07 outubro 2012

O tamanho de um erro

Incontáveis são as falhas cometidas em 90 minutos por aqueles que vão a campo. Quase todas acabam se diluindo em meio aos desacertos seguintes ou a circunstâncias outras. Quanto muito, um desses tantos erros fica marcado para sempre, determinando a história de um jogo ou mesmo de um campeonato. Ainda assim, será involuntário e acidental, definido em uma fração de segundos.

O erro cometido pelo técnico que dirigiu o Palmeiras neste clássico contra o SPFC, no entanto, é daqueles que se cometem de maneira consciente, uma vez que pensado durante toda a semana e perpetuado por longos, torturantes e irreversíveis 45 minutos. Era mais do que evidente que não se poderia armar um time do jeito como ele armou - menos ainda contra o adversário em questão.

As consequências já eram previsíveis desde a hora em que ouvi alguém anunciar a grotesca escalação na rampa de acesso ao Morumbi. Ficou pior com a bola rolando, e 15 minutos de jogo bastaram para evidenciar o que estava por vir. Era hora de corrigir a deficiência que ele próprio inventou, mas o técnico preferiu a omissão. Manteve aquela situação insustentável, assistiu ao time levar dois gols e então já era tarde demais.

Sim, a derrota poderia vir mesmo com um time bem escalado - porque o adversário teve uma tarde das mais inspiradas -, mas, na situação em que está o Palmeiras, o técnico não tinha o direito de fazer experiências logo em um clássico como este.

Dói, eu sei. Mas agora devemos pensar no jogo ainda mais decisivo da próxima quinta-feira. Vamos a Araraquara, senhores!

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Sei que não é o caso de ficar revirando o passado, mas uma reflexão de ordem conjuntural se faz necessária. Aliás, dois pontos para uma única reflexão. Vamos lá:

1. Se levarmos em conta também a Portuguesa, o Palmeiras disputou neste Brasileirão sete clássicos até o momento - falta apenas mais um, contra o Santos na última rodada. Foram dois empates e cinco derrotas - ou dois pontos em 21. É o pior desempenho de toda a história do clube. Reflitam sobre isso.

2. Com exceções pontuais (Paulista/2008 e Copa do BR/2012), o Palmeiras mostra desde 2002 (ano do rebaixamento) suas deficiências e a a fraqueza de ordem estrutural exatamente em partidas eliminatórias ou em clássicos e duelos contra outros grandes. Porque o time pode até se sair bem em jogos intermediários, mas sucumbe quando dele se espera algo mais. Os números estão aí para comprovar isso que digo, e nada pode ser mais vergonhoso do que o tabu de 11 anos sem vitórias contra o SPFC em seu estádio. Depois daqueles 4 a 2 do gol do Alex, foram mais 19 jogos, com 7 empates e 12 derrotas. Um vexame:

21.04.2002 SPFC 1-1 Palmeiras - 29.467 - Rio-SP
27.04.2002 Palmeiras 2-2 SPFC - 24.124 - Rio-SP
02.10.2004 SPFC 2-1 Palmeiras - 12.501 - Brasileiro
20.02.2005 Palmeiras 0-3 SPFC - 36.832 - Paulista
25.05.2005 SPFC 2-0 Palmeiras - 60.343 - Libertadores
04.08.2005 SPFC 3-3 Palmeiras - 14.810 - Brasileiro
05.02.2006 SPFC 4-2 Palmeiras - 30.970 - Paulista
03.05.2006 SPFC 2-1 Palmeiras - 55.080 - Libertadores
24.05.2006 SPFC 4-1 Palmeiras - 7.861 - Brasileiro
01.04.2007 SPFC 3-1 Palmeiras - 25.936 - Paulista
27.05.2007 SPFC 0-0 Palmeiras - 20.873 - Brasileiro
13.04.2008 SPFC 2-1 Palmeiras - 37.203 - Paulista
13.07.2008 SPFC 2-1 Palmeiras - 22.235 - Brasileiro
28.03.2009 SPFC 1-0 Palmeiras - 18.289 - Paulista
30.08.2009 SPFC 0-0 Palmeiras - 41.083 - Brasileiro
26.05.2010 SPFC 1-0 Palmeiras - 15.522 - Brasileiro
28.02.2011 SPFC 1-1 Palmeiras - 26.238 - Paulista
21.08.2011 SPFC 1-1 Palmeiras - 16.813 - Brasileiro
06.10.2012 SPFC 3-0 Palmeiras - 34.941 - Brasileiro

