28 fevereiro 2013

Consciência de classe

Eu havia prometido para mim mesmo que este blog não trataria do ocorrido em Oruro - ou de suas consequências. Simplesmente porque não estive lá. Ainda que tenha minhas percepções decorrentes dos muitos anos de arquibancada, não queria correr o mínimo risco de tirar conclusões imprecisas. Acontece, senhores, que em meio ao festival de bobeiras, barbaridades e irresponsabilidades que vêm sendo proferido pela despreparada imprensa esportiva e pelos propagadores do senso comum, há quem se supere no nível de atrocidade. Há quem consiga sair do varejo e partir para o atacado da pior maneira possível. Decorre disso a necessidade de um posicionamento, por mínimo que seja.

Tenho ouvido opiniões as mais infundadas. São diversos os públicos que resolvem falar sobre o assunto sem o devido conhecimento de causa. É o caso, antes de partir para o que realmente importa, de enumerar e descrever esses extratos da "indignada" (e alienada, no sentido mais estrito do termo) sociedade civil:

_IMPRENSA ESPORTIVA
Há exceções. Poucas. Tão raras elas são que eu me permito fazer uma generalização e colocar na conta de toda a categoria. Porque, de modo geral, ela (quase) toda se comporta de uma maneira uníssona, sem a devida reflexão e com elevada dose de rancor. Faz décadas que é assim. Faz décadas que a imprensa esportiva apela para o mesmo discurso: "marginais", "vândalos organizados", "bandidos travestidos de torcedores" etc. Mais do mesmo. E não é nada, porque nada diz. O que se revela é a incapacidade de avançar além do simples desejo de extravasar sentimentos os mais primitivos, bradando as mesmas e vazias palavras de ordem, quase como se fossem eles, jornalistas esportivos, os paladinos da justiça. Há, em meio a essa categoria maior, alguns grupos segmentados. É o caso dos imbecis contumazes, subcategoria capitaneada por Flavio Prado, o símbolo maior do jornalista-de-estúdio, aquele para quem "torcedor de futebol é vagabundo". Seu modus operandi diz muito sobre a relevância de seu falatório. De outra parte, há aqueles jornalistas que simplesmente se permitem alienar, reproduzindo o senso comum sem qualquer pensamento. Não acrescentam nada; pelo contrário.

_A IMPRENSA "GERAL"
Aqui me refiro àqueles profissionais que não "militam" na imprensa esportiva (não a todos, é evidente). Jornalistas que são, pensam ter direito a opinar sobre qualquer tema, como se conhecimento tivessem para tanto. Longe disso; a maioria não sabe do que está falando, muito por manter com os estádios de futebol uma relação de distanciamento e, portanto, desconhecimento. Mas aí, com o assunto em evidência na esfera pública, o tipo resolve que é o caso também de se pronunciar sobre. Liberdade de expressão, sabem como é? Daí surgem as maiores e mais desaforadas besteiras. Há desde sensacionalistas apresentadores de TV (que proferem sempre as mesmas palavras de ordem, em um brado indignado por "justiça") até aqueles que devem entender muito de política ou economia, mas definitivamente não sabem nada de futebol - e ainda menos de arquibancada. Os primeiros, caricatos, nem me ofendem, tamanha é a inconsistência do que dizem; os segundos, revestidos de artificial sobriedade, são possivelmente mais nocivos: porque aí a coisa deixa de pertencer aos cadernos esportivos e ganha as páginas de opinião (???), influenciando ainda mais a sociedade civil organizada (???) em torno de um preguiçoso senso comum.

_AS (E OS) "ANAS MARIAS"
Dia desses, a TV da academia ligada na emissora de sempre, uma senhora conversa com seu papagaio (?). Sou obrigado a ver aquilo. Falando para um público que nada tem a ver com o assunto, a criatura resolve dar seus pitacos também. Extravasa o discurso inconformado dos desocupados que se dispõem a acompanhar aquele show de horrores. Não ouço nada, felizmente, mas o "closed caption" traz aqui e ali um tanto das opiniões (?) da tal senhora. O discurso vazio de sempre, partindo de uma pessoa que não faz a menor ideia do que é uma arquibancada.

