23 junho 2011

Um estrangeiro em SP



Escrevi já algumas vezes (destaco esta aqui) sobre o significado de ser um torcedor visitante. Já fui forasteiro em estádios do Brasil e do mundo mais de uma centena de vezes, e a sensação é indescritível, por mais que eu me esforce para tentar uma descrição. Já fui estrangeiro em outros países sendo o futebol o mais importante elemento cultural de minhas viagens, já fui defender o Palmeiras em situações nem sempre tão turísticas, já me senti estrangeiro até mesmo em cidades brasileiras onde o ambiente não é dos mais convidativos (em Recife contra o Sport, por exemplo). E, como aconteceu ontem no Pacaembu, já fui estrangeiro na minha cidade.

Não foram poucas as vezes em que estive ao lado de outras hinchadas da América Sul em confrontos contra nossos rivais paulistas. É sempre uma experiência diferente, e não demora muito para você se sentir como parte daquele ambiente, quase como um estrangeiro dentro de casa. Não se trata, como pensam alguns brasileirinhos babacas, filhotes do cretino Tiago Leifert, de um oportunismo típico desses imbecis que só pensam em futebol na fase final; trata-se, isso sim, de se sentir mais à vontade diante da alma uruguaya do que da alienação conveniente do brasileiro. 

Os carboneros vieram em grande número para SP. Mais até que os 2.400 anunciados previamente, uma vez que muitos partiram de Montevideo em direção à capital paulista sem ingressos. Entraram (sabe-se lá como) para empurrar o time à vitória, bem dentro do que se espera de uma hinchada latina. Chegaram cedo, tomaram parte do centro de SP e da Avenida Paulista, colocaram seus ônibus pela cidade para tocar o terror em quem não entendia que estava para acontecer uma final de Libertadores na cidade. Brigaram, fizeram "baderna" (segundo eu li em um site), mostraram o que estava por vir. 

Final de Libertadores é guerra. Como bem disse o Teo ontem à tarde, o lugar das famílias era em casa, assim como o dos canalhas que só aparecem na decisão para se proclamarem campeões de um título pelo qual não fizeram por merecer. Final de Libertadores pede pancadaria, ânimos exaltados, agressividade, tensão ininterrupta. 

Vieram os uruguayos e logo ocuparam toda a arquibancada lilás. Nunca antes aquele setor ficou tão lotado quanto na noite de ontem - nem mesmo quando os grandes da capital ficam ali. Longe de aceitar as imposições dos coxinhas, os hinchas enfileiraram seus trapos por todos os cantos: na grade lá embaixo, na corda dos coxinhas, na marquise lá do alto, nas árvores, nos postes de iluminação, nas laterais com acesso normalmente proibido para os visitantes.

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Repetiu-se o comportamento habitual dos bravos, valorosos e destemidos homens do 2º BP Choque: diante do desconhecido (no caso, barra bravas de outro país), eles tendem a recuar. Evitam entrar no meio das barras, observam à distância, permitem que alguns hinchas fiquem de pé nas laterais da arquibancada, entendem que as leis de promotores vagabundos não se aplicam a estrangeiros. 

A Barra Amsterdam puxava os cantos ali no meio, e a parte mais inflamada da torcida seguia junto. Músicas poderosas, com pedidos de "huevos" e de total entrega ao clube. Um contraste com os desgastados gritos que ecoavam do outro lado (tenho a impressão de ter ouvido algo na linha "com muito orgulho, com muito amor...". Repugnante). Para quem estava no setor lilás, o que mais transparecia era o descompasso entre o ritmo da organizada e o do povão que estava no tobogã. É assim com qualquer torcida brasileira; não é exclusividade dos litorâneos.

 

Lá pelas tantas, converso com um sujeito que foi atrás do Peñarol em Porto Alegre (Internacional), em Santiago (U. de Chile), em Buenos Aires (Vélez) e, para finalizar, em São Paulo. Um feito notável mesmo para doentes incorrigíveis como eu. O discurso-padrão (deste e de outros) era algo na linha "viemos buscar o que nos pertence". É a obsessão pela Copa Libertadores, recentemente compreendida, aceita e seguida pelos brasileiros, mas que já permeia a cultura de um hincha uruguayo ou argentino há décadas. 

