31 março 2009

Campo de batalha

A edição de abril da revista Placar dedica cinco páginas para a surpreendente campanha do Sport na Copa Libertadores. O espaço é tão merecido quanto incomum, mas o que nos interessa na matéria é o box que se propõe a detalhar as armadilhas enfrentadas pelos clubes que visitam a Ilha do Retiro. Eis aqui:



Peço a vocês que façam um enorme esforço para deixar de lado o clima bélico que foi criado pelos dirigentes do nosso adversário.
Prontos? Sugiro agora o seguinte: nada de conclusões precipitadas, premeditações ou reclamações prévias. Nada disso, por favor. É Libertadores, a pressão é aceitável (e até necessária) e estamos mais do que acostumados a isso.
Devemos ir a Recife com a cabeça focada no que vai acontecer dentro de campo. Tomando as devidas precauções, é verdade, mas preocupados apenas em ocupar nosso espaço na arquibancada, torcer e empurrar o Palmeiras à vitória. O resto, jogar futebol, é com o time.
Só me permito lembrar que estaremos em Recife no dia 8 para então recebermos o Sport aqui, na nossa casa, no dia 15. E então devemos dedicar aos valorosos visitantes o mesmo tratamento que nos for dispensado lá em Pernambuco. Simples assim.

***

Seu Cruz bate sem dó. Confiram aqui porque eu sou fã do cara.

R.I.P.

Esta aqui é a melhor notícia dos últimos meses.

O clipping da BWA não precisa mais ser atualizado.

Aos irmãos Balsimelli, desejo apenas que um dia paguem por todo o sofrimento causado ao torcedor palestrino.

29 março 2009

Faltou carniça para os abutres

Jogos no Morumbi viraram caravanas dentro da cidade de São Paulo. É assim que nos sentimos agora, como se estivéssemos indo para um jogo no interior ou, pior, para fora de SP, onde a hostilidade é maior e a desvantagem numérica se faz notar.

O clássico de ontem, disputado para menos de 20 mil pagantes, transcorreu com uma tranqüilidade que eu definiria até como frustrante, se considerarmos a expectativa criada. Não à toa, os abutres estavam todos lá. Do lado de fora, na rampa de acesso à arquibancada/Setor Visa, na arquibancada, no gramado, no helicóptero, por todos os cantos.

Tudo o que queriam os diligentes homens da nossa imprensa esportiva era uma briga, por menor que fosse, para estampar as manchetes do dia seguinte ("Organizadas brigam e afastam torcedor comum do clássico") e as chamadas dos programas de TV (“Selvageria! Torcidas organizadas levam pânico ao Morumbi”).

Repito: poderia ser um mero desentendimento, uma dessas brigas de colégio, uma simples discussão. Não importa; eles fariam o serviço sujo sem muito peso na consciência.

Para azar deles, no entanto, tudo aconteceu sem sobressaltos. Do antes ao depois, foi um clássico que nem parecia clássico. Em parte, admito, porque a PM fez um bom trabalho, isolando as potenciais áreas de conflito e não partindo para o confronto com a massa.

Mas essencialmente porque o público foi muito pequeno, diluindo um pouco os problemas que já foram e ainda serão causados pelas ciladas arquitetônicas armadas pelos modernos, visionários e arrojados dirigentes do SPFC. A conferir.

26 março 2009

A inutilidade do cadastro

Imagino que os senhores devam se lembrar do texto que eu escrevi dias atrás sobre a tal carteirinha do Ministério do Esporte, certo? Se não, cliquem aqui. Na seqüência, leiam os textos imediatamente anteriores a este, que tratam, entre outros assuntos, do serviço sujo protagonizado por imprensa e autoridades públicas, que buscam estigmatizar o torcedor organizado (aquele que vai a todos os jogos e dedica a sua vida pelo time) como um inimigo público do “torcedor comum”, seja lá o que for isso.

Acontece que eu sou um mero torcedor de arquibancada, daqueles que vai a TODOS os jogos do seu time e que visita pelo menos 15 estádios diferentes por ano. Tem gente que não leva isso em conta, e prefere deixar tudo nas mãos de burocratas que não visitam o cimento da arquibancada. Neste contexto, é louvável que a Folha de S.Paulo abra espaço para um acadêmico apresentar argumentos contrários a este projeto que já nasce derrotado.

O texto, publicado na seção Tendências/Debates (página A3) de ontem, já manda bem no título: "Cadastro de torcedores não é solução”. Mas a argumentação é ainda mais eficiente, de tal forma que eu me sinto no dever de publicar o artigo na íntegra. Segue no padrão de sempre, com fonte em amarela, sendo que os trechos mais significativos ganham um destaque em branco.

Com os senhores, Martin Curi:

Cadastro de torcedores não é solução MARTIN CURIO cadastro de torcedores tende a criminalizar os espectadores e transmite mensagem estigmatizante: esses sujeitos são perigosos
O GOVERNO brasileiro anunciou recentemente, por meio do ministro do Esporte, Orlando Silva, a alteração do Estatuto do Torcedor. Os pontos centrais são três novas medidas: 1) a exigência de certos laudos de segurança para liberar o uso dos estádios; 2) uma tipificação legal de crimes esportivos; e 3) um cadastro nacional de torcedores. Essas alterações visam garantir um maior nível de segurança nos estádios do Brasil.
A maioria dessas medidas coloca o torcedor como um perigo potencial, que deve ser dominado, em vez de entender um evento de massa como uma ocasião de insegurança, na qual esse espectador deve ser protegido. O cadastro nacional de torcedores tende a criminalizar os espectadores, da mesma maneira como os Jecrims nos estádios (Juizado Especial Criminal), as grades, a vigilância e os circuitos de vídeo. Essas medidas transmitem uma mensagem estigmatizante: esses sujeitos que vão aos estádios são perigosos. Além disso, o cadastro de torcedores invade a privacidade dos indivíduos. Por causa de alguns poucos violentos, todos os espectadores devem sofrer tal exposição?
Enquanto isso, o problema, penso, é outro. Eventos de massa -não só eventos esportivos, mas também de música e religiosos, entre outros- são situações de insegurança latente e requerem medidas especiais.
A primeira e mais importante refere-se à arquitetura do local, que deve ser segura, limpa e capaz de acomodar o fluxo das multidões que se formam. Como os incidentes da Fonte Nova (Bahia) e outros mais recentes em São Paulo demonstraram, isso ainda não é assegurado no Brasil.
A segunda medida necessária é um corpo de agentes de segurança qualificados e treinados para a configuração que os grandes eventos apresentam. Com o Gepe (Grupo Especial de Policiamento em Estádios), no Rio de Janeiro, já se tem boas experiências. Mas seria ainda melhor ter agentes civis, em vez de policiais, para diminuir os sinais agressivos ao público.
Finalmente, é necessária uma entidade nacional, com pontos de atendimento locais, dotados de assistentes sociais profissionais, que crie um elo entre torcedores e instituições como governo, polícia, federações de esporte e clubes.
Essa entidade deveria atender as necessidades de torcedores, divulgar o conteúdo do Estatuto do Torcedor, que é plenamente desconhecido, e garantir um melhor fluxo de informações aos presentes. A ausência dessa entidade é, a meu ver, a grande lacuna do Estatuto do Torcedor.
Como já disse o major Marcelo Pessoa, ex-comandante do Gepe, é necessário tratar os torcedores com dignidade, pois são cidadãos, também consumidores, e não criminosos que devem ser fichados). Experiências na Europa mostram que o cadastro leva a uma pulverização das torcidas e as torna ainda menos controláveis. Melhor é um atendimento que reconheça as suas necessidades. Por isso a maioria dos países europeus não faz uso de um cadastro nacional e nem este é uma exigência da Fifa, como declarado pelo Ministério do Esporte. É apenas, em vista da experiência europeia, uma medida perdulária e inútil.
Além disso, é preciso ter cuidado para não destruir a rica cultura dos torcedores brasileiros, que transformam os jogos, com suas canções e bandeiras, naqueles espetáculos coloridos e emocionantes aos quais fomos acostumados.
Na Inglaterra, onde não há mais torcidas organizadas e todos são obrigados a assistir aos jogos sentados, o relato mais comum é de que não há mais a bela "atmosfera" do futebol, apenas um espetáculo mercantilizado e pasteurizado do ponto de vista dos ditos "torcedores".
Esse não me parece um bom exemplo a ser seguido. Corremos, assim, o risco de produzir os mesmos "estádios-caixões" ingleses, a prosseguir a atual escalada de regularizações, proibições e sistemas de vigilância, em detrimento da democratização do espetáculo esportivo e da oferta das informações fundamentais para que os eventos evoluam de forma segura.



