11 dezembro 2009

Férias

Relendo o post em que anunciei as férias do blog no final de 2008, percebo agora que tudo o que está ali é válido também para o ano que se encerra agora: o alívio, o desânimo, o inconformismo. Com uma série de agravantes, pois a temporada atual foi ainda mais exaustiva e decepcionante que a anterior, e o cansaço de agora é proporcional ao tamanho de tudo o que foi jogado no lixo. Fosse apenas isso, e já seria dificil digerir a situação toda, mas 2009 ficou marcado ainda como o ano em que a diretoria do Palmeiras cuspiu na cara da própria torcida. Tantos foram os episódios de desrespeito explícito, e eu me permito aqui listar alguns deles: 

1. O palmeirense foi obrigado a pagar durante todo o ano o ingresso mais caro do Brasil: R$ 40 a arquibancada. O resultado está aí. 

2. O verdadeiro torcedor do Palmeiras foi impedido de ver em São Paulo os três clássicos disputados no ano contra o seu maior rival, o SCCP. Aos doentes que, como eu, não conseguem ficar longe do estádio, restou a alternativa de pegar a estrada três vezes para ir e voltar do Mato Grosso do Sul.

3. A diretoria atual detém a marca de deixar o clássico Palmeiras x Corinthians longe de São Paulo por dois anos seguidos. 

4. Saiu a BWA, mas os problemas com as vendas de ingresso não chegaram ao fim. Pelo contrário. Ficou na promessa. 

5. Em nenhum momento, a direção mostrou-se preocupada em solicitar a venda no Palestra dos ingressos para partidas disputadas fora da capital. O torcedor que viaja para incentivar o clube - e que deveria ter os bilhetes já aqui - teve de se matar para conseguir os ingressos, em situações quase sempre adversas.

6. Da mesma forma, nenhum dirigente se prontificou a questionar as seguidas mudanças promovidas pela emissora de TV na tabela dos campeonatos. E assim o torcedor ficou refém de decisões tomadas na calada da noite e sem qualquer respeito a ele. As tabelas de todos os campeonatos disputados por aqui continuam indo para o lixo. E o Palmeiras, vítima disso algumas vezes, não dá a mínima para o prejuízo ocasionado ao seu torcedor.

7. O Avanti foi a decepção sem tamanho que foi (1 e 2). Triste, muito triste. Chegamos assim ao fim de uma temporada que não deixa saudades, a não ser por uma ou outra atuação pontual. No meu caso, superando as marcas obtidas em 2000 e 2008, foram 53 os jogos no estádio (entre os 71 do Palmeiras). Foram todos os 32 no Palestra, 2 no Morumbi, 1 no Pacaembu, 1 no Canindé e mais 17 fora da capital: São Caetano, Santo André, Barueri, Santos (2 vezes), Guaratinguetá, Campinas, Itu, Ribeirão Preto, Presidente Prudente (3 vezes), Maracanã (2 vezes), Engenhão, Recife e Montevideo. Tinha tudo para ser um grande ano. Não foi. O blog volta na estreia do Paulistão. Até lá, os senhores podem conferir eventuais comentários no Twitter.

Bom fim de ano a todos. Que 2010 seja melhor.

10 dezembro 2009

2000-2009

A pergunta do penúltimo post rendeu 25 comentários até o momento. É quase unânime a preferência pelo time 1, que nada mais é do que a escalação-base do primeiro semestre de 2000, que deu início à década que finda agora. Um leitor solitário ficou com o time 2, que é logo o que acaba de perder o título mais ganho que o Palmeiras conseguiu perder na história. Há quem vote no time de 2000 mesmo considerando o de 2009 tecnicamente superior. Justo. 

Valia, como eu disse, qualquer critério, e é evidente que pesa agora a decepção com o fracasso alcançado pelo time 2. Ainda assim, nota-se claramente que as pessoas atribuem ao time 1 qualidades que não eram vistas pelo próprio palmeirense naquele 2000 que se iniciava sob enorme desconfiança. 

É curioso falar assim de um clube que conquistara no ano anterior o seu maior título, a Libertadores. Mas acontece que estamos falando de Palmeiras e outros fatores pesaram para que a torcida olhasse para aquele grupo com enorme receio. A perda do Mundial contra o Manchester (30.11.1999) e o vice-campeonato da Mercosul (20.12.1999) eram os principais, mas não os únicos. 

A base de 2000, que foi escolhida como superior à atual pela maioria dos leitores, tinha acabado de perder peças fundamentais. De uma só vez saíram Evair, Oséas, Paulo Nunes, Zinho, Júnior Baiano, Cléber, Rivarola e Zé Maria. Uma debandada sem precedentes, marcando o início da era do “bom e barato”. Sim, porque a Parmalat estava de saída e a diretoria (lembram-se do Lapola?) anunciou que não faria contratações de peso. 

Edmundo, brigado com Eurico Miranda, queria sair do Vasco e ficou próximo do Palmeiras. O sapo-boi, no entanto, vetou a contratação (vivíamos sob um regime ditatorial, lembram disso?). 

No começo da temporada, o principal reforço, acreditem!, foi o atacante Basílio, então com 27 anos e já careca, vindo do Coritiba. Com ele, chegou também o zagueiro Índio. No decorrer do primeiro semestre, chegaram o zagueiro Argel, o volante Fernando (sim, aquele), o lateral Nenem (voltando de empréstimo) e os atacantes Marcelo Ramos (trocado por Jackson) e Luís Claudio. Pouco, muito pouco, diante dos nomes que deixaram o clube. 

Eis então que o Palmeiras se reapresentou sob protestos inflamados da Mancha, e chegou ao ponto de contar com apenas 15 jogadores profissionais para a estreia no Torneio Rio-São Paulo. Mas tínhamos Felipão, que, mesmo contestado pela maior organizada do clube (e este é o maior erro já cometido pela Mancha), era Felipão. 

Com ligeiras alterações em relação ao apresentado no post anterior, o time, completamente desacreditado, abriu a temporada em São Januário, contra o Vasco de Romário e Viola: empate heróico em três gols na noite (19h) de 23 de janeiro, um domingo. 

 Isso em nada atenuou o clima pesado para o primeiro jogo da temporada em São Paulo. Noite chuvosa, 27 de janeiro. Pacaembu, 20h30. SCCP x Palmeiras. O clássico foi visto por apenas 5.680 torcedores, então o menor público da história. Lembro-me nitidamente da conversa que tive com outros três amigos em plena avenida Paulista, no Pompéia (478P/10), a caminho do Pacaembu: o clima era de desolação e esperávamos por uma temporada bastante difícil. No jogo, derrota por 2 a 1; o pessimismo parecia se justificar. 

Três dias depois, já no Palestra, jogo contra o Fluminense. O time leva 0 a 2 no primeiro tempo (Roni e Magno Alves) e deixa o campo sob protestos virulentos da Mancha. No intervalo, Felipão apela para Basílio. A virada vem em seis minutos, com dois gols de Euller e um de Asprilla. No final, mais três gols (outros dois de Euller e um de Basílio) decretam o 6 a 2. Os protestos no meio do jogo, no entanto, fizeram estragos e Felipão chegou a declarar guerra à Mancha. 

Vieram então outras três vitórias incontestáveis: 2 a 1 no Vasco no Palestra (Basílio e Asprilla x Romário), 3 a 1 no dérbi no Morumbi (3 de Alex, para míseros 6.327 pagantes) e 2 a 0 sobre o Fluminense no Maracanã (e fomos com o time reserva). 

Contra o Botafogo, na semifinal, empate sem gols no Maracanã e vitória por 3 a 1 no Palestra (Sampaio, Euller e Alex). Na final, novamente o Vasco, com Edmundo, Romário e Viola. No Rio, 2 a 1 para o Palestra, com gols de Sampaio e Pena (sim, o Baixinho deixou o dele). Em SP, no Morumbi, na noite de 1º de março, a redenção, com uma das melhores atuações que eu já vi em um único tempo de jogo: 4 a 0, gols de Pena, Argel, Euller e Arce. Veio o título do Rio-SP quando menos se esperava algo do time. 

A temporada de 2000 foi, salvo engano improvável, a mais movimentada da história alviverde. Foram 92 jogos (45 vitórias, 24 empates e 23 derrotas) e sete competições diferentes (Rio-SP, Paulista, Libertadores, Copa do Brasil, Copa dos Campeões, Copa João Havelange/Brasileirão e Copa Mercosul). 

Os números, que revelam certa irregularidade, não são fiéis aos resultados: dos sete campeonatos, o Palmeiras chegou à final em quatro, parou na semifinal em mais um e ficou em fases já avançadas em outros dois. Bastante razoável, convenhamos, para quem não esperava nada no início da temporada. 

O ano teve momentos marcantes (para o bem e para o mal): 

Rio-SP: o título acima mencionado. 

Libertadores: campanha irregular na fase de grupos, duelos sofridos contra o Peñarol (vitória nos pênaltis), vitórias consistentes contra o mexicano Atlas, a épica e inigualável eliminação do SCCP (desnecessário entrar em detalhes) e a perda do título apó dois empates contra o Boca. 

Paulista: campanha tortuosa nas fases anteriores e eliminação para o Santos na semifinal (depois de estar vencendo por 2 a 0 até os 25' do segundo tempo, conseguimos tomar três gols, um deles de Dodô aos 45'). 

Copa dos Campeões: um time destroçado, em fase de transição depois da saída de Felipão e da perda da Libertadores, foi ao Nordeste sem grandes pretensões. Eliminou Cruzeiro (3 a 1 e 1 a 1), Flamengo (1 a 2 e 1 a 0, com vitória nos pênaltis e o odiado Taddei como herói) e Sport na final (2 a 1, Asprilla e Alberto). 

Copa João Havelange/Brasileirão: a campanha pífia na primeira fase foi compensada pela reação dos últimos jogos e pelo fato de 12 times se classificarem. Nas oitavas, tivemos pela frente o SPFC, eliminado depois de empate em 1 a 1 no Pacaembu e vitória alviverde por 2 a 1 no campo da zona sul (com gol salvador, de novo, de Galeano). Veio então o desconhecido São Caetano. Dois jogos no Palestra: um 3 a 4 e um 2 a 2 eliminaram o Palmeiras, que, ainda assim, foi aplaudido pela torcida. 

Copa Mercosul: campeão em 1998 e vice em 1999, o Palmeiras foi derrubando todos os adversários até a final contra o Vasco (de novo). Depois de perder em São Januário (2 a 0) e vencer no Palestra (1 a 0, gol de falta de Nenem), tivemos o terceiro jogo. Vocês se lembram do que aconteceu, certo? 

Aí vocês podem estar agora se perguntando: porra, mas o que você quer dizer com isso tudo? 

