03 janeiro 2007

BOND BEGINS



Logo de cara, fica o registro: Clive Owen é o grande James Bond que o mundo jamais terá a oportunidade de ver. Posto isso, é meu dever pedir desculpas a Daniel Craig, que, contra a desconfiança quase geral, precisou de apenas um filme para se tornar o melhor 007 desde o inigualável Sean Connery.

Mais do que desculpas, fica aqui um enorme agradecimento ao cara que, ao lado de Martin Campbell, Robert Wade e Paul Haggis, é responsável por fazer a esta franquia um bem semelhante ao que Christopher Nolan e Christian Bale fizeram à do Batman.

Não é exagero: 007 Cassino Royale poderia tranqüilamente receber outro nome, o de Bond Begins. É, na minha modesta opinião, o melhor filme desde Live and let die (1973), com o canastrão, mas bom a seu modo, Roger Moore. E é um dos quatro ou cinco melhores entre os 22 – já considerando o extra Never say never again (1983) - desta cinesérie.

O grande mérito de Cassino Royale reside exatamente na coragem de zerar um dos personagens mais consagrados do cinema.

Grandes explosões, gadgets cada vez mais elaborados, palácios de gelo, vilões imunes a dor, um herói capaz de burlar a lei da gravidade... os rumos tomados na era Pierce Brosnan não eram os mais corretos, por assim dizer.

Eu nem me coloco entre os mais insatisfeitos, visto que encarei tudo como parte do fascínio destes tempos hi-tech, mas não foram poucos os que se deixaram incomodar.

Para aqueles que não conhecem as aventuras dos velhos tempos, James Bond tinha virado motivo de piada, quase um super-herói café-com-leite deslocado no tempo e no espaço.

A Fê, por exemplo, cometeu a heresia de dormir no cinema durante Die another day (2002), o anterior, que extrapolou todos os limites tecnológicos – e do absurdo.

Mas como contestar o inconformismo de quem não está pronto(a) para ver um homem de terno bater o recorde de velocidade em um veículo terrestre ao mesmo tempo em que escapa de raios laser disparados de um satélite? E como explicar que, na seqüência, este mesmo cara consegue escapar ileso da queda de um desfiladeiro da maneira mais inusitada possível: surfando, de pára-quedas, em uma onda gigante decorrente de uma avalanche?

Estava na hora de voltar às origens. Para isso, nada melhor que recorrer ao primeiro livro do genial Ian Fleming. E a um novo herói, claro. Não que Pierce Brosnan tenha feito um mau trabalho – pelo contrário –, mas um rosto diferente era necessário para esta guinada. Só assim para 007 conquistar o público jovem, que verdadeiramente sustenta toda essa indústria.

Difícil é saber se Daniel Craig levou mais porrada no filme ou da opinião pública, no período entre o anúncio de sua escolha e a estréia de longa.

Seja como for, muita gente deve desculpas ao ator de 38 anos – eu, inclusive. Afinal de contas, o que importa se o cara é loiro ou se não tem sofisticação? Por que não dar uma chance? Seria o receio – compreensível – de nos depararmos com um novo Timothy Dalton? Ou, pior, com um George Lazenby?

A boa notícia é que Daniel Craig não é nem um nem outro. Foi a escolha acertada para dar vida a um agente do MI6 que acaba de ser promovido à condição de 00. E precisou apenas deste filme para conquistar os fanáticos por James Bond.

A chave do sucesso é a substituição da fantasia pela realidade. Chega de carros invisíveis, de perseguições over e mesmo das bugigangas de Q – que sequer aparece, a exemplo de Moneypenny. Nesta aventura, afinal, Bond ainda não é o 007 que aprendemos a admirar.

Como Batman em sua mais recente aparição nas telonas, é um mito em construção. E todo esse processo é o que existe de melhor em Cassino Royale.

O Bond de Daniel Craig passa longe de qualquer sofisticação. Chega a ser tosco de tão brutal. E protagoniza a melhor cena de perseguição já vista em seus 40 anos, logo no começo do filme. Detalhe: a pé.

O que temos depois disso é uma aventura viril, com porrada pra todo lado, mas também cerebral, com a dose de investigação necessária a qualquer detetive que estava faltando. Perigo real e imediato.


E o "Bond, James Bond" surge no momento ideal.

Vida longa a 007!

***

NAS LOJAS E LOCADORAS...

Pouco antes da estréia de Cassino Royale (e do Natal), a Sony Pictures relançou a coleção completa com os 20 filmes oficiais que compõem a série 007. Em edição (dupla) de luxo, foram todos remasterizados, agora com som 5.1, imagens digitalizadas quadro a quadro, em Widescreen e com extras à vontade.

É possível comprar os filmes separados (R$ 34,90 cada um) ou a maleta Premium, pela bagatela de R$ 1.390.

