17 outubro 2011
Não ao futebol moderno!
A torcida do Hajduk Split (Croácia) protesta em massa contra o futebol moderno. Para além das pequenas faixas "Against modern football", temos essa maior e mais vibrante: "We will not lose this war"! Infelizmente falta essa consciência de classe às torcidas dos grandes clubes brasileiros...
O capítulo 34 da série "O país do futebol?" fica para a próxima semana. Desta feita, o que teremos é um post mais curto para que não se perca no tempo a menção que eu já deveria ter feito sobre Juventus 1-1 Red Bull, jogo da Copa Paulista a que assisti há dois finais de semana na rua Javari.
Começo indicando um post de 2009 sobre a cancha que resume a alma da Mooca. Continua valendo hoje tudo o que eu escrevi lá atrás. A ideia era escrever agora um novo post sobre este encontro entre o tradicional Juventus e o "moderno" Red Bull, mas aí o amigo Gabriel Uchida já fez melhor lá no Foto Torcida, porque, além do bom texto, apresenta ainda fotos espetaculares.
Confiram também o post do blog Juventus Travesso, com um bom relato do que foi este encontro entre o "futebol com alma" e o "futebol moderno". O vídeo abaixo é um bom resumo do que se passou naquela tarde de resistência:
Algumas fotos:
É preciso dizer ainda, senhores, que os torcedores do Juventus tiveram seus instrumentos de percussão recolhidos pelos nobres, valorosos e destemidos homens do 2º BP Choque apenas porque resolveram atirar as bobinas de papel no campo. Enquanto eram conduzidos para a sala dos coxinhas, tiveram de ouvir o seguinte: "Aqui a gente não pede; a gente manda!". Vejam só:
E pensar que as grandes incorporadoras estão na ofensiva para comprar o terreno onde fica a rua Javari e erguer enormes conjuntos residenciais...
É isso, senhores! O futebol resiste na rua Javari! Não há outro lugar neste país onde você pode cantar no estádio uma música simples e contundente: "ÓDIO ETERNO/ AO FUTEBOL MODERNO!"
"Leave the gun. Take the cannoli!"
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A excelente foto que abre o post foi indicada pelo Gabriel Uchida. E não é demais sugerir aos senhores que confiram todas as fotos que ele fez deste jogo na Javari.
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12 comentários:
Tomara que comprem logo esse terreno onde fica esse campo de várzea do Juventus e transformem em alguma coisa mais produtiva como por exemplo um Hospital ou até mesmo um Hortifrutti...Puta desperdício de espaço manter um campo ultrapassado há mais de meio-século e caindo aos pedaços igual a esse para 6 dúzia de torcedores
Esse Juventus da Mooca já deu no saco, melhor fechar logo do que ficar vivendo de forma decadente perenemente. Já foi um time simpático um dia, hoje é time minúsculo inexpressivo de empresário igual a qualquer outro.
as vezes eu queria ser cego pra não ler certas coisas...
Barneschi, segue um material com ótimas fotos dos jogos da última tal data FIFA..destaque para Grécia x Croácia:
http://www.ultras-tifo.net/photo-news/562-greece-croatia-07102011.html
Abss
Tinha que ser um anônimo de merda pra postar groselha.
A Mooca, onde moro, está perigosamente cedendo terreno para esses condomínios do inferno, que não ceda seus espaços sagrados, bens patrimoniais materiais e imateriais.
A resistência vive ali. Ingresso barato, cimento, torcedor cuspindo na cara de jogadorzinho do Red Bull (uma das cenas mais memoráveis desse jogo, pra mim), a turma de sempre, o bate-papo no intervalo, perder a voz sabendo que os jogadores vão te ouvir, isso tudo, caro anônimo boçal, não tem preço.
Conrado Secassi
Aqui na mooca esta bem assim mesmo. Saiu no jornal FOLHA da semana passada a conversa do pres do clube falando sobre o assedio (nada oficial) das construtoras inclusive em troca da venda do terreno da R Javari, a construcao de uma arena no clube social, na R juventus, tb na mooca. Opcao essa que foi, ao menos por enquanto - segundo ele - desprezada. Infelizmente assim caminha o futebol.
Os caras tombam cada coisa inútil, é incrível que não passe pela cabeça dos energúmenos tombar a javari.
Dia pessoar....rsrsrs
Ó só que boa ideia que eu tive:
O nosso "maravilhoso" presidente podia sentar-se com o presidente do santos e o Bambicy e negociar um emprestimo do "mimadinho" gambá que veste a camisa 30 para disputar o Mundial por eles no final do ano, mesmo que paguemos o salario integral do "lazarento" mais dois meses. O Santos teria um bom reforço que, com certeza (afinal, ele quer aparecer não quer? Um mundial seria o melhor lugar pra ele...rsrsrs)e o Palmeiras teria uma supervalorização de um patrimonio do clube que no final do ano pode ser negociado por um preço melhor para o Palmeiras...
Que tal???
rsrsrsrs....
Abraço...
Alex Amaro
domingo estarei lá para assistir o Palmeiras B (com preá e tadeu!) x Francana.......
to mais empolgado com este jogo do que contra o figueirense, viu.....
abs.
Porco Careca.
lembrando que foi ai q Pelé fez seu gol mais bonito...
"ou até mesmo um Hortifrutti..."
Hahahahahaha é bambi, só pode!
O imbecil aí da primeira mensagem é um típico exemplo da gentalha alienada que financia o "futebol moderno".
Não sei se é muito grande, mas queria compartilhar esse dia aqui:
Foi então que anunciaram “Estação Bresser-Mooca”. Em pleno domingo (ensolarado) de peleja esportiva, era de se esperar alguma movimentação grená logo por ali, organizando as organizadas. Assim como os habituais palestrinos na Barra Funda e alvinegros nas Clínicas, os juventinos merecem uma análise atenta, ainda mais quando se encontram em seu habitat, seu quartiere – seja você amante ou não de futebol. A verdade é que eles são talvez os últimos mantenedores da tradição clubista, que há anos se perde nas deslizadas econômicas dos grandes de São Paulo.
Mas não, não foi assim. Por lá estavam desavisados do evento, caminhando imperdoavelmente tranqüilos, sem a preocupação e ansiedade que antecedem qualquer jogo na Rua Javari, onde fica o Estádio (com maiúscula) do Clube Atlético Juventus. Estádio este que comporta apenas 4 500 torcedores – apesar de sua simbólica grandeza – e se encontra a cerca de um quilômetro da estação, o bastante para delimitar a área de atuação do juventino.
O jogo tinha início para as 15h, o que contentava a todos, dando livre espaço para o almoço no Grill da Mooca ou na Esfiha Juventus. Comiam e guardavam um pouco da fome pra janta pós-jogo, junto ao forno da Pizzaria São Pedro. Na Javari, o clima já estava italianado, com berraria, sotaque e calorosas discussões. Enfim, os torcedores dessa quase extinta estirpe davam as caras, orgulhosos das cores que vestiam e do que elas representam no mundo de hoje. Esperavam pelo embate contra o oposto, contrário e paradoxal: o rival Red Bull, time marcado, empresariado.
Na pequena fila já se ouviam boatos da presença policial nada ordinária, acima do contingente usual formado por, na média, uns três homens. É que era dia de protesto, e muitos carregavam faixas e entoavam gritos de ódio contra o futebol moderno, representado em campo pelo adversário, muito mais empresa que clube. O ingresso fácil (esse sim) e barato dispensa a catraca; num minuto se atinge o Setor 2, atrás do gol à esquerda, onde pululam torcedores grenás.
Apelidado de “moleque travesso” pelas diabruras que aplicava aos grandes de São Paulo, vê-se que na torcida do Juva, ainda que não sejam todos moleques, continuam todos autenticamente travessos. Vejam só que, a cada reposição de bola do arqueiro inimigo, o estádio segura um belo de um “ôôôôô...” para, no ato do pontapé, soltar em uníssono: - “Filho da p...!!!” Impossíveis traquinas resgatando o que sempre se fez na Javari: alegre molecagem.
Quem vê, ou melhor, não vê tudo é Seu Antonio, atarefado logo abaixo das cadeiras cobertas. Está sempre ali, trocando miúdos por deliciosos cannoli. O preço é, incorruptivelmente, miúdo; o cannolo, infalivelmente delicioso. O doce da Itália meridional, aliás, parece compartilhar a mesma origem humilde do clube, que descende da lide operária. Mais do que isso, no entanto, ambos sintetizam a festa, seja por meio do uso carnavalesco dos cannoli, seja pela imortal tradição futebolística do Juventus. Esse o samba italiano, no melhor estilo Adoniran Barbosa, trilha sonora do intervalo de jogo.
Quanto à contenda, só resta dizer que o empate prevaleceu dentro de campo e uma chuva forte apertou para apaziguar o fim de tarde. Nas arquibancadas o resultado foi outro, até porque torcida empresarial jamais foi vista por aqueles lados.
O juventino saiu pelas ruas da Mooca como sempre: discutindo, cantando, e com seu característico sorriso leve, sorriso de alma lavada... E que lavada!
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