28 outubro 2010

Futebol itinerante

Prudente de Barueri, Barueri de Campinas, Guaratinguetá de Americana... O futebol paulista virou uma putaria. Faz-se necessário destacar que tudo isso acontece na gestão de Marco Polo Del Nero, o inimigo do torcedor. É o legado que ele deixa.

E agora, quando surge a notícia de que a mentira de São Caetano pode também mudar de cidade, eu preciso voltar no tempo oito anos e novamente registrar um enorme agradecimento ao Olimpia do Paraguay. Obrigado, Olimpia! Faço questão também de registrar o meu desprezo por todos aqueles que foram ao estádio em algum momento torcer por essa praga azul.

Obrigado, Olimpia!

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2000, final do Campeonato Brasileiro, um dos meus maiores desgostos no futebol. Fui ao Palestra para ver o primeiro jogo da decisão. Minha casa. Fui, é evidente, com a camisa do Vasco e da Mancha. Havia na Turiassu um pouco de tudo: palmeirenses (que lástima...), torcedores do SCCP, do SPFC, do SFC, da Lusa. Todos torcendo pela praga de azul. Nosso estádio se cobriu de um azul disforme, e a torcida do Vasco ficou no espaço destinado ao visitante. Eu tive a decência de torcer contra aquela maldição do ABC e até briguei com alguns imbecis que se travestiram por uma noite. Sinto vergonha por todos os que foram ao Palestra naquela noite empurrar a mentira azul. Obrigado, Romário! Obrigado, Vasco!

25 outubro 2010

O futebol vive na Bolívia

Evo Morales, o presidente da Bolívia, foi jogar futebol. Confrontado por um adversário, fez o que se espera de um jogador, seja ele presidente de um país ou cidadão comum: mandou um pontapé no saco do sujeito. Não vou aqui discutir política, mas preciso registrar que o simples fato de ter origem indígena garante legitimidade a Evo para ocupar o cargo mais elevado da Bolívia.

O incidente protagonizado por ele ocorreu em 4 de outubro, enquanto eu estava no Peru, em viagem de férias. Agora, com relativo atraso, me permito dizer que Morales desferiu o chute não em um adversário ocasional, mas sim no maldito Fair Play da Fifa. Aliás, se Evo se encontrasse algum dia com um desses velhotes safados e hipócritas da Fifa, certamente teria a dignidade de rasgar na frente deles o tal caderno de encargos que a entidade impõe para os estádios.

Corta para o estádio Hernando Siles, em La Paz, palco dos jogos da seleção boliviana de futebol. No dia 13 de outubro último, uma quarta-feira, no decente horário das 20h, se enfrentaram pela oitava vez no ano Bolivar e The Strongest. Era o Clássico Paceño, opondo os dois maiores clubes do país. Quase no mesmo horário, na distante Santa Cruz de la Sierra, Blooming e Oriente Petrolero disputaram outro clássico, o Cruceño. Os dois jogos eram válidos pela 14ª rodada da Liga, o Clausura boliviano.

O Hernando Siles fica em uma área central de La Paz, a 3.600m acima do nível do mar. Com capacidade para receber 45 mil torcedores, está livre ainda das frescuras impostas pela Fifa. Tem cadeiras, de plástico, apenas no setor mais caro, e todo o resto ainda segue os princípios da decência. Do lado de fora, não há qualquer sinal de afetação ou de restrições às liberdades do torcedor de futebol. Há vendedores ambulantes, barraquinhas com todo tipo de comida, e a movimentação caótica e, por isso, saudável que antecede qualquer grande clássico.






Por maior que fosse a movimentação do lado externo, o estádio não encheu naquela noite. Não há demérito algum, se julgarmos que o jogo aconteceu em uma noite com temperatura inferior a 10º C e debaixo de uma tempestade considerável, com direito até a granizo. E, a bem da verdade, era a oitava vez no ano que se enfrentavam os dois times e a situação do The Strongest era bem delicada.

