19 outubro 2011

Tributo a Eurico Miranda



Não estranhem o título ou a foto que a abre o post, mas acontece que, traído pela minha memória, pensei que Eurico Miranda havia morrido há uns dois anos. Confundi com o Caixa d’Água, vejam que injustiça. E então, ao constatar o meu erro na viagem para Santos (há 10 dias), me dei conta de como Eurico Miranda faz por merecer um texto que reconheça alguns de seus méritos e que sirva para ao menos relativizar a péssima imagem a ele atribuída. Eis que Felipe Giocondo, um dos amigos que testemunharam o meu ato falho, fez uma solicitação que eu me sinto obrigado a cumprir agora: “Humilhe-se publicamente”. Pois bem, meu caro, reconheço a falha imperdoável e me humilho publicamente: eu “matei” Eurico Miranda.

Feito isso, partimos ao processo inverso:

Eurico Miranda faz falta. E hoje, alguns anos depois da confirmação do atestado de óbito do futebol brasileiro (leia-se Copa/2014) e de toda essa proliferação de canalhas se aproveitando do esporte da maneira mais predatória possível, alguns méritos de Eurico Miranda se tornam um pouco mais evidentes. É sobre eles que pretendo me debruçar, deixando de lado todos aqueles aspectos depreciativos que foram tão bem explorados pela nossa diligente imprensa esportiva (e hoje fica mais fácil entender os porquês):

#Eurico x Rede Globo

Sabemos que a Rede Globo é prejudicial ao futebol brasileiro. Sabemos das seguidas manipulações, da cumplicidade criminosa com a CBF, das mudanças de data e horário que só prejudicam o torcedor, dos jogos às 21h50 da madrugada, da politicagem toda para preservar interesses escusos. Eurico também sabia. E longe de compactuar com a sujeira da emissora carioca, enfrentou os crápulas de frente. Fez isso com todos os meios que lhe eram permitidos: nos bastidores, nas negociações entre clubes e TVs e até mesmo em “praça pública”, em um episódio que ficou eternizado com a logomarca do SBT na camisa do Vasco em uma final de Campeonato Brasileiro:


Dirão alguns que ele próprio não presta - é verdade! - e que fez isso em defesa de interesses pessoais e por vingança contra denúncias feitas pela Rede Globo contra ele. Acontece que não é bem essa a ordem dos fatores. E ainda que fosse, não haveria problema. Eurico também se posicionava contra a intromissão dos interesses da TV no calendário. Nesses tempos em que a emissora de TV é cúmplice da podridão que impera na CBF, é justo reconhecer quem bateu de frente com ela. Eurico fez isso e obrigou os pulhas da Globo a mostrarem a marca do então principal concorrente para todo o país. Aliás, foi exatamente por declarar guerra à emissora carioca que ele foi atacado de maneira tão contundente nos anos seguintes.

Deixarei para o amigo e vascaíno João Medeiros, que me ajudou bastante na elaboração desse post, a incumbência de publicar aqui alguns detalhes mais sórdidos da briga entre Eurico e a Globo.


#Eurico x futebol moderno
Eurico era contra os pontos corridos. E era contra a invasão das empresas no futebol. Aliás, era contra o futebol-empresa logo em um momento em que babacas vomitavam isso na mídia esportiva dia sim, dia não. Eurico era a favor dos estaduais e contra qualquer pensamento de adaptação do calendário brasileiro ao europeu. Eurico era contra os empresários inescrupulosos e condenava o futebol como "bizines". Eurico era a favor das rivalidades (e as alimentava de maneira tão natural quanto raivosa, sem a cafajestice orquestrada de certos dirigentes de hoje). Eurico era defensor das tradições mais importantes do futebol: a arquibancada para o povo, o jogo às 16h de domingo (ou, no caso do Rio, 17h), talvez até os dois pontos por vitória. Em resumo: Eurico era, mesmo sem saber, contra o "futebol moderno".




#Eurico x imprensa

O ex-presidente do Vasco odiava a imprensa esportiva. Brigava com tudo quanto é jornalista e não aceitava matérias tendenciosas contra o seu clube. Era intransigente até e não foram poucas as vezes em que simplesmente proibiu a entrada de jornalistas do Lance!, de O Globo, de rádios diversas e de outros veículos. Sim, dirão alguns que ele fazia isso com quem publicasse denúncias contra ele, mas, em se considerando o nível da nossa crônica esportiva, o conflito viria a calhar nos dias atuais.

