14 novembro 2006

Pela volta do mata-mata!

Dizem os defensores dos pontos corridos que não existe sistema de disputa mais justo. Que o campeão é aquele que soma mais pontos após enfrentar todos os outros times dentro e fora de casa, que o melhor sempre vence, que o mais regular é premiado etc.

Pois eu pergunto: você, amigo, acha mesmo que essa tal justiça é assim tão importante no futebol? Ou prefere a boa e velha emoção de vencer o maior rival na soma de dois jogos decisivos? Aliás, cabe discutir esse tal conceito de justiça.

O que vem a seguir são os argumentos de quem abomina a atual fórmula de disputa do Campeonato Brasileiro. Que humildemente prega o retorno do mata-mata, seja pela emoção que tanto faz falta ou pelo respeito à tradição quebrada após 30 anos de finais.

Pois bem, o principal campeonato de futebol deste país encaminha-se, pelo quarto ano seguido, para um desfecho sonolento e melancólico. Mais uma vez tolhido do sagrado direito a uma final, o torcedor tem muito a lamentar.

Com toda a propriedade, Xico Sá já abordou o tema em muitas de suas últimas colunas. Mas eu faço questão de expor uma vez mais todo o meu descontentamento com esta praga que infesta o esporte brasileiro (lembro que existe apenas um esporte; o resto é brincadeira).

Eis que o certame em questão perdeu a graça há dois, talvez três meses. Não há mais o que fazer. Sem confronto direto, sem olho no olho, o campeão sairá de uma partida qualquer, que vale apenas e tão somente para ele. Ao outro, pouco importa o resultado. Temos então um coadjuvante no que deveria supostamente ser uma final.


Pior: o campeão sequer terá o outrora inalienável direito de levantar a taça e dar a volta olímpica!

"Ah, mas o time tal somou mais pontos, foi mais regular, nada mais justo que seja o campeão", dirão os defensores dos pontos corridos, o chato Juca Kfouri à frente.

Que mané justiça? De que vale isso?

Por que diabos o futebol teria de ser justo?

Por que transformá-lo nessa matemática estúpida de "vence aquele que acumular mais pontos ao final de dois turnos"?

O futebol não existe para ser justo ou injusto. Tampouco exato e calculista. Ele só é o que é porque permite situações inesperadas. Porque permite grandes viradas. Porque o campeão nem sempre é o melhor; pode ser o mais guerreiro, por exemplo. Ou aquele que vive uma tarde/noite espetacular. Pode ser aquele que descobre um gol espírita quando menos se espera.


Eis aí um jogo que consagra nomes com a mesma facilidade que os atira na vala comum.

Finais serão lembradas por toda a eternidade.

O gol de pênalti de Evair em 93, o de Basílio em 77, o de Careca em 86, o de Chulapa em 84. Sorato em 89, Petkovic em 2001, Renato Gaúcho em 95, Maurício em 89.

Cada torcida tem a sua final inesquecível. As maiores alegrias de um torcedor estão aí, em finais, não em jogos isolados e casualmente decisivos por obra mais dos burocratas que fizeram a tabela do que pelo que acontece dentro de campo.

O futebol é o que é porque permite que um capenga oitavo colocado elimine o primeiro fodão em dois jogos lá e cá.

Injusto? Por que seria? Se o primeiro é assim tão fodão deveria ter a competência de eliminar um oitavo colocado, eventualmente com saldo de gols negativo na fase classificatória.

Se não o fez, temos então a justiça do futebol. No mata-mata, deu o oitavo. E é merecido, pois os dois duelaram frente a frente, olho no olho, sem intermediários. Foda-se a matemática.

Quem está preocupado em acumular pontos quando se pode vencer o maior rival com um gol chorado aos 45 minutos do segundo tempo? Ou buscar fora de casa um empate que garante a vaga na etapa final?

Quer coisa melhor que ir ao estádio para ver um jogo decisivo? Sentir a adrenalina do tudo ou nada? Vibrar com uma grande jogada, lamentar um gol perdido, sentir o alívio com uma defesa do seu goleiro? Incentivar, sofrer, comemorar, tudo ao mesmo tempo?

Mas não. Aí estão os pontos corridos a estragar o que o futebol tem de melhor: a emoção.

Viva o mata-mata!