Estive em todos os 19 jogos acima citados - e em todos os demais desde os anos 90 - e a impressão de quem viveu tão intensamente todos esses confrontos da última década é que, aconteça o que acontecer, a vitória não virá. Seja por chegarmos quase sempre com um time tecnicamente inferior, seja porque a sorte raramente nos acompanha nesse tipo de embate, seja porque a arbitragem é sempre um enorme empecilho. Nada disso, no entanto, é capaz de explicar uma sequência de sete empates e 12 em um período tão longo.

Por mais que haja elementos que se repetem de maneira insistente nessa longa trajetória (é um turno inteiro do Brasileiro, porra!), a chave para entender tamanho fracasso é conjuntural - e os senhores sabem bem do que se trata.

Além dos encontros no Morumbi, Palmeiras e SPFC se enfrentaram outras 18 vezes desde 20 de março de 2002 - quase sempre com mando alviverde. Foram sete vitórias, sete empates e quatro derrotas. Levamos vantagem, é verdade, mas é uma vantagem menor do que a necessária para quem joga "em casa" e insuficiente para compensar o terrível retrospecto no Morumbi. Vamos à lista:

19.05.2002 Palmeiras 0-2 SPFC - Anacleto Campanella - 5.839
22.05.2002 SPFC 2-2 Palmeiras - Canindé - 6.710
02.10.2002 Palmeiras 1-1 SPFC - Pacaembu - 24.780
27.06.2004 Palmeiras 2-1 SPFC - Pacaembu - 12.523
18.05.2005 Palmeiras 0-1 SPFC - Palestra - 18.947
12.11.2005 Palmeiras 2-1 SPFC - Pacaembu - 5.252
26.04.2006 Palmeiras 1-1 SPFC - Palestra - 18.621
24.09.2006 Palmeiras 3-1 SPFC - Prudentão - 20.839
29.08.2007 Palmeiras 0-1 SPFC - Palestra - 16.124
16.03.2008 Palmeiras 4-1 SPFC - Santa Cruz - 28.422
20.04.2008 Palmeiras 2-0 SPFC - Palestra - 27.680
19.10.2008 Palmeiras 2-2 SPFC - Palestra - 26.676
24.05.2009 Palmeiras 0-0 SPFC - Palestra - 12.000
21.02.2010 Palmeiras 2-0 SPFC - Palestra - 13.590
19.09.2010 Palmeiras 0-2 SPFC - Pacaembu - 15.011
27.11.2011 Palmeiras 1-0 SPFC - Pacaembu - 18.364
26.02.2012 Palmeiras 3-3 SPFC - Prudentão - 19.161
15.07.2012 Palmeiras 1-1 SPFC - Arena Barueri - 8.374

Como se vê, foram sete estádios diferentes para apenas 18 jogos, e isso é também sintomático do estágio a que chegamos - em especial as opções por Ribeirão, Prudente e Barueri.

Ao final, somados os jogos "em casa" e fora, temos um cenário que em nada combina com um clássico: apenas sete vitórias conquistadas em 37 jogos, contra 16 triunfos do nosso rival e outros 14 empates. E é exatamente por isso que perdemos na década passada uma longa supremacia histórica, que já completava 70 anos.

Que a democracia nos devolva o gigante Palmeiras e aí haveremos de recuperar o que os velhos malditos nos tomaram.

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Do Painel FC de sábado, 06.10.2012:

Outro lado... A escalação de Paulo César de Oliveira para o clássico de hoje expôs não só a falta de articulação política do Palmeiras com a CBF mas também a força que o árbitro tem nos bastidores.

...da moeda. Ao conseguir voltar a atuar em um jogo do Palmeiras -num clássico contra o São Paulo-, Oliveira demonstrou poder perante à cartolagem. Segundo amigos, o juiz tem anseios de fazer uma carreira política dentro da arbitragem brasileira. 


Em alta. O árbitro desfruta de prestígio dentro da Federação Paulista de Futebol.

18 comentários:

Jean disse...

Amém!

Anônimo disse...

esse jogo 3x0 foi pouco

Anônimo disse...

Valdivia machucado novamente...
É claro que pode acontecer com qualquer jogador, mas se fosse em outros tempos, o camarada ficaria até o fim, com ou sem joelho!

Anônimo disse...

só faltou reclamar do juiz nesse post...

Sergio Mendonça disse...

Respeitando sua opinião o atual técnico do Palmeiras, Gilson Kleina não posssui nenhuma margem de erro, neste final de C.B.

Pois afinal seu antecessor o badaladisimo Luiz FElipe Scolari comseguiu perder 15 jogos, deixar o time na rabeira do campeonato e fugir quando percebeu a situação que o time estava.

Espero que no proximo jogo diante do time paranaense, Gilson Kleina mande para o campo atletas que efetivamente estejam motivados a jogar pelo Palmeiras.

A situação é complicada mais ainda existe pontos a serem disputados e com bons resultados podemos sair desta incomoda situação que o homem dos 700 mil por mês nos deixou.

César SEP disse...

Tem jogadores que não tem condições de vestir o manto do Palmeiras e nem sequer ser JOGADOR PROFISSIONAL, como marcio araujo (só toque de lado), daniel carvalho (pesa 100Kg), mauricio ramos (zagueiro pesadão e lento demais, tomou um baile daquele bambi lucas) etc.

O valdívia não faz nada o q se espera dele, ainda mais nos momentos decisivos, como foi o clássico de ontem.

E ainda por cima aquele bicha do denilson (refugo de time inglês) acerta um chute q nunca mais vai conseguir durante toda a vida...
Só contra agente acontece essas coisas...

o q achou do público total? 34.000 foi pouco. O palmeiras colocou 31.000 num jogo contra a ponte, imagina se fosse um clássico...

Os bambi não lotam o panetone há MUITO TEMPO...

Abs

Anônimo disse...

Prezado Barneschi,
Penso exatamente como você. Eu também ao ouvir a escalação arrepiei! Achei péssima e equivocada. Não deu outra. Os rosas chegaram atropelando e não tínhamos reação. Era pra mudar logo, perceber o erro, tentar melhorar...Mas, lamentavelmente, o kleina nada fez! Agoniante, pois você quer ser o técnico nesta hora. Depois da expulsão do malugquete e da lesão do chileno, ficou mesmo impossível. Que o nosso treinador tenha aprendido a lição! Ainda dependemos só de nós mesmos. É seguir apoiando. À Araquara, para matar ou morrer!

Anônimo disse...

É continuar de cabeça erguida, a derrota para as bicholas estava na conta, afinal era clássico, uma vitória seria excelente, porém a derrota não é o fim. Sobre o Gilson Kleina, acho ele um bom técnico. Espero que haja tempo para nos safar e enfim começar VIDA NOVA em 2013. Porque essa vida de perder todos os clássicos ou empatar e todo ano brigar pra não cair já encheu o saco !

Danillo Bovi

Anônimo disse...

acho engraçado...vejo em comentarios..."o valdivia não fez oq esperavamos dele"
cara esse valdivia é um verdadeiro mago mesmo....pq deve fazer magica pra fazer a torcida acreditar que ele é joga bola...

Enrico disse...

Sobre o Kleina espero que com essa derrota ele entenda que é técnico do PALMEIRAS e não destes times 1/2 boca que ele andou rodando na sua carreira, têm que ter outra postura e não achar que dando uma de prof. Pardal vai se dar bem, o buraco aqui é mais embaixo, imprensa de olho, torcida enorme pressionando... mas acho que sairemos desta!
Abs

GilMackoy disse...

Jogo lamentável, pra esquecer. Bora apoiar pra quinta-feira.

Bruno Lauria disse...

Ridículo o histórico, o jogo, a escalação.