Mas não havia apenas barra bravas. Seja pelo preço da passagem e do ingresso ou pela maneira como se distribuíram os 2.400 bilhetes, havia muita gente "das antigas" por ali: senhores já aposentados, executivos de terno, jovens que não pareciam pertencer a uma barra. E também algumas crianças e mulheres. 

Alguns comportamentos da torcida santista não eram bem entendidos pelos hinchas uruguayos. O conflito com quem estava no tobogã era bem reduzido por conta da divisão feita pela PM, mas faltou manter as tendas abaixo do setor lilás, que normalmente isolam a passagem de torcedores "da casa" de quem está como visitante. 

No intervalo, não poucos questionavam: "E o River, quanto está?" Ao saberem do 2-0 para o Belgrano, revelavam incredulidade. De dois ou três, ouvi um murmúrio: "Ai, River, River...". Algo como a minha lamentação por não aceitar o possível rebaixamento de um gigante.

 

E eu já me sentia como um legítimo carbonero, um estrangeiro na minha terra, como se tivesse nascido não ali a poucos quilômetros do Pacaembu, mas em Montevideo. Pois é, eu devia mesmo ter nascido em Buenos Aires ou em Montevideo, cidades que combinam muito mais com a minha alma futebolística. 

Não raro, eu encarava a maioria de santistas do outro lado, e batia aquela sensação de um guerreiro que viaja até onde for para levar o time à vitória diante de uma multidão de inimigos. Parecia mesmo um estrangeiro, e quase pensei que teria ainda de encarar uma madrugada em claro até pegar o voo de volta para casa. 

Do outro lado, a torcida do Santos me surpreendeu. Eu esperava um clima de festa, sem a devida concentração que pede uma final de Libertadores, mas tanto a TJS lá do outro lado quanto o povão pareciam bem conscientes do que estava por vir. Não se repetiu o clima festivo do pré-jogo, aquele mesmo que já derrubou outros clubes brasileiros em finais contra times de fora. Quem foi ao Pacaembu parecia ter entendido o que estava em jogo. Com exceções aqui e ali (e com alguns cantos que irritam pela infantilidade e inocência), o público local se portou bem. O time entrou também com esse espírito, e aí parecia mesmo difícil para o bravo e limitado time do Peñarol segurar o que estava por vir. 

Ao final, o que se esperava de uma final de Libertadores: pancadaria, confusão, socos, pontapés, tumulto generalizado. Isto é futebol, isto é Libertadores, isto é América do Sul. É a mística, é a tradição, é o respeito à camisa. Tem gente que não entende e critica; mal sabem que a briga foi a melhor parte da noite, um mais do que necessário contraponto à forte presença de tantas marcas de empresas no campo, na arquibancada, nos malfadados camarotes. 

Encerrados o jogo e a briga, os jogadores seguiram até a hinchada para agradecer o apoio. Atiraram as camisas para a arquibancada. Aplausos, uma euforia incomum depois de uma derrota e o justo reconhecimento aos que vestiram a camisa aurinegra naquela noite e durante toda a Libertadores/2011. O Peñarol é um gigante e o futebol vive no Uruguay. 

Termino com o "editorial" de um blog de hinchas do Peñarol: "Lo único que podemos decir es que los jugadores dejaron todo, mucho huevo y mucha garra. Nada de fútbol, perdimos bien porque no creamos. Lo único que queremos es agradecer al plantel por habernos hecho soñar y llevarnos hasta la final de América, y agradecer a esta maravillosa hinchada que sigue demostrando porque es la mejor hinchada del mundo. La Copa Libertadores 2011 fue de la Hinchada del Club Atlético Peñarol y de eso tenemos que estar muy orgullosos".

 

“Tenés que dejar el alma y el corazón Tenés que dejarlo todo por Peñarol!"