***

Sonhar não custa nada

Tomo a liberdade de fazer um breve exercício sobre como estaria agora o Campeonato Brasileiro se tivéssemos pela frente uma fase final, com mata-mata ou com dois quadrangulares decisivos. Em ambos os casos, seriam os oito tradicionais classificados:

1. SPFC, Internacional, Grêmio e Santos estariam matematicamente garantidos.

2. Vasco, Paraná Clube, Figueirense e Flamengo seriam, hoje, os quatro outros.

3. Cruzeiro, Botafogo, SCCP, Goiás e Atlético/PR estariam na briga pelas últimas vagas.

Mata-mata/ Quartas-de-final
1: SPFC x Flamengo
2: Internacional x Figueirense
3: Grêmio x Paraná Clube
4: Santos x Vasco

Mata-mata/ Semifinal
Vencedor de 1 x Vencedor de 4
Vencedor de 2 x Vencedor de 3

Por grupos
Grupo A: SPFC, Santos, Vasco e Flamengo
Grupo B: Internacional, Grêmio, Paraná Clube e Figueirense

13 comentários:

Anônimo disse...

Ae mlk, também achava que os pontos corridos fossem o melhor sistema para definir o campeão...
Mas como agora temos turno e returno, com os times jogando em casa e fora contra todos, acho q os play-offs não tirariam os meritos de quem fosse campeão...
Vamos ver o que a gloBOSTA decide, pois se ela estiver satisfeita com os pontos corridos, o regulamento será esse durante muitos anos...
Abraço...

Rodrigo Barneschi disse...

Velho, a Globo sempre foi contra os pontos corridos. E continua batendo nessa tecla.

O tal do Marcelo Campos Pinto, da Globo Esportes, defende a volta do mata-mata, mas não tá com essa força toda junto à CBF. Eles até conseguiram fazer valer a preferência deles no Paulista, mas aí já é covardia.

Veja por exemplo que a FPF vai aceitar uma proposta da Globo que é quase a metade do que oferece a Record para renovar o contrato de transmissão do Paulista. O Del Nero tá na mão deles, assim como três dos quatro grandes de SP (os bichas são a exceção).

O fato é que a CBF não admite a hipótese de voltarmos à fórmula com finais. Pelo menos por enquanto vamos ter de aturar esses pontos corridos de merda!

Anônimo disse...

Achu que quem defende os pontos corridos são os mesmos idiotas que vivem dizendo para não ir aoss estadios, que as organizadas estão acabando com o futebol, que só idiota vai para o estadio, e até mesmo o imbecil que disse que o futebol não precisa de torcida !!!Os mesmos que nos zuaram por ir em um jogo que naum valia de nada as 22h00 no fim do mundo do jd. leonor apenas para assistir um classico , se o classico era passado na TV !!!
Pontos corridos é para os 50.000 retardados de rosa que ficaram se encochando durante o dia inteiro para assistir um jogo que naum valera de nada !!! Só para ter uma unica historia de final, final que estava certa a dois meses !!!
QUE MORRAM TODOS ESSES, PATROCINADOS PELA GLOBO O MAIOR MAL DO FUTEBOL !!!

Craudio disse...

Mas a Globo deveria é ser contra isso... imagina a quantidade de audiência q não daria uma final entre Corinthians e flamerda?

Agora diz q a record entrou na briga pela transmissão do Paulista, que, repito, será o melhor campeonato nacional do novo milênio...

Ah, o Marcelo Coelho escreveu sobre este blog hj.

http://marcelocoelho.folha.blog.uol.com.br/arch2006-11-12_2006-11-18.html#2006_11-13_02_21_52-10759959-28

Anônimo disse...

concordo tb, tadei... tem q ter final mano. desse jeito ta muito chato...

Anônimo disse...

Seria isso tudo, Barney, uma tentativa de desmerecer o título do tricolor?

Fernando Cesarotti disse...
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Fernando Cesarotti disse...

Nem comento pq vc sabe minha posição. Só corrige aí: em 84 o gol do Chulapa foi num jogo que era a última rodada de um campeonato por pontos corridos. Troca pelo do Elano em 2002 que fica tudo certo.

Rodrigo Barneschi disse...

Tem razão. Acontece que ficou com cara de final - a história consagrou assim. Deixemos então pelo gol do Elano, até porque este eu vi no estádio.
Abraços

Anônimo disse...

não vai responder minha pergunta, Barney?

Rodrigo Barneschi disse...

Deixa de ser chato, cara. Se você acha que esse texto tem o intuito e/ou a capacidade de desmerecer uma campanha 21-10-4, é problema seu. O problema não é o campeão, mas a fórmula de disputa.

Anônimo disse...

Prefiro decisões, também, Palestrino. Jogo com o estádio lotado e cantando. Não faz parte do futebol brasileiro essa coisa gringa.
Parafrasearia o Zoinho: é coisa de gente que senta em cadeirinha e acha que as organizadas tinham que acabar.

Anônimo disse...

O flavio da prado acaba de dizer: "a alma do espetáculo é aquele que dá dinheiro".

O QUE ESSE FILHO DA PUTA ENTENDE DE ALMA, SE NÃO TEM?