28 julho 2014

Missão cumprida

"Era a brecha que o sistema queria..."


















É possível analisar o clássico desta tarde no estádio de Itaquera de maneiras muito distintas. Vou apresentar duas:

-Você pode, por exemplo, chegar em casa depois do jogo e ligar na TV Gazeta para presenciar as múmias do Mesa Redonda quebrando todos os recordes de reacionarismo, desinformação e preguiça. Barrigas robustas à mostra, Prado, Nogueira e Lang destilarão (como efetivamente destilaram) toda uma sorte de impropérios, mentiras e falácias, dignas de débeis figuras cujas bundas carcomidas há muito não sabem o que é uma arquibancada (ou uma cadeira, vá lá).

-Você pode acompanhar a 'cobertura' informal dos que lá estivemos ou, preferencialmente, do notável Gabriel Uchida, o fotojornalista responsável pelo FotoTorcida, este memorial da resistência da arquibancada. É do Uchida, que acompanhou nossa caravana até território estrangeiro, a foto, em primeira mão, que abre este post.

A meu ver, a opção por uma ou por outra é uma questão ou de caráter ou de inteligência. Ou as duas coisas, o que me parece mais provável.

Isso posto, gostaria de dizer o seguinte:

A tabela deste Campeonato Brasileiro foi divulgada em 7 de fevereiro. Era sabido, portanto, que o estádio de Itaquera receberia um clássico entre SCCP e Palmeiras no dia 27 de julho. Entre o anúncio e o jogo, quase seis meses se passaram. Seis meses para que as autoridades avaliassem a logística adequada para transportar uma torcida visitante até o novo campo. Seis meses!

O que fez o 2º Batalhão de Choque da Polícia Militar? Simples: omitiu-se. Nada fez do ponto de vista programático, a não ser agendar uma reunião entre as duas torcidas e as demais partes envolvidas na sexta-feira que antecedeu o duelo. Ou seja: seis meses se passaram e a discussão ficou apenas para a véspera.

Daí então que os bravos, valorosos e destemidos homens do 2º BP Choque apresentaram impuseram uma solução que, para além de ineficaz, era inexequível: os 2.100 palmeirenses deveríamos chegar ao estádio de ônibus. Ou melhor: em 40 deles.

A imposição das autoridades pode ser conferida neste muito elucidativo vídeo do GloboEsporte. Veremos, mais adiante, como todos os argumentos (da PM e da CPTM, mais especificamente) caíram por terra.

Antes disso, no entanto, eu, jornalista que sou, gostaria de fazer o papel que, por desconhecimento de causa, não foi cumprido por nenhum de meus colegas da mídia esportiva. Pergunta simples: "Caro capitão, onde haveria espaço para estacionar os 50 ônibus?"

Estava em gestação um cenário que poderia muito bem provocar a ruptura que agradaria a tantos dos personagens acima citados: clássicos com torcida única. Dá menos trabalho, não é?

Coube à Mancha Verde, no entanto, a tarefa de contestar a decisão do Choque. A posição da organizada era a única viável do ponto de vista logística para a segurança de todos os envolvidos: trem expresso da Barra Funda até a estação Dom Bosco e caminhada com escolta nos 4 km até o estádio.

Ainda que com certa histeria, a imprensa cobriu bem o embate da última sexta - e contribuiu para a reversão do quadro. Ficou para a Mancha, em um primeiro momento, a imagem de intransigência - reforçada pela declaração de alguns bandidos bem graúdos. Se a reputação habitual costuma ser pior que esta, dos males o menor. Fica a mensagem, lá atrás e agora ainda mais, de que a entidade Mancha Verde se arriscou, quase em um ato de sacrifício, para cumprir a sua missão histórica de salvaguardar a torcida do Palmeiras.

Porque se o esquema imposto pelas autoridades poderia levar a uma catástrofe anunciada, eis que a organização da Mancha Verde garantiu que saíssemos, quase 2.000, da Barra Funda, ainda na manhã de domingo, para chegar em paz ao estádio de Itaquera - o mesmo acontecendo na volta.

Coube à CPTM (e possivelmente à PM, em acordo posterior) uma valiosa contribuição no sentido de garantir que os trens fizessem os percursos de ida e volta entre Barra Funda e Dom Bosco sem qualquer parada. Do início ao fim, sem baldeação, sem encontros com adversários, sem quaisquer transtornos.

Entre a estação Dom Bosco e o Setor Sul do estádio, funcionou bem a escolta da PM. Como se estivéssemos na Sumaré, entre o Palestra e o Pacaembu, seguimos tranquilamente por entre ruas tão desconhecidas quanto vazias. Se tanto, nossas baixas civis se resumem a contusões aqui e acolá dos vitimados pelas ladeiras de Itaquera.

Chegamos em paz. Saímos em paz. Voltamos em paz.

É bem verdade que foram 12 horas na rua - e apenas duas delas foram dedicadas ao jogo -, mas se este é o preço a se pagar para garantir clássicos como este com as duas torcidas em segurança, então podem contar com a gente.

A Mancha Verde, tão em baixa com a rasteira opinião pública, fez o seu papel; estão de parabéns todos os responsáveis pela estratégia adotada e pela execução precisa de toda a programação neste domingo. É bem provável que a logística de hoje seja adotada em todos os próximos clássicos (envolvendo também os outros grandes) no estádio de Itaquera. Basta que as autoridades responsáveis tenham boa vontade e disposição.


























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Constatações:

_Sobre o time, basta dizer que nosso primeiro e único chute a gol foi disparado aos 47 minutos do segundo tempo. Uma vergonha!

_Paulo Nobre: para quem torceu hoje o assessor de imprensa?

_Sobre o estádio, três breves considerações:
-Reafirmo a impressão: é muito feio.
-A acústica é ruim.
-Os banheiros são nojentos de tão limpos.

22 comentários:

Anônimo disse...

Danillo Bovi

'MANCHA VERDE contraria BP e diz que vai de trem'

'MANCHA VERDE DESAFIA BP e diz que vai de metro'

'MANCHA VERDE DESCUMPRI COMBINADO com BP e diz que vai de metrô'

Foram alguns dos títulos que vimos antes do jogo. No fim a Mancha estava certa, fez a logística mais apropriada para esse monte de autoridade estudada. E mostrou à imprensa quem estava certa. Só que no fim vão dar os méritos ao BP.
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Esse é um dos times mais sem vergonhas da história, porque além de apanhar na bola, tomou tapa na cara, mãozada no peito e ficaram com cara de assustados. O camisa 13 nem se fale. Faltam Edmundos hoje em dia, que no campo se não ganha na bola, ao menos não deixam ficar encostando a mão em nosso distintivo. Falar nisso essa cruz de savóia é legal as vezes, mas já encheu o SACO ! Brasão do PALMEIRAS no peito ! Tem que voltar

Anônimo disse...
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ARTUR VERDE disse...

PAULO NOBRA ESTA TRABALHANDO POR UM PALMEIRAS FORTE, É SÓ TER PACIENCIA E DAR TEMPO AO TEMPO, O CARA ESTÁ CONSERTANDO AS CAGADAS QUE MUSTAFA, DELLA MONICA BELUZZO E TIRONE FIZERAM, O CARA É DO RAMO BANCÁRIO SABE DAS COISAS VAMOS DAR UM VOTO DE CONFIANÇA PRO PRESIDENTE NOBRE

Anônimo disse...
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Anônimo disse...
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Raul Martins Dias disse...

E lá vamos para 20 anos sem a taça do Brasileiro, igualando o "recorde" anterior. Não vejo desculpas adequadas para justificar que o Palmeiras não tenha nenhuma pretensão de título ainda na 12ª rodada. E cansei de ouvir o discurso da "tabela difícil pós-Copa", como se tivéssemos o direito de escolher adversários.

Agora, três jogos seguidos em casa: Fiorentina, Bahia e Avaí. À arquibancada, senhores.

Anônimo disse...
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César SEP disse...

Barneschi, parece agora que eles tem um fetiche por cadeiras, assim como banheiros. Porque desde ontem, em todos os sites, jornais e revistas eu só vejo a mesma manchete: "Vândalos destroem cadeiras no Itaquerão"
Só lembrando que na estréia deles naquele estádio, houve quase 100 cadeiras quebradas, e na Copa também houve um número muito grande de assentos danificados.
Não precisa ser gênio para entender o que está por trás desse raciocínio: a imprensa - de qualquer forma - quer achar um pretexto para criticar a Mancha e todos os palmeirenses. Desde sexta já estavam fazendo um barulho danado sobre o caminho a ser seguido pela torcida do Palmeiras até lá. Como não houve nenhuma tragédia e/ou briga (Graças a Deus), a mídia ficou frustada, e agora atacam essa questão das cadeiras...
Só existe lixo nessa imprensa

Anônimo disse...
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Saandroo disse...

Fizemos a nossa parte enfrentando condições bem adversas (território desconhecido, ataques gratuitos de bastardos da grande mídia, tensão no trajeto, frio, etc..)tudo contra, mas o Palmeiras teve sua torcida ao seu lado no lixão de Itaquera! Ratifico suas palavras em relação á PM: foi desprezível, quase simplória a solução dada aos homens da lei para o deslocamento da nossa torcida até o local do jogo. Só faltou falarem: "melhor vcs não irem ao jogo mas quem for não nos responsabilizaremos" Inacreditável o desprezo dessa corporação pelas torcidas organizadas. (ou pela organizada do Palmeiras apenas?) A mídia claro, comprou a ocasião como abutres esfomeados. Até aí nenhuma novidade. Mas o que ficou escancarado nas matérias veiculadas é a total postura preconceituosa, "temerária" e hostil á torcida do Palmeiras que, como de praxe, foi taxada de vândalos antes mesmo de tomar as ruas sentido Itaquera. A torcida dos lixos é tão protegida que perdeu meu respeito enquanto tal (acredite, eu já tive respeito por eles). Logo eles que nunca quebraram, agrediram ou mataram. Vamos ver na volta como será a cobertura da vinda dos gambas na Arena. Outra coisa são alguns vindo aqui simplesmente chamar o dono do site de bandido, etc...argumentação zero. Pelo menos quem faz o blog argumenta. Vc pode discordar, mas o cara argumenta! Aí vem o "torcedor do bem" disparar vagabundo, bandido...alguém que se supõe sensato deveria saber argumentar e usar da educação que acusam o autor de não ter. Ridículos! Quanto ás cadeiras...eu sempre digo que 14 anos de humilhações na era da Internet não é brincadeira. A torcida não aguenta mais e nem acho q quebraram só pq era dos gambas. Não! Quebraram como forma de protesto ao PN. Queremos time! queremos ser respeitados dentro de campo novamente! E não me venham os "torcedores do bem", falar em protestar com educação com gritos e cartazes. Para né...vão estudar um pouco de História seus alienados antes de virem ensinar os outros como se portarem numa arquibancada. Ridículos!(2)

Douglaa SEP disse...
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Anônimo disse...
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Anônimo disse...
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Anônimo disse...
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Luiz Claudio disse...

Bom !!! quanto a quebra de cadeiras, o que eu acho e que provavelmente vai acontecer nos proximos, nos proximos e nos proximos jogos classicos, é que de 1.700 ingressos para os visitantes que foi para esse jogo, ira cair para 1.500 e outro proximo ira cair para 1.200 e assim sucessivamente, ou seja, classicos vão se de uma torcida só logo logo. Uma pena.... Então, independente da "fase do time" ou da "valentia do torcedor", esse negocio de quebrar cadeiras tem que acabar, pois os unicos prejudicados com isso num futuro bem proximo vai ser nós mesmos, pois teremos de assistir tais jogos no "sofá" de casa ou ouvir no "radinho" de pilha. Seria bom os organizadas começar a policiar seus integrantes....

