31 agosto 2010

Bem-vindos à Copa de 2014

Tudo o que eu escrevi sobre o Maracanã é apenas um pouco do que nos aguarda na próxima Copa do Mundo, da qual seremos, os verdadeiros torcedores de futebol, as maiores vítimas. Os jornais dos últimos dias apenas condensam o calhamaço de informações ruins que nos afrontam desde 2007. Temos agora, para além da destruição do Maior do Mundo, notícias como a demolição da Fonte Nova (sério que vão chamar o que subir de Nova Fonte Nova?) e especialmente essa do estádio do SCCP.

Triste notícia, diga-se, para o centenário do clube. O SCCP, nosso maior rival, bem que poderia passar à margem disso tudo e não sujar sua história com tal episódio, mas, capitaneado por seu presidente, o rivale flerta perigosamente com certas instâncias do poder.

Não que exista algo de necessariamente condenável no fato de uma empreiteira erguer um estádio para os caras (e eu quero que se fodam os estádios e a porra da Copa do Mundo), mas o fato inconteste é que toda a negociação para subir a tal arena (vamos usar o termo da moda) traveste interesses bem questionáveis e aponta para um cenário dos mais nebulosos.

De início, não quero me alongar em certas conjecturas, mas uma outra agremiação desta capital é questionada (inclusive pelo SCCP) no que tange ao seu (?) estádio e ao relacionamento promíscuo com o poder público. Eram outros tempos, mas...

A impressão que se tem, até a julgar pela falta de um projeto consistente, é que fizeram tudo às pressas, na base do puxadinho mesmo, para depois adequar aos interesses de momento. Se era uma questão de maquete, o próprio SCCP já apresentou modelos mais bonitos do que esse, cuja estrutura metálica lembra mais um daqueles tantos estádios-caixote da Inglaterra. Tem pouco a ver com o Brasil. Tem pouco a ver com o torcedor de futebol.

Pior é notar que nem projeto havia, que nada foi apresentado ao tal COL ou à Fifa, e que, segundo Ricardo Teixeira, o estádio foi incluído na base da “credibilidade”. Sim, credibilidade. De um clube que passou as últimas décadas enriquecendo os fabricantes de maquetes de estádio? Ok, nós sabemos o que é essa tal credibilidade.

Vejam as fotos que saíram na imprensa: Sanchez, o mandatário do SCCP, é ladeado por figuras como Kassab, Goldman e Del Nero. É um pior que o outro. Ao fundo, aspones (um deles parece o pulha do Feldman) esticam o pescoço para que suas caras-de-pau sejam devidamente eternizadas para a posteridade.

Se eu fosse torcedor do SCCP, estaria profundamente desapontado com o rumo que as coisas tomaram. Porque um clube assim tão grande não poderia colocar em risco a sua história logo na semana do centenário. Porque um clube com tanta torcida e com tanta tradição não poderia se unir de maneira tão promíscua a setores cancerosos do nosso futebol. Porque o centenário de um clube como o SCCP é maior que qualquer politicagem suja – e maior do que os velhos carcomidos da FIFA. E porque estádios estão longe de ser isso tudo que acreditam os modernizadores do nosso futebol. São estádios, só isso, e o SCCP já tinha o Pacaembu para receber a sua torcida.

A Copa de 2014 já começa a fazer estragos. E eles serão tanto mais prejudiciais quanto mais próximos estivermos do tal evento e quanto mais ouvirmos falar em “arenas” quando o certo é “estádios”.

A minha parte eu faço: continuo a escrever para meus poucos (e bons) leitores e vou a campo. Amanhã, por exemplo, vou ao Maracanã pela última vez. Porque, dentro de uma semana, ele estará fechado para uma reforma que promete retirar mais um pouco da sua alma. E aí sabe-se lá o que teremos quando ele reabrir.

Mais alguém vai amanhã?

***

1. Alguém aí me explica: como é que estimam gastar R$ 470 milhões para levantar um estádio onde nada existe e R$ 880 milhões para destruir o Maracanã?

2. Por que cazzo vão fechar o Maracanã? Dizem que é porque ele terá a capacidade bastante reduzida e tal, mas a opção que resta para os clubes do Rio é exatamente o Engenhão, cujos 45 mil lugares são menos até do que o que pode ser recebido apenas na arquibancada do Maior do Mundo?

27 agosto 2010

Nosso amigo, o Fair Play

Pacaembu, 2º tempo, 18 minutos. Um adversário qualquer sente (?) uma dor na coxa, desaba na linha lateral da nossa defesa e fica por ali mesmo. Bastaria rolar para o lado e ele estaria fora de campo. Mas o sujeito não se move e fica pedindo socorro, só pra parar o jogo e ganhar tempo, até que um dos seus companheiros coloca a bola para fora. No retorno, o tal Fair Play inventado pela FIFA determinaria a devolução da bola para o adversário. Não foi o que aconteceu. O lateral é cobrado e o Palmeiras sai jogando, diante dos protestos canalhas ds jogadores adversários. Foi um chute na bunda dos velhos carcomidos da FIFA e no Fair Play de merda.

Isto, senhores, é o resumo de tudo o que tivemos de positivo nesta noite de quinta-feira no Pacaembu. Foi só o que conseguiu produzir o time que nos representou em campo no aniversário de 96 anos do gigante Palestra. Acontece que o Palmeiras - e só o Palmeiras! - é capaz de façanhas inimagináveis, e a noite de 26 de agosto de 2010 fez questão de nos lembrar disso.

O Palmeiras, especialista em destruir noites de festa, como se festas não fossem possíveis para nós, conseguiu uma derrota tão inexplicável e inaceitável quanto preocupante. Um 0 a 3 para o lanterna do campeonato em casa, justamente no dia do aniversário do clube! Foi o vexame de um time inerte, apático e incapaz de levar perigo ao insignificante CAG, que ameaça despontar como outra dessas pequenas pragas que nos atormentam de tempos em tempos.

Não há muito mais o que falar do jogo. Por isso, e talvez como forma de anestesiar a dor por mais uma vexame em casa, prefiro abrir o post com um recado para os cretinos do Fair Play. É o que nos resta.

***

Mais uma pesquisa


Foto: Almeida Rocha/Folhapress

A cena acima, divulgada em diversos jornais e sites e repetida à exaustão por emissoras de TV, é constrangedora por natureza. Alguns portais fizeram até galeria de fotos, e eu recomendo que os senhores confiram estas duas: G1 e Folha (vejam a que papel ridículo se prestaram alguns homens que são pagos com o dinheiro dos nossos impostos). Na imprensa tradicional, a palhaçada toda recebeu o seguinte título: "Polícia Militar faz simulado de segurança no Pacaembu para a Copa de 2014".

