10 dezembro 2009

Sobre cerveja e futebol

Cerveja e futebol: o tema já foi tratado inúmeras vezes neste blog, em especial porque dirigentes inaptos resolveram proibir aos poucos a venda de cerveja dentro dos estádios de futebol. Faz parte do processo que busca extinguir o futebol como manifestação popular, introduzindo-o em um conceito mais amplo, o do bizines. É, como gostam de dizer, o futebol moderno.

Acontece que os jornais de hoje inspiram uma nova discussão ou, ao menos, breves comentários por aqui. Fato é que o G4, que reúne os quatro grandes clubes paulistas, fechou acordo de patrocínio com uma empresa de bebidas. Daí então que, além do licenciamento de produtos, seria interessante poder vender cerveja nos estádios. Foi aí que clubes, executivos da empresa e até o padre Marcelo Rossi (!?) defenderam a venda de cerveja nos campos.

Vamos então a comentários pontuais deste blog sobre o que disseram alguns dos protagonistas do debate, que repercutiu em todos os principais jornais de SP:

1. Andres Sanchez foi o que se posicionou mais ativamente. Disse lamentar a perda de arrecadação dos clubes (já que somos obrigados a ficar do lado de fora bebendo até a hora do jogo), mas pisou na bola ao falar que "cerveja e champanhe deveriam ser liberadas". Porra, champanhe? O cara tá de brincadeira, né?

2. O que diabos passou pela cabeça dos dirigentes quando escolheram um padre como "garoto-propaganda" da parceria? Estariam loucos? Ou perceberam que há muita gente querendo transformar o futebol em uma igreja, tamanha é a repressão a tudo, e resolveram então chamar um padre de uma vez por todas? E como pode defender a cerveja alguém que não bebe?

3. A PM, por intermédio do tenente-coronel Almir Ribeiro, é contra. Não se poderia esperar nada diferente. Coloquemos as coisas como elas são, sem meias palavras: o 2º Batalhão de Choque da Polícia Militar do Estado de São Paulo é incompetente, covarde e, por fim, desonesto em suas proposições. Se não são capazes de organizar um evento mesmo proibindo tudo e todos, fica mais fácil mesmo colocar a culpa na cerveja. São incompetentes todos os comandantes que vieram depois do Marinho (que, por canalha que fosse, ao menos segurava a bronca).

4. Paulo Castilho, o nosso amigo promotor, mostra também uma certa incapacidade argumentativa. Vejamos a sua declaração: "Desde quando um padre agora entende de violência em estádio? Ele não sabe que o cara bebe cerveja no estádio e depois briga, volta dirigindo alcoolizado para casa e bate na mulher, nos filhos? Ele não sabe?" Pois é, Castilho insiste em suas teses furadas e em sua perseguição ao torcedor de futebol, qualquer que seja ele. Esta teoria, que vincula violência e cerveja, é de uma grosseria sem tamanho. Só para lembrar: o torcedor que vai disposto a brigar no estádio não bebe. Porque quem bebe apanha. Simples assim.

***

Os senhores devem ter percebido que este post nada tem a ver com a pergunta do anterior. Pois é, acontece que o assunto surgiu hoje e merecia os comentários acima. Adianto que alcancei o meu objetivo com a pesquisa que deixei aqui; o post prometido, que é um pouco mais elaborado, fica para hoje à noite ou amanhã.

16 comentários:

Sergio Mendonça disse...

Ola amigo td ok? O time sub20 esta na final do Campeonato Paulista precisando apenas de um empate para ser campeão. O estranho de tudo é que o jogo estava marcado para o Palestra, dia 12/12/09 às 19 hs, e foi transferido para ARARAS no mesmo dia e horario. Será qe a diretoria esta com medo da torcida, não quem manifestações contra a sua incompetência ou são covardes mesmo. Fico com todas as opções. Um abraço.

Carol disse...

Barneschi,

Além das incongruências nos discursos dos dirigentes e todos os fatos apontados por você, quero fazer mais uma observação: porra, Kaiser?????????? Justo Kaiser? Uma das cervejas mais horrorosas já produzidas e comercialziadas na história da humanidade!

Se é pra vender essa pseudo-cerveja-mijo-de-velho no estádio, preferiria que continuasse proibido!

Ademir Castellari disse...

