Serão 27.645 ingressos para a batalha decisiva do próximo domingo. Casa cheia, sem limitações ou frescuras. Por mais que os preços sejam abusivos (arquibancada a R$ 40 e Visa a R$ 100), é hora de empurrar o Palmeiras rumo à vitória contra o nosso inimigo.
Enquanto isso, temos mais um texto primoroso do professor Luiz Gonzaga Beluzzo. Gostaria eu de poder escrever assim:
Filhos da Mão
Luiz Gonzaga Belluzzo
Não é a primeira vez que invocam a “mão de Deus” para explicar o desfecho de uma partida de futebol. Atribuir a Deus o uso das mãos para influir no resultado das ações humanas é temeridade que beira à blasfêmia. Veja o caro leitor o que acontece, nesse momento, com a mão- invisível. Adam Smith a imaginou à semelhança da Providência, encarregada de guiar o egoísmo dos homens na direção do melhor resultado possível para a sociedade.
A crise dos mercados financeiros parece indicar que desgraçadamente a Providência Divina não se imiscui na reprodução da vida material. Tudo indica que tampouco pretenda se intrometer no jogo da bola, esporte que os deuses dos estádios estão autorizados a praticar com os pés e com a cabeça.
Em 1971, Armando Marques, na “mão grande” ou na “mão boba”, apitou “mão-na-bola” quando Leivinha cabeceou a dita cuja para as redes do goleiro Sérgio. Na ocasião, o governador Laudo Natel, sentado no banco de reservas do São Paulo, comemorou discretamente, como cabe aos cavalheiros de Piratininga.
Na partida de ontem Adriano impulsionou com a mão a bola que sua cabeça não iria alcançar. Nas explicações de intervalo, o assim chamado Imperador, na esteira de Maradona, usou as reservas de cinismo que a sociedade contemporânea coloca a disposição dos seus súditos: o negócio é vencer ou ganhar a qualquer custo.
Também no intervalo entram em cena os comediantes, pródigos em exegeses que ridicularizam o ridículo, sobretudo quando se trata de explicar o óbvio. Falo do árbitro Paulo “não sei das quantas” e do inefável coronel Marinho. Aborrecido com o gol de mão, passei a me divertir à grande com as explicações dos dois “especialistas” em arbitragem.
Em certas derrotas, ao invés da amargura, é preciso preservar o humor. Ontem não faltou matéria-prima. Fossem os bons tempos da Atlântida, a dupla de pândegos seria convidada para contracenar com Oscarito e Grande Otelo, com chances de suplantar os dois atores nas impagáveis cenas de non-sense. Pensei melhor: contemporâneos, estariam, na verdade, aptos a pedir uma vaga nos Trapalhões. Paulo “não sei das quantas” é um PhD em trapalhadas e o coronel não faria feio como roteirista.
Não vou, aqui, execrar a pobre bandeirinha, figura patética. Ouvi insinuações do tipo “é isso que dá escalar mulher num jogo decisivo”. Bobagem machista. No jogo do returno do brasileiro de 2007, na partida contra o tricolor, o bandeira anulou o gol do Palmeiras. Até prova em contrário, tratava-se de elemento do sexo masculino, nem por isso menos inabilitado para a função.
A cidadã que ontem tentava auxiliar sua senhoria exagerou: marcou impedimento em escanteio. E mais, em rebote de Rogério Ceni, a já transtornada senhora assinalou impedimento de Diego Souza, em posição legal na hora do chute de Valdívia. Ninguém reclamou nem falou do lance. Assim como outras críticas, a crítica de arbitragem agoniza no país do futebol.
Diante das trapalhadas do chamado trio de arbitragem, sucumbi ao dúbio sentimento que a perversidade da alma humana reserva para as relações com néscios ou incapazes de todo o gênero, o conluio entre o menosprezo e a piedade. No caso, aplica-se a conhecida história do sujeito que foi mordido por um cachorro. De nada adianta brigar com o cão mordedor. Qualquer pessoa sensata deve interpelar o dono do bicho.
É verdade que, durante a Revolução Francesa, um tribunal de citoyens condenou um cachorro à morte por cumplicidade com a contra-revolução. Admiráveis e incontornáveis antepassados, os gregos julgavam e condenavam animais e seres inanimados, como pedras e similares, acusados de causar danos aos humanos. Para alívio de muitos, esses tempos passaram.