Este blog, movido por outros princípios, sugere títulos mais adequados ao que aconteceu no Pacaembu e pede aos seus leitores que escolham o melhor:

( ) 1. Bravos, valorosos e destemidos homens* do 2º Batalhão de Choque da Polícia Militar tiram um dia de folga e decidem fazer rapel no Pacaembu.

( ) 2. Bravos, valorosos e destemidos homens* do 2º Batalhão de Choque da Polícia Militar desperdiçam o dinheiro do contribuinte fazendo acrobacias no estádio municipal.

( ) 3. Bravos, valorosos e destemidos homens* do 2º Batalhão de Choque da Polícia Militar deixam de combater o crime para fazer simulação que só interessa aos velhos carcomidos da FIFA.

( ) 4. Bravos, valorosos e destemidos homens* do 2° Batalhão de Choque da Polícia Militar resolvem mudar de profissão e ensaiam para a próxima temporada do Cirque du Soleil.

E aí, qual opção é mais apropriada? Podem votar nos comentários.

*Notem que uma única palavra poderia substituir tudo isso, mas não vou utilizá-la expressamente para não ferir os sentimentos dos bravos defensores da lei.

26 agosto 2010

Palestra, 96 anos

PARABÉNS, PALMEIRAS! OBRIGADO POR TUDO!

Hoje à noite nos encontramos no Pacaembu, mas a festa mesmo fica para o próximo domingo:


Todo palestrino vivo está convidado. A festa é para todos aqueles que amam o Palestra. Dúvidas? É só mandar um email para forza.palestra@yahoo.com.br ou palmeiras96anos@yahoo.com.br. Se preferir, pode fazer isso pelos comentários aqui do blog.

24 agosto 2010

Os criminosos de 2014


Foto: André Durão/GLOBOESPORTE.COM

Folha de S.Paulo, 17.08.2010: “Maracanã mexe até em área nova”. Diz o texto que “Três anos depois da inauguração das novas cadeiras inferiores do Maracanã, as empresas responsáveis pela remodelação do estádio decidiram destruir o setor.” Parece mentira, mas só mesmo um país como o Brasil consegue fazer coisas desse tipo. O Governo gastou milhões para acabar com a geral, rebaixar o gramado e enfiar as tais cadeiras azuis e agora vai simplesmente destruir isso tudo para construir alguma outra coisa no lugar.

O Maracanã, que resiste ainda hoje às tantas intervenções criminosas dos últimos anos, vai passar por mais uma obra faraônica, que só interessa a alguns dirigentes corruptos, a empreiteiras idem e a políticos que se aproveitam do tal Padrão Fifa para mutilar um dos grandes monumentos do futebol. O Maracanã, de alma grandiosa, sobrevive até hoje aos oportunistas, aos canalhas, aos burocratas e aos dirigentes salafrários, desses tantos que enxergam no esporte mais popular do mundo uma maneira de inventar falcatruas.

A mesma matéria da Folha diz que “as obras para o Maracanã receber a final da Copa do Mundo de 2014 podem consumir até R$ 880 milhões dos cofres públicos”. R$ 880 milhões! Somados aos R$ 250 milhões gastos entre 1999 e 2007, chegamos a absurdos R$ 1,13 bilhão. Ou seja: para descaracterizar o Maracanã vão gastar um montante que seria suficiente para construir, a partir do zero, três estádios como o Engenhão (que consumiu R$ 380 milhões).

O que estão fazendo com o Maracanã é um crime em dose dupla: pelo tanto de dinheiro público investido para contentar aos interesses supérfluos de meia dúzia de velhos carcomidos da Fifa e também pela depredação de um patrimônio histórico sem igual.

Hoje mesmo, temos uma foto (lá no alto) da retirada das cadeiras do Maior do Mundo (que já há tempos, por obra desses filhos da puta, deixou de sê-lo). Que tipo de país permite que um investimento tão grande e invasivo como este das cadeiras azuis seja desprezado em nome de uma outra obra desnecessária? Que tipo de país aceita esse tipo de intromissão? Que tipo de país se submete aos caprichos de uma corja que apresenta o seu Padrão Fifa como se fosse a solução para todos os problemas?

Bom, este é o país que faz da revista Veja a publicação com maior tiragem considerando as assinaturas mais a venda em bancas. E por que eu estou citando a Veja?, vocês podem se perguntar. Acontece que sua filhote carioca, a Veja Rio, trouxe, três meses atrás, uma capa sobre o estádio. A chamada de capa (“O novo Maracanã”) é até pueril diante do que viria a seguir. Bastou começar a matéria e logo a repórter deixou transparecer o misto de deslumbramento e preconceito de classe que pauta a conduta reacionária, elitista e europeizada da nossa imprensa (em particular a esportiva). O título da matéria não deixa dúvidas: “Um estádio de primeiro mundo”. A linha fina vem no mesmo tom: “Inspirada nas modernas arenas internacionais...”

O primeiro parágrafo é digno de registro: "Em um domingo de 2014, uma família carioca decide fazer um programa que até tempos atrás era campeão em transtornos. Marido, mulher e filhos partem de carro para ver um jogo de futebol. Depois de estacionarem o veículo com facilidade, entram no estádio sem maiores percalços e resolvem almoçar em um dos vários restaurantes da área interna. Em seguida, dão um pulo na loja de artigos esportivos e compram camisas oficiais de seu time. A atividade prossegue com um passeio pelo Museu do Futebol para conhecer seu acervo bem cuidado e repleto de peças históricas, como a bola do milésimo gol de Pelé. A quinze minutos do início do jogo, rumam finalmente para a arquibancada. Sob a orientação de funcionários atenciosos, localizam rapidamente seus assentos numerados, todos com encostos confortáveis. Para completar a festa, um potente sistema de som anima as comemorações de gol. Esse cenário idílico, que alia conforto e civilidade, não é tão somente um exercício futurista."


Peço licença para ficar distante desse mundinho afetado e não compactuar com isso aí. E registro minha solidariedade ao grande e eterno Maracanã, palco maior da história do futebol no mundo.

Todos os responsáveis pela destruição do Maracanã são criminosos. Dirigentes, políticos, empreiteiros, jornalistas deslumbrados ou hipócritas, empresários, todos os que incentivam e se beneficiam dos milhões investidos na depredação do patrimônio público. São os criminosos de 2014. Malditos sejam!



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O último texto do amigo vascaíno João Medeiros é um belo complemento ao post que os senhores acabam de ler. Não deixem de ir até o blog dele.

