Se me permitem um conselho, ei-lo aqui: esqueçam os números. Eu já fiz isso, porque se formos recorrer a eles, é melhor nem entrarmos em campo. Sei que alguns dos senhores podem esperar por alguma opinião esclarecedora ou por um texto que faça sentido por aqui, e então eu peço desculpas, uma vez que, depois do que vivemos ontem no Canindé, me sinto incapaz de escrever algo que seja pelo menos razoável. Mas reitero a sugestão: esqueçam os números. Observei aqui e ali algumas conclusões que emergem da análise desta e de outras campanhas e elas todas, campanhas e conclusões, são catastróficas. A minha também seria, e é por isso que eu vou abrir mão disso. Nada de simular as próximas 18 rodadas, nada de traçar metas, nada de ficar fazendo comparações com campanhas outras. Sei que é difícil, mas é melhor assim.
O time que aí está é o mesmo que ganhou a Copa do Brasil há menos de dois meses, e parece difícil entender porque chegamos em tão pouco tempo a uma situação que é, no mínimo, desesperadora. Pois bem, parece, mas não é. Vencemos a Copa do Brasil - de maneira invicta - na base do heroísmo, da superação pessoal e de uma entrega pela qual pagamos agora um preço altíssimo. O Palmeiras foi campeão APESAR dos senhores Tirone, Frizzo e demais comparsas. O Palmeiras foi campeão APESAR da incapacidade de gestão dessa gente, e isso fica evidente agora para eles próprios e para todos os que não quiseram enxergar tal situação.
Há ainda outros fatores que dão conta de explicar a situação atual (a indefinição no comando técnico para 2013, as péssimas contratações, as contusões que não chegam ao fim nunca, o camisa 10 que vive às custas da idolatria cega de um fã-clube alienado, mesmo a sequência de jogos em curto período de tempo), mas, de modo geral, eles todos são decorrentes da falência gerencial dos homens que deveriam, mas não sabem, comandar o gigante Palmeiras.
Já foi dito aqui inúmeras vezes que Arnaldo Tirone é o mais incapacitado presidente da história do Palmeiras. A prova está aí.
O que fazer?
Bom, é evidente que alguns jogadores não têm a menor condição de vestir a camisa alviverde. Outros têm, mas vivem péssima fase (foi o caso do camisa 6, que teve ontem uma noite repleta de falhas primárias e/ou constrangedoras). O problema todo é que não há muito como repor essas peças, uma vez que muitos atletas com potencial seguem exilados no departamento médico.
Quem é muito bem pago para isso deve pensar nas soluções de ordem técnica. À torcida compete ir ao estádio em peso, apoiar o time de maneira incondicional e deixar as críticas e protestos para depois.
Se não há muito o que fazer em relação ao elenco, eu tomo a liberdade de propor ao menos três medidas simples que podem ser tomadas desde já:
1. "Fechar" com a torcida
Chega de pensar em migalhas! Chega! É o caso agora de trazer a torcida para perto do clube. Quando falo em torcida, me refiro à "massa", ao povão, àquele parcela que não pode ir tanto aos jogos porque o preço dos ingressos segue elevado. É hora de exercer toda a pressão que for possível. É hora de lançar ingressos populares (em especial para o tobogã), na casa dos R$ 10 (como fez o SPFC), para que o Pacaembu jogue a nosso favor. É hora de entender que a situação é por demais complicada e usar os ídolos do clube para convocar o torcedor - e os ingressos a preços populares seriam o melhor estímulo para isso. Por favor, deixem de mesquinharia. O Palmeiras precisa da torcida mais do que nunca. É urgente a criação de um ambiente favorável. Do contrário, todos sofreremos com uma nova tragédia no fim do ano.
2. Respeito à camisa
Não me refiro especificamente à relação dos jogadores com o clube, mas à necessidade premente de abolir o uso desta maldita camisa amarela, que, por si só, já nos faz sentir vergonha de ver o time em campo. Não sei quanto a vocês, mas vejo o time entrar em campo com aquele uniforme ridículo e já me sinto derrotado. Por favor, camisa verde, seus putos! VERDE!
3. Pro inferno com a Copa Sul-Americana
A verdade mesmo é que deveríamos ter desistido da Copa Sul-Americana já na primeira fase. Aquele 2-0 contra o Botafogo acabou sendo terrível, e agora teremos de encarar uma longa viagem para porra nenhuma. Não há porquê seguir nessa competição: ela só vai representar desgaste do elenco e foco dividido. Precisamos ser eliminados disso já na próxima fase. E, por favor, sei de todas as limitações e problemas, mas devemos entrar em campo com o time inteiramente reserva e, se possível, sem ninguém no banco.
De imediato, temos um jogo importantíssimo no sábado e então eu conclamo o palmeirense de verdade a fazer a sua parte. O ingresso está caro e tudo mais, mas é o momento de a torcida se fazer presente. Tivemos quase 30 mil pessoas contra o mesmo Grêmio no Buraco de Barueri (com preços ainda mais extorsivos) e então eu digo a esses todos que o duelo deste sábado é quase tão decisivo quanto foi aquele. Tomem vergonha na cara! Ao estádio!
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_Ao fã-clube do vagabundo da camisa 10: Me expliquem, por favor, como é que o sujeito consegue estar pendurado mesmo sem entrar em campo? E mais do que isso: me digam, por favor, qual é a dificuldade em conseguir completar três jogos seguidos?
_O jogo de ontem foi o primeiro em mais de dois anos a ser disputado no tradicional horário de quarta às 20h30.
Tommaso Mauri
Há um dia