Na altitude de Sucre, Universitario 0-1 Palmeiras
Na maldita Barueri, Palmeiras 3-1 Universitario
O Palestra segue em frente. E eu, por uma dessas coincidências que parecem me perseguir sempre que viajo para fora do país, tive o privilégio de assistir às duas vitórias que asseguraram a passagem à fase seguinte da Copa Sul-Americana. Recém-chegado da viagem de férias, escrevo não necessariamente sobre o 3 a 1 de Barueri, mas essencialmente sobre o 1 a 0 de Sucre. Se deixei de ir a dois jogos em casa (algo que só aconteceu antes uma vez, em 2007, por ocasião da viagem de férias daquele ano), estive ao lado do Palmeiras em Sucre, uma vez que os 15 dias por Peru e Bolívia coincidiram com o jogo de ida por lá.
Fato é que o Universitario, por simpática que seja a Ciudad Blanca, não poderia mesmo fazer frente a um gigante como o Palmeiras. Nos dias que antecederam o jogo de ida, todos os jornais bolivianos (inclusive os de La Paz) pareciam admitir isso. O Palmeiras era apresentado como um monstro, como um desafio sem precedentes para o time de Sucre. Ao alviverde cabiam adjetivos como "laureado", "glorioso", "poderoso" e outros semelhantes.
Antes do jogo da semana passada, muitos palmeirenses caminhavam pelo centro histórico de Sucre, cidade que é o berço da independência do país. Como isso? Bom, acontece que vieram muitos torcedores desde Santa Cruz de la Sierra, a cidade mais populosa do país e que reúne grande comunidade brasileira, muito em virtude da faculdade de medicina que atrai estudantes estrangeiros.
Pouco antes do jogo, a caravana da TUP (vieram cerca de 25 integrantes, em uma verdadeira via crúcis por aeroportos de Brasil, Paraguai e Bolívia) foi confundida pelas crianças da cidade com jogadores do Palmeiras. No momento em que embarcavam no ônibus para ir ao jogo, os torcedores foram cercados pela molecada, que pedia autógrafos para cada um deles.
Ouvi de um dos torcedores a frase que melhor definiu a situação: "São todos vagabundos no Brasil e estão dando autógrafo na gringa". As crianças, iludidas, ficaram depois comparando as assinaturas: Marcos, Kleber, Valdivia etc..
A movimentação no centro da cidade foi apenas um indício do que viria depois. A partida daquela noite de 14 de setembro quase parou Sucre. Mais de 20 mil pessoas (quase 10% da população local) foram ao estádio Olimpico Pátria, com capacidade para receber pouco mais de 30 mil. Ingressos entre 20 bolivianos (cerca de R$ 5) para a popular (curvas Norte e Sur) e 40 bolivianos (cerca de R$ 10) para a Preferencia (a numerada deles). A nossa torcida ficou na General, no meio do campo, a 30 bolivianos (cerca de R$ 7,50).
Como tudo na Bolívia, prevalece a informalidade absoluta. Os cambistas são quase legalizados e os próprios bilheteiros os indicam como possíveis vendedores. A polícia quase não interfere em todo aquele cenário e o mais curioso é que as mulheres, algumas já idosas, são maioria entre as que vendem ingressos.
Do lado de fora do estádio, filas enormes – a entrada é muito lenta – e a desorganização impera para além do compreensível. Descobrir onde ficaria a torcida visitante foi tarefa das mais difíceis: policiais, bilheteiros e as pessoas que supostamente deveriam informar o público conseguiram dar todas as respostas possíveis. Segundo as versões conflitantes, poderíamos ficar na Curva Norte, na Curva Sur, na Preferencia ou na General. Ao final, com o ingresso para o setor errado, descobre-se lá dentro que o setor era outro, do lado oposto. Seguimos com mais informalidade: deu para sair pelo mesmo portão e dar a volta no estádio para ingressar no local correto.
Uma vez lá dentro, estavámos reunidos cerca de 300 palestrinos, em um canto não muito reservado do setor mais cheio - e isso explica o fato de praticamente não existir divisão entre nós e a torcida da casa. O risco de conflito, no entanto, parecia nulo, com o público mais preocupado em assistir ao jogo que torcer ou arrumar confusão. Barras? Sim, havia uma, lá do outro lado, mas em número bem reduzido - talvez 250 ou 300, não mais do que isso. E a cantoria deles não se fazia notar lá de onde estávamos.