Foram mais de 20 mil torcedores, sendo que 18.291 pagaram ingresso. Disso tudo, eram 13 mil do Bolivar, o clube de maior torcida do país, e 7 mil do Tigre. Quem pagou ingresso desembolsou entre 20 bolivianos (populares, Curvas Sur e Norte) e 70 bolivianos. O que isso significa? Que os torcedores da arquibancada pagaram o equivalente a R$ 5 para ver o grande clássico nacional. Quem optou pelo setor coberto, o mais caro, gastou menos de R$ 18.







Em campo, um grande duelo. The Strongest e Bolivar fizeram uma partida cheia de alternativas, um 3 a 2 com uma virada para cada lado, duas expulsões, invasão de campo, agressões, jogadas ríspidas, muita porrada, provocações recorrentes a partir das curvas. Um clássico, enfim.

E choveu. Muito. Até granizo. Nada que atrapalhasse a festa das duas hinchadas, cada qual localizada na sua respectiva curva. A do Bolivar, bem maior, foi também mais participativa durante os 90 minutos. Do outro lado, a hinchada do Tigre parecia menos confiante e apenas respondia aos gritos que vinham do outro lado.

Quanto ao jogo, vale assistir ao vídeo abaixo, que traz os cinco gols, a chuva, os melhores momentos, as falhas grotescas do goleiro do Bolivar, um erro grosseiro do árbitro e até a invasão do torcedor do Bolivar, um momento único na partida.



As imagens aí do alto não mostram a íntegra da invasão, mas o fato é que, não contente em fazer o que fez com o atleta do Tigre e pouco se importando com as porradas que levou dos reservas, o sujeito foi carregado pelos policiais com os braços erguidos, em sinal de vitória, e fazendo gestos. Deve ter apanhado lá embaixo, é verdade, mas, antes disso, deixou o campo sob aplausos do público.

Sim, o futebol na Bolívia ainda é do povo. É a principal, se não única, alternativa de lazer para a população local. E é respeitado como tal. Que os velhos canalhas e hipócritas enfiem o Padrão Fifa no cu!

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Liga Boliviana - Clausura/2010

The Strongest 3-2 Bolivar
1-0, 1-1, 1-2, 2-2, 3-2
Renda: 459.135 bolivianos
Público: 18.291 pagantes

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Em tempo e para manter a coerência com o meu discurso pré-viagem, insisto que não é possível fazer jogos internacionais em La Paz (ou em Potosí, estádio que também conheci). Não dá. Não existe ar suficiente, não é possível respirar, não dá para andar sem sentir tontura e fraqueza. Está feito o registro.

"The horror, the horror"



Deu tudo errado. O que era temor antes da rodada deste domingo aconteceu tal e qual o roteiro mais indesejado possível. Para o bem ou para o mal, não há muito a quem responsabilizar. Como no jogo do Paulista, um lance isolado fez os rivais saírem na frente e então não tivemos capacidade para chegar pelo menos ao empate. Não dá para ficar atrás de culpados, não dá para criticar a arbitragem, não dá sequer para questionar o trabalho da PM, que parece ter encontrado o esquema adequado para esses clássicos no Pacaembu.

Foi um domingo de horror. Perdemos em campo, vimos cair por terra a chance de buscar uma posição melhor, ressuscitamos o SCCP e ainda vimos o Cruzeiro aprontar mais um dos tantos papelões de uma história ridícula. Mas, a julgar pelo nosso próprio fracasso em campo, não podemos reclamar dos rivais de MG, tampouco do Santos FC. E não dá para escrever nada decente além disso.

"The horror, the horror"

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O fim de semana ficou marcado por encontros entre os grandes rivais no Brasil e também na Argentina. Por aqui tivemos todos os quatro principais clássicos do país em uma mesma jornada: Palmeiras-SCCP, Vasco-Flamengo, Atlético/MG-Cruzeiro e Grêmio-Inter. Por lá, a rodada também foi pensada sob medida: River-Racing, Independiente-Boca, Huracán-San Lorenzo e Vélez-Estudiantes.

