25 janeiro 2009

Que cidade é essa?

Eu deveria usar este espaço para escrever sobre a viagem para Ribeirão Preto, o início de mais uma temporada, a vitória alviverde e a bela estréia de Keirrison, que fez dois gols e mandou a bola na trave duas vezes. Deveria. Mas a imprensa não deixa, e desta vez a coisa vai além dos cronistas esportivos.

Mas começa por eles, claro, pois o diário esportivo não consegue disfarçar as tentativas de manipulação. Vejamos aqui:

“Keirrison marcou na estreia pelo Palmeiras, mas Washington foi melhor e deixou o seu na primeira vez que tocou na bola com a camisa do São Paulo. Logo aos dois minutos, o atacante subiu mais alto que a zaga e tocou para a rede, após cobrança de escanteio.”

É isso: Keirrison fez dois gols e parou duas vezes na trave, “mas Washington foi melhor”. E foi assim ainda que este primeiro gol tenha sido do zagueiro adversário e não dele próprio. Mas a mídia não perde a chance de criar um mundo encantando lá pelos lados do Morumbi.

Por sinal, JK voltou de férias, mas parece não ter mamado o suficiente no seu bezerrão. Daí que sua coluna de hoje na FSP traz isso aqui:

'Se o TCU emudece sobre as contas do Pan, a polícia paulista espera que todos se esqueçam do episódio do gás no Palestra Itália e da confusão no aeroporto de Congonhas. Há, porém, quem não esquecerá..."
Mas isso tudo foi coisa pouca, meus caros. Porque a manipulação mais contundente não vem de um jornalzinho qualquer, mas logo daquela revista abjeta da Editora Abril, que infelizmente tem ainda seus seguidores, a maior parte por pura alienação.

A ocasião é o aniversário desta metrópole que tanto amamos. A revista se põe a eleger as pessoas e lugares que são a "cara de São Paulo". Eu bem sei que a Vejinha enxerga esta metrópole não como a cidade grandiosa e multicultural que ela é, mas como um reduzido círculo imaginário com marco central no Itaim Bibi. Eu sei disso, mas daí a cometer um atentado como este logo no aniversário da cidade, vai uma longa distância.

À introdução:

"Já em 2008...
...a capital ganhou nome e jeito de mulher, que se chama Maria Vitória. Bem-sucedida em seu emprego no mercado financeiro, tem marido e filhos, torce para o São Paulo e é bem-humorada. Seu salário é daqueles de fazer inveja às amigas, mas ela gasta como se não houvesse amanhã. Enfrenta o trânsito numa Cherokee. Voltou a estudar e, agora, faz psicologia."


MEU DEUS!!! Em que mundo vivem os redatores deste lixo? E mais: que porra de cidade é esta? Alguém aí, entre os leitores deste blog e habitantes desta metrópole, conhece este lugar?

Pois é, meus caros, a revista resolve personificar uma cidade tão heterogênea como esta em que vivemos e dá até nome para a criatura. E aí dá um jeito de enfiar futilidades mil, incluindo, claro, o fato de ela torcer para o SPFC. Faltou só dizer que a tal madame almoça nos restaurantes da rua Amauri e "gasta como se não houvesse amanhã" nas lojas de grife da Oscar Freire.
Seguimos adiante, pois a coisa piora. Vejam vocês, caros amigos, que o estádio que tem a "cara de São Paulo" não é o municipal Pacaembu, tradicional, aconchegante e central. Não, não é. É este aqui:

