Clint Eastwood, ator símbolo dos faroestes modernos, é também um diretor aclamado no mundo todo. No ano passado, lançou dois filmes sobre uma mesma batalha da Segunda Guerra Mundial, cada qual com um ponto de vista diferente. São eles Flags of our Fathers, que expõe o lado americano, e Letters from Iwo Jima, que fica com o japonês.
São obras que só aconteceram porque dispostas a entender a história por trás de uma foto, no caso esta que vocês vêem abaixo:
Por trás da mitologia criada pela propaganda de guerra, Eastwood quis entender o que de fato aconteceu no momento em que soldados americanos hastearam a bandeira no alto do monte Suribachi.
O futebol, como a vida e a arte, tem também as suas batalhas.
E algumas, como aquela de 6 de junho de oito anos atrás, no Morumbi, geram imagens inspiradas, como a que abre o post. Ali, Euller comemora o primeiro dos três gols alviverdes na épica vitória sobre o nosso maior rival.
A classificação para a final da Copa Libertadores/2000 tem significado especial para qualquer palestrino. Um roteirista, por melhor que fosse, talvez fosse ridicularizado por criar uma história semelhante. A começar pelo fato de a decisão ter acontecido na noite de uma terça-feira e não na tradicional quarta.
Ainda que não tenha sido coroado com um título, o 6 de junho de 2000 forjou heróis que só se fazem conhecer nas maiores batalhas.
Vejamos: um time bastante inferior teria de reverter, em 90 minutos, a vantagem construída por seu rival no jogo de ida (3 a 4). Para complicar, após abrir o placar (com Euller, que comemora na foto lá do alto), o Palmeiras toma dois gols e fica em desvantagem também no jogo. E, como dito, era um time inferior.
Mas não desiste quem tem um general como Felipão. A virada veio na metade final do segundo tempo. Alex, o 10, o marechal, empata. A torcida verde, minoria, passa a incentivar ainda mais do que antes. Parecia tão impossível que valia a pena acreditar. Nem que fosse só pela raça, pela mística, pelo amor à camisa.
E eis que surgiu Galeano, guerreiro renegado que se tornou herói imortal. Bastou um toque na bola para que a história consagrasse o apenas esforçado soldado da camisa 25.
Como no ano anterior, a batalha seguiu para a mesma disputa por pênaltis. E o Palmeiras tinha São Marcos, mais um herói imortal.
O resto é história. Que bem poderia virar filme.
Já tem até cartaz pronto.
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A emoção era tão grande que nem todos os lances ficam claros para mim, ao menos não com a visão da arquibancada. Lembro bem de, ao final dos 90 minutos, sair do meio da Mancha e seguir para o acesso da arquibancada. Lá, embaixo de tudo, encontrei o nosso amigo Galuppo, hoje promovido a locutor das multidões. Não havia muito o que falar. Era só aquele abraço e o "Vamos que é nóis!" para mais uma inesquecível decisão por pênaltis.