Ok, confesso que não sei ao certo, porque tudo aqui parte de impressionismos. Mas eu diria que esse post nasceu de uma reflexão que coloca o ano 2000 como síntese de tudo o que viríamos a enfrentar nas temporadas seguintes até 2009: a alternância quase doentia de vitórias épicas, obtidas na base da superação, e derrotas vexatórias, quase sempre em casa e para times inferiores. 

O Palmeiras desta década, bem disse o meu amigo Galuppo, não perde para os grandes; o Palmeiras perde para os pequenos ou para ele mesmo. 

Infelizmente, é inevitável valorar o que de ruim aconteceu em uma década perdida: tabus destroçados, estatísticas maculadas, fracassos inexplicáveis, um pouco da grandeza ficando pelo meio do caminho. Um festival de altos e baixos que parece combinar bem com a nossa tendência quase bipolar de buscar intensidade em tudo o que fazemos. Para o bem e para o mal. 

Duas outras constatações: 

1. O palmeirense é exigente demais. Porque lá atrás, ainda à sombra do título da Libertadores, tratou como lixo um time que hoje é reconhecido como muito bom. 

2. O time que inaugurou a era do "Bom e barato" é considerado melhor do que o grupo dos milhões da Traffic. Não, eu não sou a favor da política do sapo-boi, tampouco vejo a Traffic como um câncer a ser extirpado. Só estou propondo o debate. Cada um que tire suas conclusões. 

Por fim, devo admitir que sou tomado por um enorme saudosismo, típico de cada encerramento de ano (e de década, no caso). Porque me vejo, então bem mais jovem, de volta àquela noite chuvosa de 27 de janeiro de 2000. Sentado no último banco do Pompéia (o bom e velho 478P/10), ao lado de amigos que não tiveram a mesma persistência que eu, mal sabia eu que viriam 10 anos (e quase 500 jogos no estádio) assim tão intensos. 

E então, como se tivesse o poder de voltar no tempo, gostaria de dizer apenas uma coisa para mim mesmo: "Te prepara, moleque. Esta noite é só o começo de muito sofrimento..."

Sobre cerveja e futebol

Cerveja e futebol: o tema já foi tratado inúmeras vezes neste blog, em especial porque dirigentes inaptos resolveram proibir aos poucos a venda de cerveja dentro dos estádios de futebol. Faz parte do processo que busca extinguir o futebol como manifestação popular, introduzindo-o em um conceito mais amplo, o do bizines. É, como gostam de dizer, o futebol moderno.

Acontece que os jornais de hoje inspiram uma nova discussão ou, ao menos, breves comentários por aqui. Fato é que o G4, que reúne os quatro grandes clubes paulistas, fechou acordo de patrocínio com uma empresa de bebidas. Daí então que, além do licenciamento de produtos, seria interessante poder vender cerveja nos estádios. Foi aí que clubes, executivos da empresa e até o padre Marcelo Rossi (!?) defenderam a venda de cerveja nos campos.

Vamos então a comentários pontuais deste blog sobre o que disseram alguns dos protagonistas do debate, que repercutiu em todos os principais jornais de SP:

1. Andres Sanchez foi o que se posicionou mais ativamente. Disse lamentar a perda de arrecadação dos clubes (já que somos obrigados a ficar do lado de fora bebendo até a hora do jogo), mas pisou na bola ao falar que "cerveja e champanhe deveriam ser liberadas". Porra, champanhe? O cara tá de brincadeira, né?

2. O que diabos passou pela cabeça dos dirigentes quando escolheram um padre como "garoto-propaganda" da parceria? Estariam loucos? Ou perceberam que há muita gente querendo transformar o futebol em uma igreja, tamanha é a repressão a tudo, e resolveram então chamar um padre de uma vez por todas? E como pode defender a cerveja alguém que não bebe?

3. A PM, por intermédio do tenente-coronel Almir Ribeiro, é contra. Não se poderia esperar nada diferente. Coloquemos as coisas como elas são, sem meias palavras: o 2º Batalhão de Choque da Polícia Militar do Estado de São Paulo é incompetente, covarde e, por fim, desonesto em suas proposições. Se não são capazes de organizar um evento mesmo proibindo tudo e todos, fica mais fácil mesmo colocar a culpa na cerveja. São incompetentes todos os comandantes que vieram depois do Marinho (que, por canalha que fosse, ao menos segurava a bronca).

4. Paulo Castilho, o nosso amigo promotor, mostra também uma certa incapacidade argumentativa. Vejamos a sua declaração: "Desde quando um padre agora entende de violência em estádio? Ele não sabe que o cara bebe cerveja no estádio e depois briga, volta dirigindo alcoolizado para casa e bate na mulher, nos filhos? Ele não sabe?" Pois é, Castilho insiste em suas teses furadas e em sua perseguição ao torcedor de futebol, qualquer que seja ele. Esta teoria, que vincula violência e cerveja, é de uma grosseria sem tamanho. Só para lembrar: o torcedor que vai disposto a brigar no estádio não bebe. Porque quem bebe apanha. Simples assim.

***

Os senhores devem ter percebido que este post nada tem a ver com a pergunta do anterior. Pois é, acontece que o assunto surgiu hoje e merecia os comentários acima. Adianto que alcancei o meu objetivo com a pesquisa que deixei aqui; o post prometido, que é um pouco mais elaborado, fica para hoje à noite ou amanhã.

09 dezembro 2009

Pesquisa para o próximo post

Time 1: Marcos; Arce, Argel, Roque Júnior e Júnior; Rogério, Galeano, César Sampaio e Alex; Euller e Marcelo Ramos (Asprilla). DT: Luiz Felipe Scolari.

Time 2: Marcos; Figueroa, Maurício Ramos, Danilo e Armero; Pierre, Edmílson, Cleiton Xavier e Diego Souza; Obina e Vagner Love. DT: Muricy Ramalho.

Responda, caro palestrino, com os critérios que forem convenientes: de 1 a 11 (e mais o técnico), que time é melhor?

08 dezembro 2009

Geração perdida

O problema não foi a derrota para o Botafogo, que pode ser considerada normal, mais ainda em uma situação de total e definitivo desespero para o clube carioca. Não existe vexame nenhum no 1 a 2 do Engenhão, e é bom que isso fique claro. A vergonha que sentimos agora foi ainda maior e mais incontestável, pois construída ao longo das 10 rodadas anteriores. A despedida do campeonato (e da década) apenas não se fez suficiente para evitar um fracasso retumbante, com o qual temos de conviver desde agora e por toda a próxima temporada.

É tão melancólica a situação que no domingo, enquanto acompanhava a frágil atuação do Palestra no gramado do Engenhão, eu não consegui torcer contra Flamengo ou Inter, de cujos insucessos dependeria um improvável título alviverde. Não me permiti fazer isso simplesmente por ter perdido a confiança no grupo que vestia a nossa camisa, e então era melhor evitar o risco de um desfecho calamitoso.

A vergonha que sentimos agora é proporcional à vontade de encontrar (e punir) os culpados, e o mais preocupante é que a responsabilidade não recai sobre uma pessoa ou sobre um grupo, mas sobre toda uma estrutura que nos conduziu ao desfecho trágico de uma década perdida. Difícil culpar só um jogador, só um dirigente, só um árbitro, ou quem quer que seja. Difícil chegar a um consenso sobre o que nos levou do título quase certo ao inacreditável quinto lugar (e à vaga na Sul-americana, Meu Deus!).

A propósito, tampouco se pode atribuir qualquer responsabilidade ao Santos (quem poderia confiar em um time que, além de comandado pelo Madureira, vegetou durante o campeonato inteiro?) e mesmo a Kléber, o Gladiador, ídolo palestrino que se encarregou de sepultar um time que não merecia mesmo qualquer tipo de reconhecimento.

Kléber fez a parte dele, na base do profissionalismo, mas é irônico que tenha, com um gol marcado na primeira jogada depois de dois meses fora de combate, sepultado também a chance de retornar ao Palestra na próxima temporada. Kléber, o profissional, matou o sonho de Kléber, o torcedor. Mas ele não tem culpa de um único clube concentrar tamanha incompetência. Kléber é ídolo, e isso torna ainda mais cruel tudo o que aconteceu.

As reflexões e pensamentos de agora refletem uma estrutura corroída, capaz de se sobrepor até aos acertos deste ano, e apontam perspectivas nada animadoras, sejam elas em curto ou médio prazo.

Eu não vivi os anos da fila assim tão intensamente, pois, ainda criança, não podia ir a todos os jogos no estádio, mas tenho para mim - e os mais experientes podem me corrigir - que havia uma diferença fundamental entre aquele período e o atual:

Nos anos 80, nossos times eram reconhecidamente bisonhos, mas chegavam os jogadores, um pior que o outro, com a camisa ensopada de suor ao final dos 90 minutos. Havia um comprometimento que parece inexistir hoje, e a torcida sabia que, mesmo ruins, aqueles atletas faziam tudo o que podiam. Era pouco, é verdade, mas era o limite, e mais não se podia cobrar.

Foi assim que o Palmeiras passou longos 17 anos sem título, tropeçando temporada após temporada, quase sempre nas próprias limitações e na inferioridade técnica. Foi assim que surgiu uma geração de guerreiros, de gente que hoje ainda frequenta a arquibancada do Palestra. Foi assim que surgiu a Mancha.

É diferente do que acontece nesta década perdida, em que times por vezes bem formados e tecnicamente qualificados vêm tropeçando seguidamente nas próprias pernas. E os erros, um mais grave com o outro, nunca são corrigidos, a despeito do que possa ser dito depois de cada derrota inexplicável.

Eu vivi na plenitude cada fracasso destes anos 2000. Temporada após temporada, a frustração insiste em nos tomar de assalto a cada dezembro. Da virada sofrida para o Vasco na Mercosul (e houve antes a eliminação para o Azulinho), passando por rebaixamento, perda de título, de vaga, de dignidade. É assunto para um outro post, que certamente terá como episódio final a perda do título de 2009, um vexame sem precedentes.

10 anos se passaram desde o último título significativo. Uma década. É uma geração que se perde entre ilusões, esperanças e decepções. Uma geração conformada, que se acostumou aos fracassos, às vergonhas e à aterrorizante percepção de que algo da nossa grandeza se perdeu. Uma geração, pior, que se vê obrigada a lutar contra a própria diretoria do clube, que não se cansou em 2009 de nos boicotar seguidamente. Uma geração que não pôde crescer (numericamente, entendam) porque os tempos são outros, e as pessoas perderam também os seus valores.