22 outubro 2010

BARUERI NÃO!

Começando com um raciocínio propositalmente bem simplório:

O Palmeiras é um clube da cidade de São Paulo. A cidade de São Paulo tem um estádio municipal, o Pacaembu. O Palmeiras é o clube que mais vezes foi campeão no Pacaembu, a despeito de ter o seu próprio estádio. O Palmeiras inaugurou a cancha municipal, em um 6 a 2 contra o Coritiba. O Palmeiras viveu um dos episódios mais gloriosos de sua história, a Arrancada Heróica, por lá.

O Pacaembu é o estádio mais bem localizado desta metrópole, com duas estações de Metrô (de linhas diferentes) e incontáveis linhas de ônibus nas imediações. Qualquer cidadão consegue chegar ao Pacaembu, ainda que em jogos realizados em horários pornográficos. Qualquer cidadão. É o estádio municipal e tem alma própria, que transcende a relação com qualquer dos clubes desta cidade.

Mesmo com isso tudo, existe uma inexplicável resistência ao Pacaembu, e sobre isso eu já escrevi aqui, por ocasião dos malditos clássicos em Prudente/MS.

Bastaram uma pequena e enganosa vantagem financeira e a combinação de uma sequência de resultados adversos na cancha municipal com uma única vitória na artificial, deslocada e inacessível Arena Barueri para que algumas mentes cretinas optassem por fazer da cidade vizinha (aliás, nem isso é) a casa do alviverde durante a reforma do Palestra. Entre raciocínios cretinos (que associam o Pacaembu ao SCCP) e superstições baratas (ainda não perdemos em Barueri), tomou-se uma decisão que, para além de equivocada, penaliza quase que a totalidade da massa palestrina.

Vejamos que o palmeirense não tem mais o prazer de ver seu time jogar na própria cidade, virando agora um visitante mesmo "em casa". O palmeirense tem de viajar até outra cidade para ver seu time. Tem de pagar pedágio na ida e na volta, por vezes enfrentando o trânsito infernal de uma rodovia e mais os 30km entre a sua casa e esta nova e indesejada.

Eis o mais grave: o palestrino tem de se submeter a viajar sempre que seu time for mandante. Em vez de ir de Metrô (ou a pé), tem de encarar a estrada e o pedágio para chegar a um estádio sem alma e sem qualquer identificação com o clube.

O Palmeiras segue o exemplo, vejam vocês, do ex-Barueri: abandonou o estádio da sua cidade para jogar em outra cidade, que nada tem a ver com a sua história.

Nesses tempos em que Barueri vira Prudente, Guaratinguetá vira Americana e São Caetano ameaça procurar outra sede, o gigante Palmeiras faz a sua parte: dá um pé na bunda da sua cidade e assume como casa um estádio sem alma por algumas migalhas e por uma resistência imbecil.

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Importante ressaltar outro aspecto: Ir ao estádio, para o palmeirense, não significa apenas ver e empurrar o time em campo; é também um momento de sociabilização e de confraternização. É a oportunidade de chegar ao estádio bem cedo para encontrar os amigos, tomar cerveja e, claro, falar sobre futebol.

Não há lugar melhor para isso que a nossa casa, o Palestra. Lá é possível encontrar os amigos no clube, nas dezenas de bares das imediações, nas ruas ao redor, nos dois shoppings vizinhos... Perdemos isso com a reforma do Palestra, mas já estávamos buscando o nosso espaço no Pacaembu.

Nenhum outro lugar oferece as mesmas condições que a nossa casa, é bem verdade, mas já estávamos nos habituando a buscar novos bares e pontos de encontro, ainda que fosse na praça em frente. Agora nos tiraram isso também. Sim, porque a Arena Barueri, em que pesem os bares e as barracas de comida ao redor, é incapaz de oferecer isso, à medida que oferece uma série de transtornos no antes e no depois. Ou alguém aí consegue chegar cedo ao estádio durante a semana e depois ficar por lá mais algum tempo?