Pego emprestadas aqui algumas palavras do João Medeiros: "Ele sempre percebeu o quão elitista é o futebol do Rio, dominado pela imprensa mulamba, pela influência dos riquinhos das Laranjeiras e pela influência "intelectual" do Botafogo... os três da zona sul contra os portugueses da zona norte".



#Eurico x arbitragem
São Januário tem a fama de ser o estádio onde pênaltis suspeitos são assinalados com convicção para o time da casa aos 45 do segundo tempo. Dá para contar nos dedos as vezes em que o Vasco foi prejudicado dentro de casa. E é assim que deveria ser com qualquer time grande. É para a maioria; não é para o Palmeiras, por exemplo. Se a coisa funciona desse jeito em São Januário, é porque Eurico Miranda se encarregou de impor respeito quando se trata de arbitragem.

Para explicar isso, recorro a um único episódio:

Em 1999, um imbecil tentou contrariar a lógica de que o Vasco não pode ser prejudicado em casa: dois anos depois de expulsar três jogadores do Palmeiras no Palestra contra o Rio Branco e no mesmo ano em que, também no Palestra, marcou três pênaltis para a Portuguesa, o árbitro que adora aparecer foi a São Januário e, em uma partida contra o Paraná Clube, inventou de expulsar três jogadores do Vasco. 

Eurico não permitiu que aquela palhaçada prosseguisse. Invadiu o gramado e deu a partida por encerrada aos 41 minutos da etapa final. Eurico pôs o canalha no lugar e restabeleceu a moral e os bons costumes dentro da sua casa: "Assim, eu não tenho como conter esta pessoas revoltadas com a sua atuação. Vai ser difícil garantir a sua integridade depois dessa. Você me expulsou três jogadores", teria dito, segundo esta versão.

O placar apontava 1 a 1. E assim ficou para todo o sempre.

O que fez Eurico? Simples: impôs respeito. Fez algo que, ao longo de décadas, nossos dirigentes, fracos e omissos, jamais conseguiram fazer. Mostrou ao apitador que não se rouba time grande dentro de casa. Fez valer o peso da camisa. E o Vasco se beneficia disso até hoje.

O Palmeiras? Bom, o Palmeiras é o time mais roubado dentro de sua própria casa (e fora também). Sem medo não há respeito. Se Eurico fez o que fez contra o maldito Paulo César de Oliveira, os dirigentes do Palmeiras se calam, aceitam que ele volte a nos roubar ano após ano e, o cúmulo do absurdo, chegam a elogiá-lo.

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A verdade, senhores, é que o futebol brasileiro chegou a um nível tão baixo que Eurico Miranda seria o menor dos males. E sim, deve ter seus méritos reconhecidos e apresentados, em contraponto ao ataque por vezes gratuito de setores da nossa mídia esportiva (e não só). Vale o reconhecimento deste blog e de quem mais concordar com o raciocínio que sustenta esse humilde "tributo".

Eurico teve a sua imagem deturpada (em boa parte com razão) pela imprensa esportiva. Teve seus erros expostos em praça pública, e alguns deles efetivamente são passíveis de condenação sumária. Eurico nunca foi uma figura das mais honestas. Manipulou eleições do Vasco, construiu sua gestão com o suporte de um autoritarismo incabível, esmagou adversários políticos, condenou ao ostracismo figuras importantes da história do clube. Errou a ponto de prejudicar o próprio Vasco. Foi um dos culpados pelo descenso do clube carioca, afastou patrocinadores, perdeu dinheiro até não poder mais e, a exemplo de outros, tentou se eternizar no poder. É, no mínimo, um personagem a ser estudado.

Eurico virou o símbolo de um tempo que já não existe mais. Tornou-se uma figura retrógrada por conta disso, mas ao menos defendia o futebol em que ele acreditava. Era Vasco contra tudo e contra todos - até contra o próprio Vasco. E, a plenos pulmões, insistia em dizer: "eu sou Vasco"

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Deixo aqui, a título de complemento, um importante texto do jornalista Eliakim Araújo sobre o "Linchamento do Vasco". Leiam. E fiquem com mais uma frase do João Medeiros: "Fato é que ninguém pode contestar o fato de que esse cara é vascaíno até o último suspiro de vida"

36 comentários:

Gustavo Moraes disse...

Como dizemos aqui no interior: "Tarrde!"

Compreendi e gostei da homenagem ao Eurico. Apesar de louco, ele ama o Vasco. Temos algo similar em nossas fileiras: o tal do Mustafá, que tenta todo tipo de jogo sujo pra se perpetuar no poder, com a resalva determinante de não ser palmeirense.

