhar até o fim. Além da festa toda e do incidente que remete ao vídeo do Chacarita, vale atentar à vibração e ao barulho do público nos dois gols.


Vídeo 4: Quando eu vejo algum moleque com a camisa do Chelsea pelas ruas de SP, eu sinto o futebol perdendo mais um pouco da sua alma. Porque o Chelsea, não custa repetir, sintetiza toda a escória em torno do futebol. E o esporte (notem que só existe um esporte, o que me permite usar a palavra sem qualquer aposto) sobrevive lá no Reino Unido não nestes grandes clubes com apoio midiático, mas nos (muito) pequenos. O vídeo abaixo nem é assim tão bom, mas é necessário para registrar a presença de 9.000 torcedores do pequeno Crawley no Old Trafford, em Manchester, para jogo válido pela FA Cup. Foi sábado agora, e o Crawley (que disputa a quinta divisão inglesa) perdeu por 1 a 0. O que importa, no entanto, é a ida de toda essa multidão do sul ao norte do país (em termos de distância e de tamanho das cidades, seria como se toda essa gente seguisse de Jundiaí até o Rio de Janeiro). Vale o registro.


Vídeo 5: Por mais que o objetivo aqui seja a divulgação de imagens feitas por torcedores, não dá para ignorar este vídeo oficial sobre o centenário do Hajduk Split, da cidade de Split, na Croácia. Por oficial que seja, não se trata de uma peça institucional: não há dirigentes, não há jogadores, não há nenhum tipo de pilantra aparecendo; temos só torcedores. E o envolvimento da cidade em torno do centenário do time é digno de admiração. Croácia, senhores!


***

*Agradecimentos desta semana: Gabriel Manetta Marquezin (é dele a indicação para o vídeo do Hadjuk Split), Marcel Druziani e Marcel Romanovas. E, acreditem, à Folha de S.Paulo, que trouxe na edição de sábado uma matéria sobre o Crawley.

*Considerando que o jogo Manchester United 1-0 Crawley aconteceu agora no sábado e que outros vídeos podem subir nos próximos dias, agradeço se alguém puder me enviar algum melhor.

*Podem continuar mandando sugestões. Tem muita coisa acumulada, mas é sempre bom ter novas opções para escolher.

17 comentários:

Ulisses disse...

Barneschi, sei que causarei polêmica, mas segue minha opinião quanto ao video 2.

Boa parte da responsabilidade do estádio mudo no Brasil é da própria Organizada.

Basta olharmos para as nossas organizadas, dirigidas por pessoas sem nível, cujo único objetivo é valorizar o próprio nome e disputar o carnaval.

Desculpe, mas não posso culpar o espírito do brasileiro enquanto uma organizada canta o hino do seu time e a outra (da mesma torcida) batuca uma outra música qualquer...

Não concordo com o seu texto, infelizmente... não acho que a culpa é do brasileiro... a culpa é do poder na mão de quem não sabe fazer porra nenhuma com ele... em qualquer escala...

Ulisses disse...

Não havia lido isto:
Não poderia faltar algo relacionado ao clássico Fenerbahçe x Galatasaray. A festa da torcida da casa é algo sem igual - e jamais seria possível em um país como o Brasil, vitimado por uma imprensa reacionária e por figuras como Fernando Capez e Paulo Castilho

Aí sim, CONCORDO! Na verdade é possível sim, desde que acabe o poder destes merdas! As Organizadas, se fossem organizadas mesmo, teriam poder para derrubar eles...

Luiz disse...

Caro Gladiador Jr.,

Concordo, em termos com o Sr.

Que o brasileiro sofre muitas restrições, concordo.

O poder público/midia/clubes jogam contra a paixão, vejo um movimento para criminalizar a paixão em troca do entretenimento, da superficialidade e, principalmente, do dinheiro.

Não sou contra querer ganhar mais, desde que não ataque as origens e o direito de tratar o futebol como ele deve ser tratado. Futebol, felizmente, não é Fair Play e nem essa brincadeira da geração Tiago Leifert.

Em parte, o que ocorre com as torcidas, nada mais é do que reflexo dessa política. Orra, não podemos nem acender um sinalizador na arquibancada.

Concordo que não há organização e que o movimento não é uníssono, mas, muito disso, é consequência do que o Barneschi defende, ou seja, o brasileiro não carrega o mesmo espírito que outros para os campos.

Luiz

Irineu Curtulo disse...

http://www.youtube.com/watch?v=IEDyHzlpyDA&feature=related

Campeonato Sul-Africano

Orlando Pirates vs Kaiser Chiefs

Anderson Ugiette disse...

barney, aki é o Anderson torcedor do seu odiado SPORT CLUB DO RECIFE. li o seu post e vou comentar só pq acho que vc vai gostar dessa informação:
- o Crawley é um clube proveniente de uma cidade (villa, aldeia, enfim) de mesmo nome que conta com cerca de 100.000 habitantes. ou seja, os 9 mil presentes no estadio do Man Utd são cerca de 9% da população de uma cidade... quando veremos isso aqui no Brasil??

Ulisses disse...

Mais uma coisa que influencia muito:

BEBIDA!

Esses FDP tiraram isso do brasileiro... o culpado Barneschi, não é o Brasileiro em si, mas quem conduz... Dirigentes, Organizadas, Empresários, Imprensa...

Concordo quando diz que o Brasil não é o país do futebol.

Luan disse...

