15 julho 2012

A confiança que faltava

















Afinal, palestrino, o empate contra o SPFC teve sabor de vitória ou de derrota? Já ouvi as duas versões, e eu diria que, de tão atípico o jogo, dá para entender qualquer interpretação e qualquer sentimento.

Uma análise mais preguiçosa daria conta do seguinte: com muitos desfalques, ainda cansado e embriagado pelo título da Copa do Brasil, com mais uma contusão de um jogador importante, com um homem a menos durante quase um tempo inteiro e tendo saído atrás no placar, o Palmeiras alcançou o empate nos minutos finais e evitou a derrota para o rival "dentro de casa". Sabor de vitória, portanto.

Uma análise mais minuciosa, centrada no que efetivamente aconteceu ao longo dos 90 minutos, nos levaria ao seguinte: mesmo em desvantagem numérica durante boa parte do jogo, o Palmeiras finalizou 19 vezes contra seis do inimigo; o Palmeiras perdeu um pênalti; as melhores chances foram nossas; o goleiro dos caras teve uma atuação monstruosa; os inimigos tiveram, se tanto, três míseras oportunidades, uma delas conduzindo ao gol em uma falha gritante da nossa zaga. Sabor de derrota, pois.

A verdade inconteste é que o Palmeiras, com praticamente meio time fora e mesmo com 10 em campo, engoliu o SPFC ao longo de quase todo o jogo. Descontados alguns poucos minutos de hesitação, entre as constantes trocas de posição no sistema defensivo, o domínio foi todo alviverde. Os tricolores acharam um gol no início e a ele se apegaram. O Palmeiras, confiante e ousado, buscou o gol o tempo todo; seria por demais injusto se não chegasse ao menos à igualdade.

O que eu gostaria de destacar, mais até do que a entrega dos jogadores, é a confiança do time. A Copa do Brasil já faz efeito, porque um grupo que antes parecia se abalar com qualquer obstáculo agora se portou de maneira absolutamente exemplar, crescendo na adversidade e superando o rival mesmo com tudo contra.

Ao final, aplausos - mesmo com o time em 19º lugar. Porque agora entramos para disputar essa aberração de pontos corridos e, mesmo com os desfalques se multiplicando rodada após rodada, o grupo parece estar unido e disposto como há muito não acontecia.

Na arquibancada da Arena Barueri, o sentimento era de orgulho por ver Mazinhos, Betinhos, Juninhos e Fernandinhos honrarem a camisa alviverde como se fossem gente grande. E talvez sejam mesmo. Falta qualidade técnica, falta um pouco de inspiração, falta às vezes a calma para concluir a gol. Mas disposição não falta, engolimos um rival que se julgava superior e logo teremos um time em condições técnicas para brigar de igual para igual com qualquer um.

Marquem na agenda o dia 6 de outubro de 2012: buscaremos no Morumbi os três pontos que não vieram hoje.

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Arena Barueri, 8.374

Nada me faz encarar como aceitável o público de 8.374 pagantes em um clássico entre Palmeiras e SPFC. Nem o tempo frio, tampouco as dificuldades para se chegar à cancha. Porque este seria um público compreensível se tivéssemos perdido a final desta semana, mas não se pode entender presença tão pequena da torcida depois de termos voltado de Curitiba com o título. Fico me perguntando: onde estavam todos os outros 20 mil que tanto fizeram para conseguir um ingresso para o primeiro jogo da final contra o Coritiba? O que fizeram neste domingo à noite? Onde gastaram o dinheiro que poderia ser investido no ingresso? São perguntas que ficam sem resposta, mas que fortalecem o meu pensamento habitual quando se trata de direitos adquiridos para quem vai a todos os jogos e quando se trata de avaliar os que merecem e os que não merecem ir a um jogo decisivo.

De qualquer forma, senhores, imagino eu que nossa diretoria esteja ciente que os públicos em Barueri serão sempre bastante inferiores ao que teríamos no Pacaembu. Porque, se não estiver em disputa algo realmente decisivo, as dificuldades de acesso ao estádio acabam se tornando intransponíveis para muitos. Aí só vão os de sempre mesmo, e quem perde com isso é o Palmeiras.

