19 novembro 2013

Forza Palestra, a despedida

“Barneschi, quando é que você vai escrever o seu livro?” 

Ouço essa pergunta há mais de década. Nunca pude responder adequadamente. É chegada a hora.

De abril/2006 a novembro/2013: ao longo de 91 meses, foram 1.478 posts, 26.915 comentários (além de, sei lá, uns 5.000 que tiveram de ser excluídos) e aproximadamente 1.650.000 visitas. Com uma audiência mais qualificada e engajada do que grandiosa (média de 22 mil leitores por mês e 9.125 seguidores no Twitter), o “Forza Palestra” (sem vírgula mesmo, questão de estilo) se despede agora.

Não pensem que é uma decisão fácil, mas um tanto mais difícil é manter, sozinho, este espaço durante todo esse tempo. Em especial quando se vê o futebol diante de ataques sucessivos, “endinheirados” e a cada dia mais desavergonhados. Porque não há um único dia em que o torcedor de futebol neste país não seja violentado por notícias mais e mais grotescas, com toda sorte de canalhas atacando o esporte que outrora foi a expressão máxima da cultura popular.

Chega uma hora que enche o saco e eu, feliz ou infelizmente, não sou pago para reagir a isso todo dia – se fosse, garanto que algumas figurinhas tétricas que aí estão teriam suas cabeças ainda mais pisoteadas do que acontece hoje.

A verdade, senhores, é a seguinte: com o passar dos anos, o blog foi se tornando mais um estorvo e menos uma válvula de escape. Virou mais uma obrigação autoimposta e menos uma fonte de realização pessoal. Tornou-se, por fim, mais um segundo trabalho (voluntário) e menos um espaço de desafogo.

Quando a coisa chega a esse ponto, é preciso repensar algumas situações. E é por isso que, depois de muita reflexão, faço uma escolha tão difícil quanto necessária. A bem da verdade, a decisão foi tomada há pelo menos dois meses, mas eu precisava esperar o retorno do Palmeiras para, sem o peso da Série B, dar fim à “operação desembarque” (boa parte dos últimos posts faziam parte de um estoque que eu precisava publicar antes do ponto final).

Este é o post 1/2 da despedida deste blog. O próximo, o 2/2, será, de certo modo, o cartão de visitas do que passa a ser este espaço: um repositório de conteúdo. Vou deixar lá, para os eventuais futuros visitantes e também para os de sempre, um compilado do que houve de mais simbólico e de melhor neste blog. Eu bem pensei em dar início agora a uma retrospectiva que me permitisse seguir com a página por mais um tempo, mas confesso já não ter a menor paciência para tanto. Fica mais fácil elencar em um único post parte do conteúdo que eu reputo como mais relevante.

Não que eu não vá sentir falta de poder escrever aqui, mas já não era saudável (se é que algum dia foi...) sair do estádio de madrugada, chegar em casa tarde e não poder dormir antes de cumprir a obrigação de colocar no ar o post do jogo. Como não era saudável ler o jornal todo santo dia e me sentir no dever de, a cada notícia, perder ainda mais tempo para retrucar a canalha que está matando o futebol. Não se trata apenas do tempo empreendido – que, por si só, já bastaria –, mas também do desgaste decorrente da inglória pretensão de salvar o futebol e das cobranças de todo tipo.

Daí então que era preciso adotar uma medida drástica. De nada resolveria uma resolução moderada, na linha "vou reduzir o número de posts". Porque aí persistiria a tentação de me posicionar contra tudo e contra todos, horas de descanso seriam dedicadas à tarefa de escrever sobre assuntos que deixariam de ser relevantes no dia seguinte e o blog seguiria me consumindo.

Eu bem sei que as ideias vão continuar surgindo a qualquer momento e em qualquer lugar: no Metrô, dirigindo, na academia, durante um jantar, mesmo no estádio, enquanto o Palmeiras joga. A diferença é que agora acaba o compromisso de ter de escrever e publicar esse conteúdo quase que imediatamente; vai tudo para o livro, enfim. Que me perdoem os entusiastas e mesmo os cretinos que infestam esses ambientes digitais, mas não pode haver espaço de maior prestígio.

Como os ataques reiterados ao futebol só devem diminuir depois da Copa/2014, o melhor a fazer de agora em diante é ir ao estádio e só. Chega de ler os cadernos de esporte, as colunas "especializadas", os blogs todos. Chega de ver imbecis falando besteira na TV, de discussões vazias no Twitter, de tudo aquilo que atrapalha o futebol. Não há, afinal, nada que venha daí capaz de sustentar o que sentimos pelo esporte; isso só se alcança na cancha.

Eis aqui o que interessa: estádios, Dissidenti e o livro que virá. É isso o que faz a diferença. Porque torcedor é aquele que gira a catraca.