35 comentários:

Anônimo disse...

opa!

o reflexo de um povo se destaca nas menores de suas atitudes. aliás, o reflexo de um homem, primeiramente, também.

e é nas menores coisas que eu decidi me apegar. num movimento contrário ao que se tem apregoado e ao que se tem imposto, do ponto de vista geral. o inconsciente coletivo, dominado pelo discurso "viva mais isso do que aquilo" (como que cada um não fosse cada um) impera. Mas eu, na minha imbecilidade, tento resistir.

digo tudo isso para afirmar e reconhecer que comecei a lhe entender. Não porque seus prpósitos são pequenos ou menores. Não porque são grandes ou maiores. Mas porque são seus. E eu te leio e te sigo. Talvez porque o meu inconsciente tenha tentado me dizer: siga esse cara. Ele tem na alma o que você também pensa, embora resista em algumas questões.

Mas você ter ido apoiar o Peñarol, mesmo sendo contra o Santos, foi uma pá-de-cal sobre as minhas resistências... Isso porque, por entender que o Santos seja o menor dos 12 grandes (conseguindo superar negativamente o sem estádio) você ainda assim foi lá, honrar nossas cores em face de um insignificante.

Cara, você é um PALMEIRENSE de escol. Se você perder tudo na sua vida (e isso, DEUS não deixará acontecer), ainda assim o fato de ser um digno e verdadeiro PALMEIRENSE você não perderia.

um abraço forte do seu amigo de Uberlândia,

Luiz.

pedro disse...

Caro Barneschi,

Não fui ao jogo, mesmo porque torci para o Santos e, claro, verdadeiros santistas merecem muito mais do que eu estar alí.

Gostei do seu texto. Inclusive pelo respeito. Eu não compartilho do seu jeito hinchada de torcer, me identifico muito mais com o jeito brasileiro de jogar (e de torcer). Admiro os hinchadas, mas admiro como diferente. Assim como admiro o povo do Maraca e da fonte nova. Mas minha torcida de verdade está no Palestra. (Se bem que ontem... como é bonito o Pacaembú!)

Quanto à torcida, o "vai para cima deles Santos, vai com determinação..." é muito bom.

E o Santos sabe o que é libertadores. E Pelé é foda. Não dá para dizer que não é nada, que está querendo aparecer, ou qualquer outra coisa para desmerecer. O cara sente o Santos de verdade.

O Palmeiras é gigante inclusive por isso: encaramos o Pelé (e o Santos) de igual para igual. Durante todo o reinado do Pelé. Quem fez isso?

Abraços,

Pedro.

Anônimo disse...

Pedro,

desculpe-me, mas muito obrigado!

é que, lendo-o, ví o que havia me esquecido de dizer 2 coisas:

1) - o é realmente Pelé foda! registro também!!!!

2) - e, ao contrário do amigo, torci para o peñarol (por isso me manifestei aqui! finalmente teria encontrado alguém que tivesse torcido realmente contra o insignificante Santos).

abraços verdes!,

Luiz, Udia.

Anônimo disse...

só corrigindo: "1) - O Pelé é realmente foda! Faço também o registro!"

Luiz, Udia.

Raoni Leal disse...

Falae, Barneschi!

Você teve uma experiência memorável hein! pqp! a Hinchada do Peñarol é uma das melhores do MUNDO! sem duvida nenhuma, se alguma torcida merecia esse título, era a do Peñarol!!

porra, o Santos tem um time do caralho, muito forte =/

mas a torcida deles é lamentável!

queria entender pq foram permitidos sinalizadores na noite de ontem? Claro, apoio com certeza a ideia de sinalizadores, mas deveriam permitir SEMPRE e não só pq era final de Libertadores. É essa maldita PM...

O Santos é inexpressivo, tanto que vi muitos gambás, bambis e até palestrinos torcendo pros caras, uma pena, pq hj eles podem ser café com leite, mas sendo Tri da América, a geração de torcida que está por vir deles, pode incomodar, assim como os bambis no começo dos anos 90 que nao eram NADA(já bem mostrado aqui no seu blog) e hj fazem número à essa escrotidão chamada SPFW. O que você acha sobre isso?

Abraço, parceiro!

"Vamos jogar com raça os jogadores!
Para ganhar a Taça Libertadores! LIBERTADORES!"

é o maior torneio do MUNDO, sem dúvida!