Pelo bem do Vasco, o eurico já foi. Pena que ainda temos euricos na rede globo, cbf e no nosso Palmeiras.

Abraço e até mais!

T Vinicius disse...

Antes do vasco ele era pobre, depois virou milionário. É lógico que ele roubou o Vasco. Ele mas se serviu do clube, do que o serviu.
Abraço e Forza Palestra

Rodrigo Barneschi disse...

Fala, Gustavo!

Permita-me observar que há ao menos duas diferenças enormes entre Mustafá e Eurico: o Eurico é vascaíno e gosta de futebol; o Mustafá não é palmeirense e não gosta de futebol.

Abraços

Porcos de Porão disse...

Desculpa, cara, mas você foi infeliz nessa sua matéria. Entendi o que você quis dizer, mas o Eurico é um filho da puta, o Vasco é um time de filho da puta, carioca é tudo filho da puta. PALMEIRAS ATÉ A MORTE.

Rodrigo Barneschi disse...

Porcos de Porão,
Respeito sua opinião, cara. Mas só o que eu fiz foi tentar mostrar o “outro lado” (porque a parte ruim do Eurico já é bem conhecida de todos). Entendo que era necessário fazer tal relativização, ainda que motivada por um lapso de memória. De toda forma, coloquei ali uma série de argumentos que cumprem com essa função. Se você tiver uma opinião contrária, é seu direito, e aí vale expor seus argumentos.
Abraços

Anônimo disse...

@batista_mv

Fala Major...

Q o Eurico e um safado todos nós sabemos, mas ele fez muito pelo Vasco sim e pelo futebol, se fosse por ele essa merda de pontos corridos não existiria...
Eu me lembro de uma entrevista dele flando q ñ aceita o fato do FlaMerda ñ ter estádio, ele dissia q pra ele só poderia jogar o campeonato brasileiro times q tem estádio proprio e q ele era contra o fato do vasco ter q mandar os classicos no Maraca pois a casa vascaina é São Januario.

Não sei pq tem gente aqui que odeia o Vasco, gosto muito deles e quero q eles levem o titulo deste ano pois dos q estão na disputa é o q tem a melhor torcida, o Vasco é muito parecido com o Palmeiras, sempre sofreu as mesmas coisas até mesmo perseguição da imprensa e a sua torcida numca desistiu e HJ está sendo recompensada.

ODIO ETERNO AO FUTEBOL MODERNO

Porcos de Porão disse...

Valeu, cara. Mas só uma adendo. Ele foi importante para o Vasco enquanto ganhava títulos. Tipo o que a MSI fez com a gambazada. Ou em outro patamar o que Hitler representou pra Alemanha. Mas no final o cara foi um câncer pra eles. O Vasco teve que recomeçar com o Dinamite. O que deveria acontecer com o Palmeiras. Alguma alma que assuma e comece tudo do zero. Os méritos nisso é do Dinamite. O Vasco estava virando um Atlético-MG. Valeu pelo espaço. Abraço!

Porcos de Porão disse...

Anônimo, eu não gosto de nenhum outro time. Sou Palmeiras. Abraço

conrado disse...

barneschi, voce teve a manha de fazer um post-tributo pro eurico, e conseguiu me fazer concordar. voce é um monstro! haha!

Anônimo disse...

Cara, contoinuo achando o Eurico um mal para o futebol e um cara q só prejudica o futebol e o Vasco, mas a questão eh que você consegue dar um tom pro seu texto q quase consegue me convencer q ele é bom. Dou parabéns por essa capacidade de expor e defender suas ideias por mais polemicas q elas sejam
Forza palestra!

Gabriel Manetta Marquezin disse...

antes de mais nada, um elogio a este blogueiro que sigo a uns 2 anos, apesar de o blog ser bem mais velho que isso. Barneschi, suas "colunas" deveriam ser impressas e distribuídas na arquibancada. Desde seus pensamentos, até a forma como escreve, os termos usados, é tudo muito envolvente. Parabéns.
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sei que vou levantar polêmica, pois o Eurico já é muito controverso, e vou associá-lo a uma pessoa mais polêmica, e com crimes muito mais graves que o dele, mas foda-se. Pra MIM o Eurico Miranda é o Paulo Maluf do Futebol! nunca votei no Maluf e nunca vou votar, também não não vou estender a comparação porque com certeza vão mudar o rumo do post...

outras situações que eram rotineiras do Eurico, e que hoje viraram folclore:

- Eurico dando coletivas, qualquer que fosse, fumando charuto.

- também com o charuto, ele era flagrado no túnel, antes de jogos importantes, botando pressão e incentivando os jogadores, e sempre puxava grito "casaca", coro que ele sempre puxava em qualquer comemoração vascaína.

- quando o técnico fazia merda, ou os jogadores estavam cagando em campo, ou principalmente quando o árbitro prejudicava o Vasco, ele descia para o campo, se fosse no primeiro tempo ficava no banco ou na boca do túnel esperando seu alvo.

- te um episódio que eu me lembro bem, mas não consegui achar nenhuma foto. Acho que foi por volta de 2001/2002, o Vasco tinha sido prejudicado uns 2 jogos em casa, no terceiro jogo na Colina, o placar do São Januário exibia "in dubio contra o Vasco".

- as frases dele no wikipédia são fabulosas:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Eurico_Miranda#Frases_Marcantes.5B24.5D.5B25.5D


aqui um vídeo que mostra o Eurico no vestiário, comemorando com a música que eu citei, minuto 1,10

http://www.youtube.com/watch?v=KssVSWBtCfA


e aqui ele fumando charuto em coletiva

http://oglobo.globo.com/fotos/2007/12/19/19_MVG_EURICO.jpg



ABS!

Lucas Portela disse...

Embora concorde a plenos pulmões com o ódio ao futebol moderno, discordo com a mesma intensidade da tese proposta.

Eurico Miranda defendia a parte do futebol brasileiro que lhe cabia, e não a sua alma em si. O seu desgosto pelas ingerencias de empresas e midia no futebol eram pq estas afetavam seu poder, não o direito do torcedor.
E ao associar a sua imagem nefasta, permeada de atitudes imperdoáveis de corrupção, autoritarismo e administração falha, serviu de bandeira para a vanguarda do futebol brasileiro moderno: "futebol é isso? Que tal a nossa proposta?" E esse futebol se concretizou principalmente nos bambis, que vinham carregados de dinheiro, em troca da pouca alma que ainda tinham.

Em suma, Erico Miranda prestou ao futebol o mesmo desserviço que Stalin ao socialismo.

Bruno Furlaneto disse...

Mais uma vez a impressionante capacidade de argumentação do autor nos faz pensar o outro lado da moeda.

Eurico era sim um escroto, mas teve uma qualidade notável: lutou pelo clube que amava, ainda que com decisões controversas, e que levaram o Vasco ao fundo do poço.

Enquanto isso, no Palestra, temos um presidente que não é "a favor nem contra", um bananão. Maldito!

Rodrigo Barneschi disse...

Notem, senhores, que ainda que o título dê a entender o contrário, meu objetivo aqui não era defender Eurico Miranda. O objetivo era apresentar o outro lado, trazer argumentações distintas da habitual e eventualmente colher outras impressões.

Dito isso, alguns comentários importantes:

@batista_mv
Também não sei o porquê das manifestações contra o Vasco. Até porque, como fica evidenciado no post, grande parte da aversão ao Vasco tem origem em Eurico Miranda e no trabalho depreciativo feito pela mídia.

Porcos de Porão
Só retiraria a observação relacionada ao Hitler. Não se aplica por uma série de fatores.

Conrado
Valeu, meu caro. Nem era esse o objetivo, mas é bom saber que pelo menos consegui apresentar esse “outro lado”.

Gabriel Manetta
Obrigado pelo comentário, e você é um dos grandes parceiros desse blog. Agradeço também pelos links que você passou. As frases dele na Wikipedia são realmente espetaculares.

Lucas Portela
Bastante pertinente o seu comentário, em especial por essa frase: “E ao associar a sua imagem nefasta, permeada de atitudes imperdoáveis de corrupção, autoritarismo e administração falha, serviu de bandeira para a vanguarda do futebol brasileiro moderno: "futebol é isso? Que tal a nossa proposta?" Admito que não havia pensado sob esse viés e devo concordar com a sua argumentação. Obrigado.

Bruno Furlaneto
É bem por aí: você entendeu o principal ponto da minha argumentação.

Mateus Campos disse...

Sentindo a história "na pele", ela é mais intensa. Sou vascaino. Vamos aos fatos, pois.

Eurico é um grande orador e tem um poder de convencimento enorme. Ele se agiganta em qualquer discussão. É muito difícil discordar dele e ganhar dele na argumentação. Mesmo que ele esteja defendendo o indefensável.