_OS "JUSTICEIROS" DAS REDES SOCIAIS
"Tem que proibir esses vagabundos". "Tem que aumentar o preço dos ingressos". "Vamos construir estádios de segurança máxima". As redes sociais liberam o que há de pior no ser humano. Ponto. E o que mais aparece nessa hora são os sedentos por "justiça". Quanta besteira está sendo escrita por aí. Quanto despreparo, quanta aberração, quanta insolência. Via de regra, é um elitista em potencial. E, acredite em mim, diz o elemento que não vai a estádios por causa da violência, mas basta chegar uma final para ele te ligar atrás de ingressos.

_OS "SOFÁS"
"Eu não vou a estádios por causa da violência". Já ouvi isso muitas e muitas vezes. A verdade é a seguinte: "Eu não vou a estádios porque sou um acomodado que prefere ficar com a bunda no sofá, mas ninguém vai se importar se eu colocar a culpa na violência". Porque é isso, sem tirar nem por. O sujeito se esconde atrás do senso comum e de um discurso que não se sustenta para camuflar a própria inoperância. E agora, num momento desses, resolve dar as caras: "Tá vendo por que eu não vou a estádios?".

_OS ADEPTOS DO "CLUBISMO"
Não foram poucos os amigos da arquibancada que manifestaram algum todo tipo de contentamento com a punição aplicada ao SCCP. Em sua maioria, isso se deve basicamente a um fator: clubismo. Se me permitem, vou dizer o que penso: foi (e é) um erro. Porque, acreditem os senhores, isso poderia ter acontecido contra o Palmeiras, e então a opinião certamente seria outra. Em sendo assim, cabe refletir um pouco mais. O que está em jogo não é uma decisão que prejudica o nosso rival, mas sim a abertura de um precedente perigoso, que, mais do que tudo, atiça a mente dos reacionários e justifica até mesmo manifestações grotescas como esta. Por favor, não se deixem contaminar pelo clubismo quando o momento pede consciência de classe.


E aí, senhores, públicos devidamente apresentados e consolidado o cenário em que qualquer cretino entende que pode falar de futebol, é necessário apontar as consequências disso tudo. Porque hoje, com o futebol tão em evidência no noticiário, qualquer coisa que aconteça, pequena ou grande, enseja discursos os mais estapafúrdios. É hora de sair da "parte" e chegar ao "todo".

Falta ao torcedor de futebol neste país a consciência de classe que sobra em outros lugares (tomo como exemplo a Italia). Falta a noção de que a decisão ora tomada afeta todas as torcidas e contraria os interesses de quem é da arquibancada. Nesse sentido, o clubismo é altamente nocivo, à medida que apenas amplia o contingente dos que atacam a arquibancada.

E aí, para que a coisa não fique apenas na retórica, me sinto obrigado a abrir espaço para um texto específico, que ilustra bem a batalha que está em curso. O responsável é um certo blogueiro que defende os clubes-de-empresa-e-sem-torcida. Que prefere "consumidores" a "torcedores". Que defende a elitização no futebol. Que, entre outras coisas, escreveu este troço.

Vou evitar comentários; o texto já é constrangedor por si só. Entre tantas atrocidades, reproduzo dois pequenos trechos para, digamos, apreciação dos senhores:

"Mas os próximos anos serão cruciais para a mudança definitiva do perfil de quem vai a um jogo de futebol. Os novos estádios vão atrair um novo tipo de público."

"Os novos estádios sem dúvida vão diminuir a importância do torcedor na experiência do jogo. A torcida é parte do evento, mas não pode ser o centro dele."

Fico por aqui. Acima de tudo, com a convicção fortalecida de que a consciência de classe se faz mais necessária do que nunca. Porque há quem queira aproveitar as circunstâncias para impor uma agenda elitista e voltada não para o futebol como manifestação cultural e popular, mas sim para o futebol como um mero negócio. É contra isso que devemos seguir lutando. Contra a alienação, contra o senso comum, contra a hipocrisia.

