Eu sinceramente já não tenho mais forças para falar sobre arbitragem. É uma situação que se arrasta por muitos anos e que só vai se resolver com medidas drásticas, chocantes mesmo. Tipo um dirigente invadindo o gramado (Volta, Eurico!), um jogador se fazendo de mártir em nome de uma causa maior, uma invasão de campo em massa, coisas desse tipo. Enquanto nada disso acontecer, o Palmeiras seguirá sendo prejudicado pela arbitragem de maneira reiterada e descarada, e haveremos de conviver com reações protocolares e protestos formais de efeito nulo. Ah, tem um efeito sim: a mídia vai insistir com o discurso de que "erros acontecem para todos os lados bla bla bla". E o que acontece na realidade é que todos os erros acontecem contra o Palmeiras. Seguimos em frente. Até o próximo roubo, senhores.
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Arena Independência, BH
Estádio 53. Uma cancha bem interessante, pressão considerável para o time da casa, acústica privilegiada (o barulho era muito forte com apenas 12 mil torcedores). E é uma arena que, a despeito de todo o discurso de modernidade, conserva ainda a alma que tinha antes da reconstrução e do prenome.
Encravado em um bairro residencial da zona leste, com ladeiras e becos para todos os lados, é um daqueles estádios que tornam a vida do visitante um tanto mais complicada. Não há uma via exclusiva para a torcida de fora; grades de trânsito estabelecem a fronteira, mas o espaço é estreito e de difícil acesso. Não foi um problema ontem, mas pode ser em um jogo de maior apelo.
A bilheteria fica em um container com dois guichês - mais um fator a ser revisto para jogos grandes. Cheguei bem cedo ao estádio e a compra foi tranquila. Ingresso da malfadada BWA, R$ 40.
Uma vez lá dentro, o estádio surpreende na altura e guarda características de muitas canchas. O setor que fica atrás do gol, por exemplo, lembra muito o do Luigi Ferraris, de Genova - e também o de muitos campos da Inglaterra, pela separação da 'curva' por meio de duas grandes torres. O vazio atrás do outro gol lembra o próprio Independência, mas também o Palestra, com a cidade se mostrando ao fundo. E, por fim, os setores superiores lembram muito a solução adotada para o Engenhão, que eu vejo como equivocada.
Por sinal, foi em um destes setores que ficamos os pouco mais de mil palmeirenses em BH. Por uma questão estrutural, o time da casa (Atlético ou Cruzeiro) vai sempre ceder para o visitante todo o anel superior central (em torno de 2,2 mil lugares). Bom para quem vai ver os jogos lá, com visão panorâmica (bem do alto) e com a possibilidade de acompanhar de perto qualquer um dos dois ataques - o espaço se estende de uma área à outra.
O ingresso daquele setor (e, imagino eu, também dos outros iguais) vem com uma advertência: "assento com visibilidade prejudicada". Pois bem, aí você pensa: pra que cazzo o aviso se aquela é a única opção? Ao final, o recado se justifica em partes. Vou explicar:
A verdade, senhores, é que o "assento" tem visão não apenas prejudicada, mas sim comprometida a depender do seu comportamento. Se você quiser ver o jogo sentado, vai perder até metade da visão do campo, não conseguindo enxergar a lateral imediatamente abaixo. Por quê? Porque a grade à frente impede a visão. A exemplo do que acontece no Engenhão, colocaram grades para separar um degrau do outro e a coisa se deu de maneira ainda mais invasiva, porque elas simplesmente vão de um lado a outro dos setores superiores, deixando cada lance da arquibancada separado dos demais. A inclinação é enorme, com cada degrau ficando um metro acima do outro - e a grade tem essa mesma altura.
Conclusão: fizeram um setor com cadeiras e separações para supostamente dar mais conforto, mas a verdade é que você só consegue ver o jogo se ficar em pé - e apoiado no obstáculo. No caso das organizadas, a distância entre as fileiras acaba sendo um problema ainda maior, porque desmobiliza o público.
Há boas opções de alimentação, sem muita frescura (salgadinhos, pizza, lanches etc.), mas com variedade e preços aceitáveis. De resto, tudo muito novo, os banheiros funcionam bem (essa é para os aficionados que vivem reclamando de banheiros sujos e alagados) e o ambiente em si é bastante agradável: se a acústica é favorável, é assim não apenas para a torcida da casa, mas também para a visitante, de tal forma que não há muito o que temer, a não ser do lado de fora.
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_Nunca é demais republicar este post aqui, sobre o prejuízo, mais um, acarretado ao palmeirense pela Rede Globo. Tive de cancelar minha passagem de avião (que sairia de CNF às 20h38), pagar multa e encarar oito horas de ônibus na volta para SP. Não posso deixar de agradecer a Marcelo Campos Pinto e à corja de canalhas.
_No maior jogo que eu tive o prazer de ver em BH (Cruzeiro 2(3)-2(4) Palmeiras, pela Libertadores/2001), Celso Roth era o nosso técnico e Felipão, o do time mineiro. Ao olhar para baixo, os dois à beira do gramado, foi impossível não lembrar daquela noite.
_Passei pelo finado Mineirão antes do jogo. Parece um cenário de guerra. Não sou especialista em grandes obras, mas não dá pra entender aquilo. A verdade mesmo é que vão matar o espaço de convivência que existia do lado de fora. Maldita Copa do Mundo!
_Inter (BB), Botafogo (F), Fluminense (F), Flamengo (BB), Atlético/GO (F) e Santos (BB). Os seis jogos restantes no turno evidenciam que o Palmeiras não soube aproveitar os duelos mais fáceis. Teremos uma sequência complicada, e, para piorar, Tirone, Frizzo e demais cúmplices implodem o nosso mando de campo. Até que isso tenha solução e até que a tabela volte a apresentar jogos mais fáceis (no returno), é bom nos acostumarmos à zona do descenso.
_Parabéns aos responsáveis que insistem em fazer o Palmeiras entrar em campo com a camisa mais feia da sua história. Eu sinto vergonha quando o time entra em campo com aquela aberração.
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MAIS FOTOS
A configuração do setor visitante é idêntica ao que se vê na parte alta da 'curva': grades entre um e outro lance da arquibancada, escadas de acesso como única maneira de subir ou descer e inclinação elevada:
Detalhe da passagem de serviço da Arena Independência. Lembra muito o Engenhão na parte estrutural:
Vestiário dos jogadores e setor administrativo. Ao fundo, BH:
Detalhe das grades e do grande espaço entre uma fileira e outra:
Detalhe de uma das torres que deixam a 'curva' isolada, a exemplo do que ocorre no Luigi Ferraris (Genova) e em estádios da Inglaterra:
Visto da Pampulha, o assassinato do Mineirão:
Pra fechar: