25 novembro 2010

A dor

A impressão do dia seguinte é de que nunca uma derrota doeu tanto. O corpo que parece estar ainda estirado em um degrau qualquer da arquibancada do Pacaembu e a dor física remetem a tantos dos vexames por que passamos nesta última década perdida – que eu já não sei dizer quando começa e quando termina. Sei dizer, isso sim, que continuamos vivendo o mesmo pesadelo sem fim e fazendo parte de páginas sombrias de uma história antes gloriosa e imponente.

Por vezes, até me impressiono com a nossa capacidade de deixar os vexames para trás e seguir em frente, como que levados por uma força maior e pela crença de que o pior passou e que nosso clube ainda é o que já foi. Fingimos não saber que estamos diante do clube que coleciona, tudo em tempos recentes, as façanhas mais improváveis de que se tem notícia no futebol brasileiro. Mas aí, sempre do pior jeito, descobrimos que é possível avançar um pouco mais na arte das derrotas absurdas, inexplicáveis e impossíveis. E então, enquanto a tragédia acontece diante de nossos olhos, lembramo-nos de já ter visto da arquibancada tantas outras vezes um gigante que se apequena a ponto de perder para si próprio.

A dor de hoje é lancinante, pois tira também a ilusão de que tínhamos deixado para trás uma fase indesejável de nossa história. É como se a tal década perdida fosse mais que uma década. Havia no banco alguém que nos fazia crer que tinham chegado ao fim os fracassos contra times inexpressivos – e ultimamente é só para eles que conseguimos perder. Não adiantou. A derrota, com requintes de crueldade, foi atirada na nossa cara uma vez mais.

Se parássemos na final contra LDU ou Independiente, o sentimento seria bem outro. De tristeza, claro, mas sem a dose de humilhação que nos maltrata mais uma vez. Por vezes, sinto até falta de perder para outros grandes times, ainda que em casa, ainda que de maneira contundente, ainda que mais de uma vez. Porque seriam grandes times, ao menos isso. Na última década, perdemos nosso lugar na história, e abrimos espaço para pequenas aberrações, que vão se somando como em uma coleção de horrores. Poderia aqui enumerar os tantos clubes pequenos que permitimos chegar a fases avançadas de competições nacionais, continentais e o escambau, mas isso seria apenas torturar mais a nossa alma.

São dores que nos perseguirão por toda a vida. Ficarão coladas à nossa imagem, e por elas seremos consumidos a cada vez que a bola subir na nossa área, bem diante de nossos olhos. E aí, quando, por acidente, o adversário encontrar um gol já nos descontos do primeiro tempo, saberemos o que nos espera na etapa final. Dor.

A dor de hoje parece ser maior que a de outras derrotas vexatórias não pela derrota em si ou pelo que deixamos de ganhar, mas porque ela nos remete a tudo o que já passamos nesta última década. O gol sofrido nos descontos do primeiro tempo colocou no gramado do Pacaembu um pouco de todas as derrotas anteriores. De certa forma, ainda que não estivéssemos no Palestra que sediou a maior parte dos últimos vexames, foi como se os fantasmas de anos passados invadissem a cancha para nos atirar na cara o que estaria por vir.

E veio. Conseguimos levar para uma final sul-americana o Goiás. Isso dói. Os dois gols que sofremos ontem tiveram o peso de todas as derrotas para times pequenos (e não só) que já vimos a partir da arquibancada. E eu, que participei, feliz ou infelizmente, de todos esses vexames, sinto agora um peso enorme sobre as costas, como se nem todo o amor do mundo fosse suficiente para seguir acreditando.

Dessa vez, ao contrário de outras tantas madrugadas de quarta para quinta, sequer teremos um feriado no dia seguinte para o isolamento que pede uma derrota dessas. A dor fica exposta.

***

Querem saber o que é pior? É que a eliminação prematura em um mata-mata faz com que a dor seja lembrada muitas e muitas vezes daqui por diante. Vamos nos lembrar nos próximos dias 1º e 8 de dezembro, quando deveríamos estar jogando no Pacaembu e em Avellaneda ou Quito. Já estamos nos lembrando hoje mesmo, por ocasião do sorteio dos grupos da Libertadores/2011. Vamos nos lembrar no ano que vem, quando o campeão da Sul-Americana (LDU ou Independiente) estrear na Libertadores e depois ao longo de toda a sua participação, na fase de grupos e depois nos eventuais jogos eliminatórios. Vamos nos lembrar quando estrearmos na Copa do Brasil e depois na Sul-Americana. E ao longo de todo o ano de 2011 será assim. A dor não terá fim.

