12 abril 2010

Roteiro repetido

O time até que jogou bem, consideradas as evidentes limitações. Meteu bola na trave, perdeu gols, teve o domínio do jogo. Foi mais transpiração do que inspiração, até porque esta não tinha muito de onde sair. Mas veio o árbitro, um pobre diabo, e definiu tudo para o inimigo. Não deu pênalti, anulou gol, enxergou impedimento inexistente. E aí a torcida do outro lado, apática durante todo o jogo, saiu cantando vitória, já acostumada a um roteiro que se repete à exaustão nos últimos anos.

Vocês, amigos palestrinos, conseguem ver aí o script de muitas das derrotas que o Palmeiras sofreu para o SPFC nos últimos anos?

Pois é, os elementos estão todos aí. Acontece que isso tudo não se refere a um clássico nosso contra o SPFC, mas sim ao duelo de ontem entre Vasco e Flamengo. Foi bem assim: o Vasco foi superior, o juiz interferiu de maneira grotesca, o Flamengo, displicente, chegou aos gols em jogadas esporádicas e o resultado final foi o mesmo de quase sempre nos últimos anos. A novidade de ontem foi a completa apatia da torcida rubro-negra, que mais parecia em protesto, tamanho foi o silêncio do lado de lá.

Ao final, com a vitória assegurada, os cantos lá do outro lado lembravam muito os de certa torcida paulistana que vive parasitando atrás de vitórias descomplicadas. E eu, enquanto acompanhava lá do alto o tal camisa 9 flamenguista fazer o que bem queria com os zagueiros do Vasco, percebi que estava vivendo no Maracanã a mesma realidade desoladora dos últimos clássicos aqui em SP.

Como se vê, as semelhanças entre Palmeiras e Vasco vão além do desejado. E tudo isso, eu espero, há de ser passageiro. Aqui e no Rio.

***

"Febre de bola", página 105:

"Estou escrevendo umas nove horas antes do jogo do Arsenal contra o Benfica pela Copa da Europa, a partida mais importante em Highbury em anos, e minha companheira vai estar comigo: o que acontecerá se ela desmoronar? Vou ter a decência, a maturidade ou o bom senso de providenciar cuidados adequados para ela? Ou vou empurrar aquele corpo inerte para o lado e continuar berrando com o bandeirinha na esperança de que ela ainda esteja respirando ao fim dos 90 minutos, sempre presumindo, é claro, que não se chegue à prorrogação e à disputa de pênaltis? (...) Mas a verdade é que foi isso que o futebol fez comigo. Transformou-me numa pessoa que não ajudaria se sua namorada entrasse em trabalho de parto num momento impossível (muitas vezes já me perguntei o que aconteceria se eu estivesse prestes a me tornar pai num dia de final de taça para o Arsenal); e durante os jogos viro um garoto de 11 anos. Quando descrevi o futebol como um retardante, estava falando sério."

4 comentários:

Unknown disse...

o penalti no leo moura chega a ser mais ridiculo do que aquele que o simon marcou no ceará alguns anos atras...

meu pai é flamenguista das antigas...e ficou puto da vida de ter ganho um classico como foi...afinal, qual foi a graça???

Daniel disse...

genial esse texto do livro!!!!! huahuahujahuahuahua

Guto disse...

Belo texto...fica tao nitido a influecia do arbitro(FERJ)na partida que o mandatario de la tenta ainda convencer que o arbitro nao roubou o Vasco e ainda quer cobrar explicacoes na justica pelas palavras ditas do dirigente vascaino...ta foda



Barneschi qual a sua opiniao a respeito do reeleito Koff no Clube dos 13? E a posicao do Palmeiras no apoio ao reeleito?

Rodrigo Barneschi disse...

Guto,

Minha opinião está resumida em um post logo abaixo e também no twitter.

Acredite: dos males, venceu o menos pior. Perderam Globo, CBF, FPF e corja limitada.

Abraços