O futebol só existe por causa da torcida. E, queiram ou não, a arquibancada haverá de resistir. Sempre.

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Nem sei se ele concorda com a minha argumentação, mas faço questão de recomendar nesse mesmo post um brilhante texto do Leandro Beguoci, na edição de março da revista VIP, já nas bancas: "O futebol dos gerentes". A análise dele é precisa:

"Isso acontece porque o futebol disseminou por toda a sociedade o estilo de vida dos trabalhadores das fábricas, que se espalhavam por amplas áreas das maiores cidades do país. Ir a um estádio de futebol, alguns anos atrás, era uma experiência semelhante a começar o dia em uma indústria. A comida na porta, as longas filas para entrar, a simplicidade do concreto armado, o desconforto das arquibancadas, o companheirismo de quem compartilha o mesmo destino difícil e suado. 

À medida que o país mudou, o futebol também se transformou. Agora, quem vai aos estádios são as pessoas que trabalham em escritórios com ar condicionado, janelas amplas, em áreas próximas a shopping centers e usam palavras em inglês, mesmo com um belo similar em português – espero, aliás, que partida nunca seja chamada de “match” por aqui. Essas pessoas, filhas dos trabalhadores que frequentavam os estádios, agora querem que as arenas sejam mais parecidas com o mundo em que elas vivem. Com a Copa do Mundo, isso foi possível. É o fim do churrasquinho. É o começo do espaço gourmet."

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É evidente que uma derrota como esta sofrida no Paraguay é ruim, mas ela pode ser interpretada como normal dentro da programação do nosso grupo. É o caso de buscarmos na Argentina, na próxima semana, a recuperação. Mas é preciso que o time, além de vontade, jogue futebol também. Pelo menos um pouco.

27 comentários:

gregory disse...

E o que comentar meu caro Barneschi?

Concordo em TODOS os pontos que você colocou. Só acrescentaria a palhaçada que a Gaviões tá fazendo, o drama que os gambás fizeram em cima da tragédia.

Não gosto de demagogia.

Mas parabéns cara.

Yuri disse...

Bom texto, a imprensa esportiva (que carinhosamente só chamo de JORNAS) está cada dia mais uníssona. Dá até para fazer um código-fonte geral e de cada JORNAS em particular, são caricaturas deles mesmos.

Quanto ao trecho da Revista VIP, só gostaria de lembrar que no passado as partidas de futebol já foram chamadas de "match" por aqui, hehe.

Unknown disse...

Perfeito Barneschi,é exatamente isso sem tirar nem por,consciência de classe é a palavra de ordem,e isso tem que partir não só das t´os tem q partir do torcedor "comum" também,no protesto contra o Ricardo Teixeira elas se uniram em torno de um protesto organizado pela FNT que está sumida não sei porque,dá pra fazer até melhor do que na Itália e só querer

Quanto ao acontecimento de Oruro foi uma tristeza do carálio,a punição foi justa,o problema é quem está por trás dela,o patrulhamento dos assassinos do futebol(todos já sabem quem é) está em pleno curso,estou com muito medo do futuro do futebol brasileiro,talvez a violência covarde acabe,o q não é ruim,mas nesse pacote vai vir a "coxinhização" do futebol,áreas Vip,torcida Stella Barros,gritinhos de vagabundas histéricas,etc...

o dia 20/02/2013 pode ser um marco para os Filhos da Puta se apoderarem definitivamente do futebol,a arquibancada tem que resistir rápido ou será tarde demais




Nicola disse...

Que falta malícia/malandragem nesse time, não há dúvidas. Mas o juiz ver a cotovelada que o Henrique levou e não fazer NADA, e termos tomado o 2° gol com ele fora de campo, foi um absurdo. Houve outro lance em que o Vinícius levou um carrinho faltoso (muito faltoso!) e ele mandou seguir. A bola sobrou pro Valdivia que levou outro carrinho idêntico, e o jogo seguiu. Isso tudo na entrada da área adversária.

Mas foda-se, a primeira derrota viria e foi melhor que fosse agora, contra o time da Conmebol... Empate na Argentina é lucro, apesar do adversário ser um lixo, mas farão de tudo pro jogo ser o mais violento e catimbado possível.

