Foto: Seo Cruz
Ele se foi. Agora, parece, é pra valer e teremos de nos acostumar mesmo a uma vida sem o estádio que tanto amamos. Sei que parece dramático, mas não tem como ser diferente: a julgar pelo histórico recente, pelo que é dito por nossos dirigentes e por alguns elementos do jogo de despedida, nada mais será como antes.
Como já escrevi em posts anteriores tudo o que poderia ser dito sobre a despedida da nossa casa, eis então que me permito agora fazer um post menos poético e mais analítico sobre o que nos espera. Peço desculpas se esperavam algo diferente, mas não dá para fugir agora de certas constatações e de comentários que representam um desabafo de quem é torcedor de arquibancada.
A verdade é que comecei a escrever um texto com começo, meio e fim e me perdi ainda no início. Escrever sobre o Palestra, mais ainda depois da despedida, desperta sensações que impedem a concentração necessária. Portanto, o único jeito de finalizar esse texto (que demorou demais, admito) é dividir tudo em tópicos:
--O resultado do jogo de sexta pouco importa, a não ser para os livros de história, que registrarão uma derrota para o Boca como o confronto derradeiro do imortal estádio Palestra Italia. Por sinal, é forçoso notar que continuamos pagando muito caro por aqueles 6 a 1 de 1994 - e trocaríamos todos aqueles gols por vitórias simples em 2000, 2001 e 2010.
--Mesmo com o 0 a 2 no placar, a massa alviverde preferiu celebrar toda a história de vitórias e conquistas, deixando de lado o que acontecia em campo. Foi um espetáculo belíssimo, à altura de tudo o que fizemos ao longo das últimas nove décadas.
--Ainda que contra a vontade da nossa diretoria, estávamos todos lá. Ou quase e com tudo o que nos foi permitido: faixas, bandeiras, um pouco da festa que já tivemos lá atrás. Nem os R$ 80 exigidos por um ingresso de arquibancada foram capazes de retirar da arquibancada do Palestra o seu verdadeiro dono.
--A arquibancada estava cheia, como sempre esteve. Na noite em que até a numerada entrou no consagrado espetáculo das faixas esticadas com as cores da Italia, só o que ficou vazio foi aquele maldito setor que ocupa o que sempre foi o nosso lugar no estádio. É curioso notar: até a numerada entrou na festa, mas o Visa ficou de fora. Não é à toa: a numerada tem lá a sua história e o seu o público bem definido. O Visa, por sua vez, é uma aberração.
O Setor Visa completamente vazio é o retrato da incompetência do senhor Rogério Dezembro e de todos os que compartilham de sua voracidade elitista. O público que ele quer no estádio é exatamente este que os senhores veem acima: uma plateia seletiva, que vai desembolsar R$ 300 apenas em situações excepcionais e se não houver programa melhor para fazer. Enquanto a arquibancada transbordava, o Visa ficou às moscas. O Palestra não merecia isso.
Acima: até os amendoins entraram na festa. As faixas foram estendidas, já nos minutos finais, com o 0 a 2 no placar, e o povo que ali estava entrou no ritmo.
Abaixo: o Visa e a sua apatia costumeira, como se nada estivesse acontecendo no estádio.
--Quanto ao 'evento' em si, mais acertos que erros. Foi bonita a homenagem aos ex-atletas e ao Marcos. O mesmo vale para a presença da bateria da Mancha no campo, bem antes do jogo, e para todo o clima nostálgico que cercou o último jogo.
--Evair. Ah, Evair...
--Só não entendi a presença de um trio de arbitragem no gramado. Era totalmente dispensável, mais ainda se considerarmos o histórico que temos com esses filhos da puta na nossa casa. Juiz nenhum teria o direito de pisar no gramado do nosso estádio em um dia tão importante. Mas aí resolveram inventar um desses malditos na nossa despedida e o cara ainda resolveu fazer graça.
--"Arena multiuso": nunca vou entender o significado disso. Estádio de futebol só tem um uso possível.
--Sei que todos só conseguiam pensar na final da Copa, mas a cobertura da imprensa esportiva, exceção feita ao Agora e mesmo ao L!, foi desrespeitosa. O Estadão chegou ao cúmulo de ignorar completamente a realização do jogo na sua edição de sexta. Nada, nada, nada; foi como se o Palmeiras não fosse a campo naquele dia, foi como se não houvesse uma despedida, foi como se aquilo não importasse.
--Vocês repararam quantas vezes a expressão "marca Palmeiras" apareceu no tal vídeo do Dezembro, no intervalo? Pois bem, aquilo foi uma agressão gratuita e desnecessária contra a alma do palestrino. Mas vou deixar para escrever sobre isso durante a semana e em um outro post.
--Jogar no gramado do Palestra no dia seguinte foi a realização de um sonho. Obrigado a todos os amigos que participaram deste momento único. E obrigado ao Palmeiras por permitir que isso acontecesse.
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Eu bem sei que o texto acima não está à altura da despedida do Palestra ou mesmo do padrão deste blog. Mas é que eu até agora não consigo aceitar a ideia de que nunca mais poderemos ver o Palmeiras jogar no seu estádio. Não me acostumei a isso, e foi bastante complicado conseguir chegar até aqui. Para todos os efeitos, peço que considerem isto aqui.