Anônimo disse...
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Unknown disse...

Boa tarde a todos em especial a Você Barneschi que sempre admirei sua conduta e postura perante aos assuntos de um futebol que esta perdendo as características normais, tornando-se um espetáculo propicio aos frequentadores de Shoppings ou baladas sem nexo , o FUTEBOL, que sempre disponibilizou a todos a possibilidade de acesso , sem as restrições burguesas que hoje tornam-se fatores de descriminação social profunda, neste momento possuem verdadeiros monumentos INUTEIS, onde o verdadeiro torcedor, tem limitadas ações pois as ``cadeiras´´, imobilizam aos TORCEDORES, que nos estádios revelam o verdadeiro espetáculo que há mais de 100 anos, transformou o Futebol no mais popular esporte deste planeta, lembrando a todos que no ALLIANZ PARQUE, que em breve estará a disposição da SOCIEDADE ESPORTIVA PALMEIRAS, não haverá a retirada das ``cadeiras´´, em nenhum setor, acarretando ao torcedor Alviverde, uma postura engessada, que não identifica o VERDADEIRO aficionado das arquibancadas, que há décadas tem a liberdade de expressar sua paixão, sendo que houveram diversas solicitações coerentes e baseadas em estudos oriundos de centros mais evoluídos, que o sistema alemão , teria uma aceitabilidade , e lucratividade, sem igual , setorizando os elitizados torcedores nas ``confortáveis ´´, cadeiras , oferecendo o espaço atrás das metas como o domicilio de torcedores organizados ou não com conforto e segurança, mas há o porem, o ``empreendedor´´, Walter Torre Junior, bem como o lacaio da figura nefasta Paulo de Almeida Nobre, com o vulgo de FRAUDE, não entendem assim, sacrificando a boa relação entre o empreendimento e seus mais leais consumidores, parabenizo você , pelo relato real de uma incompetência latente, de todos os envolvidos, em uma operação que qualquer criança, mais desenvolvida , teria êxito com detalhes mais simples, o centro de compostagem em Itaquera, é uma representação chula dos desmandos políticos, envolvendo o poder publico e a insana ignorância em tratar o torcedor com respeito!

Unknown disse...

A única solução para que tenhamos clássicos no centro de compostagem em Itaquera, como no ALLIANZ PARQUE, sera a urgente retirada de ``cadeiras´´, nos setores destinados ao TORCEDOR COMUM, além de dependências onde o consumidor seja tratado com respeito, oferecendo-se serviços de bebidas e alimentos com qualidade e preço justo, fator que inibira a sua insatisfação, pois no centro de compostagem de Itaquera, o torcedor gamba , já esta sentindo na ``pele´´, os valores abusivos de produtos e serviços, que serão reflexo dos mesmos valores no ALLIANZ PARQUE, tornando-se o frequentador elitizado, uma vitima do ``conforto´´, ilusório , com um espetáculo de baixo nível técnico!

Raul Martins Dias disse...

E pronto, os VERMES do stjd já estão querendo tirar mandos de campo dos dois clubes.

Anônimo disse...

Vocês ouviram Clóvis Rossi na CBN? Disse que é um ex-palmeirense. O time está mal, então o abandona. Vergonha!

Rafael disse...

Barneschi, sei que já não há o que falar. Tudo já foi dito e repetido. Você foi talvez o primeiro a denunciar o maior crime já cometido contra a SEP e a prever com clareza a tragédia do presente. Mas, por favor, jogue uma gota dágua em nossa carne queimada, publicando um texto. Estamos perdidos, não consigo pensar em algo pior, alguém precisa fazer alguma coisa.
Condolências.

Luan disse...

p rafael tem razao, precisamos de um post seu barneschi, diante dessa situação caótica