23 agosto 2010

Palmeiras, 96 - Resgate histórico

Começa a semana do 96º aniversário da S.E. Palmeiras e estamos organizando uma grande festa pelo segundo ano consecutivo. Todos os leitores do blog estão convidados. Eis aqui o convite:
   

Se alguém tiver dúvidas sobre a festa, pode resolver aqui mesmo, nos comentários do blog, ou pelos emails palmeiras96anos@yahoo.com.br e forza.palestra@yahoo.com.br. *** Observações pontuais sobre o empate do Palestra em Campinas e o que vem pela frente: 

1. O resultado ficou dentro do esperado - e acabou sendo bom diante das circunstâncias, em especial quando ficamos só com 10 jogadores. Depois da épica vitória de quinta-feira, era de se esperar que o time caísse de produção. E mesmo nós, na arquibancada do Brinco de Ouro, sentimos o efeito da adrenalina mais baixa depois de quinta. Cumprimos a ressaca; de agora em diante, precisamos somar três pontos a cada rodada. 

2. Em 15 jogos, perdemos apenas três (para SPFCW, com um pênalti desperdiçado no último lance; Flamengo, sofrendo um gol injusto no final; e Avaí, num apagão coletivo). Isso mostra que é difícil bater o nosso time, mas, em compensação, só vieram quatro vitórias contra oito empates. Está aí a diferença para os líderes. 

3. O que me surpreendeu em Campinas foi a presença da torcida do Guarani, que efetivamente ocupou o espaço a eles destinado. Isso quase nunca aconteceu, mas parece que desta vez eles acertaram em liberar apenas uma das cabeceiras da arquibancada para nós. 

4. Aliás, não é que a PM de Campinas conseguiu fazer tudo de maneira decente do lado de fora do Brinco de Ouro? Dessa vez não tivemos tumultos na entrada. 

5. A contusão do Kléber veio em péssima hora. Ele vai ficar fora de três dos quatro jogos mais difíceis que teremos neste campeonato. 

6. Ingresso a R$ 30 (arquibancada) e R$ 20 (tobogã) na próxima quinta, aniversário do Palmeiras. Boa notícia. Parece que nossa diretoria entendeu que era o caso de reduzir um pouco o valor dos ingressos. R$ 30 já é um valor bem mais aceitável. Obrigado e parabéns pela atitude, diretoria.

20 agosto 2010

Por nossa conta


19 de agosto de 2010. A noite em que o palmeirense carregou o time nas costas. A noite em que torcida e time foram um só corpo. A noite da união indissociável, como se não houvesse no mundo um clube capaz de se colocar no caminho do gigante Palmeiras. Em nome da história, em nome da grandeza, em nome do futebol. Noite de Felipão. Noite de um resgate histórico. Noite de uma vitória que é maior do que a própria classificação, e maior até que o próprio campeonato em disputa. Noite de Palmeiras, de um reencontro entre um gigante e a sua massa de apaixonados.

Foi uma noite eternizada nos olhos de cada um dos palestrinos que estivemos no Pacaembu. Uma noite para a história. Uma noite para renascer, para renovar o nosso amor pelo futebol e toda a nossa dedicação (por vezes questionada). Uma noite que não pode ser descrita em palavras, que não tem explicação, que não cabe em nenhum texto. Uma noite que só é entendida por quem passou grande parte da vida no cimento da arquibancada.

Felipão estava lá. O Felipão que nos ensinou a torcer de um jeito diferente. Fomos juntos com ele. Fizemos do Pacaembu a nossa casa, cantamos, vibramos, não paramos um minuto sequer. Sintonia perfeita. Um espetáculo único. Nada pode ser igual. Empurramos o time à vitória. Partimos para cima, mandamos o pequeno adversário para o lugar de onde nunca deveria ter saído, fomos Palmeiras. E a história se escreveu diante de nossos olhos.

Parabéns, palmeirense! Essa vitória é por nossa conta.


Foto: Agência Estado

Obrigado, Marcos! Obrigado!



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Atualizando o post com o belo vídeo da TV Palmeiras:


Foi tão imponente a vitória de ontem que até mesmo os jornais impressos de hoje se renderam a uma torcida que levou o time nas costas. Até mesmo os senhores Akstein (Estadão) e Cacioli (Folha) produziram textos reverenciando a façanha palestrina. E até mesmo o juiz deixou o campo sem qualquer dúvida sobre seu trabalho.

18 agosto 2010

Pesquisa sobre o Lance!

O diário Lance! resolveu assumir agora os interesses da corja que implantou no Brasil uma agenda de destruição do futebol, com desfecho inevitável em 2014. Não contentes em encomendar um levantamento fajuto sobre as maiores torcidas do país, os caras resolveram agora apresentar os desdobramentos da tal pesquisa. Entre as muitas conclusões absurdas, destaque para duas: 

1. O L! crava: “Brasileiros querem a extinção das organizadas” Aí vem um bla bla bla só, e o jornaleco se compromete todo ao abrir o texto com a seguinte frase: “Esse é o desejo de mais de cem milhões de pessoas”. Ou seja, os canalhas simplesmente pegaram o número fornecido por esta pesquisa viciada (60%) e fizeram a transposição para os 190 milhões de habitantes que o país tem, desconsiderando que a grande maioria do povo não dá a mínima para o futebol e que outros tantos não têm condições de responder a essa pergunta. Ouso dizer até que 60% é o contingente de pessoas que não sabe sequer dizer o que é uma torcida organizada. 

Nem preciso dizer qual foi a foto escolhida por esses filhos da puta para ilustrar a matéria, preciso? Mas devo dizer que as outras notícias relacionadas são:
“Povo pede cadeia para torcedores violentos”
“Por medo, só 1% do Brasil vai a estádio”
“Violência no futebol já matou 51 torcedores”
“Lei busca pacificação nos estádios”


2. O L! sentencia: “Por medo, só 1% do Brasil vai a estádio”
Aí você resolve dar uma chance para a notícia e descobre que o título não encontra respaldo em nada do que é dito no texto. Nada, nada, nada. É de uma canalhice sem tamanho, até porque estes imbecis deixam nas entrelinhas que 99% das pessoas não vão a estádios porque têm medo. É inacreditável que um jornalista se proponha a esse papel sujo. Mas a verdade mesmo é que 1% é o contingente de pessoas que efetivamente tem a dignidade de ir a estádios; o restante é composto por pessoas acomodadas, desinteressadas, impossibilitadas ou que simplesmente não dão a menor importância para o futebol.

Sim, claro, o Estatuto do Torcedor está presente no discurso destes imbecis. Nem poderia ser diferente, em se tratando de um órgão de imprensa que estimula a denúncia do que quer que seja entre os torcedores. Aí eles vêm falar em lei, no velho (e desgastado) argumento da violência que afasta torcedores, nas mortes em brigas de torcida etc. Uma babaquice sem tamanho, digna deste jornal a serviço de interesses sujos.

Volto a lembrar: os imbecis do Lance! estão estimulando denúncias de torcedores contra torcedores, em uma completa inversão de valores. Confira aqui, por favor.