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Recebi do leitor Juliano (está certo, meu caro?) o vídeo abaixo, um bom resumo do que foi a despedida do Palestra. As sugestões do YouTube trazem outros bons vídeos sobre tudo o que aconteceu na última sexta:
O Seo Cruz fez belíssimas fotos da despedida. Vale conferir lá, mas eu me permito postar mais outra imagem dele para fechar o post:
11 comentários:
Palestrino: Obrigado pelo belo texto! Eu estava lá na Arquibancada e pude presenciar tudo! E por isto faço de suas palavras acima as minhas palavras! Setor Visa? Ainda bem que no Pacaembú não tem! E tenho um pressentimento: No Pacaembú o Palmeiras vai jogar melhor e os "cronistas esportivos" vão dizer que era maldição do Palestra, etc... Ora, o Palmeiras vai jogar melhor pois terá - literalmente - a torcida ao seu lado e não atras do Gol, cazzo.
Em tempo: Tirei mais de 100 fotos do meu celular e estou sem coragem para baixar. Vou me emocionar de novo. Estou com 50 anos e desde os 7 anos que ia ao Palestra com meu falecido Pai e meus 2 nonnos. Hoje não tenho mais meu Pai, nem meus nonnos e nem o Palestra como o conheci! Ciao Palestra! Abraços!
Mais uma vez um grande texto,estive lá para celebrar o momento mais triste da minha vida como torcedor,a mudança do que é nosso para se transformar em sei lá o que.O que mais me marcou não foi o jogo dos masters,nem o contra o Boca e sim.A torcida tanto os amendoim,a descoberta e a bancada falando a mesma ligua as faixas,mas o que mais me deixa aborrecido foi o que fizeram com o setor visa praticamente vazio uma vergonha,o lugar que sempre foi nosso abandonado com meia duzia de consumidores que nem sabem porque estavam lá.A festa foi belissima a queima de fogos,os gritos de guerra.Nosso Velho Palestra ficara para sempre eternizado isso niguem ira nos roubar.E que o novo Palestra acolha aqueles que sempre estiveram ao ali vibrando pelo nosso Palmeiras.
FORZA PALESTRA!!
Muito bom, como de sempre.
Já que a mídia em si tá cagando pro evento (e nisso incluo o próprio Palmeiras, que não fez nenhuma divulgação clara de preço, local, data, etc), e tudo o que eu soube sobre o jogo foi lendo em blogs e sites afora, você poderia fazer uma cobertura do jogo né?
Como foram essas homenagens, as escalações, as substituições, quem comandou... Seria bom, já que ninguém se importou com isso.
Abraço!
Bruno,
A atenção da mídia especializada (?) ficou bem abaixo de qualquer expectativa. Jornais como O Estado de S.Paulo, por exemplo, ignoraram por completo a realização deste jogo no dia 9. Um absurdo sem precedentes. No entanto, devo ressaltar que o Palmeiras fez todo o esperado em termos de divulgação e quanto a isso não podemos fazer qualquer reclamação.
Mas sim, faltou essa divulgação dos detalhes do jogo de masters, os gols, alterações etc. Não consegui encontrar isso consolidado em lugar algum.
Abraços e obrigado
Boa!
Você conseguiu definir bem o que foi a despedida. Não só nesse texto, como nos que o antecederam.
O Visa não encheu porque era feriado.
Exceto pelas 216 "marca Palmeiras" que ouvimos, a despedida foi bem legal!
Abraço!
Até mandei um email pra Ombudsman da Folha, foi ridículo as matérias que esse jornal fez.
Meu caro blogueiro, permito-me transcrever e-mail que enviei para 3 amigos com quem dividi um grande pedaço de minha vida, seguindo o Palmeiras pelos estádios brasileiros e na Argentina.
Creio que os sentimentos são os mesmos que os seus.
E claro, o direito de publicar ou não é todo seu.
Abraços,
"Senhores,
creio ter sido o único a ter estado presente nessa despedida. E foi foda.
Quando cheguei, a PM, "competente"
como sempre, havia criado uma fila que ia até a padoca da Sumaré, e isso que o jogo dos velhos já havia começado. Mas sempre foi assim e não podia ser diferente.
Rua Turiassú lotada e, claro, sem trânsito bloqueado pelo DSV, o que também não é novidade. Tradição mantida.
Tomei cerveja na velha padaria, onde provavelmente tomei as primeiras, com Delei, Giacomo, Bernardo, Leandrão, e cia, como deve ser e sempre foi. Desta vez ignorei a Alvi-Verde e o Silvinho (antigo Pedrita).
Quanto ao público, nosso diretor de marketing, o sr. Dezembro, deu um ótimo exemplo de que a ganância nem sempre enche estádio.
Visa - 20% de lotação
Cobertas - 70%
Descobertas - 50%
Arquibancada - 95%
Ou seja, por incompetência e ganância, um jogo que era prá estar abarrotado não estava.
E por falar em incompetência, a desorganização foi incrível. Parece até que não havia programação para o evento.
Primeiro, puseram uma locutora que nunca foi a um estádio. Empolgadinha, só falava bobagem e na hora errada. Conseguiu abrir a boca até na hora do Hino!! PQP
No intervalo, passaram um vídeo chamado Memória. Mal editado, música triste, narração amadora, arrastada e de quebra, no meio do filme, tiram o áudio para o Belluzzo receber o presidente bosteiro. Porra, não dava prá fazer isso antes ou depois do vídeo??
E um vídeo chamado Memória, que entre outras cositas falava da grandeza da marca Palmeiras, que gerava lucros enormes para os parceiros, etc. Foda-se o lucro. E a história do Palestra??"
Continua....
Federico,
Obrigado pelo seu relato. Aguardo a continuação do texto (tem mais, certo?). A julgar pelo que você escreveu, tenho certeza que você vai gostar do próximo post, discutindo essa tal "marca Palmeiras".
abraços
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