03 julho 2009

O CQC e o futebol

Eu assisto ao CQC todas as segundas, sem falta. Gosto do humor deles, vejo talento em quase todos os integrantes e, isso posto, até abro uma exceção para a minha resolução de não ver TV aberta. Até por isso, sinto-me à vontade para escrever o que se segue:

A agressão de torcedores do Internacional ao repórter Felipe Andreolli deve ser encarada pela produção do programa como um recado: não se brinca com a paixão de ninguém.

Fato é que os repórteres do CQC vão aos estádios para fazer brincadeiras, provocar situações engraçadas e encontrar humor até onde não existe. E o ponto central é que essa busca não combina com a atmosfera de um jogo decisivo, menos ainda se for cercado de tensão como esta final de Copa do Brasil.

Não estou julgando se é certo ou errado. É como é, e isso precisa ser levado em conta antes de se enviar um repórter para o meio de uma multidão apaixonada e, pior, pronta para entrar numa guerra.

No caso específico do Internacional, é justo considerar o fato de os gaúchos tenderem ao separatismo. Como tal, consideram que um programa produzido em SP vá obrigatoriamente defender o ponto de vista do clube paulista. E há, ainda pior, o agravante das imbecis piadas sobre a preferência sexual dos gaúchos.

Isso posto, era evidente que um repórter do CQC seria agredido no Beira Rio, qualquer que fosse ele e mesmo se não viesse com chacotas. E seria assim em todos os estádios do país em que o futebol é encarado não como festa, mas como algo sério, a exemplo do que temos na frase que estampa a arte deste blog.

Era tão evidente a agressão que qualquer freqüentador habitual de estádios não deve ter estranhado a notícia, logo alçada pela imprensa à condição que se traduz pela adjetivação “Lamentável...”, com críticas ao fanatismo e toda a sorte de clichês.

Peço desculpas aos mais puritanos e até aos falsos arautos da moral e dos bons costumes, mas não vi nada demais nisso tudo. Meu ponto de vista está bem explicado, continuo a gostar do CQC, mas o que ocorreu no Beira Rio era previsível e deve ser levado em conta pela produção do programa.

Em recente visita ao Palestra Itália, minutos antes de um jogo de menor importância, o repórter Rafael Cortez deixou a sede social do clube depois de tomar um banho de cerveja, obra de sócios que já imaginavam o que poderia vir se ele continuasse por ali.

Não passou de brincadeira, mas o recado estava implícito: não se brinca com a paixão de ninguém.

24 comentários:

Irineu Curtulo disse...

Perfeito o seu argumento. Sobre esse mesmo assunto, mas pensando nas futuras arenas - não é assim que eram chamados os campos de luta? -, me permite uma observação: será que farão a besteira de não separar o público do campo - esse de futebol? -? Lá na Europa é uma questão de tempo, pois aproveitaram que a situação econômica dos países estava nas alturas, e quando se iniciar a fase em que os estiverem na decadência econômica, o que não está longe de acontecer. Será que o público será tão educadinho? Não creio.

João Medeiros disse...

"Não se brinca com a paixão de ninguém". Frase perfeita no contexto perfeito. É bom lembrar que o mesmo "fanatismo", ora defenestrado, é exaltado quando mantém a audiência da emissora no primeiro lugar. Essa ambiguidade de discursos, atende exclusivamente aos interesses comercias e econômicos. Valores morais e éticos? Pra que? A não ser que de audiência.

Aparece lá no "papo na Colina" o tema é mais ou menos por aí. Será um prazer a visita do amigo.

Abraços.

João disse...

Muito oportuno o texto!

Também admiro o trabalho do pessoal do CQC. Admiro humoristas em geral, por sinal - vira e mexe procuro vídeos do Monty Phyton na internet. Mas fazer humor em um estádio de futebol, no dia de uma decisão importante e tensa, é comparável a fazer humor no pregão da Bovespa. O pessoal está ali por um motivo sério, bem sério, e não está disposto a piadinhas.

Abraços.

Anônimo disse...

E por essa e outras do tipo que nunca gostei muito deles. O mesmo vale pro Pânico na TV. Os dois programas tem excelentes humoristas, mas exageram e acham que podem fazer graça de qualquer coisa.

Por isso sou bem mais um Casseta e Planeta (mesmo na merda da Globo) ou ou o Hermes e Renato, que considero o melhor da tv.

Craudio disse...

Bom, faltou no mínimo inteligência, porque o Rafinha Bastos é gaúcho, colorado e muito maior que o Andreoli...

Mas o que mais me irrita nesse programa é o fato de que eles são humoristas querendo se passar por jornalistas. E ainda se levam a sério fazendo isso.

Unknown disse...

