-Jornalista, estes são os números.
-Números, este é o jornalista.
Apresente números a um jornalista e ele tremerá.
Não à toa, aquele sujeitinho da Pluri Consultoria vive publicando suas pesquisas falaciosas em veículos de grande circulação - ninguém apura nada e toma-se por verdade o que não é. Também por isso, números absurdos vão parar nas manchetes de grandes jornais e dos principais portais do país todos os dias. É que jornalista, um pouco por preguiça e outro tanto por medo, não sabe bem como checar as informações que chegam embaladas em algarismos e percentuais.
Paulo Nobre não é jornalista. E deveria, tomando por base sua ocupação (?), entender de números. Não apenas dos cifrões que vê em todo e qualquer lugar, mas também de números que se utilizam para contar coisas. Cadeiras, por exemplo.
Mas Nobre, a julgar pelos dados desencontrados que andou divulgando nos últimos dias, ou não entende deles ou mentiu descaradamente. Vejamos, pois:
A pedido da PM, não puderam ser vendidos para o clássico do último domingo os lugares do espaço que fica bem acima do setor visitante. Foram assentos "perdidos".
Nobre, ao longo da semana anterior, disparou versões desencontradas para o "prejuízo" que teria o Palmeiras com essa medida. Falou, inicialmente, que 4 mil ingressos não poderiam ser vendidos. Depois, em reiteradas entrevistas, apontou que seriam 6 mil (e fez uma conta esquizofrênica para chegar a uma renda potencial de R$ 1,2 milhão); foram estes os números que chegaram até o Painel FC nem bem havia esfriado o cadáver do futebol. Para Gobbi, Nobre levou versão ainda mais drástica: seriam 12 mil os ingressos "perdidos" - e o presidente do SCCP repetiu isso inúmeras vezes em sua entrevista.
Pois bem, vamos agora desmontar toda a farsa:
- Ainda que fossem "perdidos" 12 mil ingressos, não há argumento que se sustente. O estádio deve receber a torcida visitante em qualquer situação e não é o espaço eventualmente isolado não configura um empecilho para isso. Que se ajuste o estádio às necessidades.
- Ao que consta, o número 'oficial' de Nobre parece ser de 6 mil ingressos. A partir disso, há duas hipóteses: (1) ele está mentindo; ou (2) ele não sabe bem lidar com os números.
Vejamos, pois, que, em função da presença da torcida visitante, foram isolados apenas e tão somente quatro "gomos" (e mais alguns assentos) do setor superior. E só eles, uma vez que os cordões de isolamento dos setores Sul e Leste foram rigorosamente os habituais, não havendo ali qualquer distinção em relação a uma partida comum.
A foto mostra o espaço isolado (no superior) e evidencia que não houve perda de lugares nos setores Sul e Leste:
No domingo mesmo, tomei a liberdade de fazer uma contagem superficial do número de assentos "perdidos". É fácil, vejam só:
-Cada gomo tem 15 fileiras.
-Cada fileira tem 30 assentos.
-15 vezes 30 é igual a 450.
-Se há quatro gomos, é o caso de multiplicar o número de assentos existentes em cada "gomo" por 4:
-450 vezes 4 é igual a 1.800.
Portanto, senhores, foram "perdidos" algo em torno de 2.000 lugares.
Isso fica mais evidente quando se compara o borderô do clássico com o do jogo anterior, contra a Ponte Preta. Vejamos, pois, quantos ingressos do setor superior foram vendidos em cada uma das partidas:
Borderô de Palmeiras x Ponte Preta (05/02): 13.473
Borderô de Palmeiras x SCCP (08/02): 11.296
Estão aí, portanto, os tais 2.000 lugares apontados na imagem e na minhas contas.
Para além de toda a canalhice de usar o argumento da violência para encobrir suas pretensões financeiras, Nobre precisa se decidir: ou ele mentiu descaradamente sobre os valores ou ele não sabe bem como lidar com números. Seja lá qual for a explicação, é muito grave.
No mais, Nobre precisa entender que os ingressos que deixaram de ser vendidos são exatamente aqueles que ficaram encalhados na bilheteria em função de sua precificação doentia, insana e desconectada da realidade. Estamos falando aí de cerca de 10 mil bilhetes (dos setores Leste e Oeste) que foram colocados à venda por obscenos R$ 350.
Elenco2
Há 7 horas
8 comentários:
Além disso existe um outro fator preponderante:
O que é perder 2, 4 ou 6 mil lugares acima da torcida adversária, quando continuamos perdendo muito mais que isso no centro do campo, por conta dos preçøs exagerados do setor? Qual prejuizo é maior? Alias, prejuízo?
Qual o melhor custo beneficio? Vender 3 lugares a R$150 ou 10 a R$15?
Fica a questão a nosso nobre presidente?
Ajustes são necessários no Palestra, principalmente na questão dos preços. Isso é algo que me preocupa profundamente.
Não fosse a incompetência das autoridades e os desmandos do MP, poderia ser proposto uma reforma para que em grandes jogos a torcida visitante pudesse ficar com o setor superior também.
Como você bem diz, o Paulo Nobre acha que o estádio é um bem particular dele. Percebo esse sentimento em alguns torcedores também. Espero que seja algo passageiro.
O jogo contra o Rio Claro foi meu quarto jogo no Palestra, e tirando o resulta, o gol do Zé Roberto e a "homenagem" ao São Marcos no intervalo, foi um dos piores jogos que eu já fui. Time morno, torcida completamente apagada (fora as organizadas), eu quase me cansei e cometi o pecado de assistir o final do jogo sentado. Está difícil...
Poderia vender a parte de cima para os gambás e reduziria significativamente esse problema de perder lugares. Mas a gestão dessas "arenas" tem sido desastrosa não só no Palmeiras como em todo o Brasil. Minha esperança é que, passado o entusiasmo com a novidade, esses "jênios" da precificação logo caiam na real e os estádios voltem a ser acessíveis a todos.
boa. assim como alguns outros posts, acredito que este também poderia ser inserido lá no 3vv, que tem uma audiência mais diversificada entre os torcedores.
nosso lado está perdendo feio a guerra da propaganda. quanto mais gente ler esse texto melhor.
parabéns pela resistência.
abraço.
Quando ouvi os primeiros números, soube de imediato que era uma mentira absurda - a não ser que o isolamento fosse muito maior. Obrigado por "fazer a contagem" e demonstrar isso incontestavelmente.
E não, não é um problema com números, o único problema é o de caráter, como você já bem disse.
Abraço!
Acho que esta havendo uma parceria de diretoria do palmeiras com os gambas e assm cobra os preços alto
Só tolo não vê que o sr. Paulo Nobre vai tentar de todas as formas elitizar o público no Allianz Parque. A ideia é: afasta-se as organizadas, a classe baixa, e tras o empresário, o classe média alta, o burguês, etc...
Há de se convir, que uma parcela muito alta da torcida do Palmeiras é da elite, "filhos de papai".
O Nobre presidente não é ingenuo ou burro como alguns pensam, ele está armando direitinho, e está ganhando as batalhas, e logo ganhará a guerra.
Não vai demorar muito, o Allianz será palco de pessoas de poder aquisitivo considerado, pois expurgado os "baderneiros e violentos"a classe elitizada ingressará nas arenas, pagará caro, consumirá muito, se tornarão donos do lugar,estabeleceram suas regras e ficarão.
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