MARTIN CURI é mestre em sociologia pela Universidade de Hagen (Alemanha) e pesquisador do Núcleo de Estudos e Pesquisa sobre Esporte e Sociedade da UFF (Universidade Federal Fluminense), em Niterói, RJ.

25 março 2009

É com a gente!

A Folha de S.Paulo de hoje faz um esforço redobrado para mostrar que nós, os torcedores organizados, somos uma espécie de inimigo público número um. A capa do caderno de esportes dirige-se ao dito “torcedor comum”, essa entidade misteriosa que parece ter sido criada apenas para fazer oposição aos vândalos, marginais e arruaceiros, ou seja, nós que vamos a campo não para consumir, mas para torcer.

Duas matérias: “Grandes de SP terceirizam bilheteria às organizadas” e “Uniformizada é maioria nos visitantes”. São três os jornalistas que assinam o abre de página e o que eles fazem é tentar convencer o público, sabidamente sugestionável a discursos vazios, de que a culpa da violência (qual?) é nossa.

A linha de pensamento é: Organizadas têm facilidade para comprar ingressos > Torcedor comum não consegue ingresso > Organizadas são maioria > Vândalos causam as brigas que afastam o torcedor comum. E assim vai. Tudo o que fazem é reproduzir o falatório que já virou clichê entre os idiotas que não vão a estádios e que sabidamente será engolido pelo dito “torcedor comum”.

Digo isso tudo, meus caros, porque temos aí uma guerra na próxima jornada. E há quem esteja disposto a fazer de tudo para nos estigmatizar mais uma vez como os inimigos do “torcedor comum”. Já foram os alvinegros da zona leste, depois os da Baixada e agora pode ser a nossa vez.

Portanto, todo cuidado é pouco com a PM no próximo sábado, dia em que ficaremos confinados naquele panetone agora sim todo fatiado. Os coxinhas virão dispostos a tudo, e cabe a nós resistir ao máximo. Mas tudo tem um limite, e, se ele chegar, aí é com a gente!

***

1960-1967-1967-1969-1972-1973-1993-1994

São tantos os temas a serem discutidos nos últimos dias que eu ainda não consegui falar sobre o dossiê para unificação dos títulos brasileiros desde 1959. Faço isso agora, mas de maneira sucinta, porque basta dizer que o Palmeiras é o Campeão do Século XX para encerrar toda e qualquer discussão. Confesso me importar muito pouco com a decisão que pode ser tomada pela CBF, porque os títulos da Taça Brasil e do Robertão valem por si próprios.

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Voltaremos ao tema em momento oportuno, mais adiante, mas não posso deixar de registrar já agora o depoimento do heróico capitão Adalberto Mendes, em dois vídeos que me foram encaminhados pelo grande palestrino Ezequiel, do site Palestrinos.


Depoimento de Adalberto Mendes, parte 1

Depoimento de Adalberto Mendes, parte 2

24 março 2009

O árbitro, sempre um inimigo

Artigo 30 do Estatuto para o verdadeiro torcedor: “Xingue a arbitragem em todos os jogos, isso te fará bem”. Para deixar as coisas ainda mais claras, eu acrescento minha versão: “Todo juiz é um inimigo em potencial e deveria ser xingado desde o momento em que sobe ao gramado.”

À época em que publicamos a obra do Teo, houve quem questionasse a nossa forma de enxergar o futebol, incluindo o ódio prévio contra o trio de arbitragem. Não pretendo voltar ao debate, mas gostaria de saber o que esses consumidores pensam do árbitro que fez o favor hoje de tirar do clássico de sábado logo Diego Souza, o jogador mais eficiente do nosso time já há algumas rodadas.

Eu não vou dizer que houve premeditação, embora tenha sido a impressão de alguns torcedores já desde os primeiros minutos. De minha parte, a primeira advertência pareceu exagerada. E a segunda, que seria discutível, pede que seja aplicada a seguinte teoria
:

Um time grande que enfrenta um pequeno em casa só deve ter um jogador expulso em caso de agressão (ou de alguma atitude acintosa). Em qualquer outro caso, é injustificável, a não ser que o árbitro venha mal intencionado ou com vontade de aparecer – é o caso daquele safado que tantas vezes já fez graça às nossas custas.

E foi isso o que fez o árbitro desta noite, mais um que vem à nossa casa e sai ileso depois de nos prejudicar - ressalto que ele mostrou o cartão amarelo para seis atletas nossos
. O prejuízo virá apenas no sábado, em uma guerra das mais importantes, mas felizmente tivemos hoje Diego Souza em noite inspirada e todo o oportunismo de 0rtigoza, que desponta como uma bela opção para o ataque.

Sobre o paraguaio, devo dizer que é bom vê-lo com a camisa 30. É claro que está longe de ser um Kléber, mas é também um batalhador. Vai pra cima, luta, briga pela bola, não desiste. E até sabe jogar futebol, o que fez toda a diferença na noite desta terça.