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Aos inimigos, deixo meu agradecimento aos poucos que se fizeram dignos de tal honraria: os que entraram em debates infindáveis com argumentos sólidos e persistiram nas contestações com certo nível de embasamento. Agradeço mesmo a uns e outros anônimos que fizeram deste blog um lugar mais engraçado em dados momentos – não me refiro, é óbvio, àqueles que já traziam em seus comentários todos os argumentos em contrário. Reservo aos covardes, aos fracos que se escondem atrás de medidas austeras e aos indigentes intelectuais, todo o meu desprezo. O mesmo aos elitistas e aos reacionários. Aos racistas, desejo que se cumpra a lei.

Aos visitantes que se fizeram presentes por esse tempo todo (ou em parte), agradeço pelas contribuições, críticas, correções, indicações, ideias e por tudo mais. Registro aqui meu obrigado a todos os que sempre fizeram questão de comentar no blog e também aos que se portaram apenas como leitores. Deixo uma mensagem especial àqueles todos que me encontravam em estádios Brasil afora e sempre apareciam com a pergunta “Você é o Barneschi do Forza Palestra?”.

Um abraço a todos vocês, de Goiânia/GO a Salvador/BA, de Recife/PE a Porto Alegre/RS, de Fortaleza/CE a Curitiba/PR, de Sucre/BOL a Montevideo/URU, de Belo Horizonte/MG a dezenas de cidades do interior paulista, de Londrina/PR às muitas canchas do Rio de Janeiro/RJ, de Presidente Prudente a Varginha/MG, de Niterói/RJ a Volta Redonda/RJ, de São Caetano/SP ao Canindé, do Bruno Daniel ao Morumbi, de 59 estádios pelo Brasil e pelo mundo, enfim. Do Palestra à cancha municipal!

Por fim, aos amigos: obrigado pelas tantas visitas, pelos comentários, por todas as formas de interação nessas tais redes sociais, pelos compartilhamentos, pelos elogios. Só consegui segurar esse projeto por tanto tempo porque vocês fizeram parte dele.

A todos, amigos e inimigos, conhecidos e desconhecidos: vocês sabem que poderão sempre me encontrar no estádio. Em todos os jogos em casa e em boa parte daqueles fora de casa, no Brasil e onde mais houver Palmeiras. Porque é a arquibancada que nos permite lutar pelo Palmeiras, é ela que distingue quem é de quem não é, é ela que forma caráter.

Missão cumprida.

À arquibancada, senhores!

16 novembro 2013

Acabou!

Enfim, o fim.

Alívio: é este o sentimento após outra tarde esquecível na cancha municipal. Não se trata do alívio que tantas vezes já sentimos depois de vitórias sofridas e heroicas, mas o que decorre da certeza de podermos enfim nos despedir deste lugar ao qual não pertencemos.

Acabou a tormenta e, de agora em diante, não mais ficaremos com aquela sensação de vergonha diante da fatídica pergunta: "Contra quem o Palmeiras joga hoje?". Não, não mais pronunciaremos timidamente o nome dos Guaratinguetás, BOAS, ASAS e Américas da vida. O Palmeiras está de volta ao seu lugar, e não mais teremos essas tardes modorrentas, jogando contra ninguém.

O Palmeiras voltou (uma vez mais), cumpriu seu papel e é só. Nada mais, e fizemos bem os que deixamos o Pacaembu em silêncio - respeito os que comemoraram, mas não vejo motivos para tanto.

Vejam os senhores que cumprimos esta insuportável temporada de 38 rodadas quase que de maneira itinerante - serão, ao final, 12 jogos na capital paulista e 26 fora daqui. Como o nobre e austero presidente resolveu que era o caso de, à la Portuguesa, vender um mando de campo e antecipar o fim da participação alviverde diante de sua torcida, eis que eu me despeço por aqui.

Que não nos envergonhem no ano do centenário!

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Os senhores devem se lembrar que eu publiquei, há não muito tempo, um levantamento sobre a boa performance no Pacaembu neste 2013 que acaba de chegar ao fim. Pois é o caso agora de atualizar os números da melhor campanha do alviverde no seu estádio (antes o Palestra e mais recentemente o Pacaembu) desde 1996:

O Palmeiras no Pacaembu em 2013:
28 jogos
20 vitórias
6 empates
2 derrotas (2-3 Penapolense e 1-2 Tijuana)
53 gols pró
17 gols contra (apenas 0,60 por partida)

Portanto, senhores, se tiveram algum mérito este insuportável 2013 e também a nossa diretoria, este é o fato de termos enfim assumido a cancha municipal como casa.