"A casa do São Paulo Futebol Clube é a parte mais visível do império tricolor, que faturou cerca de 180 milhões de reais em 2008. Projetado pelo arquiteto João Batista Vilanova Artigas, o Estádio Cícero Pompeu de Toledo começou a ser construído em 1953, foi inaugurado em 1960 e ficou totalmente pronto em 1970. Maior arena de futebol particular do mundo, conta com 528 funcionários. Desde 2006, passa por reformas para se tornar um grande centro de entretenimento. Atualmente, além de um clube poliesportivo com 25 000 sócios, abriga um museu, um bar-restaurante e uma megaloja de suvenires. Neste ano, deve ganhar uma livraria, um espaço para eventos e uma escola de inglês. Em 2010, serão inauguradas salas de cinema e uma grande academia de ginástica."
O texto beira a irresponsabilidade. Nem um release da assessoria de imprensa do SPFC faria coisa melhor. Temos aqui coisas como "império tricolor", faturamento bruto (ah, virou empresa agora?) e "centro de entretenimento". Para completar, os redatores deste lixo usam um argumento já defasado há pelo menos 15 anos: "maior arena de futebol particular do mundo". Dá pra acreditar nisso?

A manipulação não pára por aí. Pois logo vamos descobrir que o esportista-símbolo da nossa cidade é logo o goleiro que se ajoelha na frente dos adversários e só toma gol quando "o atacante chuta errado". Comentários adicionais são desnecessários.

Prometo que estamos chegando ao fim. E ele vem com mais uma tentativa de manipulação, desta vez bem sutil. Vejam vocês que o jornalista de TV que é a "cara de SP" é William Bonner, apresentador do Jornal Nacional. Ok, não vejo problemas. Mas o texto não consegue disfarçar o clubismo escancarado
:

"
Na última visita, no ano passado, levou os filhos trigêmeos (Laura, Beatriz e Vinícius) para conhecer o centro de treinamento do São Paulo, seu time do coração."

Eu não sei onde vivem os idealizados e os redatores desta merda de reportagem. Certo mesmo é que eles não vivem na mesma que cidade que eu. A minha São Paulo não tem uma cara, mas várias. É errado sugerir qualquer cara a esta cidade, pois é provável que nenhum outro lugar do mundo seja marcado por uma diversidade tão grande como a que encontramos por aqui. Mesmo em se tratando deste povo deslumbrado da Vejinha, é chocante que tenham conseguido desrespeitar São Paulo a ponto de lançar mão dessa tentativa grotesca de imputar à capital paulista uma faceta oportunista, suja e fútil. A cidade que eles desejam felizmente não existe.

28 comentários:

Nicola disse...

PQP... Nojento. Impressionante como a escória tem gente espalhada pela impren$inha.

Mas vai ter um post sobre a viagem e o jogo em Ribeirão, né?
Abraço mano!

Xadrezderua disse...

EU NÃO AGUENTO MAIS....

QUALQUER DIA, VIAJO, VOU PRO AFEGANSITÃO, FAÇO CURSO NA AL- QUAEDA E RETORNO PRÁ SER TERRORISTA..

NÃO CONTRA O SPFW, QUE ESSE NEM VAI PRECISAR DOS MEUS PRÉSTIMOS PROFISSIONAIS, JÁ QUE VAI SE EXPLODIR SOZINHO...

MAS DA PUTA DA IMPRENSA ESPORTIVA (e nem tanto, como o texto confirma) PAULISTA.

DEVO DIZER QUE AINDA REPUTO A FSP COMO UM ÓRGÃO DE IMPRENSA RELATIVAMENTE INDEPENDENTE, NA MAIORIA DAS EDITORIAS. MAS NÃO É ADMISSÍVEL QUE SUSTENTE PROFISSIONIAS DE IMPREN$A COMO ESSES.

PS: NO ÚLTIMO SÁBADO, O SEU TEXTO SOBRE A "GERAÇÃO VITRINE", FOI VASTAMENTE DISCUTIDO DURANTE O CHURRASCO DE ANIVERSÁRIO DE 1 ANO, DO FILHO DE UM COLEGA MEU (Flamenguista, coitado). REPASSEI, VIA E-MAIL, PARA TODOS OS PRESENTES NO REFERIDO CHURRASCO, INCLUSIVE, PARA UM DOS RAROS "TORCEDORES" SÃO PAULIXOS QUE DISSE CONHECER, ALHURES..