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Para justificar essa medida cretina, dirão alguns que o aluguel do Pacaembu é muito caro. Eu não tenho aqui as crifras precisas, mas me permito refutar isso também com números.

Vejamos a média de público do Palmeiras na tal Arena: 
17.01.2008 Palmeiras 3 x 1 Sertãozinho/SP 8.020 
26.01.2008 Palmeiras 2 x 2 Mirassol/SP 6.915 
06.04.2008 Barueri/SP 0 x 3 Palmeiras 8.991 
31.05.2009 Barueri/SP 2 x 2 Palmeiras 4.960 
08.03.2010 Palmeiras 3 x 2 Sertãozinho/SP 3.224 
29.05.2010 Palmeiras 0 x 0 Prudente/SP 4.016 
29.09.2010 Palmeiras 2 x 0 Internacional/RS 12.264 
17.10.2010 Palmeiras 1 x 1 Ceará/CE 8.257 
20.10.2010 Palmeiras 3 x 1 Universitario Sucre/BOL 10.741 

A média, 7.487, é irrisória, quase digna dos jogos do Santos FC na Vila Belmiro. A considerar os ingressos mais baratos (R$ 20 pelo setor popular), pelo estádio regularmente vazio e pelo ticket médio bem abaixo do que ocorre no Pacaembu, cai por terra o argumento boçal de aluguel mais barato no campo de Barueri.

Ainda que houvesse uma pequena vantagem financeira - o que não acontece! -, o Palmeiras deveria arcar com isso para não penalizar o seu torcedor de maneira tão contudente como tem feito agora.

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Para finalizar:

Dizem que o Palmeiras nunca perdeu na Arena Barueri, certo? Então vejam acima quais foram os jogos: 2 contra o Sertãozinho, 2 contra o Barueri local, 1 contra o Prudente ex-Barueri, 1 contra o Mirassol, 1 contra o Sucre e 1 contra o Ceará. O único que representou alguma ameaça foi o Internacional/RS. E foi essa vitória que determinou a decisão imbecil dos nossos dirigentes.

21 outubro 2010

Lá e cá


Na altitude de Sucre, Universitario 0-1 Palmeiras


Na maldita Barueri, Palmeiras 3-1 Universitario

O Palestra segue em frente. E eu, por uma dessas coincidências que parecem me perseguir sempre que viajo para fora do país, tive o privilégio de assistir às duas vitórias que asseguraram a passagem à fase seguinte da Copa Sul-Americana. Recém-chegado da viagem de férias, escrevo não necessariamente sobre o 3 a 1 de Barueri, mas essencialmente sobre o 1 a 0 de Sucre. Se deixei de ir a dois jogos em casa (algo que só aconteceu antes uma vez, em 2007, por ocasião da viagem de férias daquele ano), estive ao lado do Palmeiras em Sucre, uma vez que os 15 dias por Peru e Bolívia coincidiram com o jogo de ida por lá.

Fato é que o Universitario, por simpática que seja a Ciudad Blanca, não poderia mesmo fazer frente a um gigante como o Palmeiras. Nos dias que antecederam o jogo de ida, todos os jornais bolivianos (inclusive os de La Paz) pareciam admitir isso. O Palmeiras era apresentado como um monstro, como um desafio sem precedentes para o time de Sucre. Ao alviverde cabiam adjetivos como "laureado", "glorioso", "poderoso" e outros semelhantes.

Antes do jogo da semana passada, muitos palmeirenses caminhavam pelo centro histórico de Sucre, cidade que é o berço da independência do país. Como isso? Bom, acontece que vieram muitos torcedores desde Santa Cruz de la Sierra, a cidade mais populosa do país e que reúne grande comunidade brasileira, muito em virtude da faculdade de medicina que atrai estudantes estrangeiros.