E eu sinceramente não vejo tantas pessoas fortes, persistentes e apaixonadas como eu e os (ainda) muitos doentes que se prestam a seguir lutando ano após ano e fracasso após fracasso, tudo para ver um final em que o Palmeiras perde para ele próprio. Ser palmeirense se transformou em um fardo muito pesado. Não é pra qualquer um...

07 dezembro 2009

Reciprocidade: para cobrar em 2010

Botafogo 2 x 1 Palmeiras. Renda: R$ 300.279. Público: 38.717. A arrecadação tão reduzida diante do elevado número de torcedores (ticket médio de R$ 7,75 ante os habituais R$ 47 do estádio Palestra Itália) foi possível porque os dirigentes do Botafogo reduziram para R$ 10 o valor do ingresso para o jogo de ontem.

Mas não para todo o estádio, é bom que se diga. Enquanto a torcida do time da casa pagou R$ 10 pelo ingresso de todos os setores, os palmeirenses, que ficamos em um espaço idêntico ao reservado aos mandantes, tivemos de pagar R$ 40!

R$ 40 x R$ 10! Pelo mesmo espaço, pela mesma cadeira de merda, pela mesma visão, pelo mesmo conforto, pelo mesmo acesso, pelos mesmos banheiros, pela mesma falta de cerveja dentro e fora do estádio, pela mesmíssima estrutura. Não há nada que diferencie o Setor Sul (o nosso) do Setor Norte (o da TJB) ou de qualquer outro ponto do Engenhão.

Nada, a não ser a canalhice dos dirigentes do Botafogo. Que, ressalte-se, foi possível apenas porque o Palmeiras tem uma diretoria inapta, omissa e descompromissada, que não dá a mínima para o seu torcedor. Tanto é assim que os ingressos não foram vendidos aqui em SP e que não houve, partindo da nossa diretoria, que é quem poderia nos representar, qualquer menção de protesto contra a arbitrariedade cometida pelos dirigentes cariocas. Silêncio, apatia, omissão, covardia, isso é tudo o que recebemos dos homens da arquibancada a R$ 40.

Este post, talvez um tanto deslocado, cumpre um papel pragmático por aqui. Porque o Botafogo virá nos visitar em 2010, entre maio e dezembro, e este blog, sinto informar, estará firme e forte quando o confronto chegar. E o que se espera é reciprocidade no tratamento destinado pelos nossos dirigentes à torcida do clube carioca.

Reciprocidade, nada além disso. Por respeito ao palmeirense, o mesmo que faltou neste domingo em que, mais uma vez, fomos abandonados à própria sorte pela nossa diretoria.

Fica aqui o post para cobrança posterior. O restante (desabafos, condenações, crônicas e o balanço da merda que foi 2009) fica para mais tarde.

O final perfeito

O fato de o Palmeiras ter chegado à última rodada com chances de título mesmo depois de míseras duas vitórias em 11 jogos dá a medida exata do que foi o título mais ganho que o clube conseguiu perder nesta década irremediavelmente perdida. Ao final da disputa, ficou ainda mais nítida a vantagem que se jogou no lixo logo no momento em que se vê a diferença entre vencedores e fracassados.

O time atual do Palmeiras concretizou neste domingo, no Engenhão, a quase inimaginável tarefa de transformar em um vexatório quinto lugar o que se encaminhava como um título certo e consistente. Este bando de fracassados conseguiu desnudar em público a alma sofrida, decepcionada e já um tanto conformada de toda uma geração de torcedores. E a Sociedade Esportiva Palmeiras, por obra de alguns poucos, tem sua imagem uma vez mais condenada ao escárnio público. Triste, muito triste...

E eu, recém-chegado do Engenhão, da deprimente despedida de uma temporada, mais uma, que nos presenteia com decepções em série, percebo que o final - do campeonato, do time e da década - não poderia ser outro que não este. Foi o desfecho adequado e, devemos admitir, esperado. Foi o final perfeito e bem resolvido de uma década de ilusões desfeitas e decepções sem fim. Nada além disso.

***

Todo o resto que precisa ser escrito - e há muito a dizer - fica para depois, de preferência quando minha mente estiver livre do efeito dos sons e imagens da festa que poderia ter sido nossa, no Engenhão, mas foi parar em um outro estádio, bem perto de onde estivemos. Não é coincidência; é tudo parte deste final perfeito a que tivemos direito todos os que acreditamos mais uma vez que a história poderia virar a nosso favor.

30 novembro 2009

A desmoralização dos pontos corridos

Pouco importa se o Grêmio vai entregar o jogo no Maracanã. Assim como pouco importa se o SCCP jogou sério ontem ou mandou ver uma operação-padrão. Pouco importa, de verdade. Porque a merda está feita a partir do momento em que existe a suspeita de que um time, qualquer que seja, possa entregar o jogo para prejudicar um terceiro. Eu nem acredito que isso possa acontecer de forma deliberada, por imposição de alguém, mas o fato é que somente o sistema de pontos corridos, tido e havido como o mais justo (?), permite uma polêmica extra-campo assim tão grande. E é isto que vai dominar o noticiário durante toda esta semana. Não haverá espaço para a preparação das equipes, para tudo o que foi feito até aqui e mesmo para as combinações de resultados que serão necessárias para cada um dos postulantes ao título. A discussão deve girar em torno do seguinte: afinal, o Grêmio vai jogar pra valer ou vai ao Rio disposto a participar da festa pelo vice-campeonato do seu maior rival? Dúvida cruel, não? O que temos agora é a completa desmoralização dos pontos corridos, este sistema covarde e ofensivo à cultura do futebol brasileiro. Porque o Inter pode desde agora protestar contra uma possível entregada do Grêmio, acusação que será devidamente equiparada à postura adotada pelo mesmo Inter em 2008, quando mandou os seus reservas até São Paulo, por ocasião de um duelo contra o SPFC, que disputava o título contra, vejam só, o próprio Grêmio. A desmoralização sem tamanho é possível apenas a uma fórmula que não prevê a decisão do título em uma final cara a cara, entre as equipes com melhor campanha. Pois o que acontece agora é que Inter, Palmeiras ou SPFC não podem medir forçar contra os molambos para definir qual é o melhor time do campeonato. Esta tarefa caberá ao Grêmio, que nada tem a ver com a história, a não ser pelo fato de ter sido escolhido por Virgílio Elisio como adversário do Flamengo na última rodada. É de uma cretinice sem tamanho, e agora o espaço está aberto para todos aqueles que adoram uma teoria da conspiração. É um tal de mala branca pra cá, mala preta pra lá, e a troca de acusações parece não ter fim. Isso, é bom que se diga, tende a se acentuar em um país tão acostumado à corrupção. Indo além: é algo que fica mais provável em um país em que tantos times podem brigar pelo título e em que as rivalidades regionais são tão mais representativas do que, sei lá, na Europa, o modelo de gestão eficiente para certas mentes deslumbradas. Quiseram os pontos corridos, né? Deu no que deu. Agora todos nós precisamos aguentar as denúncias, os boatos, as notinhas maldosas nos jornais, os comentários especulativos, os idiotas falando sobre o que não entendem, as piadas idiotas, o escambau. E pensar que antes tínhamos finais, heróis, gols do título, campeões forjados no campo em duelo direto, jogos que ficavam para a história... *** Mais perguntas para a discussão: *Por que todos os demais times tiveram de enfrentar o SCCP no Pacaembu e o Flamengo não? *Por que SPFC e SCCP foram ‘visitar’ o Santo André ‘em casa’, no Santa Cruz de Ribeirão Preto, e o Palmeiras teve de efetivamente visitar o clube do ABC no Bruno José Daniel? *Por que, em 2008, o SPCW pôde enfrentar o Goiás em campo neutro logo na última rodada? Como seria o jogo de 2008 se fosse disputado não em Brasília, mas no Serra Dourada? *Se eu tivesse tempo sobrando, poderia levantar mais algumas dezenas de perguntas com o mesmo teor, mas elas todas serviriam para embasar uma outra pergunta que eu faço agora: Onde diabos foi parar a justiça dos pontos corridos se todos os fatores acima - e outros mais - são capazes de derrubar a isonomia de qualquer disputa? *** Vamos discutir o conceito de dignidade: Dirão os colorados que o Grêmio precisa provar a sua dignidade enfrentando o Flamengo como se dependesse do resultado para chegar ao título. Besteira! O Grêmio não precisa provar porra nenhuma para o Inter. Aliás, precisa sim, mas para a sua torcida: em nome da rivalidade histórica com o Inter, o Grêmio tem o dever de não fazer força para vencer este jogo. Porque é inimaginável que o tricolor gaúcho possa ter responsabilidade pela conquista do seu rival. É inimaginável, inaceitável e inadmissível. O que o Galo fez em 2007 foi uma vergonha, isso sim.

Um pouco de dignidade

O Brasileirão/2009 será sempre lembrado como o campeonato que o Palmeiras fez questão de perder depois de já tê-lo quase ganho. Aconteça o que acontecer na última rodada - e é improvável que o título venha para nós -, a frustração é inevitável, e isso já se sentia antes mesmo do jogo. Nem tanto pelo clima na Turiassu, com casa cheia, ingressos esgotados e todo aquele cenário que tão bem conhecemos, mas sim por conversas aqui e ali, onde se percebia claramente a decepção: a bela vitória sobre o Atlético/MG poderia muito bem ter sido o jogo do nosso título.

Se não foi como o esperado, ao menos tivemos neste domingo uma despedida digna da nossa casa. Muito pela convincente e segura vitória sobre um valoroso Atlético/MG, um pouco pela forma como se construiu o 3 a 1, com um gol épico de Diego Souza, e especialmente pela combinação de alguns outros resultados da rodada, que contribuíram ao menos para reduzir entre a torcida palestrina o sentimento de injustiça que já parecia tão incômodo.

Falta ainda mais um domingo para as coisas se encaminharem para um desfecho, digamos, um tanto mais justo. Mas ainda falta, e precisamos fazer a nossa parte no Engenhão, no que promete ser uma batalha sangrenta, com cada um dos times lutando por um objetivo diferente. Vamos nós em direção ao Rio de Janeiro!

***

*A vitória deste domingo não serve para reparar nada do que aconteceu de errado nas últimas semanas. Nada, nada, nada. A vergonha ainda é enorme e a frustração não tem fim, mas ao menos tivemos uma despedida digna do nosso estádio.

*O gol de Diego Souza, repito, foi épico. Antológico. E só entende a dimensão deste lance o torcedor de estádio, pois a trajetória descrita pela bola, que fez de alguns poucos segundos um tempo quase interminável, só pode ser compreendida no campo.

*Não sei quanto a vocês, mas não me convence ver Muricy beijar o símbolo na saída para o vestiário. Pelo contrário; chega a incomodar.

*Cleiton Xavier e Maurício Ramos, que falta fizeram os dois. É de se lamentar que tenham ficado fora logo neste período tão decisivo.

*A torcida fez o seu papel. Garantiu uma média de público próxima dos 70% de lotação em casa (mesmo com o ingresso mais caro do Brasil), incentivou o time em todos os momentos, encheu o estádio mesmo nas horas melancólicas e deixou para fazer protestos pontuais somente quando necessário (antes do jogo contra o Galo, por exemplo). É de se lamentar que os jogadores não sejam um espelho da arquibancada.

*Vem um post aí durante a semana, mas fato é que certas situações contribuem para desmoralizar os tais pontos corridos.

26 novembro 2009

O Palmeiras e o sócio-consumidor (2)

Texto do Junior (Aqui é Palestra), grande amigo de arquibancada: O anti-programa de Sócio Torcedor

Com grande expectativa, a torcida palmeirense aguardou um programa que até virou moda entre os clubes brasileiros, embora fosse óbvio faz anos, e viria a facilitar a vida do torcedor assíduo, aquele que não abre mão de ir ao estádio de futebol. Modelos de relacionamento dos clubes com seus torcedores foram adotados faz anos em países europeus, seja por clubes empresas, como na Inglaterra, como também nos clubes sociais da Espanha.

Também não é de hoje que quase todos os clubes argentinos e uruguaios utilizam sistemas parecidos que incentivam e premiam os torcedores mais assíduos (que mais contribuem financeiramente, mas também moralmente) com descontos, reserva de ingressos e outros benefícios importantes para qualquer torcedor. Como suplemento, é possível que haja outras vantagens comerciais com patrocinadores ou parceiros dos clubes, sempre de forma secundária, afinal o que interessa ao torcedor é o futebol. Valores Porém, para a surpresa de muitos, mas condizente com o histórico recente, a diretoria do Palmeiras lançou um programa onde os grandes atrativos são eventuais descontos em lojas Samsung, Adidas e Azul Cia Aérea. Não bastasse, é, de longe, o programa de sócio-torcedor mais caro do Brasil. Para não ficar apenas na teoria, recorro a rápidos exercícios matemáticos, plano a plano. Antes, partirei das premissas de que o Palmeiras joga metade dos seus 70 jogos médios por ano como mandante e cobrará ingressos de R$ 40,00, em linha com o que temos visto, exceto pelo “prêmio” que nos deram neste último jogo, conferindo ao torcedor um custo de R$ 1400,00 na aquisição dos 35 ingressos. Plano Prata Mensalidades de R$ 25,00; Desconto de 30% sobre o valor do Ingresso; Custo total: 25*12 + 1400*(1-30%) = R$ 1280,00; Desconto Real de 8,6% ou R$ 120.

Plano Ouro Mensalidades de R$ 50,00; Desconto de 40% sobre o valor do Ingresso; Custo total: 50*12 + 1400*(1-40%) = R$ 1440,00 Não há desconto! Acréscimo de R$ 40,00, ou 2,9%.

Plano Diamante Mensalidades de R$ 100,00; Desconto de 50% sobre o valor do ingresso; Custo total: 100*12 + 1400*(1*50%) = R$ 1900,00; Não há desconto! Acréscimo de R$ 500,00, ou 35,7%!

Ou seja, no que deveria ser o foco do programa, a questão dos ingressos, o benefício é mínimo – quando não nulo – e até torna-se uma desvantagem para o torcedor, obrigando aquele que já paga o ingresso mais caro do país a desembolsar quantias ainda maiores para ter o direito de ir ao estádio. Será que essas contas foram realmente realizadas por aqueles que apenas freqüentam os camarotes?

Não bastasse, a situação torna-se ainda mais grave, se não criminosa, quando descobrimos que não há a possibilidade de estudantes e aposentados aderirem ao programa ainda gozando dos direitos que têm por lei. Na prática, se quiserem seguir pagando meia entrada terão de desembolsar R$ 100,00 agora. Como o Palmeiras pretende atrair o megalomaníaco número de 200 mil associados se sequer o foco do programa é vantajoso? O mais caro do Brasil

Nem entrarei em tantos detalhes dos planos “concorrentes”, até porque é fácil mostrar quem é o menor beneficiado de todos. Portanto, só um rápido resumo dos casos de maior sucesso e a óbvia desvantagem do torcedor palestrino:

Vasco: R$ 30,00, direito a voto e 50% de desconto ou R$ 20,00 e 50% de desconto. SCCP: R$ 100,00 anuidade e 20 a 40% de desconto. Inter: R$ 22,00, direito a voto e 50% de desconto. Grêmio: R$ 30,00, direito a voto e 50% de desconto. SPFC: R$ 18,00 e 50% de desconto.

Sim, todos os anteriores também trazem algumas promoções, descontos e brindes. Mas os tratam como deveria ser e realmente importa para o torcedor: suplementos, por vezes até supérfluos. Chega a ser gritante a diferença de benefícios, e chamo a atenção para o direito a voto, assunto que retomarei, mas que custa R$ 70,00 mensais no Palmeiras. Depois não sabem porque o clube continua assim.

Benefício Comerciais

Aposto que terão a resposta pronta para a pergunta acima. Mas você poderá reverter o valor integral da mensalidade em produtos adidas e Samsung. Ok, de cara, pergunto, como ficará isto quando acabar a parceria entre o clube e as empresas? Confesso que isto pouco me importa, até porque não quero comprar televisões, celulares, camisetas, chuteiras etc.

Mas aos que se iludiram, se preparem para a propaganda enganosa. Simplesmente duvido que os descontos serão consideráveis, ou seja, para reverter seus R$ 300,00 em produtos, chuto que você gastará pelo menos, e com muita sorte, uns R$ 1000,00, baseados em descontos de 10 a 30% sobre cada produto, algo facilmente encontrado em qualquer outlet da adidas, por exemplo. Ou seja, prepare o bolso.

Aí vem a pergunta que realmente me importa: Quem é o grande beneficiado com tudo isto? O torcedor, o clube ou a empresa?

Estratégia Comercial

Bom, aqui é quase como bater em cachorro morto. O que se passou na cabeça do dirigente para soltar um programa com tanta pressa? Com apenas um último jogo a ser realizado em casa no ano? Sem falar no momento do time que, bom, melhor deixar para lá.

De qualquer forma, isto ainda torna-se muito mais inexplicável ao vermos um programa totalmente inacabado. Um site tosco, com pouquíssima informação e nenhum atrativo, sequer predominado pelas cores oficiais do Palmeiras, links inexistentes, pouquíssimas formas de pagamento, inexistência de uma central de atendimento, ou qualquer telefone visível no site, não poderiam jamais resultar em algo diferente do que as incríveis 10-15 adesões diárias da última semana.

Como se pouco fosse, os primeiros heróis que aderiram ao programa começaram a sofrer as primeiras dores de cabeça, com cobranças erradas, para cima, claro, erros na efetuação de pagamento, inexistência da loja virtual e, pior, um fraquíssimo canal de relacionamento para tirar dúvidas.

Reze para não ter algum problema, pois ai sim que eles começarão. O único telefone disponível, e bem escondido no regulamento, é o da Academia de Futebol. Bom, não acho que o Muricy vá resolver o seu problema. Alguns, logicamente, tentarão ligar no clube social, claro. Mas, como visto em relatos, após conhecer algumas pessoas de diferentes departamentos por telefone, você descobrirá que só o Sr. Rogério Dezembro, mentor do plano, pode responder suas questões.

Se tiver paciência, também pode tentar na comunidade do Orkut (!!!) do programa, onde algum abnegado tenta sanar as principais dúvidas. Eu, por curiosidade, relatei a situação para alguns amigos que trabalham com Marketing e Publicidade e terminei com a seguinte pergunta: O que aconteceria com você se apresentasse um trabalho como este aí em sua agência? As respostas, embora não idênticas, em sua essência foram unânimes: Rua! O que mais assusta é que, segundo propagandearam, foram gastos meio milhão de reais! R$ 500.000,00! E reparem que a única propaganda que vimos até agora, exceto no site oficial, foi no intervalo do último jogo, quando uma patética locutora colocava-se alegre enquanto sofríamos uma das maiores frustrações de nossa vida em campo. Bom, belo investimento, não? Ainda mais se considerarmos o período de férias nos próximos meses.

Sócio?

Mas, talvez mais grave do que tudo isto é o desprezo pelos sócios do clube. Nem cabe aqui questionar a fusão das modalidades, isto cabe a outras esferas, mas todos sabemos que o clube tem passado por uma profunda transformação nos últimos 5 anos, com muito associados focados no futebol. E ignorá-los pode ser um grande tiro no pé. Alguma forma de integração dos modelos, com algum desconto, me pareceria o mínimo a ser feito. Ou ,quem sabe, igual garantia de ingressos.

Lembrando que a mensalidade do clube já está em R$ 70 e deve sofrer novo reajuste. Já ouvi de alguns e não será surpresa se muitos abandonarem o título social para poder pagar o de sócio-torcedor, o que seria péssimo para qualquer pretensão de transformação do clube.

Sem falar naqueles que sequer cogitarão tal associação e direito de voto. Enfim, aos que depositavam alguma esperança na mudança do quadro societário como catalisador de uma melhora do Palmeiras, um verdadeiro balde de água fria. Os entusiastas da bocha devem estar comemorando, pois o conceito mais importante de sócio foi simplesmente ignorado.

Para quem tanto errou com o famigerado Onda Verde, parece que pouco aprendeu e queimou mais um cartucho, talvez inviabilizando qualquer tentativa de um plano de sucesso no Palmeiras. Não à toa, em igual período, o Vasco angariou quase 20 mil sócios (chegando próximos do 60 mil agora) ao passo que o Palmeiras ficou em nível 15 vezes menor, oscilando entre 1000 e 1500. Talvez o único benefício seja um suposto tratamento melhorado na compra de ingressos, algo que foi prometido com BWA, Outplan etc. (embora os primeiros relatos não sejam animadores quanto à compra para o primeiro jogo do programa, ainda não aberta no site).

Uma tristeza saber que tão importante e potencial fonte de renda está sendo desperdiçada de forma tão inconseqüente. Por fim, termino com o que me perguntou o amigo Jefferson “Aragonés” Camacho. “Eles insistem em nos tratar como clientes, mas pergunto: qual é o cliente que passa tudo o que passamos e continua lá, firme e forte, sem nunca mudar de marca/empresa?” Haja amor...

23 novembro 2009

A nossa recompensa


"Humilhados, jogadores do Wigan vão reembolsar torcedores". A notícia, distribuída pela AFP, saiu hoje em tudo quanto é site e foi parar, como os senhores podem conferir acima, até na página oficial do clube inglês, uma espécie de Juventude local, que levou ontem um 9 a 1 do Tottenham, algo como a nossa Portuguesa.

Partindo disso, é inevitável perguntar: qual seria o reembolso que o torcedor palestrino deveria recebe
r de cada um dos vagabundos que fizeram o Palmeiras perder o título mais ganho entre todos os títulos ganhos que foram perdidos nesta década perdida?

Qual seria o reembolso por tamanho vexame? O que paga todo este sofrimento, todo o inconformismo, toda a sequência que nos conduziu à desolação atual? O que compensa a decepção de nos tirarem um título certo e entregarem logo para o SPFC?

Fato é que por aqui jamais se pensaria em algo parecido; por aqui,
temos isso aqui:

"Isso (a arquibancada cai de R$ 40 para R$ 20 no último jogo do ano) não é medo de ficar com o estádio vazio, é uma recompensa ao torcedor que se esforçou. Se tivéssemos chance de ser campeões, nossa ideia era fazer o jogo em um estádio maior para cobrarmos o ingresso o mais barato possível para agradecer aos torcedores."


Bom, eu cansei!

20 novembro 2009

"Alma Palestrina"

Aos que se valem de fracassos como o atual para desmerecer o meu amor e a minha dedicação pelo Palmeiras, eu costumo dizer que recebi dele muito mais do que ofereci em troca. Não falo necessariamente de títulos, pois eles se prestam a satisfazer mesmo aquelas mentes pequenas e oportunistas que veem no futebol um instrumento de ostentação. Não é o caso. O que pesa é que o Palmeiras já me presenteou com muitos dos momentos mais felizes que eu tive na vida e também com alguns amigos que só se fazem tão importantes porque compartilham comigo deste mesmo sentimento por tudo o que representa a Sociedade Esportiva Palmeiras.

Um deles, a quem já registrei aqui tantas e tantas homenagens, é o grande Fernando Razzo Galuppo. Palestrino de alma generosa e abnegada, figura das mais carismáticas, historiador e propagador de toda a nossa história gloriosa, carcamano da Mooca, guerreiro da arquibancada. O currículo de Galuppo mereceria aqui muitos e muitos parágrafos, mas eu prefiro render a ele o reconhecimento que se pode prestar a um grande amigo, que conheci 12 anos atrás, dentro de um ônibus a caminho do Palestra. Desde então, entre os 875H, 874T, 478P, 407M e tantos outras linhas que nos levavam da zona sul à nossa casa, a amizade só se fez fortalecer.

Isso tudo porque ontem, enquanto ainda tentava digerir o epílogo vexatório de uma campanha fracassada, pude encontrá-lo e, em primeira mão, ver o resultado do projeto de uma vida, no caso o livro escrito por Galuupo para o grande Heitor (ou Ettore) Marcelino Domingues, ídolo dos primórdios de nossa história. É coisa pra deixar com orgulho todos aqueles que acompanham de perto esses anos e anos de trabalho incansável em função de um sentimento.

"Alma Palestrina": nome melhor não poderia existir.
O lançamento está por vir:


15 novembro 2009

O Palmeiras e o sócio-consumidor

No momento mais inoportuno possível, no intervalo de uma derrota parcial para o rebaixado Sport, o Palmeiras lançou o seu programa de sócio-torcedor. Parecia, é bom dizer, que este dia não chegaria nunca para uma entidade que se notabilizou ao longo dos anos por uma comovente incompetência para a tarefa de vender ingressos. O projeto, que deveria ser recebido com alívio e entusiasmo, enseja enormes e preocupantes questionamentos. Em resumo, fico com a nomenclatura adotada pelo Júnior, do Aqui é Palestra: o Palmeiras lançou o seu projeto de sócio-consumidor.

Vejamos:

Explica-se a denominação de sócio-consumidor pelo fato de o vínculo maior do projeto se estabelecer não com a Sociedade Esportiva Palmeiras, mas com dois de seus patrocinadores, no caso adidas e Samsung. Dadas as condições do lançamento, com a reversão em produtos do valor investido na mensalidade, o que temos é um estímulo ao consumismo. Porque, afinal de contas, a aquisição de equipamentos eletrônicos ou artigos esportivos passa a ser condição essencial para adesão ao plano.

(Por sinal, o regulamento do programa é mais extenso e detalhado no que tange às “Regras gerais para trocas e devoluções” do que propriamente à questão dos ingressos. Transparece mais a preocupação com as pessoas autorizadas a “protocolar o recibo de entrega” do que com as condições de compra dos bilhetes. E eu poderia citar mais alguns exemplos de descaso, mas me contento com o seguinte: o regulamento do programa não cita uma única vez a palavra “arquibancada”.)

Se o sujeito quiser apenas colaborar com o clube em troca de benefícios mais explícitos na compra de ingressos, ele não pode. É necessário também colaborar com as vendas dos dois parceiros comerciais do clube, com os quais, diga-se, eu me identifico como consumidor. Acontece que gostaria de contar agora com um programa voltado para o torcedor e não para o consumidor.

Alguém aí pode questionar o que seriam os tais “benefícios mais explícitos” e aí eu responderia que a expressão na verdade deveria ficar no singular, ou seja, “benefício mais explícito”. O fato é que o projeto fala em “prioridade na compra de ingressos” quando o esperado seria “garantia de ingresso”. Explica-se:

O Palmeiras joga em casa, na sua casa mesmo, entre 30 e 35 jogos por ano. Eu não posso falar por toda a torcida, mas sou um dos poucos milhares de doentes que se dispõem a ir a TODOS os jogos no Palestra Itália durante o ano. TODOS, sem exceção e de maneira incondicional. Pouca gente leva isso tão a sério e somos nós também os que mais sofremos para adquirir toda essa quantidade de ingressos, enfrentando filas e tendo de dividir espaço com os oportunistas que decidem aparecer apenas nas fases mais agudas.

É então que eu pergunto – e sempre fiz tal questionamento: se há pessoas que, como eu, vão a TODOS os jogos, qual é a dificuldade de implantar um carnê ou um sistema semelhante, em que o sujeito paga antecipadamente pelos ingressos para todos os jogos durante o ano? É uma forma de garantir o lugar de quem está sempre ao lado do time e, mais que isso, antecipar e garantir receitas para o clube. Isso já aconteceu antes aqui mesmo no Brasil e é regra nos EUA e na Europa. Por que cazzo, no entanto, os dirigentes brasileiros parecem querer copiar somente as coisas ruins que vem lá de fora?

Não sei dizer quantas pessoas estariam na mesma situação que eu, mas conheço pelo menos algumas centenas, que bem podem ser milhares. E a ideia do carnê serviria também para atrair aqueles torcedores que costumam ir a 50%, 60% ou 80% dos jogos. Tendo em vista a garantia de ingressos, o fim das filas e mesmo algum desconto, me parece evidente que este povo optaria por este benefício e até passaria a ir a mais jogos. Para o clube, a medida seria mais simples e mais barata, à medida que dispensaria toda a logística atual.

O que acontece com este programa lançado agora pelo Palmeiras é que a adesão a um dos três planos está condicionada diretamente à capacidade e às necessidades de consumo do torcedor/consumidor. Porque a diferença nos descontos e nos benefícios não é assim tão determinante, impactando muito mais a perspectiva de poder gastar R$ 300, R$ 600 ou R$ 1.200 anuais na compra de, sei lá, um celular novo da Samsung ou um agasalho da adidas.

Cabe registrar ainda que o regulamento não esclarece as condições de uso dos créditos (os termos são evasivos) e que a tal loja virtual ainda não está no ar, o que lança dúvidas sobre os reais benefícios de fazer compras por este sistema e não em lojas de eletroeletrônicos ou nos outlets da adidas. Porque não se sabe qual será a oferta dos produtos e, mais que isso, quais serão os preços praticados. Ouso dizer que, ao permitirem o uso dos créditos apenas na loja virtual, os parceiros comerciais do Palmeiras podem valorar suas mercadorias bem acima do que se vê nos shoppings centers da vida.

E por mais que eu admire as duas marcas, discuto um pouco o fato de um projeto de tal magnitude ser lançado em associação com parceiros comerciais, que, sabemos, podem deixar de se associar ao clube e ao seu torcedor ao final do contrato. A preocupação do Palmeiras deveria ser o vínculo com o seu torcedor e nunca com empresas.

Mas os problemas não se resumem ao caráter consumista do programa. Temos ainda outros pontos que merecem o debate:

1. "Compra com antecedência e com 30% (ou 40% ou 50%) de desconto para ingressos de jogos do Palmeiras no Palestra Itália." Assim sendo, pergunto: o torcedor será reembolsado por jogos que eventualmente forem transferidos para praças, digamos, menos convencionais? E quando o Palestra for interditado para a suposta construção da Arena? E se, por alguma imbecil decisão mercadológica, o Palmeiras mandar jogos fora do Palestra, o "sócio-torcedor" poderá pagar uma mensalidade menor, já que teve o benefício revogado?

2. "O benefício de meia entrada não é cumulativo com o desconto do Torcedor Associado Avanti Palmeiras. Caso opte pela meia entrada, o torcedor deverá realizar sua compra através dos meios tradicionais e não pelo site do Programa." Já era de se esperar, mas isso me leva a crer que muita gente deixará de investir no programa para continuar comprando os ingressos com 50% de desconto na própria bilheteria. Isso faz do Avanti Diamante nada mais do que o ato de pagar R$ 100 ao mês para ter uma carteirinha de estudante.

3. Vivemos em tempos conectados, é verdade, mas há quem ainda tenha certas limitações para o acesso à internet. Assim, vale discutir o viés excludente (e elitista) do programa Avanti Palmeiras, que permite a adesão apenas pelo site.

4. Mais até: não existe um telefone de SAC. E são muitas as dúvidas.

5. Esta é uma motivação pessoal: com um cartão de acesso ao estádio, chega ao fim a minha coleção de ingressos. Parece romântico, é verdade, mas eu não gostaria de dispensar os bilhetes de papel (ou plástico). O carnê serviria para resolver também esta demanda.

6. "Tour cortesia no Palestra Itália oferecido pela Futebol Tour" Finalmente o Palmeiras tem alguma iniciativa no sentido de levar os torcedores para conhecerem o seu estádio. Mas isso, a meu ver, é válido muito mais para quem mora fora de SP ou para quem não costuma vir ao Palestra, e não para torcedores que vão aderir ao programa. Porque um guia não tem a menor condição de me apresentar à minha própria casa...

7. De resto, todos os pequenos benefícios oferecidos (carteirinha, email @avantipalmeiras, kit com camiseta, boné e certificado) são adereços diante do que gostaríamos:

GARANTIA DE INGRESSO e QUE FÔSSEMOS TRATADOS COMO TORCEDORES E NÃO COMO CONSUMIDORES!