EU DIRIA QUE TIVE DÓ DAS TENTAIVAS DE DEFESA QUE ELE PROCUROU REALIZAR, QUANDO DOS ATAQUES DE CORINTHIANOS E PALMEIRENSES, ALÉM DO DONO DA FESTA.

E OLHA QUE ELE CONHECE A "ESCÓRIA" DO SPFW... OU TALVEZ, ATÉ, POR ISSO....

Peppino Di Capri disse...

Essa imprensa eh ridicula.

Isso tudo que eu li parece ate um pesadelo, como se todos os paulistanos tivessem uma cheeroke, e gastassem como se fosse o ultimo dia UHEAUHAE.

O que eu fico mais puto, eh que todo mundo puxa a sardinha pro lado do SPFW.

O Marcos ganhou um titulo de cidadao paulistano, e nem por isso foi citado na revista.

Como podemos levar essa imprensa em consideracao, sendo que o pior arbitro, acho que nem posso falar isso desse acogueiro(peco desculpas aos acougueiros), GODOY, é o que tem maior "SAPIENCIA" para falar de arbitragem, ESSE CARA ERA UM ZE NINGUEM, SEMPRE FEZ MERDA, E AGORA QUE DAR UMA DE ARBITRO FIFA.
QUE COPA ELE APITOU?????????.

Na Bandeirantes, eles nao fazem a minima questao de esconder os times que torcem, excecao do Neto(que eh corinthiano mesmo),que eh outro que fala muita besteira mas fala umas coisas boas tambem.

Os caras so sabem falar do corinthians, nao que eu sinta falta que falem do palmeiras, mas chega a dar raiva, acho que ate os gamba devem ficar com vergonha.

A globo também tem suas ladainhas gambazisticas, mas eu nunca vi reporter da globo, antes de comecar um jogo, falar mal do camisa 10 do Palmeiras.

Por exemplo, o Anaozinho Fernandes, da rede Bandeirantes, que antes de comecar o jogo contra o Santo Andre, tirou o mairo sarro de Cleiton Xavier por ele usar a 10 no Verdao. QUE EMISSORA MAIS LIXO.

Algum jogador de algum time, antes de comecar o jogo, vai dar uma entrevista falando mal de algum reporter...vergonha!!!.

Unknown disse...

Só dá pra acreditar nisso lendo. Puta merda!!!

Às 3h, trabalhando, eu não merecia ver mais esta deles...

Eternamente Palestra!

Hiran Eduardo Murbach disse...

Eu não sou paulistano, mas morei aí por quase 5 anos e aprendi a amar essa cidade. Durante esse período, trabalhei com vendas, ou seja, rodei essa cidade toda e hoje considero que a conheço muito melhor do que muitos nativos. Pq. estou falando isso? Essa cidade descrita pela Vejinha não é a cidade que eu conheci nestes anos, não representa a diversidade cultural e racial que construiu e ainda constrói a cidade. Não vou nem entrar no mérito de que parece uma matéria paga, ou então paga-pau mesmo, mas cabe a minha dizer que triste é a cidade que tem, dentre tantos, o goleiro de hockey, reconhecidamente mal caráter e aproveitador, como atleta símbolo.

Bruno D'Angelo disse...

Barneschi , tudo certo?

Vc não sabia que o único time de futebol da cidade é o spfw? Portanto , só podemos ter cidadãos paulistanos que torcem para 'esse' time. A reportagem ainda cita o jornalista José Paulo de Andrade , que por 'incrível' coincidência já foi diretor e hoje é conselheiro de qual time? spfw , lógico!!!!! Como eu disse , não existe outro time na cidade de SP. SEP e SCCP são apenas ilusões de algumas pessoas. Aproximadamente 40 milhões de pessoas pelo Brasil , acreditam ,torcem e mantém uma enorme rivalidade para dois times que não existem.

Nojento!

Abraços ,

Bruno D'Angelo.



Cara , é prá dar risada dessa 'reportagem' (e dessa revista).E só.