O L! diz que os brasileiros querem a extinção das organizadas, é isso? Pois eu deixo aqui uma pergunta em retribuição:

Vocês querem a extinção do Lance!?
( ) Sim
( ) Não
( ) Indiferente

17 agosto 2010

Discurso vazio

Marcos e Felipão, ídolos incontestáveis e eternos, vêm a público pedir o apoio do torcedor na próxima quinta. Querem o estádio cheio contra o Vitória. Ok, é justo que eles façam esse pedido e eu também quero ver o Pacaembu cheio. Até porque, como eu escrevi aqui, virar este jogo dependeria diretamente do apoio da torcida, já que vamos jogar com o time capenga mais uma vez.

A diretoria perdeu a chance de fazer uma promoção de verdade. Não me venham dizer que R$ 20 é promoção. Não é! R$ 20 numa quinta-feira às 21h50 para um jogo desses? Vocês vão me desculpar, mas não é promoção porra nenhuma. Até porque não se pode tomar por base o preço cobrado habitualmente (R$ 40), que representa uma verdadeira afronta ao torcedor.

Perderam a chance de fazer uma promoção de verdade. Perderam a chance de chamar a torcida para perto do time. Perderam a chance de mostrar que o torcedor é importante. Diante disso, apelar para ídolos da torcida é pouco.

Ainda assim, eis aqui o pedido de Felipão:


Não porque a diretoria quer a casa cheia sem fazer por onde, mas porque é a palavra do Felipão. E porque, de fato, o Palmeiras precisa da gente na próxima quinta. Vamos pra cima!

***

Por falar nisso, uma pergunta: por que cazzo os ingressos para domingo (Guarani x Palmeiras em Campinas) não estarão à venda em SP? Por que cazzo a diretoria não deu atenção a isso? Por que cazzo não tem ninguém lá dentro que se preocupa em garantir o direito do torcedor que, não contente em ir a todos os jogos aqui em SP, ainda viaja atrás do time? Por que certas coisas não mudam?

***

Sobre a Sul-Americana, eis os públicos de todos os jogos do Palmeiras como mandante nesta competição:

13.08.2003 - Palmeiras 0 x 1 Cruzeiro/MG - 3.591
17.09.2008 - Palmeiras 3 x 0 Vasco/RJ - 2.747
01.10.2008 - Palmeiras 1 x 0 Sport Ancash/PER - 4.288
22.10.2008 - Palmeiras 0 x 1 Argentinos Juniors/ARG - 7.286

16 agosto 2010

Felipão, 2 a 0!

A primeira vitória no retorno de Felipão veio bem a caráter: com sofrimento, arbitragem contra, um homem a menos durante um tempo inteiro, técnico esbravejando à beira do campo, expulsão e discussão com repórteres na saída. Foi uma grande vitória, mais ainda se considerarmos os muitos desfalques, o time desfigurado e a expulsão absurda protagonizada por mais um desses pobres diabos do apito - nada vai mudar enquanto um desses vagabundos não receber o que merece.

Eu bem sei que a fase ainda não é das melhores e que a torcida não consegue se animar só com isso, mas eu tenho a convicção de que este time, com quatro grandes ídolos a nos representar no campo, vai nos trazer muitas alegrias. Se não neste ano, em 2011.

Faço questão de lembrar que Felipão chegou na metade de 1997, pegou um time destroçado e o levantou até chegar à final do Campeonato Brasileiro. Para isso, no entanto, o time se classificou em uma modesta sétima colocação na fase inicial. Naquela época, tínhamos um campeonato decente, com fase final, e o sétimo colocado Palmeiras conseguiu cinco vitórias e um empate em um grupo com Internacional, Atlético/MG e Santos. Na final, dois empates sem gols com o Vasco.

Agora temos a aberração dos pontos corridos, mas é necessário dizer também que, mesmo depois de tantos tropeços, estamos agora a míseros dois pontos da Libertadores.

***

Sobre o jogo de quinta:

1. Alguém sabe me dizer por que cazzo vamos jogar às 21h50? O que justifica isso? É provocação, né?

2. R$ 20 pela arquibancada está bem acima do aceitável (pelo horário, pela situação do time e pelo histórico da Sul-Americana). A minha sugestão de ingresso a R$ 1 (ou R$ 5, que fosse) teria um enorme impacto de mídia e certamente levaria ao estádio torcedores que sequer estão pensando em ir ao jogo. Mas a diretoria não parece muito preocupada em aproximar o time do torcedor.

12 agosto 2010

Entrevista com Rogério Dezembro

Os leitores deste blog devem saber que este espaço foi sempre bastante combativo em relação ao marketing do Palmeiras (e ao marketing no futebol, com raras exceções). Foram muitas as críticas, o Avanti foi inúmeras vezes questionado e houve até certa truculência na maneira como o assunto foi abordado – era quase inevitável, diga-se. Eis então que resolvi abrir o canal para o posicionamento do departamento, centrado em seu diretor, Rogério Dezembro. Entrei em contato com a assessoria de imprensa do clube e solicitei uma entrevista. Fiz isso não como jornalista que sou, mas como torcedor do Palmeiras, sócio do clube e responsável por este blog – é importante destacar esse aspecto. O pedido foi aceito.

Para que a coisa não esbarrasse em algo personalista ou sujeito a reivindicações individuais, pedi a colaboração de amigos, que enviaram suas perguntas, críticas, queixas e questionamentos – isso envolveu até torcedores de outros times, já que grande parte da minha discordância com o marketing no futebol é conceitual. A tarefa de condensar todas as colaborações, dividi-las em temas prioritários e elaborar as perguntas foi dividida com os amigos Marco Bressan (o Teo do Estatuto) e Felipe Giocondo, dois grandes palestrinos, também sócios do clube e com quem compartilho as mesmas ideias. As perguntas foram respondidas, por email, pelo próprio Rogério Dezembro. O resultado pode ser conferido abaixo:


1. Avanti
Desde o lançamento, o Avanti foi criticado por setores da torcida, notadamente pela parcela que mais vai aos jogos e, que, portanto, teria de ser priorizada no momento de se pensar em um planejamento à altura do Palmeiras e da sua torcida. O ponto central é que o Avanti nasce de um erro conceitual, à medida que oferece vantagens pouco relevantes e desejáveis (descontos em produtos de empresas parceiras e kits com amenidades) quando, na verdade, a preocupação essencial do torcedor diz respeito ao ingresso para ver o Palmeiras em campo.

FORZA PALESTRA: O Avanti nasceu com a projeção de alcançar 200 mil sócios. Passados quase nove meses, ele patina nos 3 mil sócios. Você discorda da nossa afirmação de que é um fracasso contundente? Que elementos permitem fazer juízo contrário ao nosso?
ROGÉRIO DEZEMBRO: Discordo da afirmação, porque o programa foi lançado de maneira precipitada. A ânsia de disponibilizarmos o programa à torcida quando o Palmeiras rumava para a conquista do título de campeão brasileiro, fezo programa estrear sem estar totalmente pronto. Além disso, o time, infelizmente, caiu de produção e o resto da história todos conhecemos. Nesse período, a venda de todos os produtos do Palmeiras caíram abruptamente. O torcedor ficou muito decepcionado e o Avanti sofreu com esse início adverso. Isso não quer dizer que o programa seja perfeito. Estamos constantemente implementando melhorias e oferecendo mais benefícios.