VAMOS, PALMEIRAS!

Bruno D'Angelo disse...

O Independiente é o maior campeão da Libertadores. Alguém se lembra disso?
Só quem acompanha e é realmente fanático por futebol sabe disso.
O Santos mereceu, é tri, mas só é lembrado por ainda ter o apelo do time sensacional dos anos 60 e por ter tido Pelé.
Em compensação, o Peñarol chegou à final pois seus jogadores são de uma raça absurda. Esse time seria rebaixado no Camp. Brasileiro com 3 ou 4 rodadas antes do final.
Eu não admito torcer e apoiar qualquer outro time que não seja a S.E. Palmeiras!
E mais: depois que acabou o jogo de ontem, eu só fui ver e ouvir comemorações lá pelas 2h da manhã, muito provavelmente vindas daqueles que estavam no estádio e iam para casa.
O Juventus da Moóca faria mais...

Anônimo disse...

Barneschi,

Como vc conseguiu ingresso e quanto pagou?

Abs

Helder Oldani disse...

Barneschi,

Estive recentemente na querida Buenos Aires, e minha visita se deu na semana em que o Penãrol enfrentaria o Independente em Avellaneda ainda pela fase de grupos. Um dia daqueles fui visitar alguns amigos em Montevideo, usei o buquebus, e retornaria no outro dia, no meu retorno, para minha surpresa, o buque estava tomado com a hincha do penãrol, todos estavam indo para a cancha do independente, com suas bandeiras e cantos, a viagem foi sensacional, aliás, preciso te passar os videos para quem sabe entrar no post " o pais do futebol ".

Fui fazendo amigos, e logo me ofereceram um ingresso, comprei por 150 pesos, se não me engano o preço era de 100 pesos, mas diante daquela situação, não tinha como eu não comprar, só havia planejado ir no jogo do boca contra o all boys no mesmo final de semana, mas a hincha me cativou, não havia como eu recusar, creio que imaginei o que esta prestes a acontecer...

Foi o ponto alto da viagem, logo consegui uma camisa e me misturei a hinchada, meu portunhol era péssimo, mas minha vontade de entrar na cancha como visitante, em um país que não era o meu, era bem maior. Tomamos a avenida principal de BA, e logo os arredores do Obeliscos foram tomados pelas cores amarelo e preto, tomando muitas quilmes de 1 litro, ali começou o jogo, foi ali que a partida começou, e ali foi o ponto alto da minha viagem.

Fomos para a partida e perdemos de 3x0, porém a hinchada não parou 1 minuto, parecia que a vitória era nossa. Tenho certeza que foi aquele jogo o divisor de aguas pra esse time na libertadores, a partir dali viraram outro time e assim chegaram com muita raça na final.

Mais tarde, retornando para o hostel onde fiquei hospedado, encontrei alguns hinchas que passaram a noite por lá, troquei uma camisa do são marcos com uma do penãrol, e trocamos histórias das torcidas do uruguai e do brasil...Foi sensacional

Realmente o futebol vive nesses lugares...

Sergio Mendonça disse...

Ola amigo tudo ok. Bela postagem e parabens por ter ido ao jogo, realmente eu fiquei em casa assistindo o River.

Nao consigo entender torcedores do PALMEIRAS torcendo para aquele clube do litoral. Mesmo com a vitória deles paresse que foi o São Caetano que foi campeao, tendo em vista a pouco comemoração, só a impressinha fazendo a demagogia de sempre.

Bem o que interessa memso e o PALMEIRAS o resto f...-se.
Embarco hoje para Fortaleza e para assitir o jogo contra o Ceara.
Acredito em uma boa vitoria e muito sol no nordeste.

Um abraço. Aqui é e sempre será PALMEIRAS.

