30 novembro 2009
A desmoralização dos pontos corridos
Um pouco de dignidade
Se não foi como o esperado, ao menos tivemos neste domingo uma despedida digna da nossa casa. Muito pela convincente e segura vitória sobre um valoroso Atlético/MG, um pouco pela forma como se construiu o 3 a 1, com um gol épico de Diego Souza, e especialmente pela combinação de alguns outros resultados da rodada, que contribuíram ao menos para reduzir entre a torcida palestrina o sentimento de injustiça que já parecia tão incômodo.
Falta ainda mais um domingo para as coisas se encaminharem para um desfecho, digamos, um tanto mais justo. Mas ainda falta, e precisamos fazer a nossa parte no Engenhão, no que promete ser uma batalha sangrenta, com cada um dos times lutando por um objetivo diferente. Vamos nós em direção ao Rio de Janeiro!
***
*A vitória deste domingo não serve para reparar nada do que aconteceu de errado nas últimas semanas. Nada, nada, nada. A vergonha ainda é enorme e a frustração não tem fim, mas ao menos tivemos uma despedida digna do nosso estádio.
*O gol de Diego Souza, repito, foi épico. Antológico. E só entende a dimensão deste lance o torcedor de estádio, pois a trajetória descrita pela bola, que fez de alguns poucos segundos um tempo quase interminável, só pode ser compreendida no campo.
*Não sei quanto a vocês, mas não me convence ver Muricy beijar o símbolo na saída para o vestiário. Pelo contrário; chega a incomodar.
*Cleiton Xavier e Maurício Ramos, que falta fizeram os dois. É de se lamentar que tenham ficado fora logo neste período tão decisivo.
*A torcida fez o seu papel. Garantiu uma média de público próxima dos 70% de lotação em casa (mesmo com o ingresso mais caro do Brasil), incentivou o time em todos os momentos, encheu o estádio mesmo nas horas melancólicas e deixou para fazer protestos pontuais somente quando necessário (antes do jogo contra o Galo, por exemplo). É de se lamentar que os jogadores não sejam um espelho da arquibancada.
*Vem um post aí durante a semana, mas fato é que certas situações contribuem para desmoralizar os tais pontos corridos.
26 novembro 2009
O Palmeiras e o sócio-consumidor (2)
Com grande expectativa, a torcida palmeirense aguardou um programa que até virou moda entre os clubes brasileiros, embora fosse óbvio faz anos, e viria a facilitar a vida do torcedor assíduo, aquele que não abre mão de ir ao estádio de futebol. Modelos de relacionamento dos clubes com seus torcedores foram adotados faz anos em países europeus, seja por clubes empresas, como na Inglaterra, como também nos clubes sociais da Espanha.
Também não é de hoje que quase todos os clubes argentinos e uruguaios utilizam sistemas parecidos que incentivam e premiam os torcedores mais assíduos (que mais contribuem financeiramente, mas também moralmente) com descontos, reserva de ingressos e outros benefícios importantes para qualquer torcedor. Como suplemento, é possível que haja outras vantagens comerciais com patrocinadores ou parceiros dos clubes, sempre de forma secundária, afinal o que interessa ao torcedor é o futebol. Valores Porém, para a surpresa de muitos, mas condizente com o histórico recente, a diretoria do Palmeiras lançou um programa onde os grandes atrativos são eventuais descontos em lojas Samsung, Adidas e Azul Cia Aérea. Não bastasse, é, de longe, o programa de sócio-torcedor mais caro do Brasil. Para não ficar apenas na teoria, recorro a rápidos exercícios matemáticos, plano a plano. Antes, partirei das premissas de que o Palmeiras joga metade dos seus 70 jogos médios por ano como mandante e cobrará ingressos de R$ 40,00, em linha com o que temos visto, exceto pelo “prêmio” que nos deram neste último jogo, conferindo ao torcedor um custo de R$ 1400,00 na aquisição dos 35 ingressos. Plano Prata Mensalidades de R$ 25,00; Desconto de 30% sobre o valor do Ingresso; Custo total: 25*12 + 1400*(1-30%) = R$ 1280,00; Desconto Real de 8,6% ou R$ 120.