47 comentários:

Anônimo disse...

TRISTE MEU CAMARADA....MUITO TRISTE SABER QUE A DÉCADA REALMENTE FOI PERDIDA E CONTINUAMOS COM UM TIME MEDÍOCRE QUE SÓ NOS FEZ SOFRER....

FUTEBOL SÓ EM 2011 !!!!

porco careca

Unknown disse...

Barneschi,

DÉCADA MALDITA.
É tudo que temos a dizer.

Guilherme Lima

Anônimo disse...

SINTO VERGONHA DE SER PALESTRINO.

PARMERA

Marcão disse...

esse palmeiras (não merece o P maiusculo), não merece a torcida que tem

Unknown disse...

Dor esta é a palavra certa,tudo estava preparado para uma grande festa,pois parecia que iriamos voltar a sorrir,todos os fracassos passado iriam ser enterrado,nos retava resurgir para uma década que não foi a melhor.
O que vimos ontem dói mais do que os 16 anos de espera.Tem coisas que acontecem somente com o Palmeiras,tomar dois gols infantil o pior foi o segundo justamente a jogada que mais se falava do adversário a bola aérea ainda mais cruzada pelo Marcão um zagueiro limitadíssimo mas ele tem uma coisa que nos faltou garra.
Fizemos nossa parte enchemos o Pacaembú empurramos o time mostramos nosso amor mesmo em um horário ingrato mas estavamos lá com o coração explodindo de amor por nosso Palmeiras.
Fim do jogo e se repete a história que ja nos acostumamos nesta década mais um fracasso em casa diante de nossa torcida.
Hoje estamos todos com o coração sangrando tendo que aguentar as piadas dos adversário mas sem perder a calma porque nessas hora me da vontade de sair batendo em todos,mas a vida segue o negócio é levantar a cabeça,recolher os cacos e mais uma vez irmos a luta,Planejar o próximo ano e quem sabe começar uma nova década quem sabe melhor.

FORÇA NAÇÃO SOMOS A RESISTENCIA E NDA VAI MUDAR NOSSA PAIXÃO

PALMEIRAS COMO PODE MALTRATAR QUEM TANTO TE AMA!!!!

FORZA PALESTRA!!!

REDE GLOBO DE TELEVISÃO disse...
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Bruno D'Angelo disse...

Barneschi, eu desisto. Podem me chamar de covarde, fraco, etc...
Mas chega um certo ponto da vida que não dá mais para se dedicar - mesmo que de vez em quando - a algo que não me trás nada de bom. Aliás, só me dá decepção. Deixei de viver algumas horas com meu filho para ir ao estádio e sair de lá me sentindo um lixo.
O futebol, por mais fascinante que seja, está se tornando uma das coisas mais injustas e podres da sociedade.
Quanto mais eu acompanho futebol, mais vejo desonestidade e sacanagem. E para piorar, os dirigentes da gloriosa SEP, são uns merdas. Tanto situação, como oposição.
O meu amor pelo Palmeiras será eterno. Mas paro por aqui.
Abraços.

Luan disse...

essa noite vivi um dos meus maiores pesadelos. Chorei de soluçar. meu coração acelerou, pessoal, tenho só 20 anos! será q compensa sofrer por isso mesmo? uma hora terei um enfarto bem novo por causa disso. sempre serei palmeirense, aconteça o q acontecer. mas nao vou mais sofrer, chorar, gritar, brigar com os outros por causa disso nao. viajei a sao paulo esse ano pra ve o Verdao joga, perdi dia de serviço. não dormi essa noite. desculpa Barneschi foi um desabafo, te admiro muito pq sei q apesar disso tudo na proxima vc vai estar la firme forte na arquibancada incentivando o Verdão a vitoria. só nós sabemos a dor q estamos sentindo, pois amamos esse clube do fundo do coração!
Abraços palestrinos! vamos superar mais essa

Luan disse...

e Bruno D'Angelo, concordo plenamente com o q vc disse.

Fabiano 1914 - Jundiaí disse...