Senhores, fala sério, o cara ta la pra fazer o trabalho dele e a violência não pode ser justificada pela paixão em hipótese alguma.
Se não tivessem afim de participar das brincadeiras, que neste caso é o trabalho do cara, bastava não falar com o cara, ignorassem as perguntas, piadas, etc...

Unknown disse...

Cara, sou palmeirense, gaúcho e leio regularmente seu blogue, o qual acho muito bom. Contudo, me explica melhor essa nossa "tendência ao separatismo", porque eu não entendi muito bem.

Nicola disse...

Raphael,

Pau no cu do trabalho dele, ali não era lugar e pronto... Ainda mais num jogo tão importante como aquele.

Imagina, o trabalho do cara, naquela hora pelo menos, é zoar teu time. Tinha mais é que levar um cacete mesmo.

Raulzito disse...

Boa noite Forza,
Não sou nenhum animal, mas sou Fanático pelo Palmeiras, e quer entendam ou não aqueles que acham um absurdo vc amar um time, eu amo e acredito que não se brinca com isso. Temos que ter respeito acima de tudo pelo sentimento do próximo, e como já aconteceu algumas vezes, caio na porrada mesmo se não respeitarem meu amor incondicional pelo Palmeiras. Também gosto do CQC, mas pisaram na bola.
Abraço!!!

Bruno D'Angelo disse...

Não acho que os caras tenham pisado na bola. Na verdade eles vacilaram prá kct!
Aposto que o próprio Andreoli alertou para a produção dos perigos que ele iria correr lá no Beira-Rio.
Mais arriscado (ou óbvio) que isso só fazendo piadinhas com o Netinho (o da Cohab).
Que sirva de lição.

Abraço.

Bruno D'Angelo.

Conrado disse...

nao assisto, mas pela descricao da brincadeirinha os caras nao estao nem pra casseta e planeta, nem para panico, nem pra hermes e renato.

é jackass mesmo.

só podiam tomar porrada. sem chance de errar.

abracao barneschi

claudinei rockwood disse...

Forza Palestra destrincha com maestria e altivez um assunto que deve ser levado a que diz respeito sobre esse fato ocorrido no RS.
Congratulo mais uma vez Forza Palestra pela sobriedade e discernimento,com a qual virei assíduo leitor de seu blog,mais uma vez meus parabéns.

''Assim como a cera, naturalmente dura e rígida, torna-se, com um pouco de calor tão moldável que se pode levá-la a tomar a forma que se desejar, também se pode, com um pouco de cortesia e amabilidade, conquistar os obstinados o os hostis.''(C.Rockwood)

Rodrigo Barneschi disse...

Irineu:
Sobre o seu comentário, gostaria de compartilhar com você o artigo 26 do "Estatuto do verdadeiro torcedor", obra do meu amigo Teo, que foi publicado neste blog: "Se um dia você for a um estádio sem alambrado, fosso ou qualquer divisão para o campo, sinta vergonha. O Brasil não é a Inglaterra."

Rafael Antunes:
Na boa, cara: não se faz brincadeirinha em dia de guerra. Quem está errado é o repórter, e isso precisa ser entendido por todos que quiserem transformar o futebol em circo.

Cássio:
Não tem nenhum juízo de valor no que eu disse. Eu apenas destaquei os reconhecidos ideais separatistas de grande parte do povo gaúcho. Nada além disso. E obrigado pela audiência.

Odilon C. Neto disse...

Realmente, nada mais do que o esperado.

A atitude dos gaúchos não foi certa, obviamente ... mas as pessoas tem que enteder, de uma vez por toda, que o futebol não é um campo 100% da razão.

Aliás, vai mto longe disto, em determinados momentos razão é algo que só existe 2h, 3h, 4h depois dos jogos ... e, sem duvida, este foi um destes momentos.

Erro juvenil da produção do CQC. Porém, sabe como é a mídia: Aparecer à qq custo.

Abs
Forza!!

Viviane Pereira disse...

Não se brinca com a paixão de alguém? Isso não é paixão, é insanidade! Se o cara tivesse feito alguma piada ainda vá lá, mas ele se quer havia chegado ao estádio!


Isto não é paixão, é banditismo, isso sim. Agressão gratuita não se justifica de forma alguma. Vc vai na porta do estádio e pq vc é paulista, nordestino ou carioca vc toma porrada porque eles estão estressadinhos por causa de final?

Ah faça me o favor! Uma pessoa que escreve tão bem não pode ter uma explicação tão ridícula para a agressão sofrida pelo CQC.

Será que se fosse o Rafinha Bastos que tb é torcedor do Inter que tivesse ido ao Estádio ele teria apanhado dos seus "irmãos de time"?

Se a resposta for sim ai se vê msm que quem faz isso é bandido mesmo e não torcedor!

Se xingassem a mãe do cara ele não ficaria tão bravo qto qdo brincam com seu time. A pessoa que age desta forma é doente e precisa de tratamento.