Anônimo disse...

não sou paulistano,mas.........posso vomitar??????????

que pornografia verbal,que nojo

Blog do Meu Saco disse...

Agora a gente ficou sabendo que a cara da cidade de São Paulo é típica de um sujeito que dá o cu. Com força.

Anônimo disse...
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
Anônimo disse...

pqp!!!!! esses caras estao de bricnadeira.... essa fou caprichada.... eu vi a revista mas nem quis ler por causa da foto na c\pa...

Vitor dos Reis disse...

Barneschi, quando vi a capa desta maldita revista aqui no serviço, confesso que nem abri para ler o resto, já senti nojo de algumas figuras, e agora lendo estes trechos que vc escreveu, tbm digo com toda a ctz, esta cidadezinha que a vejinha relatou, NÃO É A MINHA CIDADE!!

Abraços a todos,

Craudio disse...

Eu ia escrever exatamente sobre isso, mas você já disse tudo o que eu cheguei a pensar sobre o assunto. Só adiciono a essa lista de nojeiras o jornalista da Band José Paulo de Andrade, também premiado nessa "eleição" da Vejinha.

E eu conheço um dos caras que escreveram essa aberração. Não me surpreende...

Craudio disse...

Ah, outra coisa: não há um negro nessa seleção de "ilustres". Precisa falar mais alguma coisa?

Anônimo disse...

É simples: o São Paulo aparece mais porque é maior. Se o Palmeiras tivesse a grandeza do São Paulo, com certeza teria o mesmo destaque. A mídia é reativa, e publica o que a população quer ver. O Corinthias, por causa da grandeza da torcida, também recebe bastante destaque. Já o Palmeiras, convenhamos, anda com poucos atrativos. Quem sabe melhore com Belluzzo e com a Arena.


Paulo D. Prado

Anônimo disse...

esse paulo d. padro só pode ter tomado ácido lisérgico no café da manha,consegue ser tao pior quanto essa revista veja,manipuladora e dona de si.

''O sao paulo aparece mais por que é maior''

''...se o Palmeiras tivesse a grandeza do sao paulo teria o mesmo destaque''

vai a merda cara!

Anônimo disse...

esse paulo d. padro só pode ter tomado ácido lisérgico no café da manha,consegue ser tao pior quanto essa revista veja,manipuladora e dona de si.

''O sao paulo aparece mais por que é maior''

''...se o Palmeiras tivesse a grandeza do sao paulo teria o mesmo destaque''

vai a merda cara!

Bruno D'Angelo disse...

Aparecer mais é uma coisa. Aparecer porque é maior ou coisa que o valha , é outra. Agora , aparecer com essas matérias que criam um 'mundinho' particular em que o spfw é o centro de tudo , é de total falta de respeito com o leitor.

Barneschi , eu nem tinha pensado nesses dois outros sujeitos que vc também lembrou. O péssimo ator Lima Duarte (péssimo , sim! Todos os personagens dele ou são um Sassá Mutema ou são um Don Lázaro)demonstra conhecer um pouco de futebol e também sobre o time que diz torcer.Agora , a rainha-da-peruada-da-daslu não poderia mesmo torcer (??) por outro time.
Só tô achando muito estranho o fato de tudo nessa matéria ser voltado para o centro do mundo cor-de-rosa : o spfw!

Bruno D'Angelo

Anônimo disse...

Mais uma putinha de madame com frases cretinas para o "museu bambi de eugenia inversa".

Anônimo disse...

Calma, não precisam xingar. O curioso disso tudo é que nem sou são-paulino. Nasci em outro Estado. Só estou comentando a realidade: hoje o São Paulo significa mais que o Palmeiras, e isso reflete na cobertura da mídia.

As coisas já foram diferentes. Há dez anos, o Palmeiras ganhava tudo, enquanto o São Paulo tinha um presidente que ia a campo ensinar um zagueiro tetracampeão do mundo a cabecear. Podem acreditar, jovens: o time do Morumbi era ridicularizado, e o Palmeiras endeusado. Pois, naquela época, o Palmeiras era objeto de cobertura bem mais interessante.