Ele é VASCO. Ponto. Conhece o estatuto do clube de cabo a rabo. Sabe todos os caminhos de São Januário.

Só que...

É egocêntrico e megalômano. Ele foi engolido pelo próprio projeto de poder. Enquanto o grande presidente Calçada mantinha o iracundo Euricão sob suas rédeas, como vice de futebol, a coisa era diferente.

Enquanto Vice de Futebol, Eurico mandava mesmo. Mas respeitava a figura do Calçada. Aliás, qualquer ser vivo no entorno de São Januário, respeita o que o Calçada representa para o Vasco.

É o seguinte: é fácil romantizar a história agora que passou. O Eurico, principalmente no fim dos anos 90, era um grande vice de futebol. Mas é inegável que suas práticas (elevadas ao quadrado após assumir a presidência) levaram o clube ao buraco.

Mas... que eu queria que o Eurico fosse aos microfones (e aos bastidores) para garantir a última partida do campeonato em São Januário (Vasco x imundos), eu queria.


É isso. Parabéns pelo blogue e força ao Palmeiras.

Rodrigo Barneschi disse...

Mateus,

Obrigado pelo relato.

Abraços

Edsinho IV Centenário disse...

Bravo Barneschi, respeito o seu ponto de vista, mas não, desta vez não concordo, o Eurico encontra similaridade com o Sapo Boi, só por aí, a coisa já emperra, mas não vamos brigar por causa disso e vamos à manifestação do dia 24, inclusive, para provar a nossa força.Abço

conrado disse...

IRACUNDO! preciso usar essa palavra de algum jeito!

Porcos de Porão disse...

Mustafá, filho da puta!

Anônimo disse...

Tá mais do que na cara que o "proprietário" deste blog é um puxa-saco do Vasco sem precedentes, e acredito até que seja mais vascaíno do que Palmeirense.

Eurico Miranda foi,ainda é e sempre será : ladrão e pilantra, inclusive nos assuntos de futebol.

Certamente o dono do blog, como bom admirador e fã do Sr Eurico, deve ter ficado feliz quando o Sr Eurico conseguiu ilegalmente escalar Edmundo para jogar contra nós nas finais do Brasileirão de 1997 e também ficado feliz com o penalty não marcado a nosso favor no segundo jogo das finais contra o Vasco no Maracanã (0x0), assim como deve ter aplaudido o Sr Eurico por ele conseguir tirar o Palmeiras e colocar o Vasco para jogar o Campeonato "Mundial de Verão" de Clubes em 2000

Ivan disse...

Eurico Mirando é genial assim como Dr. Paulo Maluf.
Pra quem odeia o que vemos hoje, esse sujeito é ídolo. Símbolo mór de amadorismo e defesa insana de causa.

Comentei com você depois daquele maldito jogo da semi do paulista, quando fomos garfados pelo criminoso: "Fico imaginando como seria se o Eurico Mirando fosse presidente do Palmeiras..."

O que vemos hoje, esse descaso e abandono do Palmeiras jamais aconteceria com Eurico no poder. JAMAIS!

Grande Eurico Miranda, pelo bem do futebol.

Luiz Fernando Sanchez disse...

Cara,parabéns seu post eh muito bem argumentado,destrincha pontos fracos e fortes,mas só uma coisa q eu discordo,ele eh tão vascaíno qnto os Mustafá eh palmeirense,pra mim ele só usava os Vasco para exercer sua sede de poder,talvez ele seja vascaíno mais sua sua ambição desenfreada talvez tenha o deixado confuso,mas de resto concordo com tudo,principalmente em relação a força q eles tinham em São Januário

Luiz disse...

Sou fã incondicional do Eurico.

A cena da invasão contra o vagabundo do apito foi a melhor cena de um dirigente de futebol!

Vagabundo deveria ter feito a mesma coisa na semi do paulista desse ano, mas, infelizmente, só temos bundões no comando. Falta sangue. Falta amor.

Abraço

Luiz

Leonardo disse...

Defender Eurico Mirando, mesmo que seja apenas para mostrar o outro lado da moeda é, ao meu ver, algo impossível de fazer coerentemente.

Se Eurico lutou, a sua forma, contra o futebol moderno, ele foi um dos responsáveis pela modernização do futebol ao ser o responsável de tantas falcatruas.

E daí que ele é vascaíno até a alma? Os fins não justificam os meios. Eurico fez muito mais mal do que bem ao Vasco.

Gustavo Moraes disse...

Está dando o que falar este post!

