20 junho 2009

Vida que segue


O silêncio dos últimos dias não foi programado. Tampouco tem relação com a falta de idéias; elas vieram aos montes, desde as horas seguintes à eliminação, enquanto vagávamos pelas ruas da capital uruguaia. Acontece que faltou ânimo para expor as lamentações, as críticas e mesmo as opiniões sobre os motivos que nos levaram a deixar a Libertadores de modo tão prematuro. Mais que isso, faltou tempo, pois a viagem de ida e volta foi por demais cansativa.

Confesso que passei os dois últimos dias sem ler as páginas esportivas de jornais, blogs (quaisquer que fossem) e outros meios de comunicação, de tal forma que tomei conhecimento só de pequenos fragmentos de informação e/ou opinião aqui e acolá.

Passados dois dias e já sem a cabeça tão atordoada pela eliminação e pelo cansaço, chegou o momento de retomar o raciocínio.

O FATOR JUMAR


Jumar é a cara desta eliminação. Porque o Palmeiras caiu fora não no 0 a 0 do Centenario, mas no 1 a 1 do Palestra, quando o Madureira resolveu abrir mão do segundo gol para atrair o time adversário para o nosso campo. Deixando de lado até mesmo a escalação errada e as substituições desastradas, o fato é que Jumar, pobre Jumar, acaba, sem culpa de nada, sendo a cara de mais este fracasso alviverde.

Fomos novamente eliminados na nossa casa, e isso já era sentido por todos nós logo após o jogo do Palestra. É então que alguém pode se manifestar: “Mas se você achava isso, foi fazer o que no Uruguay?”. Bom, eu fui fazer a minha parte. Fui à luta, cantar pelo Palmeiras e acreditar no improvável. Não difere muito do que me levou a viajar até o Recife na fase inicial, quando o time já parecia morto. Porque aqui é Palestra, e porque eu sei o que pode acontecer quando a esquadra verde vai a campo. Mas faltou em Montevideo o milagre que nos salvaria de uma eliminação já consumada em SP mesmo, no exato momento em que o Madureira resolveu inventar o Jumar no time.


Se ele tivesse um mínimo de decência para assumir o erro (e se não estivesse completamente desequilibrado ou mais preocupado com blogs, jogatinas, processos na Justiça e qualquer coisa que não o futebol), ficaria mais fácil aceitar isso tudo. Mas a situação torna-se insustentável ao nos depararmos com a clamorosa decadência de um sujeito que tem seu nome eternizado em nossa história, mas que hoje não passa de um impostor.

Dito isso, não vou me estender no tema. A demissão sumária do Madureira é uma posição defendida há tempos por este blog e por um número a cada dia maior de palmeirenses, sejam eles organizados ou não. Na minha análise, a permanência deste cidadão no nosso comando técnico é uma afronta ao torcedor palmeirense e à própria Sociedade Esportiva Palmeiras.


A DERROTA

A eliminação da Libertadores é sempre mais dolorida e eu nunca sei se vale a pena terminar a disputa com a sensação de que perdemos com dignidade, batalhando até o último segundo. Porque sempre foi assim para o Palmeiras: nos pênaltis, nos detalhes, no ‘erro’ de um juiz, por um gol perdido aqui, por uma falha individual ali. De um jeito ou de outro, chegamos sempre vivos ao apito final.

Foi assim de novo em Montevideo. Faltou muita coisa, e isso explica o empate sem gols contra um time que só não é pior que o Potosí entre todos os que enfrentamos, mas, exceção feita a um ou outro jogador, sobrou disposição. Ao mesmo tempo em que serve de consolo a eliminação sem derrota, é este também o fator que traz mais dor.

Mesmo com as sucessivas falhas do nosso treinador (ou até por elas), é possível guardar muita coisa boa destes 12 jogos da Libertadores-2009. A começar pelo fato de termos efetivamente disputado todos os duelos que se apresentaram. Não precisamos inventar desculpa para não viajar ao México, não fugimos da luta, não nos classificamos por uma canetada. Não passamos a primeira fase inteira capengando e não fomos eliminados com um 0 a 2 em casa.

Nós fomos à luta. Nós viajamos ao céu de Potosí, encaramos o atual campeão continental também na altitude, vencemos batalhas sangrentas em Recife, derrubamos o Colo Colo em uma jornada heróica no Chile, tentamos buscar o gol salvador até o último segundo no histórico Centenario de Montevideo.

Se tem clube por aí que prefere avançar sem ir a campo, aí é tudo uma questão de caráter.

O CENTENARIO

É um belíssimo estádio o Centenario. Templo sagrado do futebol, tanto quanto o Maracanã. E já caminha para os 80 anos, com ingresso de papel, assentos pintados com caneta esferográfica, alambrados, fossos e toda a informalidade que deve prevalecer nos estádios de futebol. Que o Centenario permaneça assim por muitos e muitos anos, bem longe da mente doentia dos supostos progressistas.

As histórias desta viagem para o Uruguai são muitas e ficam para um outro momento. E o Nacional tem agora a minha torcida, por mais que eu saiba que eles não conseguirão segurar nem mesmo o Estudiantes...

12 comentários:

Unknown disse...

essa eliminação foi doida, nunca foi tão facil ganhar uma liberta.
e o mais duro é ver q nossa diretoria ainda apoia o filho da puta do madureira.
PELO PALMEIRAS TUDO DO PALMEIRAS NADA.
pena q nem todos pensão assim.
valeu velho.

Roberto Kamarad disse...

Fala, Barneschi.