As coisas mudam. E podem mudar outra vez.

Paulo D. Prado

Anônimo disse...

essa é a cara do leitor de Veja, uma revista desprezível em todos os sentidos.

Eu, como saopaulino, tb fico ofendido.

Grande parte de nossa torcida tb está na periferia e anda de onibus

Assim como há corintianos e palmeirenses classe A

Vitor dos Reis disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Coruja disse...

hahahahaha!!!!o gol nem foi do washington, foi contra!!!!!!!!!!!!!!!!


abçs...........

Anônimo disse...

Prado, existem coisas na Natureza que nunca mudarão.
Àqueles que sabem da História, mais ou menos jovens, a Verdade é algo imutável. Nada poderá fazer com que madame deixe seu estado sem alma. Ela é um corpo penado, sem alma, que vai ao estádio para fazer silêncio e só sobrevive porque sabe sugar dos outros. Principalmente das vantagens que uns e outros trazem de mão beijada à ela.
Soubesse você das coisas, da Verdade, e sua assertiva seria justamente a inversa: a mídia abutre foi quem fez essa tal "significação", que você quer acreditar que exista.

O caso não é tanto se é o perfil do leitor dessa revista ou não.
Alguns milhões lêem essa tranqueira, "formadora" de opinião. E apenas pelas chamadas lidas no dentista, na sala de espera, no caso da madade, no coiffeur (aliás, como é que não abriram um desse no privadão ainda? O viadinho do marketing tá vacilando; na exame dessa semana tem uma reportagem em que ele conseguiu enxertar uma frase do naipe "futebol ficará em segundo plano; a onda agora é trazer "torcedor" fora dos dias dos jogos ao privadão").
Mas o que vem ao caso é o mal que faz essa visão de mundo.

Anônimo disse...

Ma Dio Mio, só se fala de São Paulo por aqui!!

Unknown disse...

Vejinha é um lixo!

Matéria do futuro... datada de 28/01/2009.

Ouviu 1000 paulistanos, onde? na saída do Morumbi?

Anônimo disse...

Rsrs. É verdade. Os caras manipulam até a data.

A Veja é a cara dessa elite asquerosa que temos em nossa cidade.

Anônimo disse...

Esse texto é representativo sim !! Representa a tal elite branca...

( )s

Unknown disse...