O jogo foi o que vocês todos viram aqui: o Palmeiras fez o mínimo necessário para superar a empolgação do time boliviano e a altitude. 0-1 na medida exata. A reação do torcedor do Universitário era de absoluta resignação. No dia seguinte, o Correio del Sur, principal periódico de Sucre, estampou o seguinte: "Universitário vende caro a derrota". Pouco para o time da casa, não?
No começo da semana, dividi o voo da Bolívia para o Brasil com a delegação do Universitario, incluindo até alguns jornalistas de Sucre. Pareciam todos deslumbrados com a viagem para cá. Por mais que tenham feito brincadeiras e dito que venceriam aqui, é difícil crer que qualquer um deles realmente acreditassem que era possível reverter a situação desfavorável. Deu no que deu.
Aqui, no jogo de volta, uma vitória que ficou até pequena diante do que poderia ser. Mas o principal mesmo é o desgosto de ver o Palmeiras sabotar o seu torcedor com a imbecil, indecente e criminosa decisão de mandar os jogos na distante, inacessível e pedagiada Barueri. Prometo que vou escrever sobre isso no próximo post, mas faço questão agora de agradecer à nossa diretoria, à administração do estádio e à Rede Globo por enfrentar um trânsito infernal na ida, por pagar pedágio por ver meu time como mandante e por chegar em casa já no meio da madrugada do dia seguinte. O resto fica para depois.
AVANTI PALESTRA!
Fato é que o Universitario, por simpática que seja a Ciudad Blanca, não poderia mesmo fazer frente a um gigante como o Palmeiras. Nos dias que antecederam o jogo de ida, todos os jornais bolivianos (inclusive os de La Paz) pareciam admitir isso. O Palmeiras era apresentado como um monstro, como um desafio sem precedentes para o time de Sucre. Ao alviverde cabiam adjetivos como "laureado", "glorioso", "poderoso" e outros semelhantes.
Antes do jogo da semana passada, muitos palmeirenses caminhavam pelo centro histórico de Sucre, cidade que é o berço da independência do país. Como isso? Bom, acontece que vieram muitos torcedores desde Santa Cruz de la Sierra, a cidade mais populosa do país e que reúne grande comunidade brasileira, muito em virtude da faculdade de medicina que atrai estudantes estrangeiros.
Pouco antes do jogo, a caravana da TUP (vieram cerca de 25 integrantes, em uma verdadeira via crúcis por aeroportos de Brasil, Paraguai e Bolívia) foi confundida pelas crianças da cidade com jogadores do Palmeiras. No momento em que embarcavam no ônibus para ir ao jogo, os torcedores foram cercados pela molecada, que pedia autógrafos para cada um deles.
Ouvi de um dos torcedores a frase que melhor definiu a situação: "São todos vagabundos no Brasil e estão dando autógrafo na gringa". As crianças, iludidas, ficaram depois comparando as assinaturas: Marcos, Kleber, Valdivia etc..
A movimentação no centro da cidade foi apenas um indício do que viria depois. A partida daquela noite de 14 de setembro quase parou Sucre. Mais de 20 mil pessoas (quase 10% da população local) foram ao estádio Olimpico Pátria, com capacidade para receber pouco mais de 30 mil. Ingressos entre 20 bolivianos (cerca de R$ 5) para a popular (curvas Norte e Sur) e 40 bolivianos (cerca de R$ 10) para a Preferencia (a numerada deles). A nossa torcida ficou na General, no meio do campo, a 30 bolivianos (cerca de R$ 7,50).
Como tudo na Bolívia, prevalece a informalidade absoluta. Os cambistas são quase legalizados e os próprios bilheteiros os indicam como possíveis vendedores. A polícia quase não interfere em todo aquele cenário e o mais curioso é que as mulheres, algumas já idosas, são maioria entre as que vendem ingressos.
Do lado de fora do estádio, filas enormes – a entrada é muito lenta – e a desorganização impera para além do compreensível. Descobrir onde ficaria a torcida visitante foi tarefa das mais difíceis: policiais, bilheteiros e as pessoas que supostamente deveriam informar o público conseguiram dar todas as respostas possíveis. Segundo as versões conflitantes, poderíamos ficar na Curva Norte, na Curva Sur, na Preferencia ou na General. Ao final, com o ingresso para o setor errado, descobre-se lá dentro que o setor era outro, do lado oposto. Seguimos com mais informalidade: deu para sair pelo mesmo portão e dar a volta no estádio para ingressar no local correto.