Concordo com vc, Rodrigo, citando que o Musgambá não gosta de futebol e não é Palmeirense, já que em sua gestão, o sapo obteve apenas o rebaixamento (já que a Parmalat já estava consolidade quando ele assumiu). Por outro lado, o Vasco foi campeão brasileiro em 1997 e em seu centenário venceu a libertadores, fruto do trabalho de Eurico.

A comparação com o Maluf é justificavel: Roubou, mas fez!

abraço a todos!

João Medeiros disse...

Difícil iniciar esse comentário. Mais difícil ainda vai ser parar.

Sou o cara (João Medeiros)a quem o Barneschi se refere nos comentários.
Vascaíno, estudioso do futebol, principalmente em assuntos ligados ao Vasco, defensor incansável do futebol com alma, combatente ferrenho desse tal "futebol moderno" e, no contexto do post, conheci o Sr. Eurico Miranda pessoalmente.

Assim como o Barneschi, NÃO VOU DEFENDER O EURICO. Ele errou muito no comando do Vasco, isso é inquestionável. Mas pergunto a todos os que o acusaram aqui: Baseado em que vocês o acusam? Apenas no noticiado pela grande mídia? Outra reflexão. Quem usou mais o futebol em benefício próprio, Eurico ou Ricardo Teixeira? O que eu quero na verdade saber é o seguinte: Por que as acusações contra o Eurico vem tão carregadas de ódio, diferente das acusações contra outros dirigentes. Outros dirigentes, assim como o Eurico, roubaram, sabemos disso e os acusamos. Mas quando o Eurico é acusado, isso acontece num tom de ódio quase pessoal. Por que?

A explicação para esse ódio está na mídia. Um pouco na figura controversa dele, é verdade. Mas acima de tudo, a Globo, pelos motivos expostos a seguir, empreendeu uma campanha de destruição da imagem dele como jamais fez contra nenhum outro dirigente.

A relação do Eurico com a imprensa nunca foi boa. O Vasco é a antítese do que se pretendia para o futebol quando do seu início no Rio. Fluminense, Botafogo, Flamengo, entre outros menores eram, nos idos de 1900, clubes elitizados e frequentados pela fina flor da sociedade carioca. O Vasco surge nesse momento de negação à colonização portuguesa (rescaldo do Jacobinismo) e de valorização da cultura francesa e inglesa, consideradas mais chiques. Pra completar, o Vasco usava nos seus times jogadores negros, pobres, sem berço. O clube dos portugueses fedidos vence o carioca logo na estréia na 1ª divisão aumentando a fissura entre eles e os clubes de elite da zona sul. Essa diferença existe até hoje e ninguém conseguiu captar e personificar essa "diferença" entre os riquinhos da zona sul e o clube da portuguesada da zona norte melhor que o Eurico.

João Medeiros disse...

Muito bem, o maior rival do Vasco sempre foi o preferido da organização globo. Por que? O pai do Roberto Marinho, fundador de "O Globo", era flamenguista até a morte, paixão que passou para seus filhos. A relação entre o rubro-negro e a globo é tão intensa que na década de 70 um presidente deles foi escolhido dentro dos corredores da emissora do Jd. Botânico (tenho links para comprovar, é só pedir). O fluminense, por sua vez, era o clube chique, clube da família Guinle, dona do Copacabana Palace. Um presidente do Fluminense na década de 1920, Arnaldo Guinle, se não me engano, presidia concomitantemente a federação de futebol do Rio, vejam os senhores. Já o Botafogo, sempre foi o time da elite intelectual (João Saldanha, Armando Nogueira, Oldemário Toguinhó eram todos botafoguenses). Neste ambiente hostil, o Vasco surgiu e cresceu.

Como já disse, o Eurico captava bem essas diferenças e tratava a todos como inimigos mesmo. Mas tentava, a seu modo, ser um inimigo fidagal. Não admitia, e ainda não admite, que um grande disputasse a segunda divisão(Daí a ajuda ao fluminense quando da sua queda para segundona)

Essa diferença se acentuou no limite num episódio da Mercosul de 2000, numa partida contra o Palmeiras (sempre o Palmeiras). Haveria um jogo na quarta-feira entre Vasco x Palmeiras pela Mercosul. Acontece que o Vasco jogaria sábado pelo brasileiro (João Havelange). O Eurico, baseado no CND (Código Nacional de Desportos), que reza que agremiação de futebol profissional nenhuma seria compelida a disputar duas partidas seguidas sem um intervalo mínimo de duas horas entre elas, pede a antecipação do jogo de quarta, contra o Palmeiras. Ocorre que a globo, detentora dos direitos de transmissão, já havia vendido a partida para o mundo todo, e pediu ao Eurico que repensasse sua decisão. O Eurico, confiante de que o Vasco tinha chance de ser campeão dos dois campeonatos, não aceitou e manteve a antecipação causando um prejuízo financeiro gigantesco à Globo.