Plano Ouro Mensalidades de R$ 50,00; Desconto de 40% sobre o valor do Ingresso; Custo total: 50*12 + 1400*(1-40%) = R$ 1440,00 Não há desconto! Acréscimo de R$ 40,00, ou 2,9%.
Plano Diamante Mensalidades de R$ 100,00; Desconto de 50% sobre o valor do ingresso; Custo total: 100*12 + 1400*(1*50%) = R$ 1900,00; Não há desconto! Acréscimo de R$ 500,00, ou 35,7%!
Ou seja, no que deveria ser o foco do programa, a questão dos ingressos, o benefício é mínimo – quando não nulo – e até torna-se uma desvantagem para o torcedor, obrigando aquele que já paga o ingresso mais caro do país a desembolsar quantias ainda maiores para ter o direito de ir ao estádio. Será que essas contas foram realmente realizadas por aqueles que apenas freqüentam os camarotes?
Não bastasse, a situação torna-se ainda mais grave, se não criminosa, quando descobrimos que não há a possibilidade de estudantes e aposentados aderirem ao programa ainda gozando dos direitos que têm por lei. Na prática, se quiserem seguir pagando meia entrada terão de desembolsar R$ 100,00 agora. Como o Palmeiras pretende atrair o megalomaníaco número de 200 mil associados se sequer o foco do programa é vantajoso? O mais caro do Brasil
Nem entrarei em tantos detalhes dos planos “concorrentes”, até porque é fácil mostrar quem é o menor beneficiado de todos. Portanto, só um rápido resumo dos casos de maior sucesso e a óbvia desvantagem do torcedor palestrino:
Vasco: R$ 30,00, direito a voto e 50% de desconto ou R$ 20,00 e 50% de desconto. SCCP: R$ 100,00 anuidade e 20 a 40% de desconto. Inter: R$ 22,00, direito a voto e 50% de desconto. Grêmio: R$ 30,00, direito a voto e 50% de desconto. SPFC: R$ 18,00 e 50% de desconto.
Sim, todos os anteriores também trazem algumas promoções, descontos e brindes. Mas os tratam como deveria ser e realmente importa para o torcedor: suplementos, por vezes até supérfluos. Chega a ser gritante a diferença de benefícios, e chamo a atenção para o direito a voto, assunto que retomarei, mas que custa R$ 70,00 mensais no Palmeiras. Depois não sabem porque o clube continua assim.
Benefício Comerciais
Aposto que terão a resposta pronta para a pergunta acima. Mas você poderá reverter o valor integral da mensalidade em produtos adidas e Samsung. Ok, de cara, pergunto, como ficará isto quando acabar a parceria entre o clube e as empresas? Confesso que isto pouco me importa, até porque não quero comprar televisões, celulares, camisetas, chuteiras etc.
Mas aos que se iludiram, se preparem para a propaganda enganosa. Simplesmente duvido que os descontos serão consideráveis, ou seja, para reverter seus R$ 300,00 em produtos, chuto que você gastará pelo menos, e com muita sorte, uns R$ 1000,00, baseados em descontos de 10 a 30% sobre cada produto, algo facilmente encontrado em qualquer outlet da adidas, por exemplo. Ou seja, prepare o bolso.
Aí vem a pergunta que realmente me importa: Quem é o grande beneficiado com tudo isto? O torcedor, o clube ou a empresa?
Estratégia Comercial
Bom, aqui é quase como bater em cachorro morto. O que se passou na cabeça do dirigente para soltar um programa com tanta pressa? Com apenas um último jogo a ser realizado em casa no ano? Sem falar no momento do time que, bom, melhor deixar para lá.
De qualquer forma, isto ainda torna-se muito mais inexplicável ao vermos um programa totalmente inacabado. Um site tosco, com pouquíssima informação e nenhum atrativo, sequer predominado pelas cores oficiais do Palmeiras, links inexistentes, pouquíssimas formas de pagamento, inexistência de uma central de atendimento, ou qualquer telefone visível no site, não poderiam jamais resultar em algo diferente do que as incríveis 10-15 adesões diárias da última semana.
Como se pouco fosse, os primeiros heróis que aderiram ao programa começaram a sofrer as primeiras dores de cabeça, com cobranças erradas, para cima, claro, erros na efetuação de pagamento, inexistência da loja virtual e, pior, um fraquíssimo canal de relacionamento para tirar dúvidas.
Reze para não ter algum problema, pois ai sim que eles começarão. O único telefone disponível, e bem escondido no regulamento, é o da Academia de Futebol. Bom, não acho que o Muricy vá resolver o seu problema. Alguns, logicamente, tentarão ligar no clube social, claro. Mas, como visto em relatos, após conhecer algumas pessoas de diferentes departamentos por telefone, você descobrirá que só o Sr. Rogério Dezembro, mentor do plano, pode responder suas questões.
Se tiver paciência, também pode tentar na comunidade do Orkut (!!!) do programa, onde algum abnegado tenta sanar as principais dúvidas. Eu, por curiosidade, relatei a situação para alguns amigos que trabalham com Marketing e Publicidade e terminei com a seguinte pergunta: O que aconteceria com você se apresentasse um trabalho como este aí em sua agência? As respostas, embora não idênticas, em sua essência foram unânimes: Rua! O que mais assusta é que, segundo propagandearam, foram gastos meio milhão de reais! R$ 500.000,00! E reparem que a única propaganda que vimos até agora, exceto no site oficial, foi no intervalo do último jogo, quando uma patética locutora colocava-se alegre enquanto sofríamos uma das maiores frustrações de nossa vida em campo. Bom, belo investimento, não? Ainda mais se considerarmos o período de férias nos próximos meses.
Sócio?
Mas, talvez mais grave do que tudo isto é o desprezo pelos sócios do clube. Nem cabe aqui questionar a fusão das modalidades, isto cabe a outras esferas, mas todos sabemos que o clube tem passado por uma profunda transformação nos últimos 5 anos, com muito associados focados no futebol. E ignorá-los pode ser um grande tiro no pé. Alguma forma de integração dos modelos, com algum desconto, me pareceria o mínimo a ser feito. Ou ,quem sabe, igual garantia de ingressos.
Lembrando que a mensalidade do clube já está em R$ 70 e deve sofrer novo reajuste. Já ouvi de alguns e não será surpresa se muitos abandonarem o título social para poder pagar o de sócio-torcedor, o que seria péssimo para qualquer pretensão de transformação do clube.
Sem falar naqueles que sequer cogitarão tal associação e direito de voto. Enfim, aos que depositavam alguma esperança na mudança do quadro societário como catalisador de uma melhora do Palmeiras, um verdadeiro balde de água fria. Os entusiastas da bocha devem estar comemorando, pois o conceito mais importante de sócio foi simplesmente ignorado.
Para quem tanto errou com o famigerado Onda Verde, parece que pouco aprendeu e queimou mais um cartucho, talvez inviabilizando qualquer tentativa de um plano de sucesso no Palmeiras. Não à toa, em igual período, o Vasco angariou quase 20 mil sócios (chegando próximos do 60 mil agora) ao passo que o Palmeiras ficou em nível 15 vezes menor, oscilando entre 1000 e 1500. Talvez o único benefício seja um suposto tratamento melhorado na compra de ingressos, algo que foi prometido com BWA, Outplan etc. (embora os primeiros relatos não sejam animadores quanto à compra para o primeiro jogo do programa, ainda não aberta no site).
Uma tristeza saber que tão importante e potencial fonte de renda está sendo desperdiçada de forma tão inconseqüente. Por fim, termino com o que me perguntou o amigo Jefferson “Aragonés” Camacho. “Eles insistem em nos tratar como clientes, mas pergunto: qual é o cliente que passa tudo o que passamos e continua lá, firme e forte, sem nunca mudar de marca/empresa?” Haja amor...
23 novembro 2009
A nossa recompensa

Partindo disso, é inevitável perguntar: qual seria o reembolso que o torcedor palestrino deveria receber de cada um dos vagabundos que fizeram o Palmeiras perder o título mais ganho entre todos os títulos ganhos que foram perdidos nesta década perdida?
Qual seria o reembolso por tamanho vexame? O que paga todo este sofrimento, todo o inconformismo, toda a sequência que nos conduziu à desolação atual? O que compensa a decepção de nos tirarem um título certo e entregarem logo para o SPFC?