Gabriel Manetta Marquezin disse...

o Pelé não quer aparecer??? como jogador é incontestável....e só, o cara é tão chato, tão mala, tão oportunista que mesmo sendo o maior de todos os tempos não consegue ser idolatrado nem no País, e no Santos não é tanto assim também... o Maradona é absurdamente mais ídolo que ele, tanto pelo País quanto pela torcida do Boca, o cara de fato vai a quase todos os jogos na Bombonera, e quando não vi pelo menos suas filhas ocupam seu camarote....


o Santos mereceu o título, fez grandes jogos, passou por jogos complicadíssimos com uma maturidade que eu jamais esperaria...

essa Libertadores mostrou pra mim o quanto o Santos é um time insignificante, mostra a falta que faz um rival a um clube, ninguém se incomodou de fato com a vitória deles, eu torci muito pelo Peñarol, por vários motivos, e ainda assim não consegui ficar puto com o título deles. Além disso, nunca uma conquista de Libertadores foi tão pouco festejada e divulgada no Brasil, os títulos do Inter foram muito mais divulgados aqui em SP que esse do Santos, as imagens que vi de Santos também não me impressionaram......fora isso vale lembrar que o Santos é um time sem Cidade... enfim, de fato o Santos é um time de piada, por mais títulos que tenha...um time sem Cidade, e sem rivais, dois elementos indispensáveis para o Futebol.

Anônimo disse...

coquimirasol: Yo estuve en el estadio el miercoles y vi 3 brasileros en la tribuna nuestra, capaz que uno de ellos eras vos.
Que bueno que hayas podido estar en la tribuna con nuestra gente,
Abrazo carbonero!

jonas disse...

parabens pelo post e pela dedicacao sempre demomnstrada... é brilhante a sua dedicacao pelo futebol de verdade

João Medeiros disse...

Fala, irmão.

Uma beleza os carboneros, realmente. Sabem o que é futebol de verdade. Aliás, é exatamente esse tipo de torcedor que mantem o verdadeiro futebol, com alma. Li os comentários, e acho que alguns não entederam o espírito do que foi escrito. Na verdade, pelo jeito, nunca entenderam.

O que precisa ser reverenciado, respeitado e repetido, é a forma apaixonada com que um torcedor segue, acalanta e idolatra seu clube de coração. Isso não é comum no Brasil. Não é mais
, quero dizer. O torcedor brasileiro, em sua grande maioria, se curvou ao discurso da mídia. Se deixou seduzir pelo futebol sem alma vendido pelos filhos da puta da FIFA, da Globo e outros tantos sanguessugas que estão matando o verdadeiro futebol. Esse discursinho de Sportv dizendo "...uma pena o que houve no fim do jogo...""...faltou espírito de desportividade aos jogadores do Peñarol...""...cadê o fair-play?...", essas e outras imbecilidades que futilizam o futebol me dão nojo.

Pois bem, O grande Peñarol e sua torcida representam exatamente o futebol que eu, o Barneschi e outros tantos admiramos. O que a gente quer é exatamente esse espírito de guerra, esse sangue nos olhos, essa paixão desmedida tanto execrado pela mídia limpinha no Brasil.

Não fui ao Pacaembu na quarta. Mas já fui ao Maraca ver o Boca, no meio da sua hinchada e sei exatamente o que o Rodrigo sentiu. Os caras sabem torcer. "Viemos pegar algo que nos pertence". É exatamente esse o espírito.

Parabéns, Barnschi. Pelo texto e pela coragem de defender o verdadeiro futebol.

Luan disse...

Grandes Carboneros! Mereciam a vitória! E pensei que só aqui na minha cidade que a comemoração tinha sido fraca, mas olhando na net percebi que foi em sao paulo e em santos também. São fracos realmente e como disse o Gabriel, eles não tem nem rival.
Mas pelo menos eles possuem um presidente que pensa em trazer títulos para a sua torcida, diferente de um certo senhor que vaga pelo Palestra: http://www.verdazzo.com.br/materias/com-a-medalha-no-peito até quando essa mentalidade vai reinar no nosso amado Palmeiras? Vamos dar um fim nisso pelo amor que temos no Palmeiras.

Fábio Niterói disse...

Falou tudo. O Santos é um time sem cidade e sem rival, duas coisas fundamentais para um clube poder se considerar um clube. Esta falta de identidade própria é o que faz com que seja sempre um café com leite, por mais títulos que conquiste. Para provar que o Santos é um time café com leite: ninguém das outras torcidas fica puto quando eles ganham alguma coisa, nem exulta de alegria quando eles perdem.