Em que pesem todas as relativizações já feitas no post com os números todos (este aqui), não se pode negar que o time adotou o Pacaembu como casa e que se impôs como dele se deveria esperar. Considerando apenas os jogos válidos pela Série B na capital paulista, foram nove vitórias e três empates. Além da invencibilidade, há que se ressaltar que a defesa, depois de um início titubeante, se acertou: foram apenas seis gols sofridos em 12 partidas.

Por falar em defesa, se levarmos em conta também a Copa do Brasil, o Verdão levou apenas um gol nas últimas oito vezes que foi a campo diante do seu torcedor. Vejamos:

Palmeiras 1-0 Atlético/PR
Palmeiras 0-0 Chapecoense/SC
Palmeiras 3-0 ASA/AL
Palmeiras 2-1 Sport/PE
Palmeiras 0-0 América/RN
Palmeira 0-0 São Caetano/SP
Palmeira 3-0 Joinville/SC
Palmeiras 3-0 BOA/MG

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Até nunca mais, Série B maldita! Acabou!

15 novembro 2013

Projeto A.P.D.*

Primeiro Belluzzo, depois a dupla Tirone/Frizzo e, por fim, os austeros presidente e CEO. Há, entre os dirigentes recentes da Sociedade Esportiva Palmeiras, um estranho fetiche por Presidente Prudente/SP para agora, desferindo um duro golpe em uma torcida já tão maltratada, confirmarem que o gigante Palmeiras vendeu um mando de campo e vai fazer a sua última partida de 2013 como mandante em Campo Grande/MS.

Anotem aí: "venda de mando de campo". O Palmeiras virou um clube itinerante por migalhas do Pantanal e pela covardia inerente aos senhores Nobre, Brunoro e demais asseclas.

A gestão que aí está é uma vergonha para toda a coletividade palestrina. E todos que defendem esta corja de incompetentes, inaptos e despreparados são cúmplices.

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*Porque vender mando de campo (ainda mais por meia dúzia de dinheiros) é o que se espera de um clube como a Associação Portuguesa de Desportos. Com todo o respeito ao time do Canindé.

12 novembro 2013

América, 1998-2001

Foram três anos de uma supremacia continental que se ensaiou, sem se concretizar. Entre o segundo semestre de 1998 e a primeira metade de 2001, o Palmeiras disputou seis competições continentais (três Libertadores e três Copas Mercosul), chegando a cinco finais e parando em uma semifinal exatamente na última delas e por interferência direta da arbitragem – e é curioso notar, anos depois, que foi preciso um roubo duplo (lá e aqui) para que o Palmeiras fosse alijado de sua sexta decisão continental na sequência.

Ainda que tenha ido tão longe assim tantas vezes, é forçoso observar que a hegemonia sul-americana ficou apenas no quase: foram, pois, dois títulos (os dois primeiros), três vices e uma semifinal.

Daí então que este post busca relembrar não necessariamente a conquista da Libertadores/1999 ou, isoladamente, quaisquer das outras campanhas pela América do Sul, mas sim a conjuntura que fez daqueles três anos um período em que o Palmeiras foi até a decisão de (quase) tudo o que disputou no continente.

Foi um período em que a torcida do Palmeiras aprendeu a torcer de maneira completamente distinta. Foi uma era (com o perdão do mau uso da palavra) em que o clube se inseriu no cenário internacional como nunca antes. Foram anos que dificilmente se repetirão... mas deles nunca nos esqueceremos - especialmente para os que vivemos aquilo tudo a partir da arquibancada.


COPA MERCOSUL/1998


A Copa Mercosul (1998-2001) foi o torneio intermediário entre a Copa Conmebol (1992-1999) e a Copa Sul-Americana (2002-2013). Com uma peculiaridade: ao contrário das demais competições, que reuniam os clubes de cada país com bom desempenho no ano anterior, não havia um critério técnico para a definição dos envolvidos na disputa: entravam os 20 principais clubes de Brasil, Argentina, Uruguay, Paraguay e Chile (daí o Mercosul). Os demais países da América do Sul (Colômbia, Peru, Equador, Bolívia e Venezuela) e mais alguns convidados das Américas Central e do Norte (Costa Rica, México e EUA) disputavam a Copa Merconorte.

Naquele 1998, o Brasil foi representado por Palmeiras/SP, SCCP/SP, SPFC/SP, Flamengo/RJ, Vasco/RJ, Cruzeiro/MG e Grêmio/RS. A Argentina se fez presente com os cinco grandes (Boca, River, Racing, Independiente e San Lorenzo) e mais o Vélez. O Chile entrou com três times, e Paraguay e Uruguay, com outros dois cada.

Os 20 gigantes do continente foram divididos em cinco grupos de quatro, com disputa interna em turno e returno. Avançaram os cinco campeões de cada chave e mais os três melhores segundos colocados. O sistema de disputa foi preservado nas quatro solitárias edições da Copa Mercosul - apenas com a alteração de alguns participantes.