Já que nosso Palestra Italia vai virar uma Arena, um cenário como esse do primeiro vídeo poderá ser feito por nós quando nossa nova casa estiver pronta! Ficará maravilhosa com mosaicos e bandeiras do Palmeiras!

Barneschi faltou pelo menos um vídeo de alguma torcida uruguaia.

E mais uma vez obrigado pela chance de poder ver esse vídeos! Parabéns!

AVANTI PALESTRA!

Anônimo disse...

claro que no Brasil, e principalmente em SP, tentam fazer de tudo para o torcedor não ir ao estádio, não tem nada que estimule isso, diferente da maioria dos outros países...

mas não tem comparação a mentalidade futebolística de alguns países com a brasileira...

vejam o vídeo do centenário do Hajduk Split, a cidade INTEIRA se mobilizou, as ruas, as estradas, as praças, as casas, tudo com trapos e mensagens para o evento, aqui não existe isso, em Campinas por exemplo, uma cidade bem grande, com dois clubes antigos, a população torce para os clubes da capital, isso é ridículo...eu até entendo os palmeirenses do norte do Paraná, que também tem uma cultura italiana fortíssima, mas eu sinceramente acho ridículo o tamanho das torcidas paulistas e cariocas no nordeste....como pode um não paulista torcer para o SPFW??????????? qual é a identificação de um nordestino ou nortista com um clube de outro estado, e que leva o nome deste outro estado, acho isso ridículo, é o simbolo do modismo...é escroto demais...

futebol é identificação, um time é a representação de um povo, de uma cultura...

Anônimo disse...
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Anônimo disse...

Tmb concordo com o Ulisses!!

De fato é extremamente dificil acompanhar uma musica, tendo alguns metros ao lado outra torcida organizada batucando num ritmo totalmente diferente.

E acredito que este é o maior motivo pela falta de "coletividade" no estadio.

ass
Bruno

Anônimo disse...
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
João Paulo disse...

Vejo muitas reclamações nos comentários em relação ao comportamento das torcidas, mas só nós que entendemos o que realmente é o futebol e tudo o que ele representa podemos mudar essa história. É muito mais fácil do que muitos imaginam ingressar em uma organizada e expor suas ideias a quem as dirige. Mas a maioria não o faz por comodismo ou por preconceito. Nós ainda podemos resgatar o pouco que resta do futebol. Mas não é reclamando em comentários na internet que vai se mudar alguma coisa. O Barneschi já faz a parte dele com o blog, que é disparado o melhor quando o assunto é Palmeiras e futebol, e comparecendo a todos os jogos possíveis do Palmeiras. Cabe a nós também fazer a nossa parte.
Abraços e espero um dia poder trocar ideia com vc pessoalmente no Palmeiras, enchendo a cara de Heineken...

Ulisses disse...

João Paulo,

Se fosse o mundo de rosas que você coloca aqui, eu seria o primeiro a me expor e tentar praticar uma democracia dentro da torcida. É fácil entrar, é fácil freqüentar, é impossível mudar!

Quem conhece, sabe que não é assim que funciona.

Abs!

Rodrigo Barneschi disse...

Ulisses
Seu comentário faz sentido, mas o ponto principal é a repressão a qualquer manifestação das torcidas aqui no Brasil. Você é vítima disso também. Lembre-se da final do Paulista de 2008: a Mancha começou a fazer festa para festejar um título que já não comemorávamos há quase uma década e a polícia, a mando do promotor Castilho, subiu a arquibancada dando porrada em todo mundo. E a apatia de grande parte do público (que a imprensa convencionou chamar de “torcedor comum”) é sim a principal responsável pelo fato de os estádios ficarem calados. Existe uma apatia generalizada, e ela se reflete em uma série de outros aspectos, entre eles o político. Basta observar a postura dos argentinos no que tange a política e ver que ela se reflete também no futebol. É uma questão cultural.

Anderson
O raciocínio é esse mesmo. 10% da população da cidade viajou mais de 400km para ver o time jogar.

Luan
Fica tranquilo: o Uruguay vai ter um espaço de destaque ainda.

João Paulo
Valeu pelo elogio! Me mande um email (forza.palestra@yahoo.com.br) e combinamos de tomar umas antes de algum jogo.

Diego disse...

O segundo vídeo é de arrepiar!

Rodrigo Barneschi disse...

Só um detalhe sobre o segundo vídeo: reparem na fumaça que sobe dos dois lances de arquibancada quando os torcedores começam a cantar. É o efeito da voz das pessoas em contraste com o frio. Espetacular!

Cesar disse...

Parabéns por mais esse post mostrando o que é Futebol!!

Essa história de que a Torcida Organizada está mais preocupada em "cantar o nome dela" não cola!!

A Mancha mesmo canta VÁRIAS músicas que sequer citam o nome da Torcida e o "torcedor comum" não canta por PRECONCEITO!!

Essa é a realidade!! O "torcedor comum" é acomodado e preconceituoso, tem má vontade só pq "certa torcida é quem está cantando e por isso não vou atrás", oras, então quem é que não está preocupado com o time aquele que canta alguma coisa ou aquele que não canta por birrinha ridícula??

Daí a Torcida Organizada quer levantar faixas na Arquibancada e o "torcedor comum" reclama que não dá pra ver o jogo, já vi nego reclamando até de bandeirão, daí se acende fumaça reclama que fede e não dá pra ver direito, enfim, o Torcedor Brasileiro no geral não gosta de se DEDICAR ao jogo da msm maneira que em outros países, restando esse papel para as Organizadas...