Os santistas que me desculpem. Em certo sentido, são muito parecidos com os bambis - só criam novos torcedores à base de títulos. Foi assim no tempo do Pelé, e continua sendo assim agora. Não fossem os títulos, e ninguém sequer se lembraria de que existe a opção de torcer para o Santos.

No discurso, os santistas vomitam no seu discurso todas as bobagens padronizadas que impregnam a mídia de hoje. São manequins da "geração vitrine".

Danilo Cruz disse...

Grande Post!

Aos comentários de que o Santos não mereceram a vitória, isso não é verdade.

Eu não sei, mas na tv o audio dos Carboneros foi prejudicado. A única vez, que os ouvi foi na hora do gol.Mas através deste post vejo que não foi bem isso o que aconteceu.

A briga foi eletrizante, demorei 1 hora pra dormir... daquelas imagens que não sai da minha cabeça. Esperava uma torcida local até mais apática. Mas, como joga de acordo com a intensidade do time e o time se comportou a ir pra cima, a torcida foi pra cima.

Foi um jogo de final de libertadores!

Rodrigo Barneschi disse...

Obrigado por todos os comentários e pelos relatos. Vou responder um a um mais tarde, com calma.
Abraços

mario pereira disse...

cara, é até engraçado ler comentarios de palmeirenses "santos só cria torcedores pelo titulo".
Cara, me diz uma coisa, voce torce pra torcida ou pro time?
Santos é café com leite? prefiro torcer pra um café com leite, ver meu time jogando muito sempre, ganhando titulo do que só achar que meu time ta abafando, que a torcidaé gigantesca e ser cego ao enchergar que na verdade ela nao é nada mais nada menos do que as outras do estado..
Melhor viver de futebol,de resultados do que de devaneios..

Marcão disse...

Pra quem acompanha o seu blog, isso que vc fez era de se esperar. Parabéns e que inveja (inveja boa).

Não é a toa que considero o Mauro Cezar disparado o melhor comentarista po país.

MauroCezarESPN Mauro Cezar
Texto de @forzapalestra que nem todos entenderão, mas os que entenderem irão gostar. Futebol além das 4 linhas... http://bit.ly/jfKJde

Ricardo Brito Teixeira disse...

Caro Barneschi,

Seu post exprime a alma do futebol. Com coisas que eu acho que devem ser mudadas, verdade, mas mostra exatamente a maneira latina de torcer.

Acompanho desde sempre os seus textos, e mostro admiração pela forma que você expõe sua opinião através de fatos e argumentos contundentes. Mesmo não concordando com algumas coisas. Como por exemplo dizer que o marketing acaba com o futebol.

Atuei no departamento de marketing do nosso Palestra para tentar reformular a primeira versão do Avanti. Digo que a experiência serviu para observar o pensamento restrito de nossos dirigentes e de algumas pessoas que comandavam/comandam aquele departamento. E te faço uma confissão: eu tentei, juro que tentei reforçar a ideia do ingresso para os nossos torcedores. E mais, trabalhar o marketing para que o torcedor se conscientizasse da grandeza do nosso Palmeiras. Além de fazer o torcedor parte do Palmeiras em todos os processos de relacionamentos possíveis. Pelo visto, falhei. Não por incompetência, mas sim pelo sistema. Tanto que larguei o cargo. Porém, serviu para abrir os meus olhos.