1ª fase 
Palmeiras 2-1 Independiente/ARG
Nacional/URU 0-5 Palmeiras
Universidad de Chile/CHI 1-2 Palmeiras
Independiente/ARG 0-3 Palmeiras
Palmeiras 3-1 Nacional/URU
Palmeiras 1-0 Universidad de Chile/CHI

Quartas
Palmeiras 3-1 Boca Juniors/ARG
Boca Juniors/ARG 1-1 Palmeiras

Semifinal 
Palmeiras 2-0 Olimpia/PAR
Olimpia/PAR 0-1 Palmeiras

Final 
Cruzeiro/BRA 2-1 Palmeiras
Palmeiras 3-1 Cruzeiro/BRA
Palmeiras 1-0 Cruzeiro/BRA

Time-base: Velloso; Arce, Júnior Baiano, Cléber e Júnior; Roque Jr., Rogério, Alex e Zinho; Paulo Nunes e Oséas. Luiz Felipe Scolari.

O Verdão passeou na primeira fase (seis vitórias em seis jogos) e depois eliminou Boca e Olimpia em La Bombonera e depois no Defensores del Chaco. A final, contra o Cruzeiro, previa um playoff em três jogos: o alviverde sofreu sua primeira (e única) derrota no Mineirão, mas venceu os dois jogos seguintes no Palestra (nos dias 26 e 30 de dezembro daquele ano) para chegar ao título da Mercosul. Foram sete vitórias em sete duelos como mandante. Desses jogos todos, eu destaco, é claro, o gol de Arce na final - que pode também ser conferida na íntegra:




COPA LIBERTADORES/1999

Foi a última edição com apenas dois clubes de cada país – e, como era usual, eles disputavam o mesmo grupo contra agremiações conterrâneas (no caso, do Paraguay). O Vasco, terceiro brasileiro nesta edição, entrou já nas oitavas-de-final devido ao título de 1998.

1ª fase 
Palmeiras 1-0 SCCP/BRA
Cerro Porteño/PAR 2-5 Palmeiras
Olimpia/PAR 4-2 Palmeiras
Palmeiras 1-1 Olimpia/PAR
SCCP/BRA 2-1 Palmeiras
Palmeiras 2-1 Cerro Porteño/PAR

Oitavas
Palmeiras 1-1 Vasco/BRA
Vasco/BRA 2-4 Palmeiras

Quartas
Palmeiras 2-0 SCCP/BRA
SCCP/BRA 2(2)-0(4) Palmeiras

Semifinal
River Plate/ARG 1-0 Palmeiras
Palmeiras 3-0 River Plate/ARG

Final 
Deportivo Cali/COL 1-0 Palmeiras
Palmeiras 2(4)-1(3) Deportivo Cali/COL

Time-base: Marcos (Velloso); Arce, Júnior Baiano, Cléber e Júnior; Sampaio (Galeano), Roque Jr. (Rogério), Alex e Zinho; Paulo Nunes e Oséas (Evair). Luiz Felipe Scolari.

Falar sobre esta trajetória é até meio clichê, tamanha é a estima que temos por estes 14 jogos - apesar das cinco derrotas. Da arrancada com gol de Arce contra o SCCP até o pênalti de Zapata, o palmeirense sofreu na medida exata, uma vez que as derrotas em solo estrangeiro eram compensadas com vitórias precisas no Palestra (ou no Morumbi). Merecem destaque especial os 4-2 no Vasco em São Januário (depois de um tropeço em casa), com atuações monstruosas de Arce e Alex; os dois confrontos contra o SCCP com decisão nos pênaltis, os 3-0 no River e, claro, a partida final. Disso tudo, vou recomendar o vídeo do triunfo contra o River, quando o Palmeiras se impôs como poucas vezes já fizera:




COPA MERCOSUL/1999

A mesma fórmula do ano anterior, mas agora repetindo o esquema que prevaleceu na Libertadores por muito tempo, com duplas de dois países em uma mesma chave.

1ª fase 
River Plate/ARG 3-3 Palmeiras
Palmeiras 7-0 Racing Club/ARG
Palmeiras 2-2 Cruzeiro/BRA
Palmeiras 3-0 River Plate/ARG
Racing Club/ARG 2-4 Palmeiras
Cruzeiro/BRA 3-0 Palmeiras

Quartas
Palmeiras 7-3 Cruzeiro/BRA
Cruzeiro/BRA 2-0 Palmeiras

Semifinal
San Lorenzo/ARG 1-0 Palmeiras
Palmeiras 3-0 San Lorenzo/ARG

Final
Flamengo/BRA 4-3 Palmeiras
Palmeiras 3-3 Flamengo/BRA

Time-base: Marcos; Arce, Júnior Baiano, Cléber e Júnior; Sampaio, Rogério, Alex e Zinho; Paulo Nunes e Oséas (Evair). Luiz Felipe Scolari.

