17 julho 2009

Sobre guerreiros e micareteiros

Do Estatuto para o verdadeiro torcedor, artigo 1º: “Futebol não é festa”. Em sendo assim, digo, e isso não vem necessariamente acompanhado de juízo de valor, que mineiros adoram uma festa. O Mineirão lotado normalmente exala um clima festivo que não combina com o futebol. Foi assim em tantas visitas nossas ao Magalhães Pinto: o que era só alegria antes do jogo logo se transforma em silêncio e apatia.

Foi (e eu falo apenas pelas imagens e relatos, já que eu estava no Maracanã) assim na última quarta. Clima de já-ganhou, fogos de artifício, mascotes em campo, governador fazendo campanha pela abertura da Copa-2014 em BH, politicagens, negociatas rolando, camarotes de empresas, a imprensa dando o título como algo certo, o escambau. Faltou pensar no jogo, faltou pensar que futebol é guerra, faltou pensar que havia uma batalha por ser ganha.

Enquanto muitos oportunistas foram ao estádio como quem vai a uma micareta, os “poucos” argentinos foram para a batalha. Muitos foram para assistir a uma festa, e alguns “poucos” foram lutar por uma vitória que parecia improvável. O resultado veio dentro de campo.

Acontece de os micareteiros vencerem de quando em quando – e isso tem sido uma rotina aqui em SP. Mas este blog despreza os oportunistas de estádio, e faz questão de enaltecer os guerreiros, quaisquer que sejam eles. É o caso agora dos torcedores do Estudiantes. É o caso de quase todas as torcidas portenhas.

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Por falar em guerreiros, temos hoje a informação de que o senhor promotor Paulo Castilho resolveu suspender as proibições impostas às torcidas Mancha Verde, do Palmeiras, e Torcida Jovem, do Santos. De uma só vez e no mesmo dia.

A MV foi punida porque supostamente teria feito uma emboscada a torcedores do Sport, ainda em abril. A TJS, porque seus integrantes agrediram torcedores corintianos em um supermercado de Santos.

A Mancha está punida desde abril; são três meses. A TJS foi punida em 16 de junho, um mês atrás. Os motivos para afastar a facção alvinegra foram explícitos. A alegação para punir a MV foi bastante enigmática.

No entanto, os santistas ficaram proibidos de entrar no estádio por um mês. No caso da Mancha, a punição valeu por mais de três. Foi o suficiente para que ficássemos sem o apoio da arquibancada durante toda a fase decisiva da Libertadores e do Paulistão.

Se há quem duvide das intenções do senhor Paulo Castilho, sugiro agora uma reflexão.

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Amanhã, com a Mancha de volta e provavelmente sem a chuva da semana passada, é de se esperar um bom público no Palestra. E uma boa vitória. Chego lá bem cedo, por volta de 16h.

6 comentários:

donnovan disse...

vou iniciar o debate
1- faltou alma para o palmeiras qdo perdeu do boca?
2- qual a diferenca da derrota do cruzeiro pra derrota do teu palmeiras>?
3- nao tem oportunists na tua torcida?
4- vc queria q nao tivesse festa antes da final? devia ser clima de velorio?

Rodrigo Barneschi disse...

Certo.

1. Não. Perder ou ganhar faz parte, e eu sinceramente entendo que as vitórias não devem ser obtidas a qualquer custo. Até porque o futebol vai muito além disso. O Palmeiras felizmente é um clube que tem alma em todas as suas derrotas. Já perdeu muitas decisões, é verdade, mas foi sempre lutando até o fim e nunca por menosprezo ao adversário ou por essa arrogância que contamina bambis daqui e de Minas. Pelo contrário: algumas de nossas maiores conquistas foram obtidas contra times que se portaram assim. No caso do Boca, o Palmeiras foi derrotado em dois anos seguidos com quatro empates e nos pênaltis. Em 2001, para tudo ficar ainda mais dramático, fomos acintosamente roubados, lá e aqui. E a nossa torcida fez a parte que cabia, empurrando o time sempre e até invadindo o campo para bater no bandeirinha, se necessário.

2. Acabei explicando quase tudo no item 1. O ponto crucial é que o Palmeiras não entra em campo achando que a vitória virá naturalmente. E a sua torcida menos ainda.

3. Sim, em todos os lugares existem. Mas eles não são a maioria do nosso lado e recebem sempre o devido tratamento. Recomendo a você este post aqui.

4. Compare as festas da torcida do Estudiantes e do Cruzeiro. É este o ponto. A festa dos argentinos é a festa de quem quer infernizar o adversário e empurrar o seu time à vitória. A dos mineiros é uma festa de quem estava esperando apenas a hora de comemorar, sem querer fazer esforço.

5. Chupa, Cruzeiro!

Rodrigo Barneschi disse...

Faltou um ponto, que era o mais importante. Vou deixar que o post inteiro dê conta dos meus argumentos:

LINK

mancha z/s disse...

poow a mv volta hoje????????
ainda bem q entriu no seu blog antes de ir pro hjogo.... eh nois!!!!!!!

MANCHA IPIRANGA disse...

CHUUUUUUUPA CRUZEIROO!!!!!!!

E EH LIDER!!!!!!!

Anônimo disse...

Obrigado por intiresnuyu iformatsiyu