Nicola disse...

Ah, e se alguma atitude tivesse que ser tomada por causa da morte do menino lá na Bolívia, teria que ser a paralisação da competição. Como você disse, poderia ter acontecido com o Palmeiras, ou qualquer outro clube. Uma criança inocente morreu por causa de fanatismo.

Cancelassem logo todos os jogos e pronto, Libertadores só ano que vem. Justo, para com a família do Kevin. Mas isso é realmente utópico, até porque quem manda no futebol é muito mais bandido que o próprio assassino responsável pelo que aconteceu. E a impren$a está comemorando, isso sim.

Anônimo disse...

Não lhe conheço,mas me permita lhe chamar de amigo.todo dia,entro no seu blog para ler seus textos.são perfeitos para amantes do futebol.mesmo sendo santista sempre tive e sempre terei,por motivos obvios(familia.infancia)uma enorme simpatia pela SEP.num instante do destino,minha historia clubistica mudou,mas isso não vem ao caso.o que importa no momento,e isso é realmente preocupante,é nossos estadios serem pouco a pouco transformados em ´´teatros´´com comodidades de shoopings,com gritinhos de ´´neymarzetes´´histericas....temos que lutar sempre !abç !

Anônimo disse...

nossa cara sau meio invertido meu comentario..deu pau na hora de eu mandar e quando eu mandei saiu isso ai..bem .talves de pra entender,,

Anônimo disse...

agora arrumou ...hehe melhor assim

Palmeirense igual aos torcdeores de outros times disse...

Não resta a menor dúvida de que o ocorrido na Bolívia poderia ter acontecido com qualquer torcida e ai os comentários seriam outros.

ENTRETANTO, não é possível classificar como "clubismo" a cobrança da aplicação das regras vigentes para esta competição. Ninguém deveria estar acima da lei.

Também não possível ignorar que o tratamento dado pela imprensa seria MUITO DIFERENTE se o envolvido fosse o Palmeiras.

Como não é possível ignorar que a punição seria muito mais severa se o Palmeiras fosse o protagonista e que nos casos onde o clube foi punido com perda de mandos, como acontece agora, a cobrança e o incentivo ás penas duras é muito forte por meio dos formadores de opinião.

Muito cuidado ao utilizar a expressão “clubismo”, pois o uso generalizado auxilia a conduta parcial e tendenciosa da imprensa esportiva, que trata os clubes do futebol brasileiro de acordo com seus interesses.
Não misturar a questão de torcida, de estádios, com a parcialidade com que se conduz hoje o futebol no Brasil.
Quando se cobra TRATAMENTO IGUAL para todos não é “clubismo”.

O texto sobre conhecimento de estádios e de torcidas não pode ser confundido com direitos, deveres e punições iguais para todos.

Évelin disse...

Perfeito!
Quem dera tivéssemos mais cidadãos e torcedores como você, que vê a rivalidade apenas dentro do campo!
Nós, torcedores, deveríamos nos unir fora dele e lutar por algo que realmente ajude a melhorar o futebol e a sociedade como um todo!
Sou corinthiana, como tantos outros torcedores, também gosto de "zoar" meus rivais, mas acima de tudo respeito o ser humano, o cidadão de bem e não saio por ai proferindo sandices sem nexo!
Parabéns, você é a prova viva que as torcidas podem sim viver em harmonia!

Raul Dias disse...

O que eu vou falar não tem a ver com o post em si, mas tem a ver com a arquibancada.

A nova palhaçada da CBF agora é trazer o "clássico" Flamengo x Santos aqui para Brasília, para reinaugurar o Mané Garrincha.

Em primeiro lugar, um imenso desrespeito com os flamenguistas do Rio, que, por uma vaidade dos governantes locais e dos dirigentes, serão privados de ver seu time.

E imagina o público que vai dar as caras no Mané Garrincha. Haverá exceções, claro, mas a grande maioria será de neymarzetes e de flamenguistas absolutamente desacostumados com os estádios. Isso na tal "Arena Mané Garrincha", que depois da Copa nunca mais vai lotar.