FORZA: Por que, ao elaborar este plano, o marketing do Palmeiras desprezou ideias que partiram de setores da torcida? (houve um projeto, que rodou pelas alamedas do clube, que apresentava um cenário bastante detalhado e alguns planos de ação bem definidos para que o projeto fosse bem-sucedido).
DEZEMBRO: Nós não desprezamos nenhum tipo de contribuição. Decidimos, em conjunto com outras diretorias, que o programa não focaria estritamente o benefício do desconto nos ingressos, pois a torcida do Palmeiras é muito grande. Estendemos os benefícios ao torcedor para além dos ingressos.

FORZA: Com a saída abrupta da Samsung, o marketing admite que é um erro vincular o programa de relacionamento do clube a empresas que são parceiras do clube em determinado momento?
DEZEMBRO: Não acho um erro. Se você não privilegiar quem te privilegia, vai favorecer quem? Estamos pagando o preço de ter lançado um programa inovador. Temos erros e acertos. A questão de conceder descontos aos membros do programa vai continuar. Mas estamos estudando um modelo menos engessado, onde o torcedor usufrua desse privilégio de maneira mais livre.

FORZA: Ao não pensar em aspectos básicos como “recompensa à fidelidade do torcedor” ou mesmo em “carnê de ingressos”, é injusto dizer que o Avanti é muito mais um plano de sócio-consumidor, à medida que impõe ao torcedor a necessidade de comprar produtos de empresas parceiras para fazer valer o seu investimento?
DEZEMBRO: Você parte de uma premissa errada. Os membros do Avanti têm 3 benefícios para a compra dos ingressos: prioridade, compra via internet e descontos. Comprar produtos ou não é uma escolha do membro do Avanti. Ao fazer isso, ele pode recuperar tudo o que pagou no plano. É um benefício adicional, não um substituto. A questão específica dos carnês, só agora poderemos disponibilizá-los, pois até alguns meses atrás não tínhamos o cronograma de obras da Arena e o novo local das partidas definido.

FORZA: As pesquisas feitas para o lançamento do plano – supondo que elas tenham sido feitas – contemplaram que tipo de torcedor? O Avanti tem como objetivo ser um facilitador para o torcedor que vai ao estádio ou um projeto assistencial ao clube com o discurso “ajudar sem pedir muito em troca” (é o que se depreende de algumas entrevistas concedidas pelo Zucato)?
DEZEMBRO: O Mauro Zucato liderou uma enorme pesquisa, analisando prós e contras de diferentes programas, antes de definirmos o modelo do Avanti. Continuo achando que a premissa do programa é ótima. Nosso modelo foi o programa do Benfica, que tem cerca de 200 mil associados. É um dos programas mais bem sucedidos do mundo.

FORZA: Foi feita uma comparação do plano com os cases de maior sucesso no Brasil (Grêmio e Inter)?
DEZEMBRO: Foi. Vamos nos ater ao plano do Internacional. O programa é um grande êxito, mas é errado classificá-lo como um programa de sócio torcedor. Por que? Porque os membro do programa do Inter têm direito a voto e direito a utilizar a sede social do Clube. Ou seja, eles são sócios do Clube, não sócio torcedores. O que, de modo algum, tira o mérito do programa, que é muito bem feito. Mas trata-se de uma realidade muito distinta da nossa. Dá pra adotar esse modelo no Palmeiras? Dá. Primeiro passo: uma reforma política, onde o presidente do Palmeiras seja eleito pelos sócios e não pelo Conselho Deliberativo (modelo democrático que eu defendo).


2. O marketing e o futebol
Condenamos o marketing predatório e calcado em resultados de curto prazo. Entendemos que o marketing do Palmeiras tem funcionado dessa maneira, buscado efeitos imediatos e sem qualquer identificação com a história do clube e com o perfil do seu torcedor. Pelo contrário: ao priorizar quem pode pagar mais (um público mais seletivo, para o bem e para o mal) e deixar de fora o grande volume da torcida, o marketing do Palmeiras busca uma fonte de receita em curto prazo e abandona a identidade com o seu torcedor, já que grande parte não pode arcar com os custos excessivos projetados para os ingressos no Palestra.

FORZA: Defendemos que o marketing esteja à disposição do futebol e não que o esporte seja explorado pelo marketing. Ao apostar em ações de curto prazo e sem vinculação com a identidade do clube, entendemos que o seu departamento utiliza o futebol de maneira predatória. Você discorda da afirmação?
DEZEMBRO: Caros companheiros, não entendo a pergunta especificamente. O que poderia ter o marketing feito para “utilizar o futebol de maneira predatória”? Talvez vocês se refiram a mudanças como o Setor Visa e, pontualmente, ações como a venda de “vagas de gandula” no jogo de despedida do Palestra Italia, vendidas a R$ 1 mil. Mas gostaria de lembrar também que estamos comemorando o fato do site do Palmeiras ser o líder de audiência entre os sites de clubes de futebol no Brasil. Somos o 27.813º site mais visitado do mundo, segundo o alexa.com, site internacional que mede audiência na internet. O site do Palmeiras, até 2007, era muito ruim e custava um bom dinheiro por mês ao clube. Hoje temos um site dinâmico, vibrante, a custo zero para o torcedor e que gera uma receita acima de R$ 600 mil anuais ao clube. Em resumo, o marketing do Clube tem como tarefa primordial gerar cada vez mais receitas para que nosso futebol seja cada vez mais forte. Às vezes erramos, às vezes acertamos, mas não temos a intenção de “predar” o futebol ou o torcedor.

FORZA: Entendemos que o marketing deva ser um elemento auxiliar para perpetuar os elementos históricos por trás de um clube de futebol. No modelo atual, no entanto, o marketing busca apenas atrair uma massa de consumidores para o futebol (como se ele fosse um produto). É uma lógica que trata o futebol como um bem descartável, dando pouca importância às relações emocionais entre o torcedor e o clube. Você não entende que o uso predatório que o marketing faz do futebol pode, em, longo prazo, minar a sua essência?
DEZEMBRO: Mais uma vez, não entendo nossa atividade como predatória. O futebol, assim como o Brasil, está mudando de paradigmas. Valorizar nossa história e a formação de novas gerações de torcedores vem sendo uma preocupação constante. Mas precisamos fazer isso sempre buscando o equilíbrio entre gerar receita para o clube e proporcionar ao maior número possível de torcedores uma interação com o time de coração. O torcedor não é um consumidor. Hoje você pode ter um carro de uma marca japonesa, amanhã de uma marca italiana. Toma a cerveja “A” e depois muda para a cerveja “B”. É uma relação totalmente distinta da relação que o torcedor tem com o time. Se o Palmeiras lidera o campeonato, a camisa oficial “vende como água” pelo preço padrão de mercado. Se o time vai mal, você dá 30%, 40% de desconto e a camisa não vende. O que não podemos, nunca, é desrespeitar o torcedor, pois a relação dele com o time é de amor, não de preferência ou de conveniência.