Pra finalizar: Jeci não!

***


O PREJUÍZO É TODO DO PALMEIRAS

Palestra Italia, 19H30. O horário, péssimo, é mais uma aberração criada por dirigentes de futebol e emissoras de TV. E, pior, parece que veio para ficar. O que ninguém leva em conta, a não ser o torcedor de arquibancada, é o prejuízo para os cofres do Palmeiras.

Digo isso porque alguns amigos meus gostariam de ter ido ao jogo desta noite, mas não puderam devido ao horário, de uma infelicidade enorme em uma cidade como São Paulo. E nem precisou chover...

Seja como for, é fato que o Palmeiras perde muito dinheiro com o horário das 19h30. Mas nem a nossa diretoria parece ver isso, pois insiste com o ingresso a R$ 30 em meio a uma maratona de jogos e logo no fim do mês.

Teixeira, a bola da vez

Estaria tudo bem se Marcelo Teixeira tivesse apenas assumido o seu lado fanfarrão. À primeira vista, suas declarações desde domingo até deixam essa impressão, mas o caso é mais grave do que aparenta. Ao insistir com suas mentiras deslavadas, o presidente do Santos assume uma postura destrutiva na relação com os demais grandes paulistas.

Não quero aqui entrar no debate sobre se Teixeira atirou ou não alguma coisa nos torcedores da numerada ou se discutiu com torcedores na saída para o vestiário. Pouco importa. A questão diz respeito, novamente, ao tratamento destinado às torcidas visitantes nesta nova era dos clássicos paulistas.

Vejamos o que diz o cidadão:

“Como presidente, não poderia me omitir diante da humilhação que a torcida do Santos sofreu no jogo.”
E aí eu retruco: que humilhação foi essa? Por que seria humilhante ter a sua torcida reduzida a uma pequena parte do estádio se é exatamente isso o que enfrentamos os torcedores de Palmeiras, SCCP e SPFC, sempre que vamos à Vila? Por que o Santos não pode receber nos estádios da capital (Palestra Itália, Pacaembu e Morumbi) o mesmo tratamento que concede às torcidas grandes que descem a serra? Qual é, portanto, o problema de receber o tratamento de visitante, tal como acontece quando vamos à Vila?

“Os dirigentes do Corinthians não quiseram falar, como eu estou falando. Mas deveriam ter pensado primeiramente na segurança e depois na arrecadação.”

Chega a ser um insulto ouvir o senhor Marcelo Teixeira falando sobre segurança nos estádios. Logo ele, que construiu uma grade no setor dos visitantes, reduzindo a menos da metade o espaço que já era insuficiente em anos anteriores. Logo ele, que nos coloca em uma laje apertada, tendo como único acesso escadarias que bem poderiam estar em uma masmorra da era medieval. Logo ele, que nunca envia os ingressos para venda aqui na capital. Logo ele, que faz o possível para dificultar o nosso acesso ao estádio do time que ele preside.

“Nos jogos na Vila, a diretoria do Santos e as autoridades da região dão espetáculo de organização. E continuaremos assim, sem nenhum tipo de revanchismo.”
“Espetáculo de organização”? Fico sem saber se ele surtou, se é mau-caráter mesmo ou se tudo isso é pura desinformação. A verdade é que jogos na Vila Belmiro são cercados de um sufoco enorme. Os ônibus demoram a sair aqui de SP, são parados no planalto, na serra e, não raro, levados até o porto, sendo ali retidos por intervalos que chegam a uma hora. Tudo para dificultar a nossa chegada ao estádio. Não foram poucas as vezes em que a Mancha não pôde chegar até a arquibancada, mesmo com ingressos em mãos – e isso deve ter acontecido também com as demais organizadas. Motivo? Disseram as autoridades que não havia mais espaço. Sim, não havia espaço porque Teixeira decidiu reduzir a 30% o espaço que já era pequeno lá atrás. Mas isso só nós dizemos, porque os jornalistas esportivos de hoje não pisam no cimento da arquibancada.

Antes de proferir este festival de besteiras, Teixeira deveria levar em conta que toda essa palhaçada na divisão dos ingressos começou com um outro grande aqui da capital, logo aquele que procura semear a discórdia entre todos os demais. E deveria lembrar que este clube vive questionando o direito de o Santos mandar os clássicos na sua casa. Ao que parece, no entanto, ele já esqueceu que este mesmo clube instigou a sua própria torcida a criar problemas na Vila Belmiro para pedir a interdição do estádio.

Que tal tomar vergonha na cara, Teixeira?

23 março 2009

Até onde vai a omissão da FPF?

A FPF é só omissão, e agora nem é possível colocar a culpa no Del Nero, que fez toda a merda e depois deu um jeito de ser punido. Mas o próximo sábado traz um Palmeiras x SPFC e provavelmente teremos de ficar no mesmo lugar onde ficaram os rivais da zona leste no clássico que tanta polêmica rendeu há pouco mais de um mês.

Ok, que seja assim. Quando eu vou ao Morumbi, eu faço questão apenas de uma coisa: quero ser tratado como inimigo. Seremos apenas seis mil, mas seis mil guerreiros, que valem muito mais que todos os que estiverem lá do outro lado. Que venha a guerra!

Há, no entanto, dois pontos que devem ser observados:

1. Talvez nem tenhamos de nos preocupar com os donos da casa, pois o inimigo de sábado podem ser novamente os homens do 2º Batalhão de Choque da Polícia Militar, que tantos problemas têm causado. Mas o momento agora pede um cuidado todo especial, em especial porque a coisa está muito bem orquestrada.

2. Leiam aqui. Pois bem, meus caros, meus argumentos seguem intactos. O mando é da FPF, a omissa, mas ninguém nunca contesta quando o SPFC estão à frente na tabela: o jogo é sempre no Morumbi e eles ficam com 90% dos ingressos. É de se esperar que a omissão persista também em 2010, e aí jogaremos no nosso estádio e em situação oposta. A conferir.

22 março 2009

É dia 28! E é dia 8!

Estivemos ontem em Guaratinguetá para conhecer mais um estádio do interior paulista. Outra jornada com ingresso caro (R$ 40) e em horário obsceno (por que sábado às 19h10, cazzo?). E, por mais que tenhamos observado o quanto a presença do Palmeiras movimentou a cidade, é absurdo cobrar um valor tão alto pelo pouco que é oferecido.

Podemos começar pelas arredores do estádio, cercado por uma escuridão ainda pior que a de Itu, sobre a qual falei poucos dias atrás. Mas o principal mesmo é que temos ali uma arquibancada com tamanho insuficiente para receber o público visitante, de tal forma que grande parte da nossa torcida teve de ficar não no cimento, mas no gramado enlameado que fica acima da arquibancada.