VERGONHA......INDIGNAÇÃO.....RAIVA..... SENTIMENTOS QUE NÓS ESTAMOS ACOSTUMADOS A SENTIR GRAÇAS AO PALMEIRAS, QDO A TV MOSTRAVA AQUELA CRIANÇA CHORANDO NA ARQUIBANCADA EU PENSAVA NO MEU FILHO, REALMENTE NÃO É PROVA DE AMOR NENHUMA EU INCENTIVA-LO A VESTIR A CAMISA DO PALMEIRAS, PORQUE ELE NASCEU NO INICIO DESTA DÉCADA ASSOMBROSA E TÁ CRESCENDO VENDO QUE O TIME QUE O PAI DIZ SER O GIGANTE PALESTRA É APENAS UMA OUTRA HISTÓRIA DE CONTOS DE FADAS MAS QUE NUNCA TEM UM FINAL FELIZ......DO MESMO JEITO QUE ELE APRENDERÁ QUE CONTOS DE FADAS SÃO FANTASIAS.... ELE VAI ACABAR COMPREENDENDO QUE NÓS/PALMEIRAS TB VIRAMOS UM GRANDE CONTO DE FADAS....... OBRIGADO PALMEIRAS POR FAZER MEU FILHO CHORAR...

Irineu Curtulo disse...

Que merda! O que mais me indignou não foi só a imagem daquele garotinho chorando copiosamente, não, não foi, pois ver torcedores desolados, aturdidos e sentados nas arquibancadas depois de mais de uma hora do jogo ter acabado, me deixou com um gosto amargo dessa maldita derrota.

Unknown disse...

Fala ai pilantra

veja nossos adversários na Copa do Brasil 98, Libertadores 99 e 00 e Mercosul 98

foram só pedreiras...Boca, River, Cruzeiro, Vasco, Peñarol, gambá, Olimpia, Cerro

ganhamos de todos, mais de uma vez....

e conseguimos perder para Asa, Ipatinga, Sto André, ixpot, atletico/go, goias e mtos outros

porra...deu no saco já....

abs

Irineu Curtulo disse...

Presente de grego. Ontem completei 53 anos. Que belo presente. Eu ali, sozinho, diante daquela maldita televisão, com aqueles malditos narradores, com aqueles comentaristas FDP, vendo o Palmeiras, que fez parte de 3 gerações (eu, meu pai, meu avô) e já se estende por mais duas (meus filhos e netos), perder a classificação para mais um time medíocre, que devido a nossa própria mediovridade, conquistou a vitória, diante de 20 milhões de palmeirenses. Como explicarei para os meus netos mais esse fracasso?

Paty disse...

É uma dor enorme e a gente se pergunta porque.Em pouco tempo tivemos os tres melhores tecnicos do país e não escapamos dos vexames.E buscamos força nem sei aonde e continuamos apoiando.Curamos a feridas,esquecemos os fracassos e acreditamos.Mas hoje tá doendo mais que nunca.
A verdade é que somos um clube dividido.Não sei nem se dá prá juntar os cacos.Dividido na política, com grupo pró-Belluzzo, pró-Mustafa, pro-uma vaga no estacionamento e esquecem que deveriam ser pró-Palmeiras.Vemos uma torcida dividida, brigando por quem é a maior, a melhor, quem canta mais alto, quando deveriam ser unicas e apenas pro-Palmeiras.Grupos novos e cheios e boas intenções se formam pra ajudar na política do clube,e sempre dizem que visam o futebol mas acabem sucubindo as vaidades e as boas intenções viram interesses e esquecem o foco que deveria ser a Sociedade Esportiva Palmeiras.Me dá uma tristeza e um desanimo e uma dúvida, será que conseguiremos sair desse buraco?Será que voltaremos a ser respeitados?Como pode um gigante sucumbir a si mesmo?
Sei que amanha vai passar essa dor, vou acreditar de novo e apoiar e brigar qdo preciso for, que é a parte que me cabe.
Mas que tá doendo tá.

Rafael Baialuna disse...

Salve salve Barneschi. Ótimas palavras... nem comentarei sobre elas, apenas colocarei alguns pontos que EU vejo...

1º - Minha crença era no Felipão. Era pequena, mas era! Achei que seria o ALGO a mais para chegarmos à final. Não foi suficiente. Mas nunca me iludi num time que tem LUAN (logo ele, que fez o gol) como titular, que avança nosso melhor meia armador à disposição para o ataque por falta de reposição, que escala como titular na lateral direita um Márcio Araújo (nada contra ele) e que coloca suas maiores crenças numa cobrança de falta. É pouco, ínfemo para o grande Palmeiras. Nunca me iludi com o elenco, acho fraco, limitadíssimo... e nossas esperanças se resumiam a "será que o Valdívia volta?", "o Felipão dá um jeito" e "tomara que tenha uma falta". O palmeiras merece MAIS que isso.

2º - Me irrita profundamente ver as matérias no dia seguinte na TV ilustrando um garoto chorando desesperado. Não sei porque, mas me irrita! E aqui deixo meus parabéns à torcida (sim, a Mancha)... o jogador que reclamar da torcida merece um tapa na cara (não que tenham feito isso, mas agora serão cobrados). Tem muito mais pra se mostrar das arquibancadas que um simples moleque chorando.