Para azar do Eurico, na final conta o São Caetano, a grade cedeu e aconteceu aquilo que todo mundo sabe. O comportamento da globo no episódio foi dúbio. No início, o Galvão Bueno elogiava o atendimento dado aos feridos e o comportamento da partida, como relata o Eliakim Araújo no link disponibilizado pelo Barneschi no post. Mas a interrupção da partida durou mais que se previa e a grade de programação da globo estaria irremidiavelmente prejudicada. Se o jogo reiniciasse, mesmo que demorasse muito, a globo teria que transmitir, já que havia o compromisso com os anunciantes. Não passar as novelas irritaria um público por demais caro à globo, como sabemos até hoje, a solução seria encerrar a partida por falta de condições. Consultado, o árbitro, Sr. Godói, ele diz que há condições de segurança para reiniciar a partida. Solução? Retirar o policiamento. O Palácio Guanabara recebe uma ligação e instantes depois o governador Garotinho sobrevoa São Januário e ordena a retirada do policiamento, sem o qual o árbitro não poderia reiniciar a partida. Sabendo do ocorrido, Eurico chama o governador de frouxo (além de outros insultos) ao vivo, em rede nacional. Partida encerrada.

João Medeiros disse...

Para justificar sua atitude, a globo na semana seguinte, promove a mais abjeta campanha de desqualificação de São Januário, dizendo que o estádio não tinha condições de abrigar uma final de brasileiro, dentre outras idiotices.

Eurico se cala e projeta a vingança.

Janeiro de 2001. Final do Brasileiro no Maracanã. Eis que o Vasco sobe ao campo. A globo transmite a partida para todo Brasil. Em seu uniforme, o Vasco estampa a logomarca do SBT. A globo passa 90 minutos fazendo propaganda gratuita para sua maior concorrente então.

Com a guerra declarada, a globo inicia a campanha metódica e continua de destruição moral do Eurico, fazendo dele o cartola mais odiado do Brasil. Ele, orgulhoso e altivo, não se curva e mantem suas posições, retroalimentando o ódio cada vez maior contra sua controvertida figura. É eleito presidente do Vasco e obrigado a administrar o clube sem recursos da TV e de anunciantes, uma vez que a globo, detentora de 90% do mercado de publicidade do país, ameaça a empresa que se dispuser a patrocinar o Vasco. Sufocado financeiramente e precisando fazer o clube funcionar, Eurico aumenta as dívidas (TODO CLUBE BRASILERIO É ENDIVIDADO, ALGUNS MAIS QUE O VASCO). Mas mantem o Vasco na primeira divisão do brasileiro, consegue o título do carioca de 2003, faz final de Copa do Brasil com um time medíocre em 2006 e o Vasco permanece vivo, não obstante a campanha avassaladora da imprensa, que baba ao ver a agonia do clube.

O Eurico é talvez, e a grande maioria aqui vai me dar razão, a maior autoridade em direito esportivo do país. Mantém, há anos, antes de ocupar o cargo de vice-presidente de futebol do Vasco, um escritório de advocacia na Av. Rio Branco, onde dá expediente TODOS os dias. Ele desviou dinheiro do Vasco? Não sei. O fato é que seria rico de qualquer maneira. Os grandes escritórios de advocacia neste país estão milionários. O conhecimento de direito esportivo do Eurico é tão grande que ele conseguiu a proeza de anular um jogo de Libetadores em 1990 (Vasco x Nacional de Medelin). O jogo teve que ser disputado de novo em local neutro.

Bom, esse é o lado do Eurico e a versão dos fatos que a globo jamais irá contar.

Há, acreditem, dirigentes MUITO mais desonestos e ladrões que o Eurico foi. Mas enquanto esses dirigentes continuarem dizendo amém a globo, vão poder roubar em paz, sem campanha alguma contra eles, que o diga o mandatário da CBF.

Barneschi, meu parceiro, desculpa pelo tamanho do coemntário. Disse que seria longo.

Estou à disposição de todos para fornecer fontes, links e referências de tudo que foi dito aqui. Estou igualmente à disposição para o debate, desde que seja fundamentado e sem fanatismos.