De qualquer forma, infelizmente, pelo contexto, era de se esperar nenhum ponto nessa rodada, ainda que nossos corações teimassem em acreditar no contrário.

Quinta-feira será o jogo que definirá tudo. Se não ganharmos, podemos nos acostumar com a Série B. Se ganharmos, a Esperança volta e teremos chances reais de escapar.

Isso é meio óbvio, mas realmente a sobrevivência dependerá de quinta. Qualquer resultado que não seja a vitória trará aquela sensação de insegurança (que nós e esse grupo de jogadores frouxos conhecemos bem) e, o resultado, todos nós conhecemos.

Por isso, todo ser palestrino desse Universo precisa fazer o esforço máximo e ir p/ Araraquara, se esgoelar lá dentro e não voltar sem a vitória.

Na minha opinião, é (possibilidade de) vida ou morte (garantida).

Anônimo disse...

estive em varios destes jogos e realemente nao ta dano pra chamar de classico mais. só tomamos bucha. daqui a pouco, nosso classico sera contra o coritiba!

Anônimo disse...

Boa tarde a todos,parabens pelo post Barneschi, sua indignação é de todos, os classicos são guerras eternas, não ha resultado pior que a derrota, a humilhante tragetoria, nos põe a margem da historia, temos uma supremacia em titulos , em dignidade e fatos, os pederastas são o esgoto dos clubes rufiões desta terra, não ha respeito aos larapios, sendo claro que estes resultados malditos e concretos , são reflexo da tragetoria feudal do poder barato e tosco dos atuais gestores do clube, sendo ausente o bom senso e profissionalismo em administrar a paixão de quinze milhões de Palmeirenses, que tem ainda a esperança de terem o Palmeiras na serie A em 2013, pois são trinta pontos a disputar, sendo necessarios vinte, algo possivel e viavel, é só ter sangue nos olhos, apenas coragem!
Claudio Longo!

Luiz Eduardo disse...

Claudio, o correto é trajetoria! infelizmente, nao temos a supremacia em titulos, é so olhar pra libertadores e mundiais. estamos muito atras. e agora perdemos a supremacia em confrontos diretos. maldita gestao!

Anônimo disse...

Claudio Longo

larga de ser lunatico!!

Vinicius P. disse...

Concordo com todos comentários mas uma coisa me deixa intrigado.
O que o Kleina pensou sobre Valdivia e Daniel Carvalho não é a coisa mais absurda do mundo.
É só voltarmos atrás e ver que quando o Daniel Carvalho chegou, o pedido da nossa torcida sempre foi pro Felipão entrar com Chinelo e o Daniel no meio, e foi isso que o Kleina fez. Ou tô errado?

O que eu acho que ele errou é na escalação do Maldito Caramujo e não ter corrigido enquanto teve tempo. Até na expulsão do burro do Arthur ele poderia ter sacado que ia acontecer.
Agora creditar toda a culpa desse jogo no técnico naõ dá, o time não correu, não marcou não fez nada.

Só uma coisa, o Tiago Real não é a salvação nem nunca será, mas desde que ele chegou, fez mais que o Valdívia nos 17 (?) jogos que esteve em campo - nenhum gol, nenhuma assistência.
E ainda tem fã-clube eterno. Vaza Chinelo!

Saudações e vamos sair dessa.

ULTRA ALVIVERDE disse...

Tambem acho que a culpa do resultado não foi toda do tecnico, mesmo por que, 99,8% dos torcedores do Palmeiras sempre pediram pra jogar com o Chileno e o Barril, e nunca vimos isso....
No jogo contra o Milionarios, o Barril jogou bem, e com o time embalado seria a chance de jogar com os dois juntos....
Só que aih, entra os detalhes, Caramujo, Artur, Falta de vontade...
Eu não consigo entender como um time como o Palmeiras tem jogadores que entram em campo em um classico e precisando ganhar o jogo, sem nenhuma vontade, perdendo toda dividida para as bichas, não correndo, não dividindo, não jogando....
Como li em um comentario.... Kleina seja bem vindo ao Palmeiras, e tenha coragem de sumir com esses ratos que ainda vestem a camisa do Palmeiras.