Pouco antes do jogo, a caravana da TUP (vieram cerca de 25 integrantes, em uma verdadeira via crúcis por aeroportos de Brasil, Paraguai e Bolívia) foi confundida pelas crianças da cidade com jogadores do Palmeiras. No momento em que embarcavam no ônibus para ir ao jogo, os torcedores foram cercados pela molecada, que pedia autógrafos para cada um deles.


Ouvi de um dos torcedores a frase que melhor definiu a situação: "São todos vagabundos no Brasil e estão dando autógrafo na gringa". As crianças, iludidas, ficaram depois comparando as assinaturas: Marcos, Kleber, Valdivia etc..

A movimentação no centro da cidade foi apenas um indício do que viria depois. A partida daquela noite de 14 de setembro quase parou Sucre. Mais de 20 mil pessoas (quase 10% da população local) foram ao estádio Olimpico Pátria, com capacidade para receber pouco mais de 30 mil. Ingressos entre 20 bolivianos (cerca de R$ 5) para a popular (curvas Norte e Sur) e 40 bolivianos (cerca de R$ 10) para a Preferencia (a numerada deles). A nossa torcida ficou na General, no meio do campo, a 30 bolivianos (cerca de R$ 7,50).



Como tudo na Bolívia, prevalece a informalidade absoluta. Os cambistas são quase legalizados e os próprios bilheteiros os indicam como possíveis vendedores. A polícia quase não interfere em todo aquele cenário e o mais curioso é que as mulheres, algumas já idosas, são maioria entre as que vendem ingressos.

Do lado de fora do estádio, filas enormes – a entrada é muito lenta – e a desorganização impera para além do compreensível. Descobrir onde ficaria a torcida visitante foi tarefa das mais difíceis: policiais, bilheteiros e as pessoas que supostamente deveriam informar o público conseguiram dar todas as respostas possíveis. Segundo as versões conflitantes, poderíamos ficar na Curva Norte, na Curva Sur, na Preferencia ou na General. Ao final, com o ingresso para o setor errado, descobre-se lá dentro que o setor era outro, do lado oposto. Seguimos com mais informalidade: deu para sair pelo mesmo portão e dar a volta no estádio para ingressar no local correto.

Uma vez lá dentro, estavámos reunidos cerca de 300 palestrinos, em um canto não muito reservado do setor mais cheio - e isso explica o fato de praticamente não existir divisão entre nós e a torcida da casa. O risco de conflito, no entanto, parecia nulo, com o público mais preocupado em assistir ao jogo que torcer ou arrumar confusão. Barras? Sim, havia uma, lá do outro lado, mas em número bem reduzido - talvez 250 ou 300, não mais do que isso. E a cantoria deles não se fazia notar lá de onde estávamos.

O jogo foi o que vocês todos viram aqui: o Palmeiras fez o mínimo necessário para superar a empolgação do time boliviano e a altitude. 0-1 na medida exata. A reação do torcedor do Universitário era de absoluta resignação. No dia seguinte, o Correio del Sur, principal periódico de Sucre, estampou o seguinte: "Universitário vende caro a derrota". Pouco para o time da casa, não?

No começo da semana, dividi o voo da Bolívia para o Brasil com a delegação do Universitario, incluindo até alguns jornalistas de Sucre. Pareciam todos deslumbrados com a viagem para cá. Por mais que tenham feito brincadeiras e dito que venceriam aqui, é difícil crer que qualquer um deles realmente acreditassem que era possível reverter a situação desfavorável. Deu no que deu.

Aqui, no jogo de volta, uma vitória que ficou até pequena diante do que poderia ser. Mas o principal mesmo é o desgosto de ver o Palmeiras sabotar o seu torcedor com a imbecil, indecente e criminosa decisão de mandar os jogos na distante, inacessível e pedagiada Barueri. Prometo que vou escrever sobre isso no próximo post, mas faço questão agora de agradecer à nossa diretoria, à administração do estádio e à Rede Globo por enfrentar um trânsito infernal na ida, por pagar pedágio por ver meu time como mandante e por chegar em casa já no meio da madrugada do dia seguinte. O resto fica para depois.