3º - Meu primeiro jogo "ao vivo" no Palestra foi contra o Goiás, acho que eu tinha uns 6 ou 7 anos de idade. Lembro bem o placar.. 2x2 depois de ter um 2x0 a nosso favor. Desde então trago desgosto por esse time medíocre.

E ainda sucumbimos a ser chamados de "nova Portuguesa" por nossos rivais. Triste...

Suardi disse...

Rafael, Barneschi e demais amigos.

Tudo isso é fruto de uma gestão de futebol pífia. A derrota de ontem foi dolorida, jamais poderiamos perder para um time tão pequeno, quanto o Góias, mas a derrota ocorreu muito em razão de vários jogadores medíocres contratados pelo Sr. Gilberto Cipullo e com o aval da diretoria. Este fato vem ocorrendo desde meados de 2006 se minha memória não falha.
Estou cansado de jogadores sem alma, que não entendem ou não querem entender o peso da camisa alviverde. Enquanto o Palmeiras for dirigido por aqueles carcamanos jamais voltaremos a ser o que éramos. Sim! Éramos! Hoje o Palmeiras não passa de um clube de segunda linha, mas isto não me fará abandonar este clube pelo qual tenho um enorme admiração, muito pelo contrário, são fatos como este último que alimenta ainda mais minha paixão. Porque? Por que sou torcedor, não consumidor! Porém de vez em quando podería ter alguma alegria com este clube que nos últimos anos só me faz sofrer. A nós torcedores só nos resta torcer para que muitos daqueles velhos acéfalos que administram o imortal Palestra, "batam as botas" rsrs e deem lugar para alguém com competência, se é que existe alguém com competência naquele antro!

Hoje é um dia triste! Vamos torcer para que o Felipão tenha paciência e dedicação para montar o time de 2011 com os jogadores que ele acha ideal para honrar a camisa Palestrina.

Abraço a todos e espero que os filha da puta dos jogadores não tire ponto do Fluminense no próxmo domingo, porque se não a situação vai ficar ainda mais complicada, tanto para nós torcedores, quanto para aquela bando de projeto de jogador.

Unknown disse...

Quando o palmeiras voltará a ser PALESTRA?

Anônimo disse...

Belo texto. Falou não só do Palmeiras, mas do futebol. Retratou o sentimeto de torcer, o amor do torcedor a um escudo. Mesmo não sendo palmeirense, senti como a derrota foi doída. Sei bem como é o sentimento doloroso de frustração quando vejo meu time perder inerte, paralisado. Seja por não querer acreditar na realidade ou por falta de comprometimento. É irritante, porque perder não é o pior. Quantas vezes já chorei ao ver meu time sendo eliminado de campeonatos, mesmo quando caíaa de pé. Lutando. O mais triste e revoltante é ver a derrota chegando sem sofrimento, sem luta.

Parabéns pelo post.

Bjs

Nathy

Anônimo disse...

Excelente texto Barneschi. Indispensavel tbm a leitura deste texto pos-jogo do Parmerista.

http://www.verdazzo.com.br/materias/palmeiras-1x2-goias

Apos essas leituras pode-se concluir o obvio.

O Palmeiras ACABOU! Faz tempo. E NAO existe a minima minima minima perspectiva de melhora. Pelo contrario. A tendencia é piorar. E vai.

Inacreditravel o que fizeram com o Palmeiras. Incrivel a que ponto chegou o Palmeiras. Se transformou no time dos vexames. No time das vergonhas. No time das humilhaçoes.

O que um dia foi o maior time deste pais e um dos maiores do mundo, hj caminha, ou melhor, corre a passos largos para o desaparecimento.

Infelizmente a realidade é essa. E nao sera mudada. Quer queiramos quer nao.

Realmente nao da pra acreditar no que vejo hj. Incrivel a que ponto o Palmeiras chegou. Algo inimaginavel até alguns anos. Tenho 34 anos, vivi a fila toda e nem naquela época as perspectivas eram tao sombrias.

To tentando acreditar no que transformaram o Palmeiras, mas ta dificil, mto dificil. Se eu nao estivesse vendo eu nao acreditaria de forma alguma. Nao da pra engolir tanta decepçao, tanto vexame, tanta vergonha, tanta humilhaçao.

Nem sei mais o que pensar ou falar sobre uma coisa que sabemos que nao podemos esperar nada.