Sobre os assuntos pautados por vc, não tenho nada a acrescentar. Concordo plenamente.

Deixo aqui somente um obrigado. Obrigado por nos representar no Centenário. A vida continua, e o ano ainda não acabou.

Infelizmente, o nosso decadente técnico vai continuar. Mais do que nunca, nos resta incentivar e cobrar na mesma proporção.

Quero saber histórias da viagem.

Forza, Palestra!

abs,
Roberto Kamarad

Nicola disse...

Falou tudo, mano... Só discordo sobre o Luxemburgo. Concordo que não passa de um impostor atualmente, mas até o final do ano acho que deva pernamecer.

Sei lá, tenho a esperança de alguém lá dentro ter tomado vergonha na cara e passe a cobrá-lo, pois time para sermos campeões brasileiros nós temos. Mas já deviam estar pensando em 2010, com esse arrombado bem longe daqui.

"com ingresso de papel, assentos pintados com caneta esferográfica, alambrados, fossos e toda a informalidade que deve prevalecer nos estádios de futebol. Que o Centenario permaneça assim por muitos e muitos anos, bem longe da mente doentia dos supostos progressistas."


Perfeito!

Irineu Curtulo disse...

1º - as desculpas pela parceria com a Traffic foi a falta de dinheiro, o que não justificaria uma tolerância tão grande com o parceiro e a comissão técnica; 2º - se o problema é financeiro, e para isso nos aliamos a essa corja, o que dizer sobre o super-planejamento, visto que temos um tal de Palmeiras B, que não nos fornece ninguém, e será que nunca existiu tal revelação (?), e que custa uma fortuna (?) aos cofres do clube, sem qualquer retorno... para não me estender, deixo apenas esses tópicos.

Irineu Curtulo disse...

1º - as desculpas pela parceria com a Traffic foi a falta de dinheiro, o que não justificaria uma tolerância tão grande com o parceiro e a comissão técnica; 2º - se o problema é financeiro, e para isso nos aliamos a essa corja, o que dizer sobre o super-planejamento, visto que temos um tal de Palmeiras B, que não nos fornece ninguém, e será que nunca existiu tal revelação (?), e que custa uma fortuna (?) aos cofres do clube, sem qualquer retorno... para não me estender, deixo apenas esses tópicos.

Giovanna C. disse...

Vc falou exatamente o que eu pensei na quinta depois do passeio cruzeirense no panetone: a justiça foi feita, pelo menos hoje. Não amenizou a minha dor pela nossa desclassificação, de forma nenhuma, mas foi bom saber que nem toda injustiça prospera.

Eu, que assim como vc não li os diários esses dias, hoje me sinto mais conformada e com o orgulho renovado de ver e saber que não nos faltou ALMA. Faltou sorte, apenas. Quarta-feira me senti dentro de campo, na camisa dos jogadores, e tmb senti que eles jogavam como um torcedor: com o coração na boca.

Hoje sou só orgulho e gratidão de ser PALMEIRAS, per sempre.

Valeu a batalha, guerreiro.
Te admiro muito e é nóis.

Unknown disse...

Barneschi, vc vai torcer pro time que fugiu de campo igual aos bambis?
Abraços.

Xadrezderua disse...

Nobiliárquico Rodrigo "Guerreiro".

Estou com o Nicola, no que tange a permanência do Madureira até o final do ano.
Ponho fé no taco do cara para competições "pontos-corridos".
Quanto a Traffic, li na Comunidade Oficial do Orkut, uma entrevista com o (acho) vice-residente da empresa, na qual ele explica as razões de não termos ficado com o Kleber.
Em resumo, ele disse que entregou todos os jogadores pedidos pelo Luxemburgo. Não culpo os caras...

Rodrigo Barneschi disse...

Cabuto,

Sei que parece contraditório, mas é uma escolha por exclusão: prefiro que o título não fique com nenhum brasileiro (menos ainda com o Cruzeiro) e não gosto do Estudiantes. Portanto, teria de torcer pelo Nacional, que, convenhamos, entrou de gaiato nessa pressão leonor para não ir ao México.

Enfim, não adianta muito. O Nacional é o pior de todos os times que sobraram. E o Madureira conseguiu perder para eles.

Abraços

Luiz disse...

Barneschi,

Vou contra você, por incrível que pareça eu quero que o WL fique. Não acho que vá mudar muita coisa trazendo alguém novo e, portanto, fico com o Belluzzo nessa.

Apesar dos pesares, ganhamos o Paulista ano passado, nos classificamos para a Libertadores e, tenho certeza, estaremos na próxima. Você sabe tanto como eu, quais foram os dois únicos técnicos a ganharem alguma coisa (Copa dos Campeões não conta) pelo Palmeiras na última década e não acho que isso vá mudar de uma hora pra outra.

Bom, pra mim, segue o jogo e bola pra frente!

Abraço

João disse...

Cara, como palmeirense, admiro você sinceramente por você ter ido ao Uruguai. Nunca fui ao exterior para alentar o Palmeiras. Em algumas vezes me faltaram condições para ir. Em outras, me faltaram culhões, mesmo. De qualquer maneira, é uma coisa que, mais cedo ou mais tarde, vou acabar fazendo.

Peço que não deixe de escrever sobre a viagem. A torcida do Nacional é daquelas que alentam o tempo todo? Teve problemas para circular pelas ruas de Montevidéo? Tinha muito palmeirense nas ruas, no avião?

Abraço.

Fernanda Padulli disse...

Que saudade do Kleber...snif!!!