AVANTI PALESTRA!

03 outubro 2010

FÉRIAS


Não fosse por um desvio acidental após uma finalização despretensiosa do ataque adversário e o Palmeiras teria saído da Vila Belmiro com mais uma vitória. Seria a quarta seguida no BR-10 e a terceira consecutiva no suposto estádio do Santos FC. O gol deles, é necessário reiterar, não era para ter saído. De toda forma, cabe registrar que, dos últimos sete jogos que disputamos lá embaixo, os locais venceram apenas um (1 a 2, na semifinal do SP-09). Nos demais, foram três empates (1 a 1 em 2007, 0 a 0 em 2008 e este último) e três vitórias alviverdes (2 a 1 em 2008, 3 a 1 em 2009 e 4 a 3 em 2010).

Sobre o duelo de ontem, não houve nada que destoasse do habitual: o espaço da torcida visitante parece ficar pior a cada dia (embora ontem, com essa tranqueira colocada abaixo da nossa arquibancada e com a consequente liberação do primeiro degrau e da grade que nos separa do campo, eu tenha finalmente conseguido enxergar o gol que fica logo abaixo), a chuva voltou a cair durante quase todo o tempo e os valorosos coxinhas bateram um recorde ao nos segurar no estádio por uma hora depois da partida. (Que falta faz o estudo, não?) Para eles, bravos homens do 2º BP Choque, deixo a imagem da festa palestrina invadindo o gramado. 

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Escrevo ainda sem a confirmação oficial, mas, pelo que andei ouvindo, parece haver dentro da nossa diretoria um movimento para que a Arena Barueri seja oficializada como casa do Palmeiras até o final deste ano. Em sendo assim, já me antecipo e registro aqui o meu protesto: se isso acontecer, será consumado um crime contra o torcedor palmeirense. O que parece é que uma única vitória obtida no estádio pedagiado foi suficiente para mudar a cabeça de nossos dirigentes - e isso não é admissível.

A se oficializar tal decisão, tenho a dizer que os responsáveis são figuras cretinas, pois vão submeter o palmeirense a pagar pedágio e encarar 30km de estrada para ver o time 'em casa'. Ou então vão levá-lo a encarar Metrô e mais 13 estações do trem suburbano para chegar ver o time jogar como mandante. E vão fazer tudo isso no momento em que temos à disposição o Pacaembu, acessível a pé, de ônibus ou de Metrô, bem no centro da cidade e a apenas 3km da nossa casa de verdade, o Palestra Italia. Nada justifica tal medida. Nem se o aluguel for menor, nem se for uma questão de logística (como poderia ser?), tampouco se for algo nascido da superstição doentia de alguns.

Nada justifica impor ao palmeirense um sacrifício assim tão grande. O Pacaembu tem de ser a nossa casa enquanto estivermos longe do Palestra. O Pacaembu é um estádio municipal e sempre nos acolheu bem. O resto é besteira.

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Pois bem, os mais atentos devem ter notado que o título do post nada tem a ver com o que eu escrevi acima, certo? A questão é que minhas férias finalmente chegaram e vocês todos ficarão livres das minhas insanidades por ao menos 15 dias, período em que estarei fora do país. Dessa vez, ao contrário do que aconteceu em 2009, quando consegui enfileirar 20 dias na Europa sem perder a minha invencibilidade de jogos em casa, não será possível fazer isso sem sacrifício. Durante a breve ausência, perderei os duelos contra Avaí e Ceará, além do Botafogo no Engenhão - noto agora que, pela primeira vez desde 1997, o Palmeiras vai entrar no gramado do Pacaembu sem que eu esteja presente. Não vai ser nada fácil...

Até a volta.