E repito, saber que NAO ha qq tipo, que NAO ha o minimo de perspectiva futura é o que me deixa tao ou mais puto do que ja estou com essa absurda realidade deste que ja foi grande mas hj em dia...

Fábio disse...

Barneschi, vc disse que não sabia quando exatamente começou esta década maldita e perdida. Eu tenho uma sugestão: os 3x4 pro Vasco em 2000. De lá prá cá, uma interminável ( e dolorosa) lista de fracassos e humilhações, que fazem os anos da fila não parecerem tão terríveis como foram (e apesar de não ser tão velho, lembro-me bem daquela época - Inter de Limeira é amaldiçoada por mim até hj). Infelizmente, a vdd é que, não fossem os anos de competência (e $$) da Parmalat, talvez a fila perdurasse até hoje, pois a mentalidade e falta de capacidade de nossos cartolas não mudou. Gostaria muito que ontem marcasse o fim desta era sombria que nos abateu (traçando um paralelo com o seu início catastrófico), porém, por mais otimista que qqr um de nós possa ser, nosso futuro próximo parece ser tão igual ou pior a este que temos visto e tem tanto nos machucado. Obrigado pelo espaço e pela oportunidade de desabafo com todos.

Bruno disse...

A impressão do dia seguinte é de que nunca uma derrota doeu tanto. O corpo que parece estar ainda estirado em um degrau qualquer da arquibancada do Pacaembu e a dor física remetem a tantos dos vexames por que passamos nesta última década perdida – que eu já não sei dizer quando e começa e quando termina. Sei dizer, isso sim, que continuamos vivendo o mesmo pesadelo sem fim e fazendo parte de páginas sombrias de uma história antes gloriosa e imponente.

Por vezes, até me impressiono com a nossa capacidade de deixar os vexames para trás e seguir em frente, como que levados por uma força maior e pela crença de que o pior passou e que nosso clube ainda é o que já foi. Fingimos não saber que estamos diante do clube que coleciona, tudo em tempos recentes, as façanhas mais improváveis de que se tem notícia no futebol brasileiro. Mas aí, sempre do pior jeito, descobrimos que é possível avançar um pouco mais na arte das derrotas absurdas, inexplicáveis e impossíveis. E então, enquanto a tragédia acontece diante de nossos olhos, lembramo-nos de já ter visto da arquibancada tantas outras vezes um gigante que se apequena a ponto de perder para si próprio.

A dor de hoje é lancinante, pois tira também a ilusão de que tínhamos deixado para trás uma fase indesejável de nossa história. É como se a tal década perdida fosse mais que uma década. Havia no banco alguém que nos fazia crer que tinham chegado ao fim os fracassos contra times inexpressivos – e ultimamente é só para eles que conseguimos perder. Não adiantou. A derrota, com requintes de crueldade, foi atirada na nossa cara uma vez mais.

Se parássemos na final contra LDU ou Independiente, o sentimento seria bem outro. De tristeza, claro, mas sem a dose de humilhação que nos maltrata mais uma vez. Por vezes, sinto até falta de perder para outros grandes times, ainda que em casa, ainda que de maneira contundente, ainda que mais de uma vez. Porque seriam grandes times, ao menos isso. Na última década, perdemos nosso lugar na história, e abrimos espaço para pequenas aberrações, que vão se somando como em uma coleção de horrores. Poderia aqui enumerar os tantos lixos que permitimos chegar a fases avançadas de competições nacionais, continentais e o escambau, mas isso seria apenas torturar mais a nossa alma.

São dores que nos perseguirão por toda a vida. Ficarão coladas à nossa imagem, e por elas seremos consumidos a cada vez que a bola subir na nossa área, bem diante de nossos olhos. E aí, quando, por acidente, o adversário encontrar um gol já nos descontos do primeiro tempo, saberemos o que nos espera na etapa final. Dor.

A dor de hoje parece ser maior que a de outras derrotas vexatórias não pela derrota em si ou pelo que deixamos de ganhar, mas porque ela nos remete a tudo o que já passamos nesta última década. O gol sofrido nos descontos do primeiro tempo colocou no gramado do Pacaembu um pouco de todas as derrotas anteriores. De certa forma, ainda que não estivéssemos no Palestra que sediou a maior parte dos últimos vexames, foi como se os fantasmas de anos passados invadissem a cancha para nos atirar na cara o que estaria por vir.

E veio. Conseguimos levar para uma final sul-americana o Goiás, um rebaixado de merda, um time pequeno por definição, sem torcida, sem títulos, sem expressão, sem nada. Isso dói. Os dois gols que sofremos ontem tiveram o peso de todas as derrotas para times pequenos (e não só) que já vimos a partir da arquibancada. E eu, que participei, feliz ou infelizmente, de todos esses vexames, sinto agora um peso enorme sobre as costas, como se nem todo o amor do mundo fosse suficiente para seguir acreditando.