O campo de Guaratinguetá fica em uma espécie de vale, como acontece em grande parte das praças esportivas do interior paulista. E aí o que se tem é um espaço reduzido para as torcidas da capital (é uma contradição com a cobrança de R$ 40 para nos receber), o que leva muita gente a não conseguir chegar até lá embaixo, ficando mesmo com o pé na grama e com a visão encoberta. A sorte é que não choveu tanto ontem.

Reforço a avaliação que tinha feito após o jogo no Novelli Júnior, sobre a decadência dos clubes do interior, com a ressalva de que a iluminação do estádio de Guaratinguetá é menos pior que a de Itu. Nada muito significativo, mas é.

Por fim, o empate até que ficou de bom tamanho, visto que o time não se acertou durante a maior parte do tempo. Diego Souza, de novo, se destacou, mas o que ninguém consegue tirar da cabeça são as duas guerras que estão por vir: no antro em que fazemos questão de receber o tratamento destinado aos inimigos e no puteiro de Recife – eu já garanti a minha viagem.

É dia 28!

E é dia 8!

***

Para esclarecer a polêmica da vez:

Não seria correto dizer que o SCCP faz com o Santos o mesmo que o SPFC fez com ele próprio há menos de um mês. O erro dos dirigentes do clube da capital foi destinar à torcida visitante apenas 6% em vez dos 10% definidos pelo regulamento. Este foi o grande problema, e a polêmica deveria ficar restrita a isso.

A questão toda é que todos os grandes da capital deveriam destinar ao Santos FC a mesma condição que recebemos quando vamos à Vila. Já houve um tempo em que tínhamos direito a 10%, mas o senhor Marcelo Teixeira decidiu fazer obras no setor dos visitantes que reduziram este número a pouco mais da metade - e ninguém fala nada.

O Palmeiras retribui o tratamento desde sempre, com espaço reservado para os santistas lá no canto de todos os demais visitantes. O SPFC começou recentemente a fazer o mesmo, no que está certo. E chegou agora a vez do SCCP, que foi inábil e errou no momento.

E foi tão grande o erro dos dirigentes do SCCP que eles conseguiram equiparar uma medida necessária como esta ao absurdo de que foram vítimas contra o SPFC. É ruim para todos.


Quanto à briga pós-jogo, não preciso estar lá para saber que a culpa é dos despreparados homens do Batalhão de Choque da Polícia Militar.

20 março 2009

A carteirinha da discórdia

Lula e Orlando Silva soltaram a história do cadastramento de freqüentadores de estádio (notem que eu não uso a palavra ‘torcedores’) assim de repente, quase como um factóide para responder a demandas que surgiram a partir da histeria de parte significativa da desinformada (ou mal intencionada) mídia esportiva.

A impressão que eu tenho hoje, passados alguns dias, é que a proposta não teve qualquer planejamento, nascendo ou de uma “idéia brilhante” do próprio ministro ou de alguma tentativa idiota de europeização, dessas tantas que abundam entre dirigentes e jornalistas esportivos deste país que pensa ser capaz de receber uma Copa do Mundo.

Tal raciocínio tem origem na constatação de que a proposta não foi discutida com os vários personagens afetados pela mudança, gerando uma discórdia que já chegou aos meios de comunicação. A tal carteirinha, portanto, sequer foi lançada e já enfrenta oposição de alguns pesos-pesados.

O tirano da CBF é contra, assim como grande parte dos clubes. Na última terça-feira, minutos antes do nosso jogo contra o Noroeste, eu vi um dirigente do Palmeiras questionar o promotor Paulo Castilho, aquele mesmo, sobre o assunto. O tom da conversa, registre-se, era de indisfarçada discordância. E vejo agora que os jornais repercutem o assunto também de maneira cética.

Não é à toa, pois a carteirinha já nasce sob o signo da desconfiança, e não é preciso ser um grande freqüentador de estádios para perceber que é uma idéia furada. Acontece que Orlando Silva é um desses tantos que se põem a pensar besteiras sem conhecer o assunto – ele não vai aos campos, ao menos não como nós fazemos. Foi assim que surgiu o malfadado Estatuto do Torcedor, e também agora nós é que devemos pagar a conta.

Repete-se o erro de sempre: fazem a besteira e só depois consultam quase todos os envolvidos – ‘quase’ porque falta sempre um. Falam os dirigentes de clubes e de federações, falam os promotores, falam as autoridades policias, falam os empresários, falam até os bandidos da BWA. Só o torcedor, o protagonista de tudo, não pode falar. Este nunca é consultado.

***

Por fim, minhas considerações:

1. A carteirinha não vai resolver problema algum, porque a violência, superestimada pelos formadores da opinião, não existe nos estádios, mas longe deles. De nada adianta identificar o sujeito que vai para a arquibancada, pois a briga vai acontecer não lá dentro, mas na periferia da cidade.

2. Por iniciativa da FPF e do MP, tentou-se fazer um cadastramento de torcedores organizados aqui em SP, já desde 2007. Ficou na tentativa, porque a aderência foi mínima. Motivo? Dias, locais e horários esdrúxulos para que o torcedor fizesse seu cadastro. Eu mesmo nunca pude fazer o meu, visto que preservo o péssimo costume de trabalhar durante todo o dia, o que inclui o período entre 12h e 18h. Pois é, ao contrário do que pensam os imbecis que comandam o nosso futebol, torcedor de futebol também tem emprego.

3. Com a institucionalização de uma carteirinha para identificar os torcedores, temos mais uma burocratização desnecessária na vida do brasileiro. Uma série de perguntas fica sem resposta e eu deixo aqui apenas uma: se o sujeito for roubado ou perder a carteira na véspera de um jogo decisivo, ele perderá o direito adquirido na compra do ingresso? E aí, como fica isso?

4. Quem conhece a BWA sabe que a porra do sistema sempre fica fora do ar. Sendo assim – e já considerando a precariedade dos estádios brasileiros –, é de se esperar muitos e muitos problemas no acesso aos campos em todo o país.

5. Não quero nem pensar no dinheiro que será gasto com isso.

6. Sou contra a sociedade do controle.

7. Não vou entrar no mérito da marginalização do torcedor de futebol. É assunto para um outro post, bastante mais elaborado.

18 março 2009

6 mil e poucos guerreiros

Não foi nada fácil chegar ontem ao Palestra (ou a qualquer outro lugar da cidade). Isso era nítido do lado de fora, com movimentação pequena até minutos antes do jogo e trânsito caótico nas redondezas e por onde quer que você fosse. Isso para não falar no Metrô, que experimentou um começo de noite atípico.