Rodrigo Barneschi disse...

Vivis,

Você pode ter lá as suas paixões pelo CQC ou por qualquer programa/artista. É seu direito, é legítimo e você deve mesmo criar um blog, escrever sobre o assunto e especialmente defender suas idéias.

Te advirto, no entanto, que esta sua paixão pelo CQC tem um ano e pouco, não mais do que isso. Há pessoas que têm pelo seu time uma devoção que já vem de décadas e que continuará crescendo ano após ano, pois os clubes de futebol continuarão sempre na ativa, e serão sempre o que existe de mais importante.

Não peço que você entenda isso. Tampouco quero sua compreensão. Eu sou assim, e há milhões de pessoas na mesma condição. Nós assumimos o ônus e o bônus disso.

Não exigimos, srta., que ninguém pense como nós. De verdade. Mas exigimos que o nosso espaço, o estádio de futebol, seja respeitado.

Futebol, srta., é coisa séria. É questão de vida ou morte. É religião, é paixão, é a dedicação de uma vida inteira. Não é lugar para gracinhas, para palhaçadas, para chacotas. Definitivamente.

Vamos lá, só pra deixar claro: não tenho nada contra o Andreolli, o Gentili, o Rafinha Bastos, o Tas, o Cortez ou quem quer que seja. Pelo contrário: eu gosto deles e continuarei vendo o programa todas as segundas, sem exceção.

Mas é bom que eles - e qualquer pessoa - respeitem o nosso espaço. É simples, muito simples.

Se não entendem a nossa paixão e se não entendem a importância de uma guerra, é melhor que se dediquem a outras pautas. Porque o recado já foi dado.

@bulmah disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
@bulmah disse...

CQC é um ótimo programa. Este fato ridículo que ocorreu com o Felipe foi algo natural, o que ocorre em todo e qualquer jogo decisivo.
Torcedor não é gente normal, veneram um time como se fosse um deus e o defendem com unhas e dentes!
Já falaram e eu repito: se mantivessem esta postura com assuntos políticos, com certeza o país seria mais desenvolvido, mais organizado, mais justo!
O problema nao é fazer piadinhas com o time, mas a insensibilidade e o fanatismo dos torcedores!

Nicola disse...

Futebol, srta., é coisa séria. É questão de vida ou morte. É religião, é paixão, é a dedicação de uma vida inteira. Não é lugar para gracinhas, para palhaçadas, para chacotas. Definitivamente.

Vamos lá, só pra deixar claro: não tenho nada contra o Andreolli, o Gentili, o Rafinha Bastos, o Tas, o Cortez ou quem quer que seja. Pelo contrário: eu gosto deles e continuarei vendo o programa todas as segundas, sem exceção.

Mas é bom que eles - e qualquer pessoa - respeitem o nosso espaço. É simples, muito simples.


Simples assim...

Rodrigo Barneschi disse...

*** Selphie *** 100 Graça,

Qual seria o seu critério para definir 'gente normal'?

Considerando seu nickname e sua argumentação pobre, eu prefiro mesmo não ser normal sob o seu ponto de vista.

Na boa: não encham o saco do futebol. Cuidem de seus programas de TV e de suas vidinhas medíocres e deixem o que realmente importa para a gente.

Só não vale querer fazer gracinha ou se importar com futebol quando chegar alguma final, ok?

João disse...

"Já falaram e eu repito: se mantivessem esta postura com assuntos políticos, com certeza o país seria mais desenvolvido, mais organizado, mais justo!"

O interessante é que esta afirmação traz, no fim das contas, a idéia de que os fanáticos pelo futebol adotam uma postura associada ao desenvolvimento, à organização e à justiça.

Vai entender...

Rodrigo Barneschi disse...

É, João, é este povinho babaca que adora falar mal de futebol, mas depois resolve torcer quando chega a final ou a Copa do Mundo...

E não entendem que as pessoas podem muito bem ter essa dedicação pelo time e adotar uma postura muito mais politizada do que as, como vamos chamar?, 'pessoas normais'.

Rodrigo Barneschi disse...

Mais um detalhe: fiquei decepcionado com as imagens do CQC ontem. Por tudo o que li, imaginei que Andreolli tivesse tomado umas porradas mesmo. Foi muito light pra tanto escândalo...

Felix disse...

Pra quem disse que ele não ofendeu, ofendeu sim! Pois a reportagem era para se falar da "masculinidade" dos gaúchos! Agora tenha santa paciência, vc vai num estádio, num dia de final, vc é do estado do time do adversário ( que por sinal, o cqc e panico vivem babando ovo pros gambás), e vai lá na casa dos caras pra tirar uma deles? Isso é pedir pra ser agredido, ou muita inocência! E acho que até foi pouco o que ele sofreu, pois poderia ter sido pior( nao que queria que fosse pior, mas pelas circusntâncias).