Avançaram para a fase seguinte o Cruzeiro (16) e o Palmeiras (11). O Racing fez a pior campanha de sua história, com seis derrotas e 22 gols sofridos. Quis o destino que enfrentássemos logo o Cruzeiro, e um 7-3 em uma sexta-feira à noite no Palestra definiu a passagem para a semifinal. Diante do San Lorenzo, os dois jogos foram separados exatamente pela viagem até Tóquio, onde o Palmeiras disputou o Mundial de Clubes. Na final, um empate roubado nos minutos finais decretou a impossibilidade de o título ser decidido em um terceiro duelo. Em 12 jogos, foram 35 gols a favor e 23 contra (média de quase cinco por partida).

Eu deveria indicar o vídeo dos 3-0 sobre o San Lorenzo, até pela demonstração de carinho da torcida, mas não consigo deixar de destacar os 7-3 sobre os mineiros:




COPA LIBERTADORES/2000

Coube ao Palmeiras estrear o formato em que o campeão do ano anterior não tinha qualquer privilégio – e precisava disputar a fase de grupos. Com número variável de clubes por país (o Brasil preencheu suas quatro vagas com Palmeiras, SCCP/SP, Atlético/MG e Juventude/RS), a Libertadores passou a ter um novo regulamento.

1ª fase
Palmeiras 4-0 The Strongest/BOL
El Nacional/EQU 3-1 Palmeiras
Palmeiras 3-1 Juventude/BRA
The Strongest/BOL 4-2 Palmeiras
Palmeiras 4-1 El Nacional/EQU
Juventude/BRA 2-2 Palmeiras

Oitavas 
Peñarol/URU 2-0 Palmeiras
Palmeiras 3(3)-1(2) Peñarol/URU

Quartas 
Atlas/MEX 0-2 Palmeiras
Palmeiras 3-2 Atlas/MEX

Semifinal 
SCCP/BRA 4-3 Palmeiras
Palmeiras 3(5)-2(4) SCCP/BRA

Final 
Boca Juniors/ARG 2-2 Palmeiras
Palmeiras 0(2)-0(4) Boca Juniors/ARG

Time-base: Marcos; Arce, Argel, Roque Jr. e Júnior; Sampaio, Rogério, Galeano e Alex; Euller (Asprilla) e Pena (Marcelo Ramos). Luiz Felipe Scolari.

O Verdão passou pela primeira fase com uma campanha das mais irregulares, vencendo todos os duelos em casa por goleada e penando fora (incluindo uma recepção um tanto inamistosa em La Paz). Nas oitavas, contra o Peñarol, um duelo memorável – o vídeo será destacado a seguir. Depois, duas vitórias contra o mexicano Atlas, a épica batalha contra o SCCP, Marcos x Marcelinho e, por fim, o vice contra o Boca diante de 72 mil pessoas no Morumbi.




COPA MERCOSUL/2000

A mesma fórmula, apenas com a alteração de alguns clubes (os piores colocados de cada país foram substituídos por outros times).

1ª fase
Palmeiras 1-1 Universidad Católica/CHI
Independiente/ARG 1-2 Palmeiras
Palmeiras 0-2 Cruzeiro/BRA
Universidad Católica/CHI 1-3 Palmeiras
Palmeiras 2-0 Independiente/ARG
Cruzeiro/BRA 0-0 Palmeiras

Quartas 
Palmeiras 3-2 Cruzeiro/BRA
Cruzeiro/BRA 1-2 Palmeiras

Semifinal 
Palmeiras 4-1 Atlético/MG
Atlético/MG 0-2 Palmeiras

Final 
Vasco/BRA 2-0 Palmeiras
Palmeiras 1-0 Vasco/BRA
Palmeiras 3-4 Vasco/BRA

Time-base: Sérgio; Arce, Paulo Turra, Galeano e Tiago; Fernando, Galeano, Magrão e Juninho; Basílio e Tuta. Marco Aurélio.

Já sem Scolari, com um time horrível e em uma temporada de enorme superação, eis que tivemos o Cruzeiro novamente pela frente. Na fase de grupos, um tropeço em casa contra os mineiros (0-2) nos fez temer pelo pior, mas duas vitórias no returno e mais um empate sem gols no Mineirão bastaram para o Palmeiras avançar e pegar – novamente! – o Cruzeiro. Aí foi ainda mais fácil do que um ano antes: duas vitórias, cá e lá. Na semifinal, um 4-1 contra o Galo no jogo de ida (vídeo abaixo) fez o 2-0 em BH parecer quase um amistoso. Até que a final contra um Vasco que era muito superior colocou aquele time de Marco Aurélio no lugar: depois de uma derrota em São Januário e da reversão do resultado com um gol solitário de Nenem, o Palmeiras conseguiu ser a vítima de uma virada inacreditável – não vou entrar nos detalhes.