Os dirigentes estão perdendo a noção. Sem mais.

Raul Martins Dias disse...

Passando um pouco ao assunto do post, acho que você já falou tudo, não tem mais nada a acrescentar. Não existe absurdo maior do que um jogo com portões fechados. Um jogo de futebol é um espetáculo público, e, como tal, deve ser jogado na presença de público. Simples assim. Qualquer coisa fora disso é bobagem.

Beto - J.H.V. disse...

Disse tudo qto a consciência de classe q devemos ter, pois as ações q estão sendo tomadas no futebol especialmente aqui no estado de SP, é contra todos os torcedores q vão ao estádio. Lógicamente q as organizadas são o alvo,pois conseguem mobilizar uma massa de torcedores, na sua maioria de origem humilde. Já vi o preconceito das pessoas q sentam nas numeradas e mais caras contra a geral, principalmente contra organizadas. Aqui na minha cidade, Piracicaba, no último jogo do XV teve uma confusão onde a PM chegou batendo nos torcedores das organizadas do clube, sem motivos. Do outro lado vi muita gente aplaudindo a truculência da PM e chamando um q foi preso de vagabundo, sem saber o q tinha realmente acontecido.
Essa reportagem sobre as atitudes q o filho da puta do Del Nero pretende fazer é muito perigoso. Ele, a imprensa e os amendoins da vida querem clientes e banir a torcida do estádio.
Com relação a ação contra o SCCP tb tive a mesma percepção, pois é uma ação q irá despertar a saga anti-povo de promotores vagabundos e dessa maldita FPF em querer fazer algo parecido assim q qualquer mínima coisa ocorrer nos jogos. Já não basta a aberração q ocorre em MG onde no clássico exigem a torcida única, agora vão querer bani-la de vez. Esse é o precedente perigoso mesmo.

wescley disse...

Sou torcedor do SCCP, acompanho seu blog sempre (posts genéricos a todos como esse) pq sinto em vc um porta voz nato da Arquibancada. Seu post expressa exatamente o que vem por ai, Os "justiceiros" contra os bandidos (nós). Queria que falasse algo a respeito da materia que saiu ontem na globo.com a respeito do Sr. Del Nero, que quer acabar com o modelo atual de organizadas e criar a dele? Bizonho

sds

Rafael disse...

Barneschi, sempre me entristeço ao ver/lembrar o rumo que o esporte do povo está tomando. Procuro achar uma saída, mas sem êxito, já pensei até me abster de tudo que remeta ao futebol, mas quando vejo os focos de resistência como você e outros pelo país, ganho força pra continuar a luta. Como você já disse: Seguiremos, de pé.

César SEP disse...

Concordo que deveria ter mais festa na arquibancanda (hj quase tudo é proibido), com sinalizadores (apenas luzes), latas de fumaça, papel picado, pisca-pisca etc, mas aquilo que soltaram na arquibancada era uma ARMA. Aquele rojão (a mídia usa o termo "sinalizador") era acessório de emergência para navios, atinge quase 300Km/h. Imagina isso acertando a cabeça do moleque que estava perto? Quem é responsável é a segurança do estádio que permitiu que o torcedor entrasse com aquilo, além, claro, do próprio indivíduo que disparou o morteiro.
Como no Estatuto da Criança e do Adolescente não prevê crimes além da fronteira, fica fácil mandar uma pessoa de 17 anos assumir o disparo. No final da história, ninguém irá ser preso. Os gambás que estão lá vão ser soltos, assim como o fulano que está aqui em SP.
Sobre ontem, o Palmeiras esteve perdido na marcação, só vontade não basta, como vc disse Barneschi, é preciso jogar bola.

Abs

Anônimo disse...

Falou, falou... criticou todo mundo... e... NÃO DISSE NADA!!
O quê os "especialistas de arquibancada" têm a dizer sobre as cerca de 200 mortes envolvendo brigas de torcidas no Brasil?? O quê têm esses brilhantes intelectos a dizer para a sociedade e às famílias dos que perderam seus parentes de maneira totalmente estúpida e desnecessária? Estou ansioso para ouvir um pouco da sabedoria dessas criaturas. Mas parece que eles não querem se dar ao trabalho de nos brindar com todo o seu conhecimento. Querem apenas criticar os que tem coragem de se manifestar.