Sei muito mais que qualquer um aqui das mazelas e enganos da gestão do Eurico à frente do Vasco, que não são essas que a imnprensa abutre atribui a ele. Mas sei também e repito: Ele foi e é vascaíno até o último suspiro.

turiassu disse...

É... olhando por esse ponto de vista, realmente não se pode deixar de reconhecer os méritos do Eurico, apesar de ser o verme que ele sempre foi.

Gostaria que, pelo menos uma vez na vida, o Palmeiras tivesse um presidente que fosse homem o suficiente (em todos os sentidos da palavra) para fazê-lo ser tratado como time grande que é, pelo menos dentro de seus domínios. Um presidente que ousasse bater de frente com a emissora câncer, como fez o Eurico na final daquela aberração chamada Copa João Havelange.

Enfim... isso é apenas um sonho.

Anônimo disse...

Muito bom. Dirigente bundão apequena o clube!

Casselli

Luiz disse...

Sensacional, João Medeiros. Eurico, se errou, nunca foi pela omissão ou vergonha de defender o Vasco. Diferente do bundão que hoje está a frente do Palmeiras. Belo comentário!

Abraço

Luiz

Railídia disse...

Obrigada, Giocondo, por estimular o Barneschi a essa “humilhação pública” em um texto primoroso. Taí o nosso manifesto inspirado em um personagem rodriguiano. É Brasil! Barneschi, que caneta!

Rodrigo Barneschi disse...

Obrigado a todos pelos muitos comentários. O que eu queria era mesmo expor o "outro lado" e estimular que as pessoas ao menos refletissem sobre o personagem Eurico Miranda.

A Railidia falou agora em "personagem rodriguiano". Não havia pensado nisso, mas faz sentido.

Se fosse cinema, daria para falar em "personagem tridimensional". Assim é Eurico Miranda e, como eu disse, ele merece no mínimo ser estudado.

Ninguém é obrigado a concordar comigo. Nem quero isso. Prefiro até ouvir o outro lado e eventualmente corrigir algum pensamento meu. Foi o caso do comentário do Lucas Portela, que me fez refletir.

O objetivo foi alcançado e agradeço a todos, em especial aos amigos que estimularam essa "humilhação", aos que me passaram informações aqui e ali e ao João Medeiros pela consultoria prévia e agora por esses brilhantes comentários adicionais.

Valeu!

Luana Fioratti disse...

Segue de volta ? 24hpalmeiras.blogspot.com

Rafael Ribeiro disse...

Tive acesso ao seu texto e achei ele maravilhoso. Sempre tocam nos pontos ruins (poucos) e igonoram as inúmeras qualidades daquele que considerao o maior dirigente da história. Sou torcedor da Lusa aqui em SP e do Vasco no Rio. Sou sócio do Vasco, inclusive, e votei todas as vezes em Eurico, chegando a quebrar alguns galhos em sua dministração. Como ninguém explica como ele guiou um clube sem um centavo sequer de patrocínio? Os projetos sociais do Vasco? O esporte olímpico, abandonado por Dinamite? A restauração completa de São Januário, largado pelo líder atual? Com Eurico, Vasco não inundava os bolsos de falsos craques e empresários. Daí os times fracos, cheios de garotos da base. Técnico não caia. E o Vasco não foi rebaixado (caiu com Dinamite pegando o time em 7º). VASCO SIM, EURICO SEMPRE! E PAU NO CU DOS JUQUINHAS, CALAZANS E FLAPRESS QUE NEM SABEM ONDE FICA SÃO JANUÁRIO. Afinal têm medo de ir à favela e preferem ficar no seu mundinho cor de rosa da Zona Sul, à beira da praia.

Ted Wilson disse...

Eurico agigantou o Vasco. E, antes que digam que ele roubava e coisa e tal, ele já era advogado, tinha (como tem até hoje) um escritório próprio e foi deputado federal por oito anos. Se ele roubava o Vasco, então por que os salários dos funcionários não atrasavam? Por que a água e a luz nunca foram cortadas de São Januário? Por que o Vasco estava em dia com a Receita Federal, com todas as dívidas equacionadas? Alguns chegam ao absurdo de dizer que ele foi responsável pelo rebaixamento! Como se o time, quando o banana assumiu o clube, estava em 7º lugar no Brasileiro e tinha ficado entre os 4 melhores da Copa do Brasil? O texto até que conta algumas verdades, mas no final foi só baboseira!