Volto ao tema depois, com uma argumentação numérica.

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_Se a nossa torcida decepcionou, o que dizer dos visitantes? Não havia nem 1.500 do outro lado. Ridículo.

_Em post publicado recentemente neste blog, o grande amigo Teo (Marco Bressan), aquele do Estatuto, enumerou aspectos favoráveis de jogos na Arena Barueri: "Barraca de pernil, maria mole, engasga gato e cerveja gelada a 10 metros do portão. (...) Enfim, tudo aquilo que não nos é permitido na São Paulo demotucana de Kassab e Serra ainda está ali, em Barueri, à nossa disposição." Pois é, Teo, acontece que a Arena Barueri também virou um cemitério. Como as autoridades não conseguem aceitar a confraternização do povo, resolveram proibir tudo: barraquinhas, bebidas etc. Vendedor de cerveja virou bandido perseguido pela polícia, não temos mais onde comer e as idas à cancha de Barueri perderam o que havia de mais interessante lá. Parabéns aos responsáveis.

_A foto que abre o post é do mito Gabriel Uchida (Foto Torcida). Vejam aqui outras fotos do clássico. Dá para dimensionar bem o tamanho da outra torcida.

15 comentários:

@ThiDurante disse...

Fico com o sabor de Vitória.
Enfim, a confiança se fez presente.

AVANTI PALMEIRAS!

Leonardo disse...

Vindo da conquista da Copa do Brasil, é difícil deixar de olhar a situação pelo lado positivo. Os desfalques e a ressacada da conquista, ao meu ver, transformam este empate em um resultado perfeitamente aceitável.

O que é, mais uma vez, inaceitável, é o público. 8 mil pagantes? Barueri, 18h30 e frio congelante são fatores relevantes. Mas, porra, 8 mil pagantes?

O acesso a Arena hoje não lembra nem um pouco a batalha que se apresentou a nós jogos contra CAP, Grêmio e Coritiba.

...

Não é justo que que bares e lanchonetes, com impostos em dia, sejam impedidos de funcionar nos dias de mais movimento.

raul bianchi disse...

palmeiras jogou bem e dominou as bixas. agora deixar o elenco descansar por 3 rodadas e voltamos pra azucrinar os "favortios"

Anônimo disse...

A única coisa que me tirou do sério foi o camisa 10. Aliás vem tirando qualquer um do sério a muito tempo. Disse a um amigo que ele NÃO faz falta ao time, arrisco dizer que o time por vezes vai até melhor sem o camisa 10. Se não está cumprindo suspensão fora do campo, está fazendo cagada dentro dele. Acho cada vez mais que o Chile ou as arábias seria o melhor pra ele e principalmente pro Palmeiras.

Marcos Vinicius disse...

18:30, frio, Barueri, e os trens da CPTM não funcionando para reparos... Mas, 8 mil?! Lamentável, hoje era jogo pra 17 no mínimo. Acabamos de ser campeões de um título de total importância para nós e o palmeirense não deve a coragem de tirar o rabo de casa pra prestigiar o time, ainda mais num clássico?
E chega de Arena Barueri, isso é sindrome de pequenice, o Palmeiras tem que jogar na Capital!!! FORZA PALESTRA!!!

Leonardo disse...

Algo notável que ocorreu ontem à noite em Barueri foi que, no momento do gol, cantávamos forte o hino, como se todos tivéssemos certeza que daquele escanteio surgiria o empate.

Raoni Machado disse...

Eu já achei que o camisa 10 até que jogou razoavel ontem, se não fosse pelo penalti perdido.
Mas se pensarmos que na final ele fez então menos mal!

Realmente 8.000 vergonhoso!

Moacir disse...

O comentário que ouvi de vários no Alvi-verde era que sem trem era impossível para eles chegarem lá.

Anônimo disse...

Palmeiras merecia a vitória, mas são coisas do futebol!
O resultado foi bom, considerando a ressaca!
Realmente o time aparenta uma confiança maior, todos estão mais leves, era isso que faltava!
Com relação ao público, simplesmente ridículo! Acrescentaria também a pergunta: Onde estão os torcedores que sairam as ruas e ficaram até de madrugada comemorando a vitória?!?! Por que não foram ao estádio?!