Voltando ao post. A questão da pancadaria, eu também confesso, sou a favor sim, é cultura. Mas fora do estádio. Dentro dele sou a favor das provocações ferozes que chegam próximo ao limite do embate.
Da forma que você critica os camarotes, etc. Lembro de uma vez, no 3VV, vc ter me xingado de fascista. Fato que resolvemos ali mesmo, e àquela época eu passava por uma espécie de generelizações e não entendia oq era segmentação dentro de um estádio, mesmo eu ter só frequentado arquibancadas dos meus 15 aos 19 anos. Da forma que você critica os camarotes, etc. Mas, o futebol moderno deles (leia-se europeus) acabou por levar nossos jogadores, deixando nosso nível técnico lá embaixo. E é preciso fazer algumas adptações para que possamos ter de volta grandes jogadores e jogos. Só que essas pessoas ainda insistem em generalizar as coisas estão acabando com o nosso futebol e com a nossa maneira peculiar e rara de torcer. Como profissional da área do marketing esportivo, no alto dos meus 20 anos, e ainda frequentador de arquibancadas (não é demagogia, apesar do termo ter virado comum na política palmeirense para infinitos fins), eu sou sim a favor de uma organização mais digna para os torcedores, coisa que não foi vista nessa final e por parte da Conmebol. Porém, nunca mais eu vou querer imprimir uma prática só de compra de chaveirinhos, e sim tentar aliar essas pequenas adaptações à cultura do nosso futebol latino, ela é o carro chefe e retrato da nossa sociedade e ela deve ser exaltada e respeitada. E o marketing nocivo pode sim se transformar em benéfico.

Desculpe pelo longo comentário, mas foi preciso.

Grande abraço.

Diego disse...

Deprimente.

Não sei´o que é pior... "Brasileirinhos" ou " seres com "complexo de Buenos Aires"...

Fala sério...

Gabriel Manetta Marquezin disse...

o Lambari infiltrado assinou embaixo tudo o que falamos do SFC...

aliás, o cara acabou de ser campeão da Libertadores, e está em blog de Palmeirenses discutindo em plena sexta de feriado...vá entender...

Anônimo disse...

Mário Pereira,

desculpe-me, mas não entendi o seu comentário. Literamente. Não sei se porquê a pontuação, na hora de digitar, fica realmente distorcida ou se eu não soube mesmo interpretar o que você desejou dizer.

Falo isso porquê me senti citado nas entrelinhas, quando você discute o fato de se ter torcido para A ou para B (já que, para mim, o Santos se resume em A ou B, mesmo, de verdade).

Ricardo Brito,

também tenho frequentado e feito, da minha maneira e do que eu posso, fazer parte da história do Palmeiras e digo: sei o que você passou e mais, tudo é a mais pura verdade.

Mas te asseguro que tudo isso valerá para o seu aprendizado pessoal. Ao longo dos anos, adquirindo experiência(s) de vida, você vai entender que tudo isso é natural. O embate de idéias e de ideários é a coisa mais natural do mundo e o Palmeiras é o único clube de futebol (para o bem ou para o mal, sei lá...) que proporciona esta discussão conceitual, na medida em que lá as coisas são mesmo escaracadamente viscerais.

Tenho 40 anos e proporei meu nome ao Conselho à presidência do UEC (Uberlândia Esporte Clube) meu outro time do coração (Sim!, paulistas!!!, nos rincões do Brasil torce-se para um time grande e o time da sua cidade!!!! rsrssrs (Luigi, me perdoe e não me foda!!!)

Quando eu atingir os 60 anos de idade (se Deus permitir) talvez terei outras percepções da vida... completamente diferentes das de hoje. Sei lá. Acho que sim, as terei.

O importante, entretanto, é o amigo saber e ter consciência de que tentou e que tenta, a cada segundo acertar. Se este for o seu propósito, fique tranquilo, siga com Deus e continue firme.

Vai PALMEIRAS!!!!!

Luiz, Uberlândia.

Pablo disse...

Realmente he quedado gratamente sorprendido por este post y algunos comentarios. La torcida de Peñarol conmueve siempre, tengo 46 años y gracias a Dios lo pude ver campeón de América y del Mundo, pero en esta Copa esta hinchada me hizo llorar en el Centenario, nunca había visto un aliento y una pasión tan grande. Y me dolió perder por los niños y adolescentes que nunca lo habían visto tan cerca de la gloria.... Ustedes los brasileños están acostumbrados a ser siempre candidatos y a ganar seguido, nosotros no, todo es cuesta arriba, por eso lo sentimos desde el corazón y dejamos el alma alentando. Un abrazo

BARRA AMSTERDAM disse...

gracias desde uruguay

Anônimo disse...

Têm mais gente que gosta de beber Fanta Uva que torcedor do Santos.....

O Santos é o time da piada, o Santos é o time do meu amor, lê lê lê lê lê......