Dessa vez, ao contrário de outras tantas madrugadas de quarta para quinta, sequer teremos um feriado no dia seguinte para o isolamento que pede uma derrota dessas. A dor fica exposta.

Carlos disse...

parabes barneschi! obrigado por exprimir o que toda a torcida gostaria de dizer nesse momento. esta tudo dito ai.

Filipe disse...

Eu já tinha comentado no post sobre o primeiro jogo que não tinha o mesmo otimismo do texto.
Sinceramente, não vejo como muitos aqui se iludem ainda com esse time.
Sei que não podemos nos conformar e eu não me conformo, mas é só ver a relidade.

Nando Alves disse...

A dor é profunda demais. O torcedor já não aguenta mais tamanho sofrimento, mas ela é apaixonada e não larga o Palmeiras nunca, decepção após decepção.

Todo ano é um novo mata-mata. Todo ano temos a "sorte" de pegar um chaveamento teoricamente fácil em todas as competições. Aí já começa o planejamento:
"Se for contra a LDU o jogo de volta é aqui";
"Na segunda-feira 6h da manhã já estarei na fila";
"Quem será que vai cair no nosso grupo, hein?"

Fomos ao Pacaembu com a cabeça no Equador ou na Argentina, eu fui um deles. Na última fileira do Tobogã eu vi tudo de longe. A cada 5 minutos tirava do bolso o celular, com o qual ao invés de ativar o cronômetro, ativei a contagem regressiva para 48 minutos. no segundo gol deles, aquele tempo zerou. Eu já sabia que era mais uma decepção da qual já nos acostumamos, que não havia nenhuma chance de empatarmos novamente. Déjà Vu.

Olhando para esta década marcada por eliminações para times semi-amadores, chego a considerar uma zebra termos vencido a Ponte Preta na final do paulista de 2008...

Rodrigo Barneschi disse...

Nando,
Seu comentário foi perfeito. Eu também estava com a cabeça em Quito ou em Avellaneda, e nem interpreto isso como arrogância, mas como a afobação de quem já estava sonhando adiante (e tínhamos motivos para isso).
E eu concordo também: o título paulista de 2008 foi uma zebra.
Abraços

Rodrigo Barneschi disse...

Aproveito para agradecer por todos os comentários do post. Não terei força para comentar um a um, mas são todos importantes para tentarmos encontrar algum caminho (que eu já acredito ser impossível).
Abraços

ricardo cintra disse...
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
Blog do Meu Saco disse...

Desta vez, foi a pior da minha vida adulta. Das outras, sempre havia ou uma vitória recente quando olhávamos para trás, ou qualquer coisa de redentora a se buscar lá na frente. Mas, agora, parece que ficamos sem chão.

Blog do Meu Saco disse...

Desta vez, foi a pior da minha vida adulta. Das outras, sempre havia ou uma vitória recente quando olhávamos para trás, ou qualquer coisa de redentora a se buscar lá na frente. Mas, agora, parece que ficamos sem chão.

@nostro_palestra disse...

No meu blog também colokei uma matéria: http://www.blogavantipalestra.blogspot.com/2010/11/palmeiras-1x2-goias.html

Confiram!

Unknown disse...

Ja estou um pouco mais calmo,consegui digerir um pouco do acontecido,não tive nem coragem de ir trabalhar tamanha minha vergonha.Estou em casa aguentando torpedos,telefonemas,e-mails zoação de todo tipo,mas como ja estou acostumado nesta década ja nem ligo mais.
Sobre domingo eu nem me importo se vai ganhar ou perder só sei de uma coisa vou tirar férias no ano que vem de ir aos jogos mesmo que o coração não deixe mas não vou mais perder noites de sono,fim de semana deixar de curtir minha família para ir ver jogos chega ontem foi a gota d'agua.Sei que vai ser dificil mas vou tentar deixar de ir a jogos no ano que vem.
Até que o Palmeiras volte a ser Palmeiras não da mais ver ano e entra ano a mesma coisa.Nós torcedores temos que mostra que temos dignidade e se valorizar,pagamos ingressos caros,tomamos chuva,frio,calor,transporte ruim,somos tratados como bandido pela polícia e todo tipo de humilhação.
Tem que haver uma união entre todos aqueles que amam o Palmeiras,acabar com a divisão politica no clube para que se possa reconstruir um novo Palmeiras,não adianta vir com a conversa de Arena,Avanti e outras coisas o que queremos é sermos respeitados pois somos nós torcedores que fazemos o Palmeiras,sem nós não existiria o Palmeiras.
Viramos o Guarani da Pompéia,ou muda-se os rumos do clube ou caminhamos para o fim,ou se da um basta em tudo que esta errado,falo de todos os braços politico do clube oposição,situação e outras alas.
Chegou a hora de quem ama o Palmeiras se mecher de verdade e não deixar que destruam aquilo que foi construido com muito sacrificio fico imaginando os nosso fundadores Luigi Cervo, Vicenzo Ragognetti, Luigi Emanuele Marzo e Ezequiel Simone o que estão pensando lá no céu a respeito do que estão fazendo como o Palmeiras.
ACORDA PALMEIRAS!!!