FORZA: Já que o Palmeiras se propõe a se tornar um clube de vanguarda nesse quesito, qual a razão para que seja a única área vinculada ao futebol que não é profissional?
DEZEMBRO: Estamos profissionalizando o departamento. Quando assumimos em 2007, havia apenas um profissional cuidando dos contratos de licenciamento. Hoje o departamento de marketing conta com um gerente profissional, o Juan Brito, contratado em 2008, apoiado por mais cinco profissionais. Ainda é uma estrutura tímida, mas começamos a deixar a era do amadorismo para profissionalizar a área. Esse é um caminho sem volta. O Clube que não profissionalizar seu depto. de marketing vai perder receitas.

FORZA: Por que a estrutura do departamento é ainda tão reduzida? Como profissional da área em uma agência de prestígio, o senhor não concorda que os profissionais contratados se pagariam com o retorno do trabalho? Qual é a sua posição e a do presidente Belluzzo sobre o assunto?
DEZEMBRO: Concordo integralmente. Marketing é uma área que se paga várias vezes. O presidente Belluzzo concorda com isso. Mas temos que ter em mente o ambiente onde estamos inseridos. O Clube, assim como uma empresa, o exército ou uma ONG, tem uma cultura específica. Se quisermos fazer um trabalho duradouro, temos que respeitar o ambiente onde estamos inseridos e construir uma nova realidade passo a passo. Nossa evolução é visível. Seja em termos de receitas de patrocínios, que cresceram quase 300% de 2007 para 2010, seja em termos de visibilidade (site líder no Brasil, clube sempre entre os 3 primeiros em visibilidade de mídia), etc. Mas temos que lembrar que 3 anos atrás o “departamento” não existia. E precisamos construir esse núcleo de maneira consistente.


3. Elitização/Preço dos ingressos
Embora seja uma definição que passa por uma série de instâncias, sabemos que o marketing tem certa influência. Foi o caso da despedida do Palestra, com ingressos de arquibancada a R$ 80 e do Setor Visa a R$ 300.

FORZA: Existe uma justificativa para o Setor Visa a R$ 300 com 15% da lotação? O marketing admite ter errado na avaliação?
DEZEMBRO: Erramos na precificação, no caso do Setor Visa. O marketing não define os preços, mas participa das decisões. E, nesse caso, houve um erro. Tínhamos uma conta alta a pagar, com a realização da festa. Felizmente, no balanço final, entre bilheteria e direitos de transmissão para TV aberta, TV fechada e placas de publicidade, o jogo de despedida deu um lucro de cerca de R$ 600 mil ao Clube.

FORZA: Com a cobrança de valores elevados para o ingresso, o Palmeiras faz uma opção clara pelo público de maior poder aquisitivo e deixa de lado o seu torcedor de sempre, aquele que vai atrás do clube independente da situação do time, das condições climáticas ou do local do jogo. Pelo contrário: o sujeito do Setor Visa, que se dispõe a pagar R$ 300, faz isso porque julga que o espetáculo vale a pena. Se, no entanto, o time estiver mal, ele simplesmente vai abandonar o time e vai ao teatro ou para qualquer outro evento que satisfaça as suas necessidades de consumo.Como o marketing pode prescindir desse público cativo e apaixonado para se vender para um público diferenciado e seletivo, que vai ao jogo apenas quando a conjuntura é interessante?
DEZEMBRO: Me permita discordar. Quando o time vai mal, a arquibancada também esvazia. É natural, é da dinâmica dessa paixão. O que aprendemos foi que, muitas vezes, o Clube perdia receita, com preços abaixo do valor do jogo, fazendo a festa de cambistas, que exploravam a torcida. Além disso, existe a questão da meia entrada. Como a lei atual não nos permite impor um teto para a carga de meia entrada (25% por exemplo), existem várias ocasiões onde mais de 50% dos ingressos são de meia entrada. Todos sabemos que existe uma “indústria pirata” de falsificação de carteiras de estudante no Brasil. Isso afeta demais a receita do Clube e quem paga é o torcedor comum e honesto, que vê o preço das entradas ser reajustado. Essa lei queprevê a cobrança de meia entrada sem um teto, na prática, onera. o custo geral dos ingressos.

FORZA: O senhor não concorda que a melhor forma de fidelização de um torcedor é dar a ele a possibilidade de estar presente aos jogos do clube? Se sim, por que o Palmeiras insiste em encarecer seu ingresso mesmo em jogos onde a demanda é sabidamente mais baixa? Não seria o caso de “recompensar” o torcedor com ingressos a preços realmente populares em jogos de menor expressão ou de “acesso difícil”, como os da Sul-americana com TV às 22h, ao invés de sustentar as tarifas irreais que são cobradas?
DEZEMBRO: Concordo e discordo. Concordo que os preços devam ser cobrados de acordo com o grau de interesse do jogo. E já estamos fazendo isso. Mas discordo quando você cita como exemplo o jogo as 22h00 com TV. O que faz o espetáculo ser mais ou menos atraente é a fase do time. Como time em boa fase, jogo as 19h00 ou as 22h00, temos sempre casa cheia.

FORZA: O Palmeiras é adepto da comparação dos preços do ingresso com o padrão europeu? Se sim, já foi feito algum estudo para comparar o % do valor do ingresso mais barato em relação ao salário médio da população? (para efeito de comparação: na NBA, por exemplo, em ginásios para 18 ou 20 mil pessoas, há ingressos populares a U$ 10 ou U$ 15 em um país cujo salário mínimo é de U$ 5,75/hora. No Brasil, a hora para quem ganha um salário mínimo vale R$ 2,56. Ou seja, proporcionalmente, o ingresso mais barato para um jogo do Palmeiras no Brasileiro - R$ 30 no tobogã -, com todas as adversidades conhecidas, é quatro vezes mais caro para locais com capacidade de público semelhante. Nem vamos entrar na comparação de um estádio de futebol brasileiro com um ginásio dos EUA.)
DEZEMBRO: A comparação é equivocada. Claro que são parâmetros a serem observados, mas estamos na cidade de São Paulo, com um contingente de palmeirenses com poder de compra bastante elevado. Não podemos comparar Denver com São Paulo. Denver cabe inteira dentro do Ipiranga. Mais uma vez repito: quando o jogo atrai muito interesse, se o clube não majora os preços, vemos uma festa de cambistas, revendendo ingressos por duas ou três vezes o valor original. Isso não isenta o clube da obrigação de oferecer conforto, segurança e respeito aos torcedores, mas a tendência é do preço dos ingressos subirem. Evento ao vivo custa caro. No Brasil temos uma dinâmica às avessas. Na Europa, ira a um jogo é evento ocasional para a classe média baixa, que acompanha os times pelo pay per view, que é muito acessível. O evento ao vivo custa caro.