Barneschi, só um reparo. Padre bebe sim. Quando não é o vinho da missa, que é até ritual e obrigatório, bebe socialmente. Tenho um amigo padre, com o qual trabalhei muito (pessoa séria, comprometida e engajada em projetos e lutas sociais), que nas horas vagas gosta é de uma caninha. Só isso. O fato, aí vc tem razão, é que mesmo todos eles bebendo a imagem de um padre nunca está vinculada a vícios, mesmo que eles gostem de beber, fumar, transar... No mais, poderia ser um acordo com uma cervejaria de verdade, né?!

Nicola disse...

HAHAHAHAHAHAHA, champanhe foi foda. Nada a ver esse Marcelo Rossi também, pqp.

Mas será que mesmo com a PM e o promotor vagabundo contra, a cerveja pode voltar a ser vendida dentro do estádio? Seria sensacional! Não peguei essa época, uma pena...

Rodrigo Barneschi disse...

Boa, Ademir! Eu não entendo nada de padre mesmo.

Quanto ao acordo ter sido fechado com uma cervejaria que não sabe fazer cerveja, é uma pena. Se for pra vender essa trolha nos estádios, é melhor que continue proibido mesmo. A gente toma as nossas Brahmas lá fora e fica tudo bem.

Não contem comigo com essa porra de licenciamento de produtos e o escambau.

Roberto Kamarad disse...

É meu amigo, Kaiser é chute nos bagos! Melhor o xixi-de-rato que vende dentro do Palestra. hahaha

Cara, não entendi porra nenhuma do padre Marcelo Rossi na campanha... muito engraçado!

Sobre a PM... incompententes é a palavra que cabe.

abs

Nicola disse...

Hahaha, pô, antes Kaiser do que nada... Mas puta sacanagem liberarem só uma marca, que façam pressão pra voltar a ser como era antes, liberar a cerveja. Afinal, a Kaiser assim como a Brahma, Skol, Bohemia e entre outras pertence a Ambev, então os caras iriam lucrar que qualquer jeito.

Nicola disse...

Ahhh é verdade, tava confundindo com a Antarctica... Quero saber sim, mano. Pena terem trocado o lugar do jogo desse sábado, se fosse no Palestra eu iria.

ianthomé disse...

uma pergunta indiscreta: alguém sabe se algum torcedor tinha bebido na batalha campal em curitiba?

Paty disse...

Agora nos gols, brindaremos com champanhe,háhá,há.Levar o Padre Marcelo, foi demais!!!!!!

Danilo disse...

Realmente o Padre Marcelo ir ao evento não teve nada a ver, mas quem disse que padre não pode beber?!? A igreja católica permite a ingestão de bebidas fermentadas (vinho, cerveja, etc..) e condena a de destilados...
Quem prega que a bebida é proibida são os evangélicos...
Aliás eu não entendo isto, afinal o primeiro milagre de Cristo foi justamente a transformação de água em vinho em uma festa de casamento (Bodas de Canaã...)
Mas se é pra vender Kaiser, então, como alguns já disseram, é melhor continuar proibido....

South Park disse...
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Nicola disse...

PQP, quanta merda eu li...

South Park, cala a boca, que nem cantar o hino do seu time você sabe, assim como 90% disso que você chama de torcida.

Então procure algum outro blog cujo assunto não seja futebol...

Craudio disse...

Cara, a escolha da marca só comprova a falta de sintonia dos dirigentes esportivos com os torcedores.

Mais uma atitude lamentável, além de ser lamentável sentar à mesa de negociações com certos times...

Luciano Stinchi disse...

Pelo menos não é Schin...

Luiz Mousinho disse...

Barneschi,
Belo post e bela comparação.
Entendi que você quis fazer um comparativo entre o início e o fim da década, e ficou legal. Este time de 2000 na época, após a desmontada do supertime de 99 era taxado como timinho, mas o time não era ruim não.

Só discordo quando você diz que foi o início do bom e barato. Acho que não. Em 2000 ainda tínhamos a Parmalat (embora já com menos investimento) e grandes jogadores. Veja que Marcos, Arce, Roque Jr e Junior jogaram a Copa 2002 e ainda tinha Cesar Sampaio e o Genial Alex. Era um timaço, sem ataque, mas era um timaço.

O bom e barato começou mesmo em 2001 quando a Parmalat foi embora de vez.

Um abraço e boas festas