Ulisses disse...

Barneschi, fui pegar meu ingresso, como sócio avanti, às 15:40 e já estava indisponível no site do futebolcard!

Sem comentários.

Matheus Trunk disse...

Barneschi e amigos: é praticamente inviável ir para a Arena Barueri nos domingos pra quem mora em São Paulo e depende do transporte público. Eles fazem repiamento na CPTM. Aí você tem que ir de trem até Carapicuíba e pegar um ônibus que vai parando de estação em estação. E pra voltar mano? Tem que esperar esse ônibus que demora MUITO. Se fosse no Pacamebu daria mais de 15 mil pessoas fácil. Resta ao sr. Tirone e demais dirigentes colocarem alguns jogos em São Paulo. Afinal, Palmeiras e SPFC são times de São Paulo e tem que mandar em São Paulo. Não num estádio da toca do Zorro. Agora, espero que eles se toquem e coloquem os jogos da Sul Americana no Pacaembu. Senão, vai ser naquele esquema do dia do jogo de ida contra o Coritiba: "corre pro trem enquanto o guarda não vem".

Allan disse...

Posso estar sendo otimista demais, mas o Palmeiras jogou DEMAIS ontem. Se estivesse na ponta de cima da tabela eu acharia um dos favoritos. Sabemos que o elenco é limitado, mas acho que um elenco limitado CAMPEÃO tende a ser melhor que um bom elenco se matando para ganhar algo.
Além disso, o que nos ajuda é que, mesmo nas limitações, temos jogadores que jogam em mais de uma posição, e isso acaba ajudando demais.

Para mim o Palmeiras foi grande ontem, dominou a bixarada e mostrou que está leve, sem medo, querendo vencer!

VAMOS PALMEIRAS!!!

Anônimo disse...

A nossa diretoria que sempre joga junto com a torcida fez o favor de mudar mais 2 jogos para Barueri, resumindo, dos jogo do primeiro turno, só mandamos na CIDADE DE SÃO PAULO jogos contra a Portuguesa e Atlético MG.

O AVANTI vale a pena para os que podem pagar 70 reais por mês, mas muitos não podem ou não fazem questão, por isso acredito que o clube devia ter um diretor ou alguém responsável para estudar o preço do ingresso DE CADA jogo, estipulando um valor minimo e máximo.

Publico de ontem 8.374 pagantes. Renda R$ 301.620,00. Media de 36 reais o ingresso.

Agora, se tivesse 25 mil pagantes com um preço médio do ingresso a 20 reais a renda seria de 500 mil reais, e teríamos 17 mil vozes a mais para incentivar e buscarmos a vitória.

Luiz Fernando disse...

Barneschi,infelizmente nossa diretori; faz da vida do palmeirense um inferno,infelizmente Barueri é impraticável aos domingos e quartas,sábado seria um dia menos ruim pra se ir á Barueri,só de carro de msm.

Também achei o público muito fraco,mas não por causa do pessoal da capital e sim por causa da galera que mora em Barueri ou região,este sim teria que mrcar presenca,o público da capital,msm o mais assíduo está sendo posto de lado devido a uma mesquinharia da diretoria e devido a comissão técnica e jogadores(que agora ganharam crédito),infelizmente pra quem depende de transporte público e mora na capital,principalmente na zona leste a devocão está chegando ao limite

Anônimo disse...

A conta é simples, no Pacaembu daria no mínimo o dobro de pessoas...
Em Barueri sempre dará essa media de 8 mil pagantes, ai vai a burrice do Palmeiras, apesar de ter um custo maior no pacaembu, arrecadaria mais com um maior publico. (vamos colocar na pior das hipóteses que iguala o lucro).
Só que o $ que gastamos para ir a Barueri muitas vezes nos impede de gastar com o próprio palmeiras, com produtos oficiais por exemplo.
Resumindo, esses 8 mil nao deixarão de ir aos jogos, mas ao invés de gastarmos $ com o Palmeiras, gastamos com o governo ( pedagio, gasolina...)

Gabriel Barbieri