A entrada do Goiás no gramado do estádio Libertadores de América foi uma afronta ao futebol. Tanto quanto na ocasião em que a mentira São Caetano foi ao Defensores del Chaco para uma final de Libertadores, algo ainda maior que a decisão de ontem. Os dois foram batidos nos pênaltis, tendo mais peso para isso a camisa do adversário de fora (Olimpia, 3 Libertadores, em 2002; e Independiente, 7 Libertadores, agora) do que propriamente o que foi apresentado na cancha.
Fica o alívio para quem vive o futebol com intensidade. Se os vagabundos que vestem a camisa do Palmeiras foram incapazes de colocar o Goiás no seu devido lugar, eis então que a tarefa foi cumprida pelos amargos de Avellaneda. E o Goiás, que teve tudo para ficar com o título no tempo normal e na prorrogação, foi derrotado pelo peso da camisa do adversário, pelo nome da cancha e, mais que tudo, por ter afrontado o futebol ao ousar pensar em um título que um clube de merda como ele jamais poderia vencer.
Eu tinha prometido não ver o jogo e evitar uma tortura ainda maior, mas não resisti. Passei o dia de ontem pensando no que estaria fazendo em Buenos Aires (e depois em Avellaneda). Imaginei meu dia na cidade que tanto amo, imaginei estar com meu irmão e muitos outros amigos defendendo as cores do Palmeiras mais uma vez fora do país, imaginei onde iríamos comer, por onde iríamos andar, as Quilmes que iríamos derrubar, a expectativa crescendo mais e mais até a hora do jogo. Imaginei até os eventuais confrontos contra os amargos, as pedras vindo em nossa direção, o sufoco para entrar e sair da cancha, os gritos de guerra, o enfrentamento com outro grande sul-americano. Imaginei isso tudo, da chegada a Ezeiza ao que faríamos depois do jogo, na noite de Buenos Aires - e, de certa forma, o que passava pela minha cabeça era a oportunidade de, ao lado de grandes amigos, viver na capital portenha uma madrugada mais alegre do que a vivida no ano passado em Montevideo. Era a oportunidade de fazer a história do Palmeiras.
Isso tudo ficou passando pela cabeça durante todo o dia, e aí, quando veio o jogo, percebi que seria preciso ao menos assistir àquilo tudo para me certificar de que o futebol seria respeitado. Se não foram capazes disso os vagabundos que vestiram a nossa camisa naquela noite de 24 de novembro, ao menos um clube argentino colocou as coisas no lugar. Sem time, sem forças, sem preparo físico, sem nada a não ser o peso da camisa. E ao Palmeiras bastaria entender que a camisa ganha o jogo para que fôssemos nós a comemorar ontem um título inédito e tão merecido para uma torcida que não cansa de acreditar na grandeza de um clube que deixou de acreditar nisso.
09 dezembro 2010
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12 comentários:
mais uma vez a justiça do futebol é aplicada dentro de campo. Concordo com você. E a dor de pensar em como seria se nós estivéssemos lá nunca mais irá embora. Ontem não consegui nem ligar a tv e hoje senti um enorme alivio ao ver que o peso da camisa e da história do futebol mais uma vez venceu!
AVANTI PALESTRA
Ontem torci para o Independiente da msm forma que torço contra o Corínthians!!
Não entrava na cabeça a idéia de um Goiás ser campeão Sulamericano, ainda bem que o peso da camisa falou mais alto, e essa foi a prova de que camisa ganha, foi a prova de que existem times grandes e times pequenos, o futebol agradece ao Independiente!!
Mais uma vez você descreveu perfeitamente o que eu sinto... O Palmeiras perdeu pra ele mesmo, até o Felipão teve culpa naquele absurdo que aconteceu no Pacaembu...
Bastaria jogar com a mesma determinação que o Independiente, que com um time fraquíssimo, levou o título... Falta essa garra pro Palmeiras, que nem o Felipão conseguiu fazer o time incorporar, mas quem sabe faça nesses próximos anos. É nossa última esperança.
Caros esses dois videos sintetizam todo o nosso sentimento:
http://www.youtube.com/watch?v=j8187f_zJXU
http://www.youtube.com/watch?v=9JoIQKsV-TY
FORZZA!!!!
E o pior que o tal de South Park tem razão até isso tiram de nós o direito de jogar em nossa casa.
Para falar a verdade eu ja não alimento mais esperança de coisa boa para o ano que vem não quero me iludir.
Vou esperar para ver o que acontece.
FORZA PALESTRA!!
O Palmeiras tem aonde jogar, o problema eh que a diretoria gosta de fazer o time viajar!!
Nós temos casa, não podemos ser comparados com o Prudente pq durante td nossa existencia sempre tivemos nossa sede na capital...
Não consegui assistir o jogo, não tive estomago pra tanto,mas fiquei aliviada com o resultado.
Esse ano estive em Montevideo fui conhecer o Cenetenario, e me lembrava com tristeza desse seu post sobre nossa eliminação.Vc é capaz de expor nossos sentimetos, com muita precisão e verdade.E a visita ao estádio acabou me deixando deprimida, lembrando da tristeza dos nossos torcedores vagando por lá.
Tomara que nossa camisa volte a impor respeito.Mas ta´difícil de acreditar.
Belo texto...
viu esse texto?
http://globoesporte.globo.com/platb/primeiramao/2010/12/08/o-emocionado-discurso-de-simon/
Seu texto diz tudo.
Fiquei imaginando o nosso grito lá.
Mas não tardará meu velho!
abraço!
Vai PALESTRA!
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