26 janeiro 2010

Febre de bola

Um exercício voluntário de auto-avaliação me fez perceber que este blog está por demais carrancudo, ranzinza até, talvez um pouco no espírito que se espera de quem gosta de futebol de verdade nesses tempos tão, como vamos dizer?, modernos. E isso, admito, passou a me incomodar, conforme relatado em posts anteriores.

Tendo em vista a insatisfação, fez-se necessário tomar alguma providência, por menor que fosse. Mas podem ficar tranquilos aqueles todos que apreciam o estilo radical e extremista deste blog: ele vai continuar assim, porque é uma questão de essência (mais minha do que dele). O caso é que os próximos posts virão acrescidos todos de um pequeno momento literário.

Não serão momentos fortuitos, mas sim bem escolhidos, todos eles extraídos de um mesmo livro, aquele que é fonte de inspiração para esta página e para o meu futuro livro, um projeto que continua a depender de um tempo a cada dia mais escasso (em parte devido a este blog e às demandas todas que decorrem dele).

Estou falando, é claro, de "Febre de bola" ("Fever Pitch"), obra-prima do inglês Nick Hornby. É o livro que mais consegue traduzir a alma do torcedor de futebol, seja ele brasileiro, italiano, argentino, inglês ou africano. Pouco importa; torcedor é torcedor em qualquer parte do mundo, e as palavras de Hornby, um escritor que sabe captar como poucos a alma do ser humano, fazem sentido para qualquer um que tenha o estádio como seu habitat natural.

Foi por essa insatisfação com o blog que resolvi ler a obra de Nick Hornby mais uma vez (perdi a conta de quantas foram). É necessário, até para reativar o espírito do futebol de verdade, bem longe dessa modernidade cretina que tentam nos empurrar agora.

"Febre de bola" é um livro obrigatório, mas que infelizmente está em falta nas livrarias (mas vale procurar em sebos ou na internet). Eu seria incapaz de discorrer sobre as tantas qualidades do autor e da obra, de tal modo que deixo a tarefa com o próprio Hornby: "Este livro é para torcedores como nós, e para quem tiver curiosidade de saber como é a nossa vida. Embora os detalhes aqui pertençam unicamente a mim, espero que eles ressoem dentro de todos os que já se tenham surpreendido devaneando - no meio de um dia de trabalho, um filme ou uma conversa - sobre um voleio de canhota no canto superior direito ocorrido dez, quinze ou vinte anos antes".

***

Com vocês, o primeiro dos trechos que passam a acompanhar cada um dos próximos posts do blog:

"Febre de bola", página 135:

"Vou ao futebol por um monte de razões, mas não para me divertir, e quando olho em torno num sábado e vejo aqueles rostos tristes e apavorados, vejo que outros sentem a mesma coisa. Para o torcedor apaixonado, o futebol-espetáculo existe da mesma forma que aquelas árvores que tombam no meio da selva: você presume que é algo que acontece, mas não tem como apreciar a coisa"

9 comentários:

Craudio disse...

Esse livro é uma obra-prima que deveria ser leitura obrigatória para uma renca de gente que se autoproclama jornalista esportivo. Talvez assim eles iriam entender do que se trata o futebol.

Agora, imagina o que deve ser pro antigo torcedor do Arsenal ir aos jogos naquele tal Emirates Arena?

P.S.: de fato, o senhor voltou muito amargo das férias.

Unknown disse...

Escreva e demostre sua paixao e amor ao Palestra como quiser, mas nunca deixe de publicar seus posts aki. Queremos, no meu caso, blogueiros desvinculado da midia corporativa que amem o meu Palestra acima de tudo. A forma como escreve fica em segundo plano. O importante eh ter ao nosso (meu) alcance as mais diferentes formas de noticia/posts com uma unica finalidade,

O Nosso Palestra.


Parabens, Abr Luiz E Ghizzi @LeNaZZo

Daniel disse...

mano, nem pensa em mudar o blog... ele eh bom por causa desse estuilo mesmo. eh minha leitura obrigatoria tdos os dias

Corinthiano disse...

Excelente!
É isso que espero do futebol!
Acabo de receber um e-mail do Fiel Torcedor informando que o tobogã será destinado a porcada, enfim nossa diretoria teve um lampejo do que significa esse derby, só espero que qdo formos ao chiqueiro não seja destinado apenas 10%.

Abraços

Nicola disse...

Interessante colocar trechos desse livro aqui, li ele mais de uma vez também, fora as folheadas que dou de vez em quando, um puta livro mesmo.

E esse espírito que você diz ter tomado conta do blog é normal, dado o momento que vive nosso time, e também o futebol...

Abraços

Hiran Eduardo Murbach disse...

É, o livro, em sua verdadeira essência, é para poucos (infelizmente). Uma história sem concessões e meias palavras.

Leitura obrigatória, principalmente para aquele torcedor forjado na fila, que não fez a falta de títulos desculpa para mudar de time.

Anônimo disse...

Valeu a indicação. Vou procurar em algum sebo.

***

Corinthiano, pelo que conheço do Palestra, as condições estruturais atuais não permitem que a torcida adversária tenha mais do que os tradicionais 10%.

Mas como o estádio fechará para reforma em breve, provavelmente no Brasileirão os dois jogos serão no Pacaembu (caso não inventem nenhuma cidade do interior ou jogo nos EUA), e aí o tobogã deverá ficar sempre com o visitante.

Rodrigo Barneschi disse...

Obrigado a todas as manifestações de apoio. Podem ficar tranquilos: o blog continua como sempre foi.

Corinthiano
Fica tranquilo, cara. O clássico está de volta ao lugar de onde nunca deveria ter saido e é se de elogiar que tenhamos recebido o tobogã e uma carga de ingressos razoável. O Sanchez e o Belluzzo já confirmaram que os dois clássicos do BR vão acontecer no Pacaembu também, nas mesmas condições, de acordo com o mando.

Corinthiano disse...

Valeu Rafael e Barneschi!

O derby alem de voltar para a cidade, não será disputado no panetone, excelente!