Demorou, mas finalmente consegui comprar os cinco que faltavam para a minha coleção. Agora são 21. À espera do 22º, lá por maio ou junho.

***

CINEMA: OS MELHORES DE 2006

A lista é definitiva – embora em constante mutação. Entram, com exceção do injustiçado Hooligans – que não estreou comercialmente –, apenas os filmes que eu vi dentro de uma das 300 e poucas salas desta capital - além de um no Rio, no revitalizado Roxy de Copacabana. Foram 110, bem abaixo dos 128 do ano passado. Aí vai:


1. Xiang Ri Kui
2. 007 Cassino Royale
3. Brokeback Mountain
4. V for Vendetta
5. The Departed
6. Munich
7. L'Enfant
8. Thank you for Smoking
9. A Máquina
10. The Weather Man
11. O ano em que meus pais saíram de férias
12. United 93
13. Cars
14. Syriana
15. Shopgirl
16. O Céu de Suely
17. Don´t Come Knockin
18. The Three Burials of Melquiades Estrada
19. Inside Man
20. The Prestige
21. Mission: Impossible 3
22. Hooligans
23. O Maior Amor do Mundo
24. Lady in the Water
25. Miami Vice
26. Black Dahlia
27. X-Men: The Last Stand
28. Pirates of the Caribbean 2
29. Caché
30. Good Night and Good Luck
31. Père et Fils
32. Lucky Number Slevin
33. Tristan + Isolde
34. Elsa y Fred
35. Paradise Now
36. Árido Movie
37. Grbavica
38. Free Zone
39. The Lake House
40. Hwal
41. The Devil Wears Prada
42. The Descent
43. La Marche de L'Empereur
44. Ice Age 2
45. Match Point
46. Zuzu Angel
47. Over the Hedge
48. Fun with Dick and Jane
49. Two for the Money
50. The Squid and the Whale
51. Happy Feet
52. The Da Vinci Code
53. North Country
54. Ask to Dust
55. Prime
56. La Petite Jerusalem
57. Johnny and June
58. Poseidon
59. 16 Blocks
60. Click
61. Hostel
62. The Break-Up
63. A Concepção
64. The Matador
65. Proof
66. Rumor has it
67. Delaired
68. Superman Returns
69. You, me and Dupree
70. Firewall
71. Failure to Launch
72. Solos
73. The Producers
74. Snakes on a Plane
75. Fica comigo esta noite
76. The Omen
77. Separate Lies
78. Um craque chamado Divino
79. Casseta & Planeta
80. The Fast and The Furious: Tokio Drift
81. The Pink Panther
82. World Trade Center
83. Stay Alive
84. Capote
85. Cafuné
86. My Super Ex-Girlfriend
87. Bubble
88. I Giorni dell´Abbandono
89. Cafundó
90. Final Destination 3
91. Crime Delicado
92. An American Haunting
93. 2046
94. Estamira
95. Se eu fosse você
96. Irma Vap - O Retorno
97. Muito gelo e dois dedos d'água
98. Cheaper by the Dozen 2
99. Saw 3
100. Gatão de Meia Idade
101. Friends with Money
102. Stay
103. The New World
104. Memoirs of a Geisha
105. Garfield 2
106. Scary Movie 4
107. Brasília 18%
108. Boleiros 2
109. The Dark

14 comentários:

Craudio disse...

Cara, depois que esse Brosnan começou a estrelar os 007, eu parei de ver. Já Roger Moore é excelente. Não tanto quanto Sean Connery, que é imbatível. Mas o Brosnan consegue ser pior q Timothy Dalton...

Mas essa coisa de volta às origens sempre é um recurso bom, porque relembra o ímpeto inicial. É só pegar algumas bandas tb.

Rodrigo Barneschi disse...

Ah não! Timothy Dalton melhor que Pierce Brosnan? Aí já não concordo. O problema é que o Pierce Brosnan acabou exagerando um pouco na dose, mas a culpa nem é muito dele. O cara foi, a meu ver, um bom 007. Pelo menos nos dois primeiros filmes - e eu ainda gosto do terceiro dele.
Abraços

Anônimo disse...

foi aquilo que eu te disse, Barney: ninguém gosta de coisas artificiais. agora tudo volta ao normal. muito bom!

Anônimo disse...

marcinho x martinez e leandro?????? sera q vai ser bom isso mano?

Anônimo disse...

pra fora com os dois marcinhos manoi....

fora marcinho pebolim (jah vai bem tarde)

fora marcinhbo delivery!!!!!!!

Rodrigo Barneschi disse...

Eu tive a maior boa vontade com o Marcinho. Sempre o defendi, disse que ele sabia jogar e que poderia ser mais útil, mas o cara realmente não correspondeu.