LIBERTADORES/2001

Seguimos com o mesmo regulamento do ano anterior. O Brasil foi representado por Palmeiras, Cruzeiro/MG, Vasco/RJ e São Caetano/SP.

1ª fase
Palmeiras 2-1 Universidad de Chile/CHI
Sport Boys/PER 1-4 Palmeiras
Cerro Porteño/PAR 0-0 Palmeiras
Palmeiras 3-0 Sport Boys/PER
Universidad de Chile/CHI 1-2 Palmeiras
Palmeiras 5-2 Cerro Porteño/PAR

Oitavas
São Caetano/BRA 1-0 Palmeiras
Palmeiras 1(5)-0(3) São Caetano/BRA

Quartas
Palmeiras 3-3 Cruzeiro/BRA
Cruzeiro/BRA 2(3)-2(4) Palmeiras

Semifinal
Boca Juniors/ARG 2-2 Palmeiras
Palmeiras 2(2)-2(3) Boca Juniors/ARG

Time-base: Marcos; Daniel, Alexandre, Leonardo e Felipe; Fernando (Magrão), Galeano, Alex e Lopes; Basilio (Muñoz) e Fábio Jr. (Tuta). Celso Roth.

À exceção do peruano Sport Boys, os adversários não eram assim tão fracos, mas o Palmeiras cravou uma campanha impecável na primeira fase: 16 pontos em 18 possíveis, com 16 gols pró e 5 contra. Em contrapartida, a equipe comandada por Celso Roth tropeçava vergonhosamente no Paulistão. Nas oitavas da Libertadores, um duríssimo duelo contra o São Caetano, com mais de 20 mil pagantes no Anacleto Campanella e uma vitória suada no Palestra: gol de Muñoz já no final e São Marcos nos salvando nas penalidades. Nas quartas, não poderia ser outro adversário: o Cruzeiro tinha muito mais time e decidia em casa. Para piorar, igualdade em 3 gols no Palestra (todos os gols de Lopes, com o alviverde sempre correndo atrás do marcador); em Belo Horizonte, diante de mais de 70 mil pessoas, o Verdão saiu atrás, empatou, tomou o segundo e foi buscar o empate já nos últimos instantes. Nos pênaltis, depois de uma série interminável, São Marcos e a sorte nos carregaram à semifinal. Contra o Boca. E aí, senhores, não havia sorte que pudesse compensar os assaltos de que fomos vítimas em Buenos Aires e depois em SP.

Destes todos, eu não posso deixar de colocar em evidência o post do triunfo nos pênaltis no Mineirão. O vídeo abaixo é mais do que necessário, mas, para quem se interessar, fica aqui a indicação de um post exclusivo sobre este jogo e sobre a Libertadores/2001.



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Isso posto, gostaria apenas de trazer à tona alguns números:

Campanha somada (da Mercosul/1998 à Libertadores/2001)

TOTAL
78 jogos
43 vitórias
17 empates
18 derrotas
168 gols pró
103 gols contra

EM CASA
40 jogos
30 vitórias
8 empates
2 derrotas
102 gols pró
42 gols contra

FORA
38 jogos
13 vitórias
9 empates
16 derrotas
66 gols pró
61 gols contra

Os números gerais são bastante favoráveis (43 vitórias, 17 empates e 18 derrotas e média superior a dois gols por jogo), mas o que impressiona mesmo é o desempenho em casa (quase sempre no Palestra e algumas poucas vezes no Morumbi). Notem que foram 30 vitórias e 8 empates em 40 jogos, sendo que as duas únicas derrotas aconteceram em uma mesma edição, a Mercosul de 2000, para times brasileiros (um inconsequente 0-2 para o Cruzeiro na primeira fase e a incrível virada do Vasco na final).

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Por fim, e ampliando um pouco o olhar, vamos nos concentrar na profusão de mata-matas envolvendo Palmeiras e Cruzeiro entre 1998 e 2001. Vejam os senhores que o Palmeiras eliminou os mineiros em três edições seguidas da Copa Mercosul (1998-1999-2000) e completou o serviço na Libertadores de 2001 - quase sempre decidindo fora de casa. Como se não bastasse isso, tivemos ainda a Copa do Brasil/1998 e mais a Copa dos Campeões/2000. Foram seis classificações do alviverde contra apenas uma, injusta e bastante questionável, do time mineiro: o Brasileiro/1998. Segue:

Copa do Brasil/1998
Cruzeiro/MG 1-0 Palmeiras
Palmeiras 2-0 Cruzeiro/MG

Campeonato Brasileiro/1998
Cruzeiro/MG 2-1 Palmeiras
Palmeiras 2-1 Cruzeiro/MG
Palmeiras 2-3 Cruzeiro/MG

Copa Mercosul/1998
Cruzeiro/BRA 2-1 Palmeiras
Palmeiras 3-1 Cruzeiro/BRA
Palmeiras 1-0 Cruzeiro/BRA

Copa Mercosul/1999
Palmeiras 7-3 Cruzeiro/BRA
Cruzeiro/BRA 2-0 Palmeiras

Copa dos Campeões/2000
Palmeiras 3-1 Cruzeiro/MG
Cruzeiro/MG 1-1 Palmeiras

Copa Mercosul/2000
Palmeiras 3-2 Cruzeiro/BRA
Cruzeiro/BRA 1-2 Palmeiras

Copa Libertadores/2001
Palmeiras 3-3 Cruzeiro/BRA
Cruzeiro/BRA 2(3)-2(4) Palmeiras

10 novembro 2013

O que fazer com os pontos corridos?

Eu poderia aqui apresentar mais um tratado entre os tantos que já escrevi sobre esta pragaque atende pelo nome de "pontos corridos". Acontece que já não tenho mais paciência para tanto, e então vou apenas recomendar alguns posts: 12 e 3.

E eu bem poderia rebater Juca Kfouri, que produziu um texto infeliz esta semana para tentar novamente desfraldar a bandeira da "justiça dos pontos corridos". Não será preciso; deixo, pois, que a pobreza de seus argumentos resolva a parada sem a minha intervenção.

Mas não posso encerrar este sucinto e já pouco interessado post sem fazer a seguinte constatação: o Palmeiras pode assegurar o título da Série B na próxima terça-feira no vestiário, antes mesmo de ir a campo. Não que a conquista em si tenha alguma relevância, mas é forçoso observar que um título pode ser definido não com um gol salvador, com uma falha grotesca ou mesmo por força de uma retranca insuperável; o título pode ser obtido - e é bem provável que seja assim - com o time no vestiário, em pleno aquecimento para ir a campo em um jogo que já não terá qualquer validade.

Parabéns a todos os envolvidos.

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Sobre o jogo de ontem à tarde no Pacaembu, não há muito o que dizer, mas eu me sinto meio no dever de fazer uma pergunta a uns e outros que estavam ali no setor verde e que resolveram que era o caso de xingar a principal torcida organizada do clube: o que há de errado no grito "Não é mole não, a Série B não é mais do que obrigação"? Por favor, aguardo uma resposta dos senhores.

08 novembro 2013

"Dança dos deuses"





















Vale aqui o mesmo raciocínio da última indicação de livro: li faz muito tempo e gostei, mas estou sem tempo para a releitura agora. Como a ideia desta série é compartilhar dicas de leitura (e como são tão poucos os bons livros sobre futebol), deixo apenas a indicação e também a sinopse que presumo ser a oficial:

"No Brasil, o futebol é bastante jogado, mas insuficientemente estudado. Esta constatação estimulou o medievalista Hilário Franco Júnior a empreender uma abrangente viagem em torno do tema. Este livro está dividido em duas partes, uma histórica e outra de viés analítico. Do ponto de vista histórico, o autor mostra como o futebol não pode ser dissociado da história geral das civilizações. Exemplo eloquente encontra-se na lógica da sua propagação e rejeição, a partir da Inglaterra, tendo sido bem aceito nos países que sofriam forte influência cultural inglesa, mas nunca devidamente incorporado em países que constituíram o império, como Austrália e Canadá. A própria evolução das regras e das táticas do esporte respondeu, é fato, a necessidades específicas do jogo, mas também só pode ser entendida em contextos de adaptação do futebol às mudanças no mundo. Na segunda parte, o autor procura investigar o esporte como metáfora sociológica, antropológica, religiosa, psicológica e linguística. Os leitores são levados a pensar, por exemplo, sobre os diferentes usos políticos da modalidade, seja por regimes autoritários ou democráticos, tanto uns quanto outros sempre abraçados ao nacionalismo. A obra ainda convida a refletir sobre os sentidos ocultos em toda a ritualização do mundo esportivo, nos nomes dos times, nas cores das camisas, nos escudos, e ainda recorre a Freud para examinar a fascinação que o esporte exerce."

Onde comprar: aqui, aqui, aqui ou aqui.

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Os jornalistas entenderão: este era um "post de gaveta" e, acreditem, já passa da hora de desovar o estoque.

07 novembro 2013

O inimigo está dentro de casa (4)

Antes de tudo, conferir este e mais este post. Na sequência, fiquem com mais um posicionamento oficial do Dissidenti:

No dia 3 de outubro, o Dissidenti publicou uma carta de repúdio ao comportamento do autointitulado diretor de comunicação da Sociedade Esportiva Palmeiras, o corinthiano Fernando Mello. Questionávamos – e isso ainda persiste – a mentira, a calúnia e a desfaçatez de um profissional remunerado da SEP que ataca quadros importantíssimos do nosso clube e da imprensa e depois se esconde na mais vagabunda das desculpas, nas trevas de um fantasioso perfil falso passando-se pelo próprio. 