FORZA PALESTRA!!!

Vinicius Paes disse...

O time não merece a TORCIDA QUE TEM!

Se resume a isto o meu sentimento nesse momento.

Saudações,

Vinicius.

Anônimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Marcão disse...

Barneschi, vc leu o post do mauro cezar hoje?? Achei muito bom. Vou só reproduzir uns trechos aqui.

"O pequeno torcedor chorava por seu clube de coração, sim, aquele que irá amar pela vida toda, de forma incondicional, aconteça o que acontecer. Porque o futebol é isso, é muito mais do que direitos federativos, de televisão, patrocínios e projetos marqueteiros capitaneados por oportunistas de toda ordem. Só o nosso esporte faz uma criança sofrer como um adulto e um adulto virar criança."

"Lugares marcados em "arenas" com telões em atmosferas que tentam transformar o nosso jogo numa espécie de teatro. Jogadores sem vínculo e muitas vezes sequer respeito pelas camisas que vestem. O dinheiro, e só ele, ditando as normas, os caminhos, as tendências. Tudo isso forma o chamado "futebol moderno" que eu odeio, como muita gente odeia."

"E nunca é demais lembrar: melhor do que vencer é ter um time pelo qual torcer."

Seu post é perfeito, retratou o sentimento de todos nós palestrinos.

Abraço

Anônimo disse...

Desde o apito final de ontem ouvi e li comentarios de amigos, colegas, conhecidos, todos palmeirenses como eu, que dizem a mesma e ja velha e conhecida frase palmeirense dos ultimos anos: "Fazer o que né, ta foda mas vamos aguardar o ano que vem, quem sabe melhora!"

Pois bem, vamos falar de 2011. No decorrer do ano acontecerao alguns fatos ja conhecidos pelo torcedor, nada de novo ou diferente. Que sao os seguintes:

Politica: O Palmeiras continuara a mesma merda e as mesmas moscas que o rodeiam apenas trocarao de lugar. Ha mto tempo assim o é e assim permanecera.

Futebol: Taça SP: nao passara da primeira fase; Copa do Brasil - nao passara das oitavas; Sulamericana: idem; Paulista: lutara para nao ser rebaixado; Brasileiro: lutara desesperadamente para nao ser rebaixado.

E proximo ao término de 2011, apos mais um ano repleto de decepçoes, derrotas, vexames, humilhaçoes e mta vergonha ouviremos a seguinte frase: "Fazer o que né, ta foda mas vamos aguardar o ano que vem, quem sabe melhora!"

Ops! Acho que ja ouvi essa frase...

E assim o Palmeiras caminha, ou melhor, corre a passos largos para o desaparecimento (que ainda so nao aconteceu por causa da torcida).

Por acaso inventei algo do que escrevi ai acima? Naturalmente que nao. Essa é a realidade do Palmeiras que ja dura anos e anos (nao fosse a Parmalat e teriamos um estadual e uma série B nos ultimos 34 anos).

Por isso eu digo: respeito quem nao concordar ou achar exagero, porém peço a gentileza de que consiga convencer do contrario.

Luan disse...

é, Barneschi, realmente a dor não terá fim. Hoje mesmo era pra estarmos na expectativa pra vem quem pegaríamos na final. E essas lembranças que voce vitou vão nos corroer por dentro, pouco a pouco. Já estou sem palavras, só tenho que te agradecer por relatar em seu blog tudo que nós palestrinos sentimos e nos dar a oportunidade de ler e tambem comentar aqui.
Já são 17:21 e ainda de ressaca, a dor quer ir embora, e nao sei quando irá

Marco Antonio Roncato disse...

Falta pra esse time é vontade de ser o predador, de se for preciso ir lá e cortar o pescoço da presa sem dó nem piedade, aquela velha história do prato de comida. Nessa década parece que teve mais dias de caça do que de caçador pro Palmeiras

Robson disse...