Mais do que as decisões incompetentes de Paulo “não sei das quantas” e de sua pobre auxiliar, as explicações do Diretor de Árbitros causaram danos à Federação Paulista de Futebol. O cara marcou o gol com a mão esticada, aumentando o volume do corpo.
Isso não é permitido pela regra. Intencionalidade, no caso, é irrelevante. Coronel, levante o braço e abane as mãos num gesto de adeus. Demita-se. Caia fora.
Luiz Gonzaga Belluzzo
13 comentários:
Caro Barneschi, vi por aqui a postagem do texto do Beluzzo e não resisti, também o postei na no Blog xará. Só que coloquei uma pequena introdução, para que ele não ficasse solto, no ar. Aí vai a introdução:
Cicatrizes, batalhas e Mão
Para curar as cicatrizes os animais (os irracionais, não os chamados racionais) costumam lambê-las. Nós humanos (os racionais) não, procuramos médicos, remédios, terapeutas... Mas, para ilustrar a situação, depois da batalha em que fomos feridos ontem, uso a expressão lamber as feridas. Feridos, mas não batidos definitivamente, que isso fique claro.
Hoje, ainda com aquele sentimento de perda, que só se abate sobre nós em momentos quando somos privados do convívio e afastados definitivamente de alguém muito querido, aparecem as primeiras vozes sensatas, padecendo do mesmo sofrimento, mas com a razão falando mais alto, razão estas que falta à maioria das pessoas, principalmente àquelas envolvidas com o mundo do futebol, desgraçadamente - mundo este - que gosto e estou estudando* para se tornar, quem sabe, definitivamente parte de minha vida, que não seja só lazer, se ele já não o é.
Mais uma vez o Professor Beluzzo vem com sua lucidez dar uma aula de esportividade, de inteligência e mostrar para alguns (os vizinhos de muro e seus asseclas) como as pessoas devem se comportar, na vitória ou na derrota, na alegria ou na tristeza. Pena que muitos não entenderão. Para aqueles que ainda acham que a vida é mais valiosa que vencer de qualquer maneira aí vai o texto (ao final o link).
Rafael,
Peço desculpas, mas precisei deletar todas as mensagens anteriores, por motivos que você conhece. A sua teve de ir junto, infelizmente.
Mas faço questão de agradecer pelo elogio e pelo comentário. Sinta-se em casa.
Até domingo.
Abraços
Estou divulgando a nova música - Eterno Palestra
Para cantarmos domingo!!!!
Espero q possa nos ajudar na divulgação
Letra: ETERNO PALESTRA
Autor: Bruno Manfio - Modificada e "encurtada" pela comunidade Palmeiras/ORKUT
Vídeo: Felipe Ribeiro, pequena modificação na introdução.
Porcôôô, Porcôôô, Porcôôô, Porcôôôô....
Guerreiros de glórias
Unidos em festa
Mostremos a força
Do ETERNO PALESTRA!
Histórias de vitórias
Estamos a lembrar
Meu canto te inflama
PALMEIRAS, aqui estou!
Porcôôô, Porcôôô, Porcôôô, Porcôôôô....
Ouça esta música com duas versões:
http://www.youtube.com/watch?v=Y7NLhK9nodE
http://www.youtube.com/watch?v=uacCRnJnAgw
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quem quiser as duas versoes, em mp3
naivobrasil.com/webmaster/palmeiras/cancao_bruno_solo.mp3
naivobrasil.com/webmaster/palmeiras/cancao_bruno_torcedores.mp3
Grande abraço
Gabi
INGRESSO NA MAO!!!!!!!!
fala mano!!! fazia tempo q eu naum aparecia por aqui... mas agora eh momento de uniao total. vamos mostrar pras bichas o que eh ser palmeiras!!!!!!!!!!
e tah de parabens o blog
Barneschi, como disse o Fernando, essa semifinal tá cheirando a 93. Se a gente ganhasse aquele primeiro jogo, provavelmente iria apenas umas 100 bichas ao Palestra, todas iam dizer que não ligam pro Paulistinha etc. Com a vitória e o fato de estarem a um empate da final, elas se empolgam (claro, só torcem nos momentos bons) e vão tirar sarro, vão querer acompanhar o jogo. E o tombo vai ser maior. Aposto em novo 4 a 1 na segunda partida.
Sem almoço, 40 minutos de fila.
MAis esta valendo !!!
INGRESSO NA MÃO !!!
Abraços
Ingresso na mão!!!
Opa, tranquilo, já esperava que seria essa a sua atitude. Fez bem.
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