14 novembro 2009

Vasco da Gama, o retorno

Antes do post em si, com fotos tiradas no último sábado, no jogo do acesso, eis aqui a minha justa, merecida e um pouco atrasada homenagem ao grande Vasco da Gama, finalmente de volta ao lugar de onde nunca deveria ter saído:






Foi muito bom participar deste momento histórico no Maracanã e agora, com o Vasco já campeão da Série B, fica aqui o meu sincero desejo de boas-vindas aos irmãos vascaínos. O futebol agradece.

12 novembro 2009

O fim da realidade

Eu já aplaudi times medíocres, times esforçados e times que carregavam o estigma da derrota antes mesmo de entrar em campo. Já aplaudi o time tantas e tantas vezes depois de empates ou derrotas em casa que já nem sei dizer o que nos leva a fazer isso. Já aplaudi os jogadores após uma eliminação para o São Caetano com dois jogos em casa, depois de empates conquistados na base da superação e mesmo de derrotas que nunca poderiam ter acontecido. Não há um padrão para explicar o que justifica este reconhecimento após um insucesso, mas certo mesmo é que o time atual não merecia os tímidos aplausos que se fizeram ouvir ontem à noite, ao término do vexatório, humilhante e inaceitável empate em casa. Este time não!

Este time, no qual depositamos tanta esperança, conseguiu perder o título mais ganho entre todos os títulos ganhos que conseguimos perder nesta década perdida. E o fez de maneira tão inexplicável e ao mesmo tempo escandalosa que fica difícil qualificar agora o que eu penso de toda a situação. Indiscutível mesmo é que nenhum entre todos os campeonatos que jogamos no lixo nos últimos 10 anos provoca tanta vergonha e ressentimento como este Brasileirão/2009.

Eu bem poderia desperdiçar aqui alguns parágrafos para destacar e dissecar cada uma das inacreditáveis derrotas desta década perdida, mas seria inócuo diante do inconformismo com esta última, que não encontra paralelo em nossa história.

Chega a ser paradoxal que estejamos jogando a toalha com o time na liderança momentânea, mas não se pode esperar nada diferente. Porque não dá mesmo para confiar em um time que vence um jogo em oito e que conquista um mísero ponto dos 12 que foram disputados contra os quatro que serão rebaixados à Série B. Não dá para continuar bancando ilusões sem fim e sonhando com o que já foi uma realidade.

Porque este grupo atual (atletas, comissão técnica e alguns dirigentes) conseguiu acabar não com um sonho, mas com uma realidade. Tomaram um título que era nosso sem qualquer explicação razoável e o fizeram de modo que sentimos agora mais vergonha na condição de líderes do que se estivéssemos lá pelo meio da tabela.

E eu, passados mais de 50 jogos vistos da arquibancada apenas neste ano que tanto prometia, cheguei também ao meu limite na arte de me iludir e de sonhar com aquilo que parece estar distante do que pode ser alcançado com o nosso grito que parte da arquibancada. Porque parece mesmo que quanto mais nos esforçamos e quanto mais lutamos, mais decepções sofremos.

Deve ser também por isso que ontem, enquanto eu cantava pelo time em meio ao fúnebre primeiro tempo, algumas vezes desejei que aquilo tudo chegasse ao fim ainda no intervalo, quase como se fosse preciso ali um tiro de misericórdia para acabar com tanto sofrimento. Chega!

2010 está por vir e é fato que vamos novamente sucumbir a outras ilusões. Mas eu me recuso a mantê-las agora. Porque nos tiraram a realidade, e eu não aceito agora esperanças vãs, menos ainda neste time que já demonstrou não merecer a nossa confiança.

***

Notem que eu escrevi isso tudo sem que usar o nome do Palmeiras uma única vez até aqui. Porque o Palmeiras, o grande Palmeiras, não merece este grupo que nos tirou um título que já era realidade.

11 novembro 2009

Uma missão a cumprir

8 de abril de 2009, Copa Libertadores. No momento em que tudo parecia perdido, foi o Palmeiras até Recife para renascer com um implacável 2 a 0 sobre o Sport.

12 de maio de 2009, Copa Libertadores. Mesmo com a derrota no tempo normal, o Palestra buscou nos pênaltis a vaga na casa do adversário. Não apenas o eliminou, mas também o afundou de maneira irreversível.

11 de novembro de 2009, Brasileirão. Temos uma missão a cumprir. É chegado o dia de fazer gente como Guilherme Beltrão engolir de uma vez por todas tudo o que já disse.

Nós começamos. E nós vamos terminar.

***

É COM A GENTE!

A diretoria apelou para a torcida. Quer a nossa presença, que nem precisaria ser solicitada, mas não fez muito para que o apoio fosse maciço: ingressos a R$ 40 e ficamos por isso mesmo. Vamos os guerreiros – e os oportunistas devem sumir –, pouco importando qual seja a situação do time. O apoio será incondicional, como sempre foi.

Quanto ao programa de sócio-torcedor, eu sinceramente espero pelo pior. Os primeiros indícios já apontam para algo que será uma afronta ao torcedor. Vamos aguardar.

06 novembro 2009

Do Maraca para o título

O Fluminense ficou na zona de rebaixamento o campeonato inteiro e aí resolve agora encher logo o nosso saco... Vai ser uma guerra, fica a sensação de "porra, tinha que ser contra a gente?", mas aqui é Palmeiras e precisamos buscar essa vitória no Maraca. Que vai estar lotado, é verdade, mas por uma torcida que não tem lá muita força e que não impõe respeito. E há ainda outros fatores nos beneficiam: o desespero que pesa contra eles, o cansaço depois de terem jogado ontem no Chile, Cuca e sua imagem derrotada à beira do campo.

De quebra, temos ainda um time bastante superior e um retrospecto amplamente favorável, com mais vitórias que o Fluminense mesmo na condição de visitante (eu teria vergonha de perder o confronto direto como mandante). E nada, nem os 40ºC da Cidade Maravilhosa, vai nos tirar essa vitória. Porque aqui é Palmeiras, porque o Maraca lotado traz o clima de final que tanto queremos e porque o mal não pode prevalecer de novo.

À vitória, guerreiros!

***

O fim de semana no Rio terá ainda o retorno do grande Vasco da Gama à Série A. Amanhã, 16h10. Vai ser bom poder reencontrar os irmãos vascaínos, ver o Maraca em festa e ainda presenciar o retorno de um gigante ao lugar de onde ele nunca deveria ter saído.

04 novembro 2009

O exemplo que vem do rival

Torcedores do SCCP já podem adquirir desde agora, ainda em novembro, ingressos para os três jogos do clube na primeira fase da Libertadores/2010. A notícia está aqui.

Deixemos de lado o preço dos ingressos, que é bastante elevado, mas talvez necessário diante da procura. Interessa aqui o tratamento destinado ao torcedor. O que se discute não é tanto a antecipação, que jamais será vista no Palmeiras, este clube irreversivelmente incompetente para vender ingressos, mas sim a prioridade que é concedida ao torcedor mais fiel (desculpem, mas a palavra é necessária), aquele que está ao lado do time nas horas boas e ruins.

Vejam que foi estabelecida a preferência de compra aos torcedores que, cadastrados no programa de fidelidade do clube, foram a pelo menos 10 jogos nesta temporada. 10 jogos no ano: é uma nota de corte até modesta, mas já é uma nota de corte, e talvez seja o suficiente para afastar todo aquele contingente de oportunistas que só vão apoiar o time nas finais e nos jogos decisivos. Quem esteve ao lado do clube pode comprar ingressos antes dos demais, fazendo valer o seu direito adquirido.


Quem só vai de vez em quando ou quem aparece só nas horas boas, corre o risco de ficar de fora. Simples, justo e lucrativo para o clube.

Enquanto isso, os palmeirenses convivemos com mais um adiamento do programa de sócio-torcedor. E, ao que parece, ele vai chegar já longe do que seria ideal.


***

Aviso aos palestrinos que vamos ao Rio no domingo:

Os ingressos para o Maracanã estão à venda também aqui em SP, nos pontos de venda da Ingresso Fácil/BWA: Pacaembu, Canindé, Ibirapuera etc. Vamos ficar nas cadeiras azuis, a R$ 15 (não tem estudante aqui).

Para quem vai passar o fim de semana no Rio e quiser acompanhar o acesso do Vascão, dá para comprar também os ingressos para sábado: R$ 30 a arquibancada e R$ 15 a cadeira azul.

03 novembro 2009

É Pacaembu!

O presidente Belluzzo parece ter percebido o erro que é mandar jogos para Presidente Prudente, no Mato Grosso do Sul. Sanchez vai pela mesma linha, ao menos nos discursos oficiais, estes que são divulgados pela imprensa. E já desponta com força a hipótese de os clássicos de 2010 serem disputados no Pacaembu, como sempre foi e como deveria ser agora também. Nada mais lógico e racional.

Tal situação, no entanto, choca-se com o discurso falastrão do prefeitinho de merda de Prudente, o tal Tupã, que ocupou espaço demais nos grandes jornais paulistanos desde o final de semana. Folha de S.Paulo e O Estado de S.Paulo, por exemplo, destacaram as melhorias no estádio (eu não notei nada de diferente em relação aos últimos dois jogos) e a intenção de levar para lá mais encontros dos grandes paulistas em 2010.


A questão é que Presidente Prudente é uma cidade esquecida no meio do nada, com estrutura precária, de difícil acesso e com logística inadequada mesmo para quem vem da capital. Eis então que resolveram construir um elefante branco em um descampado qualquer do município sem levar em conta que a cidade não tem nenhum clube disputando as principais divisões do futebol paulista.

Fizeram merda, também por influência da FPF, e quem está pagando a conta disso são os dois maiores clubes do estado e também as suas torcidas, que se viram obrigadas a viajar 1.200km três vezes no ano para ver um clássico que pertence à cidade de São Paulo e que deveria ter sido disputado aqui sem qualquer contestação.

Acontece que não temos nada a ver com o fato de Presidente Prudente ficar em um canto esquecido do mundo. Não temos culpa se a cidade não tem um time de futebol decente. Não temos culpa de existir aquele elefante branco. Não temos culpa de o prefeitinho populista querer fazer graça.

Mesmo assim, já pagamos muito caro por isso tudo. Se os presidentes de Palmeiras e SCCP insistirem no erro, estarão cometendo mais um atentado contra a história do clássico e desrespeitando as respectivas torcidas. E ninguém aqui é palhaço pra agüentar isso!

***

Já me cansei dos protestos de quem mora no interior (vejam que eu não os chamei de caipiras, ok?). Não entendo o que motiva tamanha revolta, mas a verdade mesmo é que vocês já encheram o saco demais. Palmeiras e SCCP são clubes da capital paulista e, como tal, devem fazer o clássico por aqui.

Ah, vocês são palmeirenses e querem ver também? Certo, pois que venham até São Paulo e assistam. Nada impede que isso aconteça. Só não venham encher o nosso saco, nobres moradores do interior paulista (e sul-mato-grossenses, no caso dos prudentinos).

***

Texto relevante para este post:
Pacaembu, por que não?

02 novembro 2009

PRUDENTE NUNCA MAIS!

Talvez eu devesse começar o texto enaltecendo o espírito de luta de nossos atletas, o poder de superação e o empate conquistado sob um sol criminoso e com um homem a menos diante do nosso maior rival. Talvez fosse o tom mais correto, porque o grupo dá mostras uma vez mais de que está comprometido para nos levar ao título e porque o empate alcançado ontem apenas reforça o post anterior. Acontece que mesmo agora, de volta a SP, o calor brutal daquela cidade  parece ainda torrar os meus miolos, e é então que se faz necessário retomar um assunto que já foi debatido à exaustão. 

Vejam os senhores que Palmeiras e SCCP, os dois grandes clubes do estado, foram obrigados a se enfrentar pela terceira vez neste ano em uma localidade que fica quase em outro estado. E foi assim pela ganância e pela falta de bom senso dos dirigentes das duas agremiações, que parecem por demais compromissados com o populismo idiota do pequeno prefeito local, o tal de Tupã. 

Este blog já protestou veementemente três vezes, antes da confirmação de cada um dos jogos em Presidente Prudente, mas parece que até agora a medida não surtiu efeito. E eu me sinto bem à vontade para escrever o que escrevo, porque fui de São Paulo até Prudente todas as três vezes e digo que já não agüento mais perder quase um dia inteiro e mais um bom dinheiro só para satisfazer os desejos megalômanos de um prefeitinho de merda. 

Digo também que não sei se farei isso outra vez, porque esta última foi ainda mais cansativa do que todas as demais e porque a palhaçada atingiu níveis extremos entre nossos dirigentes, mas escrevo para que isso tudo fique registrado. 

De cara, é preciso dizer que um jogo disputado às 15h em Presidente Prudente, sob um calor que chegava próximo dos 40º C, com sol incessante e sem qualquer sinal de vento, é um atentado à saúde dos jogadores, mais ainda em final de temporada, quando estão todos já exauridos. E é pior ainda que a diretoria do Palmeiras tenha submetido seus atletas a tais condições, porque tínhamos uma batalha acontecendo e porque outras cinco estão por vir. 

O resultado pôde ser visto no campo de jogo, e não difere muito do que acontecia nas arquibancadas, com as duas torcidas um tanto quanto desmobilizadas, tamanho era o calor que afetava corpos e mentes no cimento do descampado em que se situa o estádio. Dadas as condições, não se pode cobrar muito das duas torcidas, que, de quando em quando, até faziam um esforço maior para superar a apatia diante do clima adverso. Por sinal, a comparação é necessária: 

08.03.2009: Palmeiras 1 x 1 SCCP – 44.479 
26.07.2009: SCCP 0 x 3 Palmeiras – 29.777 
01.11.2009: Palmeiras 2 x 2 SCCP – 18.752 

Nota-se, portanto, que a caipirada de Prudente e região não agüentou o tranco: o público despencou jogo após jogo, dos quase 44,4 mil de março para os irrisórios 18,7 mil de ontem. Em parte, a culpa é da ganância do departamento financeiro da S.E. Palmeiras (que cobrou R$ 50 por uma arquibancada), mas cabe apontar também o desinteresse pelo clássico na cidade, um claro sinal de que a decisão de ir até Prudente, um erro desde o início, já se esgotou. 

Dos 18,7 mil presentes ao estádio ontem, não é exagero supor que metade veio da capital paulista, distante quase 600km do Mato Grosso do Sul. Éramos nós, em um ônibus fretado, as organizadas dos dois clubes, gente que foi de carro, de avião, de ônibus, do que quer que seja. Éramos os "torcedores comuns", e o ‘comum’ aqui tem um sentido diametralmente oposto ao que se convencionou. 

Ao apropriar-me agora da expressão "torcedor comum", faço referência àquele contigente de torcedores - do qual eu faço parte - que está sempre ao lado do Palmeiras, esteja ele onde estiver. Refiro-me aos insanos que comparecem a todos os jogos aqui em SP e que viajam por todo o interior, para outros estados e para outros países para acompanharem o Palmeiras. Somos 'comuns' no sentido de 'rotineiros', pois estamos sempre presentes, bem ao contrário dos que vêem o futebol como festa e que somem assim quando a coisa deixa de ser novidade. 

As diretorias de Palmeiras e SCCP cometeram o mesmo erro três vezes no ano. Cederam às migalhas de um prefeitinho populista, cometeram seguidos atentados contra o clássico Palmeiras x Corinthians e nos submeteram a um sacrifício desnecessário. Mas nós não somos palhaços e não estamos aqui de brincadeira. Ontem, enquanto deixava a arquibancada do Prudentão, ainda sob um calor infernal, tudo o que eu mais queria era nunca mais ter que colocar os pés naquela cidade de merda. Que tomem vergonha na cara os nossos dirigentes.

PRUDENTE NUNCA MAIS! 

*** 

Depois, com mais tempo e talvez com a cabeça mais fria, eu volto para falar do jogo, de Prudente e de outros assuntos. Mas o desabafo era mais do que necessário. Se alguém me obriga a ficar 24 horas na estrada e ainda me toma algumas centenas de reais no ano, é mais do que justo que eu não fique calado.

01 novembro 2009

Nossa vitória não virá por acaso

Dentro de quatro horas, ainda na madrugada paulistana, eu e um grupo de quase 40 amigos vamos pegar a estrada. Serão longos 600 quilômetros em direção ao Mato Grosso do Sul – e depois a mesma distância para voltar. Viagem longa, cansativa e perfeitamente evitável se houvesse bom senso entre os nossos dirigentes. Diga-se de passagem, será a terceira vez que me obrigam a ir até Presidente Prudente apenas neste ano. Sei que deveria estar dormindo agora, mas é tão grande a ansiedade e é tão importante o que está por vir que o sono não deve vir assim tão fácil. 

Acontece que agora, enquanto nos preparamos para enfrentar o nosso maior rival, resta uma única certeza: a de que tudo pode acontecer quando começar a rolar a bola. Porque é Palmeiras x Corinthians, clássico sempre imprevisível, porque estamos no meio de uma batalha e porque o futebol nos sujeita aos triunfos memoráveis e aos fracassos retumbantes assim sem fazer cerimônia. 

O que nos move até Prudente – e até qualquer outro lugar, por distante que seja – não é a certeza dos oportunistas que vão ao estádio para ver uma vitória fácil. O que nos leva a encarar a estrada sem nenhuma garantia é o amor que temos pelo Palmeiras e o compromisso de apoiá-lo em todos os momentos. 

Sabemos que pode vir uma derrota dentro de campo e até que podemos ficar sem o título lá no final. Faz parte, assim é o futebol. Mas sabemos também que nossa vitória, se vier, não virá por acaso. 

Não venceremos (o jogo ou o título) sem esforço. Não venceremos às custas de uma arbitragem favorável, de um tribunal complacente ou de um adversário que resolve entregar o jogo um dia antes. Não venceremos sob suspeita. Não venceremos com um time apático e sem fibra, com mocinhas no lugar de homens. Não venceremos sem sangue, suor ou lágrimas. Não venceremos sem lutar. 

Porque temos alma, história e tradição. Não somos como os que vêem como natural a vitória sem esforço. Porque aqui valorizamos o título não pela ostentação numérica, mas pelo esforço que fizemos para chegar até ele. Não queremos a vitória a qualquer custo; importa mais a nossa dignidade, e ela não está à venda. 

Rumo a Prudente. Temos um batalha a ser travada com o nosso rival. E a nossa vitória, se vier, não virá por acaso. 

*** 

Cumpre destacar que a diretoria do Palmeiras, além de nos obrigar a viajar 1.200km para um jogo que deveria acontecer aqui, reforçou a sua reconhedida incompetência para vender ingressos (a R$ 50, diga-se): mandou pouquíssimos bilhetes para cá e deixou na mão muitos de nós, que temos apoiado o Palmeiras em todos os jogos de maneira incondicional. É um absurdo, e vamos agora ter que correr atrás dos ingressos lá em Prudente mesmo. Obrigado, diretoria!

30 outubro 2009

Pra lavar a alma...


A chuva que se insinuou durante todo o dia foi apenas garoa durante parte do jogo, mas cumpriu o seu papel nas horas anteriores: afastou os consumidores oportunistas e os turistas ocasionais e permitiu que fossemos ao Palestra Itália apenas os guerreiros. O clima foi todo favorável, com a união de time e torcida, como bem convém à nossa história gloriosa, e o resultado foi uma noite daquelas que ficam guardadas em um lugar bem especial na memória do torcedor.

Foi uma noite para lavar a alma. Para renascer. Para honrar a nossa história. Para mostrar que o Palmeiras é Palmeiras, e que não se brinca com isso. Noite de Obina, um herói deslocado, em constante provação. De deixar para trás tudo o que vinha dando errado. Da torcida. Dos muitos guerreiros que acreditamos neste time e nesta camisa (mesmo que seja a azul, e não a verde). Noite de Palmeiras.

O Palestra Itália foi palco de uma vitória que lavou a alma de muita gente. E só quem tem alma pode viver uma noite assim. Só quem tem alma. Só quem é capaz de renascer e de provar dia após dia e noite após noite que não se brinca com time grande. Só quem tem alma pode viver o doce sabor da superação, da vitória sofrida, da batalha vencida com suor, de renascer para algo ainda maior.
Estamos aí, e mais seis batalhas como esta virão, uma mais difícil do que a outra. Podemos até não ficar com o título, mas o orgulho de ser palmeirense apenas se renova depois de uma noite como esta. Domingo tem mais. É com a gente, de novo e sempre!

***

Eu pensei em deixar um recado não muito educado para o pessoal do site Palmeiras Todo Dia (é bom dar o nome ao boi, porque vieram me cobrar isso durante a semana) e para todos os babacas que levantaram a idéia de boicote ao time. Mas não é o caso de apelar para palavras de baixo calão. Melhor mesmo é agradecer e registar aqui um pedido que é muito mais uma exigência.


O agradecimento é porque se alguém deixou de ir ao estádio movido pelos ideais deste povinho, este alguém não deve mesmo estar deste lado da trincheira. Foi, portanto, um favor prestado. E o pedido (que deve ser encarado como exigência) é este: não apareçam nunca mais no estádio. Nunca mais! O Palmeiras não precisa de gente como vocês!