Ontem pela primeira vez na minha vida tive vontade de desistir. não aquela coisa passageira de falar "nunca mais assisto esse time" com a cabeça quente (e meia hora depois você já está pensando no próximo jogo).

Dessa vez foi sério. tive a vontade de abandonar o Palmeiras. por a venda tudo que eu tenho relacionado ao Palmeiras. esquecer o futebol brasileiro e assistir apenas os jogos dos times europeus sem nenhuma paixão, só pelo entretenimento. mas como fazer isso? construi minha vida toda em torno do Palmeiras. sem ele não sobra quase nada.

O Palmeiras que era a razão da minha alegria hoje se tornou um fardo. algo que só serve para estragar meus dias.

Ontem cheguei a conclusão que deveria me tornar um ex-torcedor. sei que isso não vai acontecer, mas a verdade é essa: a torcida do Palmeiras só existe pela paixão, pois se dependesse da razão, todos nós já o tinhamos abandonado.

Anônimo disse...

tem um viado aí em cima usando meu nick, vergonha é a putaquepariu, vergonha tem que ter gambá de teimar com a imagem e os fatos.

Parmera (Arrigo)

victor briganti disse...

DESISTIR DO PALMEIRAS JAMAIS
AMOR ETERN0 E INCONDICIONAL AO PALMEIRAS

victor briganti disse...

DESISTIR DO PALMEIRAS JAMAIS
AMOR ETERN0 E INCONDICIONAL AO PALMEIRAS

Anônimo disse...

Ainda acho que deveriam construir um busto para Marcos Assunção. Que ganhou 9 jogos sozinho. 4 pela Sul Americana. E 5 pelo Brasileiro. Sem ele esse tido como time grande, estaria brigando para não ser rebaixado. E teria caido a muito nesse zica de campeonato.

Só lembrando, que quem sabe dos bastidores desse clube. O Valdivia não tem absolutamente nada. Isso é falta de pagamente. Assim como estão fazendo com o Kleber.

Mas dinheiro para a Arena acho que tem né?!

Luan disse...

e o Independiente passou pra final. que remorso estou sentindo.
me lembrei agora do filme do Rocky Balboa onde ele luta contra um russo bem forte e seu treinador fica gritando pra ele: "NO PAIN!!! NO PAIN!!!"
mas ta difícil tira essa dor do peito.

AVANTI PALESTRA!

Nespoli disse...

Barneschi,

Comentei com amigos sobre a falta das derrotas para Grêmio, Boca, Vasco entre outros... não entra na minha cabeça os Ipatingas, Cearas, Vitório, Goias da vida...

Ainda não tenho cabeça pra comentar mais nada

Fernandoo disse...

Iae Barneschi... há tempos acompanho teu blog, mas nunca comento... antes de mais nada, parabens por todos os textos... além de bem escritos, eles refletem exatamente oq pensa cada palmerense de arquibancada...

Passamos mais de um semestre de 2010 com resquícios da perda do brasileirão de 2009. Tremo só de pensar em 2011. Na verdade, vejo nuvens negras...

Algo tem que ser feito, se quizeremos que nosso amado time volte ao seu devido lugar... e isso terá que ser feito de fora para dentro. Uma espécie de 2ª arrancada heróica.

Assim que puder, divulgue a iniciativa do Dr. Miguel Nicolelis, que brigará por eleições diretas no Palmeiras. Aqui está o abaixo assinado.. http://www.abaixoassinado.org/abaixoassinados/7584

Em relação ao post anterior... só um comentario. Sou de Americana, e uma grande parte das pessoas que eu converso e q gostam de futebol, estão nem aí para este tal de Americana Itinerante de Guaratinguetá. Também acho isso uma aberração, e não vejo futuro. Os torcedores do Rio Branco, time que tenho simpatia por ser americanense, assim como eu não estão nenhum pouco satisfeito com essa idéia... enfim... esperamos que mais esta nova aberração suma logo do mapa...

Grande abraço!

Luigi SEP 1914 disse...

Será que os filhos da puta gritaram de novo "PALMEIRAS" no Pacaembu hoje a tarde?

CHUPA gambazada! Voltem pro lixo de onde vieram!
Voces foram, são e sempre serão uma merda, bando de filho da puta!

Anônimo disse...

TEM UM VIADO ME CHAMANDO DE VIADO, DIZENDO QUE TEM UM NICK QUE É O MEU. FODA-SE ELE, OS GAMBÁS E A BICHARADA.

LUCAS PARMERA