Eu bem poderia rememorar um dos tantos textos que já escrevi sobre a elitização ora em curso no futebol brasileiro. Poderia voltar aos idos de 2007, quando proclamei, de maneira um tanto isolada, que a Copa do Mundo deste ano era o "atestado de óbito" do futebol neste país. Poderia. Investiria nisso um tempo de que não disponho e, ainda assim, os elitistas continuariam existindo. Não se acaba com uma praga assim tão facilmente.
Eis então que eu deixo de lado todo esse esforço para brevemente abrir espaço para a campanha
#centenariopopular, nascida a partir da visão de quem enxerga o Palmeiras não a partir de um prisma deformado, mas sim como ele é: como um clube de massa e que deve abraçar todos os seus torcedores para continuar sendo gigante.
Em poucas horas, a iniciativa ganhou força e apoio do torcedor. O raciocínio é simples:
O Palmeiras vai a campo pela última vez em casa antes da Copa do Mundo no sábado, 10/05, às 18h30, contra o Goiás. Em tendo sequência a política de preços desta direção (ingresso a R$ 60), é de se esperar um público na casa de 9 a 12 mil pagantes, com renda girando em torno de R$ 380 mil a R$ 500 mil. Nada muito diferente, portanto, do que tivemos no duelo contra o Fluminense (11.189 pagantes para uma renda de quase R$ 475 mil).
Os apontamentos acima não são derivados de algum impressionismo, tampouco têm a superficialidade das análises feitas pela gestão atual para precificar os nossos ingressos. Eles se sustentam, isso sim, em uma base de dados de mais de 20 anos - porque se tem uma coisa que importa para mim é o público que vai ao estádio...
Pois bem, podemos ter a mesma renda com o estádio 30% cheio ou com o estádio 100% repleto. Há, de imediato, um benefício lógico, aquele que diz respeito à parte técnica: porque o time evidentemente entraria em campo mais motivado e, por consequência, mais chances de vitória teria. Existe, em conjunto, um segundo fator, o do arrefecimento na animosidade entre torcida e direção. Também, em paralelo, um ganho de imagem para o clube, pois estádio cheio rende melhores imagens na TV, favorece comentários elogiosos na mídia e reforça a auto-estima dos envolvidos. E, por fim, a vantagem mais importante diria respeito ao restabelecimento do vínculo entre o Palmeiras e seus torcedores humildes, aqueles que, de uns tempos para cá, se viram alijados do estádio por uma política de precificação que não se apoia em qualquer tipo de pesquisa, mas sim nos impressionismos e no bolso de um presidente desconectado da realidade - e, vá lá, de uma pequena corja que o bajula.
Basta querer o bem do Palmeiras para se engajar. Foi o que ocorreu com quase todos os que se manifestaram sobre a campanha.
Se houve exceções?
Sim, houve. Pouquíssimos se manifestaram contra a iniciativa.
Se você, por curiosidade mórbida, quiser conhecer a opinião destas pobres criaturas, sugiro fazer uma busca lá no Twitter mesmo. Vá lá. É um exercício antropológico, de conhecimento de tudo de mais podre que pode haver na raça humana.
De minha parte, eu me permito fazer uma divisão bem simplista desta corja. São dois os tipos divergentes:
-1. Os bajuladores
São os indigentes mentais que pensam dar algum tipo de suporte à gestão que aí está. Via Twitter e por outros meios, já apontei essas criaturas (vale conferir
este post). Temos lá os deslumbrados, os interesseiros (sempre atrás de um espaço ou de uma carteirinha) e os puramente mal intencionados. Há três formas de reconhecê-los:
(I) pelo raciocínio débil e distorcido, digno de um indigente mental - tem uns aí que adoram falar em "antinobretes" (?); mal percebem o quanto isso revela sobre a condição de, como é mesmo?, "nobretes".
(II) pela fragilidade argumentativa, quase sempre repetindo terminologias como
estas aqui.
(III) pela obsessão política - porque, preocupados unicamente com um conchavos baratos, haverão sempre de apontar motivações de ordem política em tudo aquilo que evidenciar a inaptidão da gestão que aí está. Atentem para isso, porque os que apontam "política" em tudo são exatamente os únicos preocupados com isso; a torcida mesmo está preocupada com um alviverde gigante.
-2. Os elitistas
Aí vai muito além da nossa torcida: os elitistas são como os racistas, uma praga que insiste em fazer do mundo um lugar pior. É o tipo de criatura que faz distinção social, que qualifica as pessoas pelas posses financeiras, que vive em um mundo muito particular, fora da realidade. É gente que ontem veio falar que "ingresso barato era para levar mendigo ao estádio", entre outros absurdos.
Alguns dirão que os bajuladores também são elitistas. No que eu devo concordar. Um pouco porque eu tenho o desprazer de conhecer alguns deles pessoalmente, outro tanto porque leio as opiniões sobre política e sobre a vida e só consigo sentir pena de tais criaturas.
O Palmeiras, senhores, é um clube de massa. Que seja, portanto, o Palmeiras de todos os torcedores: dos mendigos aos milionários.
Não há meio termo: ou se está a favor do palmeirense ou se está contra o palmeirense!
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Domingo é dia de seguir para o Maracanã. Teremos, os palmeirenses, direito a cinco mil ingressos, todos eles vendidos apenas no Rio. Gostaria de questionar o seguinte: por que
cazzo nossa diretoria não fez qualquer solicitação ao Flamengo para que parte da nossa carga fosse vendida aqui em São Paulo?