E é muito por isso que fomos heróis todos os seis mil e poucos palestrinos que enfrentamos chuva, trânsito e sufoco para chegar ao estádio e pagar R$ 30 para assistir a um jogo que, convenhamos, nem tinha assim nada de tão interessante. Para piorar, chovia mesmo com a bola rolando, o que me leva a crer que há alguma determinação divina para que as partidas do Palmeiras em 2009 venham sempre acompanhadas de muita água.

Diante de tudo isso e dos desafios que estão por vir, é necessário repetir: é um absurdo insistir na cobrança de R$ 30 pela arquibancada. Um absurdo! Mesmo assim e com todas as adversidades que se colocaram para chegar ao campo, seis mil e poucos guerreiros cumpriram a missão e empurraram o Palmeiras à vitória.

E depois tem nego aí que vem questionar a diferenciação feita por este blog entre os torcedores de estádio e os consumidores do PFC.

Torcedor vai ao estádio!

17 março 2009

O cúmulo da cara-de-pau (2)

Eu escrevi aqui sobre a canalhice da Rede Globo, que resolveu culpar o sistema de transporte público de SP pela dificuldade encontrada pelos torcedores para voltar para casa depois de jogos no obsceno horário das 21h50 (ou 22h, pouco importa). O japonês mandou ainda melhor neste outro post. E o Rafael mandou os links dos vídeos que os senhores podem conferir abaixo.

Antes de encerrar, mais dois comentários:

1. Eu não entendo como tem jornalista que se presta a isso;

2. É emblemático que o programa em questão seja apresentado por uma figura como esta.

Vídeo 1:



Vídeo 2:


15 março 2009

Se eles querem guerra...

Torcedores do Sport,

Do alto de toda a nossa grandeza, dos nove títulos nacionais e das 14 participações em Libertadores, até fazemos um esforço para entender o deslumbramento de um time que chega para disputar sua segunda edição do torneio continental. E até tentamos entender o complexo de inferioridade de um clube pequeno que passou anos no ostracismo para então conquistar o seu primeiro torneio nacional e ganhar o direito de viajar pela América.


E é por conta de todo esse esforço para compreender o significado de torcer por um time coko o Sport que ficamos à vontade para dizer: o desespero de vocês beira o ridículo.

Vejam que temos ainda quase um mês para o duelo a ser disputado aí no Recife, mas vocês já entraram em uma histeria que não se justifica. E aí se aventuram a disparar impropérios, um atrás do outro.

Não cabe entrar no mérito das tentativas de acusação e de manipulação da opinião pública. São risíveis, como risíveis são as declarações do diretorzinho de vocês, o mesmo que desfila uma imaginação fértil desde os confrontos do ano passado.

Por mais que os números atuais não nos sejam favoráveis, o desespero é todo de vocês. É compreensível, porque Libertadores não é pouca coisa, e vocês, estão acostumados apenas a uma exposição regional. Acontece que vocês começaram cedo demais e estão usando a estratégia errada.

Vocês querem guerra?

Bom, escolheram o time errado para declarar guerra. E é bom lembrar que vocês virão ao nosso campo de batalha depois do jogo aí na zona de vocês. “Ah, é Pernambuco”? Tá certo; aqui é Palestra. Aqui é time grande! E guerra é com a gente mesmo!

***

PALMEIRAS 3 x 0 BARUERI

Peço desculpas por escrever pouco sobre a vitória de ontem à tarde no Palestra, mas eu não poderia deixar de responder aos que têm falado além da conta. Fato é que o Palmeiras conseguiu ontem uma bela vitória e Diego Souza voltou a mostrar o quanto é importante para o time, calando a boca dos corneteiros mais uma vez. E voltamos à arquibancada na próxima terça, de novo em casa, para disparar ainda mais na liderança.

14 março 2009

O cúmulo da cara-de-pau

Acreditem: o Globo Esporte de hoje, aquele do apresentador que mais parece um palhaço, trouxe uma matéria sobre a dificuldade que os torcedores enfrentam para voltar para casa de ônibus ou Metrô depois dos jogos disputados às 21h50. Sim, eles fizeram isso. Botaram repórteres nas ruas depois do jogo do SCCP na quarta-feira (às 21h50) e mostraram que, vejam vocês!, é difícil encontrar transporte público na madrugada. E a culpa é de quem? Claro, é da falta de transporte público, mas nunca da emissora que marca os jogos para depois da merda da novela. Colocaram até os secretários de Transportes da Prefeitura e do Governo para falar sobre o assunto. Pra fechar, o apresentador retardado dispara: "Muita gente reclama do horário do jogo, mas não é este o problema. Mesmo se o jogo fosse às 3h da manhã, deveria haver transporte público para todos".

***

Sigo agora para o Palestra. Nos próximos dias, posts sobre a torcida do Sport e sobre essa história do cadastramento de torcedores.

12 março 2009

A decadência do interior


O que vocês vêem acima é toda a torcida do Ituano no jogo de ontem à noite no estádio Novelli Júnior. Sim, é o time mandante e seus torcedores não foram mais do que essas 100 ou 150 pessoas que a foto traz ao fundo, no lado oposto ao nosso.

E assim foi por alguns motivos, entre os quais o dilúvio que resolveu atrapalhar a nossa vida uma vez mais – este ano está sendo especialmente molhado. Mas nada foi tão determinante para a presença ínfima do público caseiro quanto a decisão da diretoria do clube local de cobrar R$ 50 por um ingresso de arquibancada em um jogo tão desimportante.

Fato é que os clubes do interior perderam a noção da realidade. Não faz três anos que começou a onda de lucrar além de conta durante a visita dos grandes da capital, mas a ganância tem se acentuado de maneira preocupante desde o ano passado.

Tivemos ontem ingresso a R$ 50 em um jogo disputado às 21h50 de uma quarta-feira e em um estádio que é um dos menos agradáveis de todo o interior paulista. R$ 50 pela arquibancada, acreditem! E choveu até não mais poder.

Não pensem vocês que o Novelli Júnior ofereça algo diferenciado para cobrar tudo isso. As arquibancadas são as mesmas de qualquer outro estádio e não há na visão do campo nada de especial. E há problemas, muitos problemas, alguns dos quais eu descrevo agora:

-Os arredores são de uma precariedade enorme, em especial em jogos noturnos;
-A iluminação homenageia os bons tempos da boate que tínhamos no Palestra Itália;
-O que existe de mais interessante nas lanchonetes do estádio - em condições inadequadas - é um bolinho de ovo e carne que, admito, eu como todas as vezes que vou lá. Mas não recomendo;
-O refrigerante é Schin. E a cerveja, se não tivessem proibido, também seria;
-Quando chove, forma-se um lamaçal abaixo das arquibancadas que perde apenas para o pântano de Caio Martins, aquele que o Botafogo já ousou chamar de estádio;
-Sem motivo aparente, é um estádio frio e sem alma.