Pois regressamos ao tema com pesar: não houve sequer um pedido de desculpas, nem explicações, por parte do funcionário ou do clube. Não houve nenhuma justificativa, nem mesmo a tentativa de manutenção da honra deste profissional de gosto duvidoso, uma vez que se arvorara em uma manobra escusa de “inimigos” para explicar o ocorrido. Tivemos apenas o silêncio como resposta, vez ou outra quebrado por vozes do baixo clero da gestão atual a defendê-lo. Mais: houve quem colocasse à prova a veracidade dos fatos subscritos aqui por mais de 30 Palmeirenses de alma, sangue e doação ao clube. E houve ainda quem levantasse hipóteses das mais absurdas, acusando Palmeirenses de terem criado o perfil falso apenas para abalar o trabalho profissional do sujeito –ou mesmo desestabilizar o clube por razões políticas.

Agora que o Palmeiras já está de volta à Série A e o título é iminente, acreditamos que seja a hora de passar a limpo esta história, de uma vez por todas, sem que os defensores do sujeito utilizem o expediente da nossa condição esportiva para afastar a bola mais uma vez. 

O Dissidenti que, não nos custa lembrar, não é grupo político, muito menos chapa para a eleição, afirma categoricamente que o perfil do Twitter que causou tamanha rebelião em nossas fileiras pertence a Fernando Mello. E que o profissional, posteriormente, mentiu sobre isso, dizendo que não era seu. 

Tanto falam em profissionalismo, como se fosse um mantra que depois de repetido por alguns meses e anos milagrosamente trará taças a galope ao clube, que parecem se esquecer do torcedor. Porque deste parece só interessar o dinheiro, seja nos ingressos com preço de Série A para Série B, seja na contagem do sócio torcedor. O respeito pelo maior patrimônio do clube vai ficando por este tortuoso caminho do planejamento, da austeridade e do profissionalismo. O amor ao Palmeiras, em breve, será vendido em kits festivos nas lojas oficiais do clube e poderemos comprá-lo, assim como fez nosso rei da comunicação, assegurando o direito de ser um torcedor moderno. Até lá, nos resta apenas lamentar que o profissionalismo vociferado não sirva quando é preciso cortar da própria carne. 

Que os Palmeirenses estejam conosco.

05 novembro 2013

8-0, 80

"Remember, remember, the 5th of november..."

Ok, eu sei que o filme e a citação nada têm a ver com o episódio que nos interessa, mas vale mesmo assim. Porque é necessário, 80 anos depois, fazer uma breve homenagem aos heróis palestrinos que impuseram ao SCCP a maior goleada na quase centenária história do maior clássico deste país: 8 a 0.

Deixo-os, pois, com o especial publicado pelo jornal Agora no último domingo e, ao final, com o link para a cobertura mais do que detalhada do site Palestrinos, do mestre Ezequiel.



Tudo sobre o 8-0 de 1933 no site Palestrinos.

03 novembro 2013

Acaba logo, 2013















Neste modorrento final de 2013 em que só o que importa é o planejamento para o centenário, eu me permito já entrar em ritmo de férias no que diz respeito ao futebol. Porque o objetivo principal já foi alcançado e tudo o que vem agora diz respeito apenas à obrigação de estar ao lado do Palmeiras - mas sem o sofrimento inerente a ter de conquistar alguma coisa dentro de campo. E é por isso, senhores, que eu me permito voltar de Curitiba não irritado com o desempenho do time, mas com uma relativa satisfação por buscar um empate nos minutos finais que, se não chega a ser bom, ao menos serviu para atrapalhar a vida de um adversário - ainda que dos menos importantes. Sei que é muito pouco para um gigante como o Palmeiras, mas não estamos em condições de exigir muito mais do time que aí está; as cobranças devem vir mesmo em 2014.

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Falta tempo para uma análise detalhada e então eu vou resumir assim: o Durival Britto e Silva, que eu não conhecia até este sábado, oferece uma das piores condições para a torcida visitante do lado de dentro do estádio - e uma das melhores do lado de fora.

01 novembro 2013

Perda de mandos

Em função do último post, este blog foi punido pelo STJD com a perda de dois mandos de campo. Não vou recorrer (é uma honra ser punido por esses caras) e ainda não decidi onde vou cumprir a pena, mas já rechacei de imediato uma proposta de Presidente Prudente/SP.

Antes disso, no entanto, sigo para Curitiba/PR, onde o Palmeiras vai a campo uma vez mais. Até a volta.