4. O conceito por trás da “marca Palmeiras”
Discordamos frontalmente da equiparação entre o Palmeiras e uma marca (ou uma empresa, que seja). Os conceitos de marketing que funcionam bem para uma empresa não podem ser aplicados em igual medida a um clube de futebol. É um risco considerável simplesmente transpor para o futebol os conceitos que funcionam bem para uma empresa: construção de imagem, reforço de atributos positivos, criação de identidade própria e fidelização.

FORZA: “Uma marca precisa construir uma identidade própria para reforçar seus atributos e, assim, conquistar o seu público. Toda a estratégia é voltada para tomar o espaço da concorrência e alcançar um objetivo maior: fidelização. Portanto, o objetivo de uma marca é exatamente o pressuposto de um clube de futebol: a fidelidade do consumidor/torcedor. O marketing aplicado ao futebol, portanto, não deve considerar a fidelização como uma meta, mas como um ponto de partida.” De que maneira você avalia esta afirmação, presente em um post deste blog?
DEZEMBRO: O enunciado é perfeito. Marca comercial é uma coisa e o time do coração é outra. A relação é totalmente diferente. São dinâmicas muito distintas. Os palmeirenses não são consumidores, são apaixonados pelo clube.

FORZA: Supondo que você vá fazer uma defesa do conceito por trás da “marca Palmeiras”, equiparando o clube a uma empresa, levantamos o seguinte questionamento: em que outra modalidade de ‘negócio’ o vendedor dificulta ao máximo a venda do seu produto (ingressos só das 10h às 17h, para ficarmos em um exemplo banal) e, ainda assim, o consumidor “se mata” para conseguir adquirir esse produto?
DEZEMBRO: É a paixão que explica. O “modelo” atual trabalha para “afastar” o torcedor, ao invés de atrair. Falta segurança, conforto, conveniência. Essa é uma questão de estrutura e de cultura. Os novos modelos de estádios vão mudar isso. A internet veio pra ficar e facilitar a compra de ingressos. Estamos no meio desse processo, que vai tratar o consumidor com maior respeito.

FORZA: A frase mais escutadas em filas de bilheterias para jogos do Palmeiras é “A gente gosta muito disso aqui mesmo pra continuar vindo, porque toda vez é essa vergonha.” Por quanto tempo se sustenta a paciência de um torcedor dito “regular” com tamanho desrespeito? Se o Palmeiras é mesmo uma “marca”, como você defende, por que ela está sendo tão mal tratada?
DEZEMBRO: Esse tema não é de responsabilidade do marketing, mas estamos atentos a isso. Esse problema é histórico. Já perdi a conta de quantos jogos “comecei” a assistir aos 15, 20 minutos, por estar preso nas filas. No Palestra, havia o problema grave de apenas duas entradas (Turiaçu e Av. Franscisco Matarazzo) para a arquibancada. É um gargalo enorme. Além disso, o espaço físico ali era dividido entre as filas da bilheteria e as filas de acesso ao estádio. Mas quem freqüenta o Palestra sabe que a situação teve uma melhora significativa, quando o Clube mudou a empresa operadora de ingressos. Ainda está longe do ideal, mas melhorias vem sendo feitas. Não interessa a ninguém essa situação. É um prejuízo comum ao clube e ao torcedor.

FORZA: Você concorda que as principais ações de resgate histórico da “marca Palmeiras” partem hoje mais dos patrocinadores (adidas, mais precisamente) do que do próprio clube?
DEZEMBRO: Discordo. A base do trabalho conceitual da Adidas é fornecida pelo marketing do Clube. O incentivo ao trabalho de resgatar o verde, vermelho e branco (que está na nossa história, está nas arquibancadas e está em alguns de nossos uniformes) partiu do depto. de marketing. Pedimos à Adidas também o lançamento de camisas a preços mais acessíveis com a marca Palestra Italia, que são um sucesso. Colocamos o escudo do Palestra Italia no estádio, atrás do gol das piscinas e criamos o Palestra Tour, que dá ao torcedor a chance de conhecer de perto os vestiários do estádio, a sala de troféus e outros locais de grande significado para a torcida.


Em nome deste blog, dos amigos que enviaram sugestões e do Teo e do Giocondo, que me apoiaram na elaboração dos temas e das perguntas, agradeço ao Rogério Dezembro e ao departamento de marketing do Palmeiras pela disposição, pela atenção com o blog (e com o torcedor palmeirense) e pelas respostas.

Ingresso a R$ 1!

Quase todo time grande, em algum momento de sua história, precisou lançar mão de promoções com ingressos a preços simbólicos para trazer a torcida para perto e superar uma adversidade. O Atlético/MG cansou de fazer isso, bem como todos os times cariocas - e mesmo o SPFC já fez algo parecido. O Palmeiras não; seja por orgulho ou por não valorizar tanto o seu torcedor, o alviverde nunca chegou perto de algo assim.

Eis que agora tivemos isso aqui, repercutindo no site oficial do Palmeiras. Fomos desrespeitados pelo Vitória/BA e isso não pode ficar assim. Aí, por nossas próprias deficiências, perdemos dentro de campo e precisamos de uma vitória enorme para seguir adiante na Sul-americana.

O que fazer?

Bom, eu deixo aqui a minha ideia: ingresso a R$ 1 na próxima quinta-feira. Até como retribuição ao que fizeram os dirigentes baianos por lá. Ingressos a R$ 1! É o único jeito de lotar o Pacaembu, trazer a torcida para junto do time e fazer o Palmeiras renascer. É o único jeito. E aí, com casa cheia e o clima favorável para Felipão, podemos mandar o adversário de volta para sua casa.

Teremos renda de R$ 37 mil para 37 mil pagantes, dirão alguns. Sim, é verdade. Do contrário, se nada for feito, teremos renda de R$ 37 mil para um público de, sei lá, 1.732 pagantes. É uma ideia.

09 agosto 2010

Lá e cá (ou Argentina x Brasil)


Pra começar a brincadeira...