E já estava queimado com grande parte da torcida. Sobre Martinez e Leandro, eu obviamente não sei dizer se são bons jogadores. Em primeiro lugar, porque vêm daquele time escroto das Minas Gerais. Em segundo, e mais importante, porque eu nunca observo os jogadores adversários - é sempre "aquele 11 tá levando perigo" ou "aquele 7 tá entrando no meio da zaga".

Mas vejo a renovação com bons olhos. Inclusive este tal de Caio e o Florentín. Sabe por quê? Porque, mais cedo ou mais tarde, a sorte que tem acompanhado os bambis precisa mudar de lado. E a gente pode começar a ter boas surpresas com essas contratações misteriosas.

Anônimo disse...

Na Minha opinião, falta dinheiro, mas, pelo menos os caras tão se mexendo, correndo atrás, buscando opçoes. E eu to gostando tb da postura dese Caio jr.

Rodrigo Barneschi disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

Não, Palestrino.
Cada um com seus pobrema...

hahahahaha

Craudio disse...

Cara, eu até tomei um susto qdo vi esse cara treinando...

Mas aí, ainda insisto sobre o Brosnan. O cara conseguiu ser ruim até em "Uma Babá Quase Perfeita"...

Não tem por onde, Barneschi...

Rodrigo Barneschi disse...

Gustavo é sacanagem! Dá raiva só de olhar. E o imbecil conseguiu jogar no Palmeiras e, agora, no SCCP? Qual é o segredo?

Sobre o Brosnan, não vi este filme da babá. Acho besteira. Mas o que você me diz de "The Matador" ("O Matador", "The Thomas Crown Affair" ("Thomas Crown - A Arte do Crime") e, vá lá, "After the Sunset" ("Ladrão de Diamantes")?

Não digo que ele seja um puuuuuuuuuuta ator e tal, mas tem o estilo dele. Está longe de ser um Chevy Chasey, mas certamente não está entre os piores...

Anônimo disse...

po, Rodrigo, bem legal o post... e fazia tempo q vc nao escrevia sobre cinema. bacana...
acho que eu vi uns 35 ou 40 desses filmes o que eh bastante pra mim. mas nao to conseguindo saber quais sao alguns desses filmes... ai me desculpa mas vou perguntar aqui e vc me fala qual e o titulo em portugues, blz?

Don´t Come Knockin
Lucky Number Slevin
Hwal
The Descent
The Squid and the Whale
Ask to Dust
Prime

pow, e que flme e esse Xiang RI Kui que vc botou em 1º???? nunca ouvi falar......

aew
abracos ae e feliz 2007!

Rodrigo Barneschi disse...

Fala, cara!

Pô, até que escrevi algumas vezes aí. Você que sumiu.

Vamos lá:

Don´t Come Knockin = Estrela Solitária (Wim Wenderes)
Lucky Number Slevin = Xeque-Mate
Hwal = O Arco (coreano)
The Descent = Abismo do Medo
The Squid and the Whale = A Lula e a Baleia
Ask to Dust = Pergunte ao Pó
Prime = Terapia do Amor

Então, Xiang Ri Kui é um chinês que ficou míseras duas semanas em cartaz. Pouquíssima gente deve ter visto, mas é, para mim, o melhor do ano. Além de ser um belo filme, tem uma mensagem que muito me agrada. E é cinema oriental, coisa que muito me atrai.

Ah, ele foi lançado aqui no Brasil como "Flores do Amanhã". Vale a pena procurar nas locadoras.

Abraços

Anônimo disse...

Feliz 2007 a todos!!
Valendo-me do espaço democrático e saudando calorosamente os PALMEIRENSES, o que faço, por todos, na pessoa do Amigo Rodrigo, sinto-me na obrigação de informar - uma vez que, na condição de mineiro (apesar da revolta dos triangulinos e movimentos separatistas aqui articulados, uma vez que não temos nenhuma ligação cultural com Minas e sim com São Paulo e sul de Goiás) sigo inevitavelmente de perto os dois rivais Galo e cruzeiro, porquanto antes de fanaticamente palmeirense sou ultrafanaticamente torcedor do Uberlândia Esporte - que:

Leandro (lateral esquerdo) - não joga nada. Não joga nada mesmo. não é porquê não vou com a cara de preguiçoso carioca dele. Não, não é só por isso. Ele é ruim mesmo. Pior do que o Lúcio Maldini (acreditem).

Martinez: meio que começo de carreira. Por isso e por outros motivos técnicos digo também com segurança: não tem ele condição de vestir a camisa do Palmeiras (mas vou deixar uma brecha, aqui, quanto a esse atleta, para o erro. quero errar quanto da avaliação do indigitado meio-campista. tomara. Quanto ao Leandro, sem erro.

Abraços fortes a todos!!!
valeu Rodrigo!!!!
salve Vítor, Luiz e Luigi!

Luiz - Uberlândia