E isso é apenas um breve cenário, do qual eu não reclamaria se não fosse a idéia dos dirigentes locais de cobrarem R$ 50 por um ingresso de arquibancada.

O que eles não percebem é que essa ganância é exatamente o que está ampliando a cada dia mais a distância entre os grandes e os pequenos. Não é exclusividade do Ituano; é assim com quase todos os outros, com exceções talvez de Guarani e Ponte Preta.


Em parte, isso explica a decadência dos clubes do interior, cujas torcidas locais não conseguem competir com a gente desde que teve início essa palhaçada. E o pior de tudo é que a nem o eventual acréscimo de renda se verifica, pois os públicos têm sido a cada ano menores - como o de ontem, 5 mil e tantos pagantes.

Para finalizar, lembro que estivemos dois anos atrás em Itu e o ingresso custava R$ 25. Voltamos agora e o preço duplicou: R$ 50! Enquanto os dirigentes do Ituano considerarem válida uma inflação de 100% em dois anos
, é justo que continuem sendo apoiados por 100 ou 150 torcedores. E é justo também que todos os clubes do interior se afundem na decadência atual.

***

Aproveito para pedir desculpas pela ausência durante esta semana, mas o trabalho atrapalhou o blog. Mas só o blog e nunca o Palmeiras, pois eu sigo o estatuto do Teo, o nosso Nick Hornby e motorista na noite de ontem: “O trabalho não pode atrapalhar o Palmeiras”.

09 março 2009

Mais um para a história


Aí vêm os recalcados e pedem jogos sem torcidas organizadas. Quero só ver se eles tiram a bunda do sofá para fazer festa quando o time precisa...
É um belo estádio este Prudentão. Grande, espaçoso e imponente, e isso só se percebe in loco. Pena que fique (quase) fora do nosso estado e logo em um lugar que é assolado por um calor infernal. Seria até uma opção interessante para novos clássicos entre Palmeiras e SCCP ou quaisquer outros times, mas é mais longe que o aceitável – tanto que as rodovias locais trazem mais placas indicando Mato Grosso do Sul do que São Paulo.

Posto isso, impressiona que uma arena tão grandiosa fique logo em uma cidade sem relevância para o futebol. E é bom dizer que, apesar de grande, o Prudentão deixa muito a desejar do lado externo, em especial pela questão dos acessos. Ou melhor, acesso, pois existe um único para as duas torcidas. Pior: não se trata de uma grande avenida, mas de ruas estreitas e residenciais, que terminam em um vale que abriga o campo.

Temos ali uma série de barrancos, campos vazios e tudo mais, um prato cheio para eventuais brigas, que ontem não aconteceram um tanto em virtude da incomum cordialidade entre os torcedores rivais e outro tanto devido ao bom trabalho da PM na escolta dos ônibus das torcidas organizadas (30 nossos e 29 deles, segundo ouvi no estádio).

A entrada para a arquibancada assemelha-se à do Santa Cruz (Ribeirão Preto), o que enseja uma série de cuidados na chegada do público. Os pontos positivos são o amplo espaço para circulação de torcedores, acima e abaixo da arquibancada, a visão panorâmica que se tem do gramado e a boa dimensão dos degraus, sem cadeiras ou babaquices do tipo.

De negativo, nada de novo: poucos, apertados e mal conservados banheiros e ausência de bares para venda de comida e bebida. E aí não se trata de conforto, mas de sobrevivência: água gelada era um artigo de primeira necessidade em uma tarde como a de ontem. Mas os clubes não sabem ganhar dinheiro e aí a água terminou ainda no início do jogo. Burrice sem tamanho.

A FPF, claro, fez valer a parceria maldita com a Prefeitura local e armou um circo itinerante lá em Prudente. Sei dizer que o pré-jogo foi de uma palhaçada poucas vezes vista, com espécimes as mais bizarras no campo de jogo. Cheer leaders com suas coreografias precárias, caipiras fazendo papel de idiotas, dirigentes, aspones, curiosos, mascotes imbecis do Del Nero e o que mais vocês puderem imaginar. Tudo isso com direito a som no último volume e um locutor imbecil a fazer graça. E isso tudo se repetiu no intervalo, pois já decidiram que o torcedor não tem direito a descanso.
As torcidas, diga-se, fizeram um duelo um pouco abaixo do esperado, em especial no primeiro tempo, quando o sol forte parecia torrar o cérebro de todos os 45 mil presentes, com maioria de palmeirenses.
Sobre o jogo, eis aqui:

Palmeiras x Corinthians é sempre Palmeiras x Corinthians. E era isso que deveríamos ter levado em conta antes de cantar vitória com a bola ainda rolando. É Palmeiras x Corinthians, porra! Mas aí a torcida gritou antes, o senhor Maurício Ramos fez a primeira merda, Marcão fez a segunda e deu no que deu.

No fim das contas, o resultado pareceu ser justo, e eu não tinha lá a menor condição de avaliar a parte tática (embora entenda que Diego Souza só deva deixar o time em situações excepcionais), técnica ou mesmo a atuação do trio de arbitragem. E, numa boa, não vejo motivo algum para reclamar do juiz ou de qualquer outra coisa, a não ser das nossas falhas defensivas, as mesmas sobre as quais eu já escrevi após a derrota da última terça.


Mas o que fica para mim, uma vez mais, é que o clássico Palmeiras x Corinthians viveu ontem mais um grande capítulo de sua história, e é sempre bom fazer parte dela.

Até quarta em Itu!


Mais uma para os sofás que só sabem reclamar...


Mais uma, e só porque nós somos foda!


E mais outra...

06 março 2009

Palmeiras x Corinthians

“A senhora não sabe o que é um Palmeiras e Corinthians.”

A frase é até simplória, mas carrega um significado enorme, que é compreendido apenas por quem vive o maior clássico do país. Basta observar a expressão de Lima Duarte, o autor da frase em “Boleiros – Era uma vez o futebol...”, e fica um pouco mais claro o que está em jogo quando os dois rivais vão a campo.

É dia 8! É Palmeiras e Corinthians, e eu até abro um precedente neste blog, escrevendo o nome do grande rival logo no título do post. É justo que seja assim, pois nada é mais importante que o clássico.

Ingresso na mão, lá vamos nós para mais um dérbi, desta vez na distante Presidente Prudente. Mas nós sabemos o que é um Palmeiras e Corinthians e todo sacrifício é válido!




*Apenas para registro: deve ser creditada a Marco Polo Del Nero toda e qualquer ocorrência no longo caminho de ida e volta entre São Paulo e Presidente Prudente.

*Passar o aniversário no estádio não será novidade. Será a sexta vez: 2000, 2001, 2003, 2006, 2007 e agora 2009.

04 março 2009

O que o dinheiro não compra


Acabaram com tudo isso para botar ali um bando de idiotas de boné branco...

Você pensa em Mastercard e logo vem à mente o bem-sucedido slogan publicitário: “Tem coisas que o dinheiro não compra...”. É, tem mesmo. Mas há quem venda bens importantes por qualquer dinheiro. Foi assim que venderam o espaço mais nobre do nosso estádio para outra operadora de cartão de crédito, a concorrente desta que diz existir para “todas as outras [coisas]”.

Eu não tenho nada contra a Visa, mas tenho tudo contra o Setor Visa. Não é de agora, e eu disse isso ainda em 2007, quando começaram com aquela obra que modificou para sempre a nossa casa.

Aquele, meus caros, era o nosso lugar. Era o lugar da Mancha e também o da TUP, assim como de organizadas menores que por ali se instalaram. Era o lugar de tudo quanto é torcedor de verdade. Era. Lotearam um espaço tão nobre por muito pouco, e hoje o que era a arquibancada central do Palestra virou um espaço para consumidores.

Deixou de ser a parte da arquibancada que exercia pressão sobre bandeirinhas e laterais adversários e virou um reduto para corneteiros inconseqüentes, que tiram a tranqüilidade de nossos atletas ao menor sinal de dificuldade. O Setor Visa é uma sala VIP para esta nova categoria, a dos consumidores, e eles se enxergam não como torcida, mas como platéia. É, como dizem, um "público qualificado".

Peço atenção à semântica da palavra ‘consumidor’: “aquele que adquire mercadorias, riquezas e serviços para uso próprio”. E aí eu me ponho a pensar: como pode alguém equiparar o futebol a uma mercadoria ou a um serviço? Como podem colocá-lo na mesma categoria de cinema, teatro ou qualquer tipo de entretenimento? Só falta agora exigirem “satisfação garantida ou o dinheiro de volta”.

Seguindo à risca o significado da palavra, o consumidor de futebol tem com o Palmeiras não uma relação amorosa, mas uma relação de consumo: “eu pago, eu quero receber o produto”. Pouco importa se o futebol não é um bem que se escolhe em uma prateleira. Porque aí o consumo se dá de maneira predatória, como na noite de ontem, em que muitos exerceram o seu pretenso direito de consumir – e destruir. Consumiram – e destruíram – de tudo um pouco: a tranqüilidade do time, a paciência do torcedor de verdade, a força do nosso estádio.

Bons eram os tempos em que tínhamos os cornetas apenas na numerada, a atazanar a vida de um Felipão que precisou de apenas uma frase para atirá-los ao escárnio público. Bons tempos aqueles em que o grito das organizadas saía do meio do campo e ecoava por todo o estádio, sufocando qualquer manifestação contrária aos jogadores.

Foi ali, no meio do campo, que eu aprendi a torcer. Ainda moleque, mas sempre ali, por algumas centenas de vezes: no alto, no meio da Mancha ou pendurado em uma grade. Foi lá que eu aprendi a cantar forte o nome do time e a aumentar o grito da garganta não quando o Palmeiras está na frente, mas quando leva um gol. Foi lá que eu aprendi a aplaudir os jogadores e a infernizar a vida do adversário. Foi lá que eu aprendi que todo juiz e todo bandeirinha é um inimigo em potencial, e que é justo detonar com eles antes mesmo de a bola rolar.

Foi ali que eu compreendi que deve-se ir ao estádio não para assistir ao jogo, mas para empurrar o time à vitória. Foi ali, sempre de pé e por vezes me equilibrando, que eu percebi que o futebol pede muito pouco pelo tanto que dá em troca. Foi ali, sem qualquer conforto, que eu descobri que o torcedor é o personagem mais importante do jogo. E foi ali, por vezes com a visão encoberta, que eu tantas e tantas vezes ajudei meu time a buscar resultados que pareciam improváveis.

Por isso tudo, é triste perceber que aquele espaço tão nobre pertence hoje a um bando de idiotas de boné branco que enfiam a bunda em uma cadeirinha numerada e exercem uma relação estimulada não pelo amor ao Palmeiras, mas pelo patrocínio de uma empresa qualquer.

O futebol, em certo sentido, é acessível a qualquer oportunista que tenha R$ 90 no bolso e que defenda a cobrança de tal valor para assegurar seu conforto alienante em detrimento das camadas populares. Ele pode pagar por isso, como pode comprar quase tudo com seu cartão de crédito. Que o faça em um jogo de futebol, mas que passe, a partir de agora, a arcar com as conseqüências.

Por enquanto, é bom que você, consumidor elitista, tenha uma coisa bem clara: você pode comprar o ingresso de um jogo decisivo, o pay-per-view, a camisa oficial, o que for. Isso faz de você um consumidor, parabéns. Mas você jamais será um torcedor, pois isso é uma questão de alma. E alma, até prova em contrário, não pode ser comprada com a porra do seu cartão de crédito.

E aqui é arquibancada!



Era assim que recebíamos os adversários...

Faltou Felipão...

... e eu não me refiro especificamente ao grande Luiz Felipe Scolari, mas sim ao espírito que ele tão bem soube compreender – e que faltou hoje mais uma vez. Libertadores é uma batalha diferente de qualquer outra. Em jogos como o desta noite, já diz a música que cantamos na arquibancada, “tem que jogar com a alma e o coração”.

Ao lado de Carlos Bianchi, Felipão é o técnico recente que melhor compreendeu a essência de uma Copa Libertadores da América. Mas observem que não é preciso ser Felipão para conseguir isso, pois mesmo alguém como Celso Roth, em 2001, também soube fazer um time limitado jogar com o espírito de Libertadores. Isso é o bastante (ou o essencial) para avançar na competição sul-americana.


O Madureira, é forçoso reconhecer, jamais entenderá o espírito de uma Libertadores. Seus ternos bem cortados, seu discurso profissional e sua incapacidade de praticar o anti-jogo não combinam com um Defensores del Chaco, com um Atanasio Girardot, com um Centenario. Simplesmente não combinam, e isso não é crítica, mas constatação.

Luxemburgo não entende (ou não aceita), mas Libertadores é menos esquema tático e mais coração. É menos planejamento e mais entrega. É menos técnica e mais garra. Libertadores é catimba, é cera, é anti-jogo mesmo. É bicão pra fora, é porradaria, é juiz mandando o jogo seguir mesmo depois de uma agressão.

Libertadores é não ter vergonha de perder de pouco fora para resolver em casa. Mas -
e aqui reside o detalhe importante - é preciso resolver tudo em casa, algo que não fizemos hoje.

É pena, mas nos iludimos por muito pouco. E percebemos agora, tarde demais, que Madureira e Libertadores definitivamente não combinam.