SÃO PAULO
por Washington Olivetto
Alguns dos meus queridos amigos cariocas têm mania de achar São Paulo parecida com Nova York.
Discordo deles. Só acha São Paulo parecida com Nova York quem não conhece bem a cidade.
Ou melhor, quem a conhece superficialmente e imagina que São Paulo seja apenas uma imensa Rua Oscar Freire.
Na verdade, o grande fascínio de São Paulo é parecer-se com muitas cidades ao mesmo tempo e,
por isso mesmo, não se parecer com nenhuma.
São Paulo, entre muitas outras parecenças, se parece com Paris no Largo do Arouche, Salvador na
Estação do Brás, Tóquio na Liberdade, Roma ao lado do Teatro Municipal, Munique em Santo Amaro,
Lisboa no Pari, com o Soho londrino na Vila Madalena e com a pernambucana Olinda na Freguesia do Ó.
São Paulo é um somatório de qualidades e defeitos, alegrias e tristezas, festejos e tragédias. Tem hotéis de luxo,
como o Fasano, o Emiliano e o L'Hotel, mas também tem gente dormindo embaixo das pontes. Tem o deslumbrante
pôr-do-sol do Alto de Pinheiros e a exuberante vegetação da Cantareira, mas também tem o ar mais poluído do país.
Promove shows dos Rolling Stones e do U2, mas também promove acidentes como o da cratera do metrô
e o do avião da TAM em Congonhas.
São Paulo é sempre surpreendente. Um grupo de meia dúzia de paulistanos significa um italiano, um japonês,
um baiano, um chinês, um curitibano e um alemão.
São Paulo é realmente curiosa. Por exemplo: têm diversos grandes times de futebol, sendo que um deles
leva o nome da própria cidade e recebeu o apelido 'o mais querido'. Mas, na verdade, o maior e o mais
querido é o Corinthians, que tem nome inglês, fica perto da Portuguesa e foi fundado por italianos,
igualzinho ao seu inimigo de estimação, o Palmeiras.
São Paulo nasceu dos santos padres jesuítas, em 1554, mas chegou a 2007 tendo como celebridade o permissivo
Oscar Maroni, do afamado Bahamas.
São Paulo já foi chamada de 'o túmulo do samba' por Vinicius de Moraes, coisa que Adoniran Barbosa, Paulo Vanzolini e Germano Mathias provaram não ser verdade, e, apesar da deselegância discreta de suas meninas, corretamente constatada por Caetano Veloso, produziu chiques, como Dener Pamplona de Abreu e Gloria Kalil.
Em São Paulo se faz pizzas melhores que as de Nápoles, sushis melhores que os de Tóquio, lagareiras melhores que as de Lisboa e pastéis de feira melhores que os de Paris, até porque em Paris não existem pastéis, muito menos os de feira.
Em alguns momentos, São Paulo se acha o máximo, em outros um horror. Nenhum lugar do planeta é tão maniqueísta.
São Paulo teve o bom senso de imitar os botequins cariocas, e agora são os cariocas que andam imitando as suas imitações paulistanas.
São Paulo teve o mau senso de ser a primeira cidade brasileira a importar a CowParade, uma colonizada e pavorosa manifestação de subarte urbana, e agora o Rio faz o mesmo.
São Paulo se poluiu visualmente com a CowParade, mas se despoluiu com o Projeto Cidade Limpa.
Agora tem de começar urgentemente a despoluir o Tietê para valer, coisa que os ingleses já provaram ser perfeitamente possível com o Tâmisa.
Mesmo despoluindo o Tietê, mantendo a cidade limpa, purificando o ar, organizando o mobiliário urbano,
regulamentando os projetos arquitetônicos, diminuindo as invasões sonoras e melhorando o tráfego,
São Paulo jamais será uma cidade belíssima.
Porque a beleza de São Paulo não é fruto da mamãe natureza, é fruto do trabalho do homem.
Reside, principalmente, nas inúmeras oportunidades que a cidade oferece, no clima de excitação permanente,
na mescla de raças e classes sociais.
São Paulo é a cidade em que a democratização da beleza, fenômeno gerado pela miscigenação, melhor se manifesta.
São Paulo é uma cidade em que o corpo e as mãos do homem trabalharam direitinho, coisa que se reconhece
observando as meninas que circulam pelas ruas.
E se confirma analisando obras como o Pátio do Colégio (local de fundação da cidade), a Estação da Luz
(onde hoje fica o Museu da Língua Portuguesa), o Mosteiro de São Bento, a Oca, no Parque do Ibirapuera,
o Terraço Itália, a Avenida Paulista, o Sesc Pompéia, o palacete Vila Penteado, o Masp, o Memorial da América Latina, a Santa Casa de Misericórdia, a Pinacoteca e mais uma infinidade de lugares desta cidade que não pode parar, até porque tem mais carros do que estacionamentos.

São Paulo não é geograficamente linda, não tem mares azuis, areias brancas nem montanhas recortadas.
Nossa surfista mais famosa é a Bruna, e nossos alpinistas, na maioria, são sociais.
Mas, mesmo se levarmos o julgamento para o quesito das belezas naturais, São Paulo se dá mundialmente muito bem por uma razão tecnicamente comprovada. Entre as maiores cidades do mundo, como Tóquio, Nova York e Cidade do México, em matéria de
proximidade da beleza, São Paulo é, disparado, a melhor.
Porque é a única que fica a apenas 45 minutos de vôo do Rio de Janeiro. O mais importante é que com essa distância nenhuma bala perdida pode alcançar São Paulo!

(Washington Olivetto é paulista, paulistano e publicitário).