Fato é que por aqui jamais se pensaria em algo parecido; por aqui, temos isso aqui:
"Isso (a arquibancada cai de R$ 40 para R$ 20 no último jogo do ano) não é medo de ficar com o estádio vazio, é uma recompensa ao torcedor que se esforçou. Se tivéssemos chance de ser campeões, nossa ideia era fazer o jogo em um estádio maior para cobrarmos o ingresso o mais barato possível para agradecer aos torcedores."
Bom, eu cansei!
20 novembro 2009
"Alma Palestrina"
Um deles, a quem já registrei aqui tantas e tantas homenagens, é o grande Fernando Razzo Galuppo. Palestrino de alma generosa e abnegada, figura das mais carismáticas, historiador e propagador de toda a nossa história gloriosa, carcamano da Mooca, guerreiro da arquibancada. O currículo de Galuppo mereceria aqui muitos e muitos parágrafos, mas eu prefiro render a ele o reconhecimento que se pode prestar a um grande amigo, que conheci 12 anos atrás, dentro de um ônibus a caminho do Palestra. Desde então, entre os 875H, 874T, 478P, 407M e tantos outras linhas que nos levavam da zona sul à nossa casa, a amizade só se fez fortalecer.
Isso tudo porque ontem, enquanto ainda tentava digerir o epílogo vexatório de uma campanha fracassada, pude encontrá-lo e, em primeira mão, ver o resultado do projeto de uma vida, no caso o livro escrito por Galuupo para o grande Heitor (ou Ettore) Marcelino Domingues, ídolo dos primórdios de nossa história. É coisa pra deixar com orgulho todos aqueles que acompanham de perto esses anos e anos de trabalho incansável em função de um sentimento.
"Alma Palestrina": nome melhor não poderia existir.
O lançamento está por vir:

15 novembro 2009
O Palmeiras e o sócio-consumidor
Vejamos:
Explica-se a denominação de sócio-consumidor pelo fato de o vínculo maior do projeto se estabelecer não com a Sociedade Esportiva Palmeiras, mas com dois de seus patrocinadores, no caso adidas e Samsung. Dadas as condições do lançamento, com a reversão em produtos do valor investido na mensalidade, o que temos é um estímulo ao consumismo. Porque, afinal de contas, a aquisição de equipamentos eletrônicos ou artigos esportivos passa a ser condição essencial para adesão ao plano.
(Por sinal, o regulamento do programa é mais extenso e detalhado no que tange às “Regras gerais para trocas e devoluções” do que propriamente à questão dos ingressos. Transparece mais a preocupação com as pessoas autorizadas a “protocolar o recibo de entrega” do que com as condições de compra dos bilhetes. E eu poderia citar mais alguns exemplos de descaso, mas me contento com o seguinte: o regulamento do programa não cita uma única vez a palavra “arquibancada”.)
Se o sujeito quiser apenas colaborar com o clube em troca de benefícios mais explícitos na compra de ingressos, ele não pode. É necessário também colaborar com as vendas dos dois parceiros comerciais do clube, com os quais, diga-se, eu me identifico como consumidor. Acontece que gostaria de contar agora com um programa voltado para o torcedor e não para o consumidor.
Alguém aí pode questionar o que seriam os tais “benefícios mais explícitos” e aí eu responderia que a expressão na verdade deveria ficar no singular, ou seja, “benefício mais explícito”. O fato é que o projeto fala em “prioridade na compra de ingressos” quando o esperado seria “garantia de ingresso”. Explica-se:
O Palmeiras joga em casa, na sua casa mesmo, entre 30 e 35 jogos por ano. Eu não posso falar por toda a torcida, mas sou um dos poucos milhares de doentes que se dispõem a ir a TODOS os jogos no Palestra Itália durante o ano. TODOS, sem exceção e de maneira incondicional. Pouca gente leva isso tão a sério e somos nós também os que mais sofremos para adquirir toda essa quantidade de ingressos, enfrentando filas e tendo de dividir espaço com os oportunistas que decidem aparecer apenas nas fases mais agudas.