Unknown disse...
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Rafael-DF disse...

O Brasil é um país extremamente violento, com taxas de homicídio maiores do que as verificadas em Estados em guerra, demonizar e colocar em uma categoria diferente mortes só pq estão ligadas ao futebol me parece de uma estupidez absurda, sem falar do comodismo.
Melhor do que ficar arrumando desculpas pra elitizar o futebol ou se promover em cima de tragédias seria que as autoridades se preocupassem em investigar o caso e prender os responsáveis, as pessoas que cometeram os crimes e não punir toda uma torcida ou arrumar 1001 proibições que servem só pra inglês ver (não me refiro à punição aos gambás mas as besteiras como proibições de bandeiras e cerveja nos estádios). Jogar a culpa da violência nos torcedores é passar o recibo de incompetência e preguiça.

Rodrigo Chiquetto disse...

Ótimo texto!

Também fiquei em estado de choque com a quantidade de barbaridades infundadas que foram publicadas na esteira da morte do menino. Tudo sem qualquer tipo de comprovação, sem qualquer tipo de lógica ou de razoabilidade. A morte de um menino virou argumento para que surgissem todos os tipos de disputas e repressões dentro do espaço da grande mídia.

Coincidência ou não, acabei escrevendo algo sobre isso, também.

http://botecodofutebol.wordpress.com/

Podemos trocar comentários e posts! Valeu!



Leonardo disse...

Excelente!

O único texto que li na Internet com argumentos relevantes e uma visão adequada do ocorrido, além deste, é o do Maurco César Pereira. Os demais, montanhas de lixo.

Leonardo Nakamura

Farinha disse...

Barneschi, como vai?
Ótimo texto novamente.

O que nos deixa preocupado é o del nero dizer isso: "Queremos tomar para nós, clubes, o produto que é nosso, o futebol – argumentou o dirigente".
Amigo, o futebol é do povo, e o calhorda tem capacidade pra falar uma asneira dessas....

Saudações Palestrinas

Rodrigo Barneschi disse...

Obrigado a todos (ou quase). Porque é, no mínimo, engraçado que um sujeito que não assina o seu comentário termine o seu depoimento assim: "Querem apenas criticar os que tem coragem de se manifestar." Quanta coragem, não?

MÁRCIO TREVISAN disse...

Barneschi, querido.

Como vc bem sabe,fui durante anos um torcedor de arquibancada, e sócio de torcida uniformizada. Depois, a profissão me impediu de frequentá-las.
De tudo o que vc escreveu (muito bem, por sinal), só tenho algo a dizer: torcedor não é vagabundo e marginal: vagabundo e marginal é quem leva um sinalizador ao estádio, quem mata o outro e joga o corpo no Tietê, quem arremessa copos em atletas. E estes têm de ser presos. Abs.

Catarina Labouré disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Catarina Labouré disse...
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Catarina Labouré disse...

Muito bom o texto. Acrescento que ainda há esperança no jornalismo esportivo. Pena que muita gente não tenha acesso à tv fechada ainda (isso está mudando, ainda bem), mas assisto ao programa Bate-Bola 1 da Espn Brasil praticamente todos os dias. Eles não compartilham das ideias da mídia esportiva no geral. Questionam a CBF, montam dossiês, falam TODO DIA, principalmente o Lúcio de Castro ( se não me engano historiador,) sobre essa terrível elitização do futebol e destruição da cultura do futebol no nosso país. O Mauro Cezar apesar de ser chato é um dos que tocam bastante nesse assunto tbm.
O Lúcio tem textos muito bons no blog dele tbm no site espn, vale a pena conferir.
Abraço

Um adendo: deixa esse Erich Beting pra lá. Fui ver quem era e o blog dele nem analisa jogo nem nada, só fala sobre marketing haha. Vai ver é publicitário...