Uma vez lá dentro, estavámos reunidos cerca de 300 palestrinos, em um canto não muito reservado do setor mais cheio - e isso explica o fato de praticamente não existir divisão entre nós e a torcida da casa. O risco de conflito, no entanto, parecia nulo, com o público mais preocupado em assistir ao jogo que torcer ou arrumar confusão. Barras? Sim, havia uma, lá do outro lado, mas em número bem reduzido - talvez 250 ou 300, não mais do que isso. E a cantoria deles não se fazia notar lá de onde estávamos.
O jogo foi o que vocês todos viram aqui: o Palmeiras fez o mínimo necessário para superar a empolgação do time boliviano e a altitude. 0-1 na medida exata. A reação do torcedor do Universitário era de absoluta resignação. No dia seguinte, o Correio del Sur, principal periódico de Sucre, estampou o seguinte: "Universitário vende caro a derrota". Pouco para o time da casa, não?
No começo da semana, dividi o voo da Bolívia para o Brasil com a delegação do Universitario, incluindo até alguns jornalistas de Sucre. Pareciam todos deslumbrados com a viagem para cá. Por mais que tenham feito brincadeiras e dito que venceriam aqui, é difícil crer que qualquer um deles realmente acreditassem que era possível reverter a situação desfavorável. Deu no que deu.
Aqui, no jogo de volta, uma vitória que ficou até pequena diante do que poderia ser. Mas o principal mesmo é o desgosto de ver o Palmeiras sabotar o seu torcedor com a imbecil, indecente e criminosa decisão de mandar os jogos na distante, inacessível e pedagiada Barueri. Prometo que vou escrever sobre isso no próximo post, mas faço questão agora de agradecer à nossa diretoria, à administração do estádio e à Rede Globo por enfrentar um trânsito infernal na ida, por pagar pedágio por ver meu time como mandante e por chegar em casa já no meio da madrugada do dia seguinte. O resto fica para depois.
AVANTI PALESTRA!
9 comentários:
Do caralho!
Vai, Palmeiras!!!
Estive também em Sucre em 2006 e pude conhecer muita coisa desta simpática cidade. Uma pena, sempre que viajo nunca casa do Palmeiras jogar nos vizinhos hermanos. Tenho total confiança neste título e nesses jogadores! Vamo Palestra!
Barueri proporcionou a única oportunidade dos sucrianos nos zuarem...
eles devem estar dizendo:"pelo menos no nosso singelo estádio a luz não acabou"...
ridículo
abs pilantra
Bem vindo de volta!!
Isso que é torcedor, mesmo nas férias não perde a oportunidade!!
Ontem eu dei muita risada quando acabou a luz, era tudo que eu queria, estádio sem iluminação e um público ridículo de 10 mil pagantes, que poderia ser tranquilamente 30 mil no Pacaembú...
Foi mais uma pra acabar de vez com essa merda de Arena Barueri!!
Abraços
ate que enfim voltou... tava fazendo mta falta!!!!
grande post
e barueri eh uma merda
Que bom que vc voltou!!!Demais vc ter ido ao jogo e obrigado por compartilhar conosco e nos transportar prá lá.
Qto a Barueri fico no aguardo do post,prá comentar mais um desrespeito com nós torcedores.
Da uma olhada nessas reportagens:
http://espnbrasil.terra.com.br/palmeiras/noticia/155624_CONTRA+FALSA+MODERNIZACAO+DO+FUTEBOL+NASCE+ASSOCIACAO+PARA+DEFENDER+O+TORCEDOR+VAO+SER+OBRIGADOS+A+NOS+OUVIR
http://espnbrasil.terra.com.br/futebolinternacional/noticia/155626_ESTUDIOSO+CRITICA+MODELO+INGLES+DE+ADMINISTRACAO+DO+FUTEBOL+E+USA+ALEMANHA+COMO+EXEMPLO
Finalmente estamos começando a debater de verdade esse assunto!
Abraços
Valeu, João. Isso aí tá na minha lista desde antes das férias para um novo post.
Abraços
Fala Barnei !!
Gostei muito deste post principalmente por ser absolutamente justo com a Bolivia e retratar muito bem como são as coisas por lá.
Realmente não temos por lá o software da violência, saímos de fábrica sem esse opcional, nossa maior força sempre esteve na nossa humildade, como você pôde verificar nos jornais. Infelizmente muitos não conseguem ver isso e confundem as coisas, tratando nossa virtude como se fosse fraqueza...
Parabéns de novo !!!
Jefferson Camacho - Aragonez
Postar um comentário