Casselli

Anônimo disse...

Retificando... O Santos é o time da piada, o Santos é o time do meu avô.....

Gabriel Manetta Marquezin disse...

do meu avô é o caralho ahahah meus dois avôs eram Palestrinos até os dentes....

não canto essa musiquinha nem fudendo hahahahaha

Priscila disse...

Parabens pelo seu texto, nunca li algo tão emocionante sobre o futebol.

Anônimo disse...

"Com muito orgulho / com muito amor" foi foda mesmo... ouvi isso aí e pensei que tava assistindo um jogo de vôlei...

Fora isso... Essa final realmente foi SENTIDA, como uma final de Libertadores deve ser. Um time como esse de Peñarol, duro, gurreiro, bravo. Literalmente brigando contra um time muito superior tecnicamente. Colocando toda tradição dentro de campo e uma carga absurda na bancada.

Parabéns pela presença, deve ter sido do caraleo...

Abs

Gabriel, verde até o osso

Gabriel Manetta Marquezin disse...

a capa do Clarin neste momento (18h) mostra como o futebol é a alma do povo argentino...todo o site é sobre o empate do River....não sobrou espaço para politica, novela, fofocas nem nada...de fato, neste momento nada pode ser mais importante que este fato.

Rodrigo Barneschi disse...

Algumas respostas necessárias:

Luiz Uberlândia
Obrigado pelas palravas, meu caro. Agradeço pela audiência de sempre e pela paciência em me seguir mesmo quando não concorda com minhas ideias.

Pedro
Obrigado pelo depoimento.

Raoni Leal
Boa pergunta. Não sei o motivo de terem permitido sinalizadores na última quarta. Houve até um princípio de incêndio na TJS e nada foi feito pela PM. Antes fosse sempre assim.

Helder
Valeu. Grande depoimento.

Sergio Mendonça
Obrigado por nos representar lá em Fortaleza.

João
É exatamente isso que eu admiro nos uruguayos e argentinos. É isso que faz a diferença. E é isso que será sempre enaltecido aqui. Porque isso é futebol. Valeu!

Carboneros
Obrigado por todos os comentários postados aqui.

Ricardo Teixeira
Muito importante o teu comentário. Concordo em alguns pontos, mas não com outros. Me manda um email (forza.palestra@yahoo.com.br), por favor? Precisamos dar sequência a esse debate.

Diego
Vai dar o cu pro Tiago Leifert, seu brasileirinho de merda! Lixo!

Obrigado a todos os outros comentários!

Anônimo disse...

O Santos tem um grande história, o mundo inteiro conhece.

O Santos é um time que não é da capital, porém a maioria da torcida é da capital, porque isso? Falta de identidade dos times da capital? Não, porque é forte como os da capital, coisa que parte da torcida dos outros times não aceitam.

O Santos não é nada parecido com os bambis, nada!

Vai estudar a histórias dos clubes antes de vomitar uma asneira dessas.

Pra falar a verdade quase nem ouvi a torcida do Peñarol no Pacaembu. Mas é uma grande torcida e a respeito.

Anônimo disse...

NAO CONCORDO..
O amor e a paixao que a torcida palmeirense sente, duvido que seja menor que a de qualquer torcida uruguaia ou argentina!
nao se discute alma, é uma questao de cultura.

E a torcida que canta e vibra, que consome e segue, que chora, se levanta e bate no peito, meu amigo, essa é a ALVIVERDE. Igual a ela nao ha!

Anônimo disse...

Me desculpe, mas não acho que o Santos seja tão insignificante quanto os comentários acima.

Caro amigo blogueiro, sou de Santos e quando fui a Buenos Aires e disse de onde era, imediatamente o cidadão argentino me disse... "Santos de Pelé".

Isso é algo que não acontece com outras agramiações neste país. Faz tempo, sim, faz tempo... mas ainda sim, 10 anos de hegemonia podem ser limados pela mídia, mas não pela história do futebol e pela tradição.

Talvez, se o Santos de Pelé não existisse, o próprio Palmeiras de Ademir ou o Botafogo de Garrincha poderiam ter muito mais glórias do que possuem.