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Será que os editores do L! e de alguns cadernos de esporte dos jornalões já conseguiram encontrar alguma destinação adequada para os panfletos que publicaram ontem? 

27 outubro 2009

Expulsos de campo

Duas indicações: o blog Expulsos de Campo e o vídeo, abaixo.



A sabedoria que vem das ruas da Mooca:

"E diga não aos falsos jornalistas, que estão falando muita besteira por aí... Cuidado, porque a mídia é o pior mal que tem no futebol moderno..."

"Futebol é a alegria do povão. Todo mundo trabalha e se fode de segunda a sexta, mas depois toma sua cerveja e vai com os amigos ao estádio... e estão tirando isso do povo, e o povo não vê e não se toca e não vai atrás..."

"Pouca gente está percebendo ou pelo menos reagindo e o futebol está virando para a classe A, B... e daqui a pouco sem B, só A..."

ÓDIO ETERNO AO FUTEBOL MODERNO!

26 outubro 2009

Respeito zero

Certo, eu tinha prometido me retirar até quinta-feira, mas tem gente que não deixa e aí eu sou obrigado a quebrar o silêncio. Como as coisas não têm acontecido para o bem, este blog acaba por tomar feições um tanto ranzinzas, o que, confesso, já me incomoda a ponto de fazer repensar os rumos da página. Feito o desabafo, eis aqui: 32ª rodada Palmeiras x Goiás/GO, arquibancada a R$ 40 SPFC x Internacional/RS, arquibancada a R$ 8 Isto, senhores, dá a medida exata do tratamento destinado pelas diretorias de Palmeiras e do SPFC às suas respectivas torcidas nesta reta final de campeonato. A disparidade chega a ser estarrecedora. Portanto, em nome dos muitos palmeirenses que, ainda sem o salário na conta nestes últimos dias do mês, não poderão investir R$ 40 para apoiar o Palmeiras no momento em que o time mais precisa, eu me permito enquadrar os responsáveis pelo departamento financeiro da Sociedade Esportiva Palmeiras na categoria dos profissionais (?) inábeis, incompetentes e desonestos. Isto tudo e mais um pouco. Porque se nem agora, com o time em péssima fase e quando a torcida teria papel fundamental, eles tiveram a decência de reduzir o preço dos bilhetes, não há o que me obrigue a medir as palavras. Tem mais: Esta mesma diretoria levou o clássico contra o SCCP, no domingo, novamente para Presidente Prudente e ainda se sentiu no direito de cobrar R$ 50 pela arquibancada. Um completo absurdo, um pouco pela fase dos times, outro tanto porque o jogo acontece no fim do mês, mas especialmente porque o valor não se justifica sob nenhum argumento. É um roubo. E é um atentado, mais um, contra a história do clássico. E se os nossos dirigentes não respeitam a torcida que tanto tem incentivado o time, eu não preciso mesmo respeitá-los. Isso já cansou. O Palmeiras não merece ser dirigido por gente assim... *** Um alerta: Cleiton Xavier está fora pelos próximos 30 dias. Preocupa muito. Mas é bom estarmos preparados também para o jogo em que ficaremos sem os dois meias titulares. Porque Diego Souza já tem dois cartões amarelos e o terceiro virá em um dos próximos seis duelos. É inevitável, a não ser que alguém da diretoria ou da comissão técnica baixe uma determinação para que o nosso camisa 7 fique distante de todo e qualquer episódio que possa render uma advertência. São seis jogos que pedem atenção máxima. Porque um cartão amarelo pode reduzir o nosso poderio ofensivo a quase zero. Está feito o alerta! *** Até quinta, lá pelas 19h30, no Palestra. É com a gente!

25 outubro 2009

O tamanho do prejuízo

Certo, eu disse que não iria mais escrever e que ficaria ausente de tudo o que cerca os nossos inimigos, mas fraquejei. Este é o último post até quinta-feira, e serve apenas para contabilizar o tamanho do prejuízo ocasionado por todas as últimas três derrotas do Palestra. 

De início, cabe dizer que o problema maior não se deve às vitórias dos nossos concorrentes ao título. Eram todas esperadas, em especial a do Galo e a do SPFC. Dava também para prever o mesmo do Inter, pois este Grêmio é uma negação fora, e a dos molambos, em uma boa fase que parece não ter fim. E elas, as vitórias dos times que nos perseguem, deveriam ocorrer cedo ou tarde - como agora.

A questão é que o Palmeiras precisou de apenas três rodadas para dizimar o saldo de gols acumulado ao longo de todo o campeonato. A diferença entre gols pró e contra despencou de 18 para 11, matando a única vantagem que tínhamos sobre alguns dos adversários diretos.


O problema todo é que o Palmeiras foi ressuscitar logo o Flamengo, que agora entra de vez na briga, e deu sobrevida a dois moribundos da zona de rebaixamento, Náutico e Santo André. Além da perda de seis pontos, o que pode pesar é o acirramento da disputa lá embaixo.

Logo vamos enfrentar o Fluminense, que já pode chegar à 34ª rodada quase como um zumbi, mas o grande problema pode ser o Botafogo, na 38ª, no Engenhão. A minha torcida era para que o alvinegro carioca escapasse o quanto antes, de modo a não precisar do resultado na última rodada. Mas aí o Palmeiras resolveu perder para Náutico e Santo André, complicou a vida do Botafogo e pode pagar por isso lá no dia 6 de dezembro. Enfim, deu tudo errado...


Até quinta, já provavelmente sob o efeito psicológico de termos perdido a liderança nos jogos de quarta. Será que é isso que está faltando?


***

 OT: "Que la chupen!"

Enrique Aznar escreve uma pequena coluna na Placar, sob a alcunha de "O homem mais irado da cidade". Eu quase sempre concordo com suas idéias, que versam normalmente sobre o excesso de viadagem no futebol, sobre as interferências excessivas de empresas, dirigentes e emissoras de TV e sobre a mercantilização do esporte. Aqui vai a coluna deste mês:

"O bairrismo é imbecil. O nacionalismo, ridículo. Então toma! Chupa! A Argentina está na Copa, e não há Copa do Mundo decente sem a Argentina. Sua raça, seus dramas, sua intensidade, suas glórias e desgraças. Maradona é um gênio, e só a figura dele no banco justificaria a vaga no Mundial. Não importa quantas boagens faça na escalação e no esquema. Maradona é alma, e é de alma que o futebol sobrevive. Estúpidos os que torceram contra a Argentina. Idiotas os que tripudiaram nas ruas e nos programas de TV da hora do almoço. A Argentina vai à Copa. E quem estiver em seu caminho que trema!" Por Enrique Aznar

24 outubro 2009

Retiro

Eu comentava, nas primeiras horas da madrugada de quarta para quinta, não sei se com o Luiz ou com o Galuppo, e não sei se voltando de Santo André ou já em casa, que este time do Palmeiras precisava sair de São Paulo por uns dias. Fugir da imprensa, respirar outros ares, não ouvir tanto o que vem da torcida. Precisava de um daqueles retiros espirituais em Atibaia, bem ao gosto do Madureira.

Eis então que é isso mesmo que vai acontecer a partir de segunda. Não é bem do perfil do Muricy -
e o Madureira conseguiu banalizar a iniciativa nos últimos anos -, mas é uma medida necessária. É assim não apenas para os jogadores, mas para os torcedores também. Não adianta ficar ouvindo, lendo e acompanhando tudo o que diz a imprensa. Não adianta ficar buscando explicações para o inexplicável, não adianta submergir diante de teorias conspiratórias, não adianta desistir antes da hora.

Adianta, isso sim, fazer aquilo que sabemos e que é tudo o que pode ajudar o Palmeiras: torcer!

Vejo por aí que tem grupos pregando boicote ao jogo da próxima quinta. É errado e é covarde, um pouco mais porque a proposta parte de gente que já tem o costume de não ir a estádios. O palmeirense pode ajudar o seu time indo a campo, cantando e buscando a vitória junto com os jogadores. E é isso que devemos fazer, pois é nas horas mais difíceis que se sabe quem é quem.

Até quinta, silêncio. A nossa parte a gente faz na arquibancada.


***

*Não se trata nem de perseguição ao Palmeiras. O caso é que o STJD segue firme na campanha para transformar o futebol em um esporte de viado. Só isso.

22 outubro 2009

O preço do título

Junto com o time do Palmeiras, quem também virou o fio antes da hora foi a edição de novembro da Placar, que chegou hoje para os assinantes com a sua capa já perdida em meio à derrocada alviverde. É no mínimo irônico receber em casa, no dia seguinte à humilhação sofrida em Santo André, uma revista que traz na capa Diego Souza e Vágner Love com a manchete "O preço do título".

O preço do título, no caso, corresponde às dívidas contraídas pela diretoria diante do esforço para manter jogadores com propostas do exterior, dos aumentos de salário e da repatriação de Love. O esforço, diga-se, foi elogiado por este blog e pela quase totalidade da torcida palmeirense. É este também o foco da reportagem da Placar, que só não poderia prever as três derrotas seguidas de um time que tinha perdido até então apenas quatro em 28.

Ainda líder, o Palmeiras de hoje parece incapaz de reagir e recuperar um título que já parecia ganho. Tal observação nem entra na conta da tendência extremista do palmeirense, que vai da euforia à depressão em questão de horas, e nem se deve creditar aos fantasmas do passado. Não é o caso, ao menos não agora. O pessimismo se justifica desta vez, tanto quanto o inconformismo e a decepção, sendo que esta pode ser tão grande quando a expectativa criada.

"Quanto custa um título?", pergunta a Placar, referindo-se ao tanto que o Palmeiras empenhou para voltar a ser campeão brasileiro depois de 15 anos. Difícil responder. Para o torcedor palmeirense, o custo é altíssimo, mais até do que os R$ 40 que nos tem exigido pela arquibancada, mais do que os R$ 47,11 de ticket médio na nossa casa e mais do que os R$ 50 que serão cobrados dos insanos dispostos a viajar de novo até a maldita Prudente Prudente. É mais do que todo o descaso dedicado pelo clube ao seu torcedor.

O prejuízo maior tem pouco a ver com o tanto que já foi gasto atrás do Palmeiras neste e em qualquer outro ano. Pesam agora a decepção irremediável, a quebra de confiança, a esperança que escorre pelas mãos de maneira tão inexplicável. É o custo de ver que mais um título pode ter sido jogado no lixo, e que, se for assim, será uma derrota para nós mesmos. É o custo de sucumbir ao fracasso e de passar a questionar o porquê de termos perdido muito da nossa grandeza em algum lugar desta década perdida.