Sim, o blog está um tanto quanto abandonado, mas é que tem faltado tempo para pautas novas. Como alguns já sabem, para viver um pouco o futebol com alma e sem a ameaça de uma Copa por vir, fui passar o último final de semana na Argentina, onde acompanhei a primeira rodada do Apertura. Virá um relato mais completo e detalhado no tempo devido, mas devo aqui fazer uma pequena comparação, considerando apenas os jogos que vi nos estádios:

06.08, sexta, 21h10, Julio Humberto Grondona
Arsenal de Sarandí 1 x 2 Lanús
Ingresso: ARS 40

07.08, sábado, 15h30, Nueva Chicago
Nueva Chicago 1 x 1 Villa San Carlos
Ingresso: ARS 35

07.08, sábado, 20h20, El Cilindro de Avellaneda
Racing 1 x 0 All Boys
Ingresso: ARS 50

08.08, domingo, 14h, Monumental de Nuñez
River Plate 1 x 0 Tigre
Ingresso: ARS 120 (mas só porque os populares já estavam esgotados e tive de comprar o mais caro)

08.08, domingo, 18h15, José Amalfitani
Vélez Sarsfield 1 x 0 Independiente
Ingresso: ARS 40

Somando tudo, os cinco jogos na Argentina custaram ARS 285, algo próximo a R$ 130. Foram três jogos efetivamente grandes, um médio (porque da primeira divisão) e um pequeno (do Nueva Chicago, que disputa a terceira divisão). O ‘investimento’, para usar um palavreado condizente com esses tempos, foi de R$ 130. E pensar que o Palmeiras cobrou R$ 300 pelo ingresso do Setor Visa em um amistoso contra outro dos grandes clubes portenhos. Fazendo uma conta rápida: o que alguns palmeirenses pagaram para ver um amistoso seria suficiente para ver todos os 10 jogos de uma rodada completa do Campeonato Argentino.

Sim, o futebol vive na Argentina...

03 agosto 2010

Inversão de valores

O Estatuto que deveria ter sido elaborado em defesa do torcedor não leva em conta os direitos, interesses e necessidades de quem frequenta os estádios. O torcedor sequer foi consultado sobre o tema, e isso eu já escrevi aqui. O que temos é um estatuto em defesa dos dirigentes, de jornalistas que não vão a estádios e de hipócritas que apenas se aproveitam do futebol. Não são contemplados itens básicos para o, digamos, bem-estar do torcedor. 

O torcedor, longe de ter seus direitos atendidos, ganhou uma cartilha reacionária, com regras, restrições e códigos de conduta que não se aplicam ao ambiente do futebol. A cobertura da imprensa, com exceções pontuais, foi ingênua, preguiçosa e subserviente a interesses nefastos. Poucos foram os veículos e jornalistas preocupados em investigar a real necessidade de certas medidas ou mesmo a adequação entre o que está proposto e a cultura do futebol. 

Eis então que o diário Lance!, não contente em compactuar com toda essa bandalheira, ainda se propõe a este papel sujo:

Não que eu esperasse algo diferente do L!, mas o que temos aqui é uma inversão de valores sem precedentes: o torcedor agora não precisa ser protegido ou bem atendido, mas sim vigiado, quase que como se tivesse de provar alguma coisa para esta corja de pilantras. Nada de direitos; o torcedor só tem deveres, regras e restrições. Na visão de quem faz as leis do país (e de quem forma opinião), o sujeito que vai a estádios é um bandido em potencial e precisa ser monitorado. Como se não bastasse a vigilância dos poderes públicos (que são reacionários ao extremo quando se trata do futebol), eis que temos agora um diário de esportes a pregar a delação de torcedores. 

Vejam só o termo imperativo: “Denuncie!” 

Não demora muito e logo vão criar um disque-denúncia, garantindo anonimato e eventualmente até oferecendo recompensa para quem colaborar para a prisão de arruaceiros como eu e qualquer um de vocês que me lê agora. 

*** 

Uma pergunta de ordem técnica: por que o imbecil que faz este banner colocou a torcida do River Plate como imagem de fundo? Alguma explicação lógica?

02 agosto 2010

O futebol somos nós

Um post (quase) só de imagens, raro por aqui, todo ele dedicado a figuras como Paulo Castilho, Fernando Capez, major Marinho, Del Nero, Flavio Prado etc. Porque, façam o que fizerem estes sujeitos, o futebol só é futebol com a nossa presença. E nós resistiremos, como já fazemos há longos 15 anos. Só crescemos desde então. E vamos continuar crescendo e passando por cima de Estatutos hipócritas, de canalhas puritanos, de jornalistas que não vão a estádios de futebol e de políticos em gestação. "A união é o que nos dá o poder de ser".

Agradecimentos aos amigos Marcel, Nicola, Rafael, Renato Moreira e Yargo, que me enviaram algumas fotos. O crédito fica para eles e para este blog.








E aí, vão encarar?

Mancha, TUP, Gaviões e as outras do lado de lá representaram muito ontem! O futebol agradece.

01 agosto 2010

Ah, o Estatuto do Torcedor...



Foi uma batalha digna da história do clássico, tanto quanto o jogo, repleto de alternativas, lances polêmicos e com um Palmeiras que, ainda longe de ser brilhante, ao menos teve a postura que se espera de um time dirigido por Felipão. Se o empate não chega a ser um bom resultado, a torcida pôde deixar o Pacaembu satisfeita por empurrar um grupo de jogadores que lutou do primeiro ao último minuto para chegar à vitória. E ela só não veio porque enfrentamos um grande adversário e porque temos ainda muitas falhas para corrigir em todos os setores. Mas elas, as vitórias, virão.

Feita a breve análise do jogo e do time, preciso retornar ao tema do post - que é muito mais pertinente à linha editorial deste blog. Volto então à batalha das duas torcidas porque, ao contrário do que pensam burocratas de gabinete, jornalistas esportivos que não vão a estádios e todos os canalhas hipócritas que se aproveitam do esporte, o futebol é guerra!

E eu gostaria então que os sujeitos que idealizaram, escreveram e aprovaram este absurdo Estatuto do Torcedor tivessem comparecido ao Pacaembu para o clássico desta tarde. Porque eles todos teriam de ajudar os vagabundos do 2º BP Choque na tarefa de deter todos os milhares de torcedores que ontem cometeram o crime de xingarem uns aos outros.

Como eu sei que essa corja nunca vai chegar perto de um estádio, fica aqui o aviso: a partir de agora, os xingamentos e ofensas serão pronunciados com ainda mais disposição do que antes. Cada declaração de guerra será mais raivosa do que era antes, porque assim é o futebol!

A suposta nova fase não poderia começar em ocasião melhor: Pacaembu, domingo, 16h, Palmeiras x Corinthians. Obrigado aos dois times e às duas torcidas pelo grande clássico desta tarde de domingo.

Nós vamos resistir! E o futebol também!

***

P.S.: Alguém aí tem fotos da Mancha chegando à praça Charles Miller antes do jogo (por volta de 14h30)? Meu email: forza.palestra@yahoo.com.br