Libertadores é guerra. É sangue escorrendo pela testa, é pedra sendo atirada da arquibancada, é a alma que fica no gramado. Libertadores, meus caros, é Felipão atirando a bola no gramado para retardar o jogo.

***
BREVES NOTAS
1. Está de parabéns o Colo-Colo, que jogou com esse espírito de Libertadores. Catimbou, fez cera, bateu na hora certa, foi guerreiro ao extremo. E ainda encontrou tempo para jogar futebol, algo que nem era assim tão importante. Uma atuação notável e uma vitória justíssima do time chileno.


2. Não é bem a praia deste blog, mas eu juro que queria entender o que se passou pela cabeça do Madureira para colocar em campo no intervalo logo o Jumar...

3. Pobre Pierre...

4. Vocês vão me desculpar, mas nego que recebe R$ 500 mil por mês deve ser cobrado por não conseguir acertar a defesa depois de tanto tempo.

5. Sim, o protesto foi correto. Cantamos o jogo inteiro, mesmo depois dos 3 a 1, e era nosso direito xingar o treinador. É uma postura bem diferente da cornetagem inconseqüente e mesmo da passividade daqueles idiotas de boné branco que infestam o Setor Visa. Aquilo, seja lá o que for, é uma vergonha.

***

E faltou Kléber, o Gladiador...

02 março 2009

Quem é pior?

Os personagens:

Bruno Balsimelli é um dos sócios da BWA, a empresa incompetente que se especializou em infernizar a vida do torcedor palmeirense. Para saber mais sobre este sujeito, clique aqui.

Paulo Castilho, o promotor, adora aparecer às nossas custas. Ficou conhecido por atacar a nossa casa dia após dia e já foi visto no saguão do Morumbi acompanhado de amigos que carregavam sacolas de compras com produtos da loja oficial daquela instituição abjeta. Sobre este cidadão, saiba mais aqui e aqui.

Os fatos, ambos trazidos pelo Painel FC:



25.02.2009
VIP. O promotor Paulo Castilho, que acompanha a investigação de um esquema de venda de ingressos falsos no Palmeiras, foi um dos convidados da BWA para os desfiles das escolas de samba de São Paulo. É a empresa que comercializa os bilhetes dos jogos palmeirenses. Há funcionários da BWA citados no inquérito policial sobre o tema.

01.03.2009
Unha e carne. Antes de receber Paulo Castilho em camarote no Sambódromo paulistano, Bruno Balsimelli, da BWA, disputou pelada no time do promotor no CT do Palmeiras. Há funcionários da BWA citados na investigação acompanhada por Castilho sobre ingressos falsos.

01 março 2009

FORA BWA! (de novo)

Sim, a coisa fica repetitiva, mas a situação é insustentável. Virou questão de honra mesmo, e este blog não vai ter paz enquanto os irmãos Balsimelli continuarem enchendo o bolso de dinheiro às custas do sofrimento do torcedor palestrino.

O que aconteceu neste final de semana, por ocasião da venda de pacotes para os três jogos caseiros da Libertadores, é uma afronta ao torcedor e à Sociedade Esportiva Palmeiras. Deixo-os aqui com o relato do Júnior e a análise feita pelo Conrado. Sei também que o Nicola deixou um comentário sobre o assunto em um dos posts anteriores, mas o que eu peço agora é que cada palestrino despeje aqui neste post a revolta contra esta empresa de merda.
Em complemento ao post do Júnior, digo o seguinte:

1. Cheguei ao clube ontem, sábado, por volta de 13h50. Passei pela fila destinada aos associados, dentro do clube, e o Júnior estava já há tempos parado no mesmo lugar. Fui à piscina, fiquei lá por 1h30, tomei banho e segui para a arquibancada - iria começar o jogo contra o Guarani. Passei pelo Júnior e ele estava praticamente no mesmo lugar. Parece mentira, mas foi exatamente assim.


2. Voltei ao clube hoje, domingo. Havia uma fila enorme do lado externo, e ela andava naquele ritmo ditado pela BWA. Do lado de dentro, na fila para associados, a situação era um pouco mais tranqüila. Deixei o clube por volta de 17h, encontrei alguns amigos no Alviverde e fiquei por ali. E a venda de ingressos, que deveria se encerrar naquele horário vagabundo, se prolongou até depois das 18h porque os caras foram incapazes de atender à demanda.

3. O Teo, o homem do nosso estatuto, comprou o pacote para os três jogos. Aí ele mostrou os ingressos e eu notei que havia o bilhete para Palmeiras x Colo Colo e mais dois para Palmeiras x LDU, mas faltava o do Palmeiras x Sport. Aí lá foi o nosso amigo discutir com a moça da BWA para reparar o erro. Eu só imagino com quantos torcedores mais isso aconteceu...


Por fim, deixo aqui todo o clipping da BWA neste blog. É um resumo de tudo o que temos enfrentado os palmeirenses para cumprir uma tarefa que deveria ser simples. Segue:

11.08.2008: Mais uma da BWA

09.08.2008:
Do nada ao nada

04.08.2008:
Obrigado, Mesa Redonda

29.07.2008: E a culpa ainda é do torcedor?

28.07.2008: Proibir por proibir

24.07.2008: E o trabalhador, como fica?

23.07.2008: FORA BWA, parte 3

05.07.2008: FORA BWA, parte 2

01.07.2008: FORA BWA, parte 1

30.04.2008: Sobre direitos adquiridos

***

A palhaçada proporcionada pela BWA tinha mesmo de virar o assunto principal do fim de semana, mais até do que a providencial vitória de ontem. Mas o 1 a 0 sobre o Guarani não pode passar em branco, e eu tenho aqui quatro breves comentários a fazer:

1. Foi a quarta vitória do time reserva neste Paulistão. Os dois times de Campinas caíram diante dos nossos suplentes, e Paulista e Marília foram as outras vítimas. E eu lembro ainda que este time reserva levou apenas aqueles dois gols da Ponte em Campinas, passando em branco nos outros três duelos.


2. Com time reserva e arquibancada a R$ 30, levamos ontem quase 12 mil pagantes ao estádio. Um outro clube desta capital levou, dois dias antes, 4 mil e tantos com a equipe titular e ingresso a R$ 20.

3. O moleque passa um ano sem jogar por conta de uma grave contusão. Volta ao time, enfrenta a equipe que o revelou, faz o gol da vitória nos minutos finais e vai comemorar. É hora de desabafar. Aí vem o juiz e mete um cartão amarelo nele. Realmente estão levando a sério a idéia de acabar com o futebol...

4. As vaias para Marquinhos, no momento de sua saída, vieram da numerada e do setor Visa, aquele que congrega tantos e tantos elitistas de última hora. A arquibancada teve uma postura bem diferente, e isso apenas reforça tudo o que eu defendo.