É então que eu pergunto – e sempre fiz tal questionamento: se há pessoas que, como eu, vão a TODOS os jogos, qual é a dificuldade de implantar um carnê ou um sistema semelhante, em que o sujeito paga antecipadamente pelos ingressos para todos os jogos durante o ano? É uma forma de garantir o lugar de quem está sempre ao lado do time e, mais que isso, antecipar e garantir receitas para o clube. Isso já aconteceu antes aqui mesmo no Brasil e é regra nos EUA e na Europa. Por que cazzo, no entanto, os dirigentes brasileiros parecem querer copiar somente as coisas ruins que vem lá de fora?
Não sei dizer quantas pessoas estariam na mesma situação que eu, mas conheço pelo menos algumas centenas, que bem podem ser milhares. E a ideia do carnê serviria também para atrair aqueles torcedores que costumam ir a 50%, 60% ou 80% dos jogos. Tendo em vista a garantia de ingressos, o fim das filas e mesmo algum desconto, me parece evidente que este povo optaria por este benefício e até passaria a ir a mais jogos. Para o clube, a medida seria mais simples e mais barata, à medida que dispensaria toda a logística atual.
O que acontece com este programa lançado agora pelo Palmeiras é que a adesão a um dos três planos está condicionada diretamente à capacidade e às necessidades de consumo do torcedor/consumidor. Porque a diferença nos descontos e nos benefícios não é assim tão determinante, impactando muito mais a perspectiva de poder gastar R$ 300, R$ 600 ou R$ 1.200 anuais na compra de, sei lá, um celular novo da Samsung ou um agasalho da adidas.
Cabe registrar ainda que o regulamento não esclarece as condições de uso dos créditos (os termos são evasivos) e que a tal loja virtual ainda não está no ar, o que lança dúvidas sobre os reais benefícios de fazer compras por este sistema e não em lojas de eletroeletrônicos ou nos outlets da adidas. Porque não se sabe qual será a oferta dos produtos e, mais que isso, quais serão os preços praticados. Ouso dizer que, ao permitirem o uso dos créditos apenas na loja virtual, os parceiros comerciais do Palmeiras podem valorar suas mercadorias bem acima do que se vê nos shoppings centers da vida.
E por mais que eu admire as duas marcas, discuto um pouco o fato de um projeto de tal magnitude ser lançado em associação com parceiros comerciais, que, sabemos, podem deixar de se associar ao clube e ao seu torcedor ao final do contrato. A preocupação do Palmeiras deveria ser o vínculo com o seu torcedor e nunca com empresas.
Mas os problemas não se resumem ao caráter consumista do programa. Temos ainda outros pontos que merecem o debate:
1. "Compra com antecedência e com 30% (ou 40% ou 50%) de desconto para ingressos de jogos do Palmeiras no Palestra Itália." Assim sendo, pergunto: o torcedor será reembolsado por jogos que eventualmente forem transferidos para praças, digamos, menos convencionais? E quando o Palestra for interditado para a suposta construção da Arena? E se, por alguma imbecil decisão mercadológica, o Palmeiras mandar jogos fora do Palestra, o "sócio-torcedor" poderá pagar uma mensalidade menor, já que teve o benefício revogado?
2. "O benefício de meia entrada não é cumulativo com o desconto do Torcedor Associado Avanti Palmeiras. Caso opte pela meia entrada, o torcedor deverá realizar sua compra através dos meios tradicionais e não pelo site do Programa." Já era de se esperar, mas isso me leva a crer que muita gente deixará de investir no programa para continuar comprando os ingressos com 50% de desconto na própria bilheteria. Isso faz do Avanti Diamante nada mais do que o ato de pagar R$ 100 ao mês para ter uma carteirinha de estudante.
3. Vivemos em tempos conectados, é verdade, mas há quem ainda tenha certas limitações para o acesso à internet. Assim, vale discutir o viés excludente (e elitista) do programa Avanti Palmeiras, que permite a adesão apenas pelo site.
4. Mais até: não existe um telefone de SAC. E são muitas as dúvidas.
5. Esta é uma motivação pessoal: com um cartão de acesso ao estádio, chega ao fim a minha coleção de ingressos. Parece romântico, é verdade, mas eu não gostaria de dispensar os bilhetes de papel (ou plástico). O carnê serviria para resolver também esta demanda.
6. "Tour cortesia no Palestra Itália oferecido pela Futebol Tour" Finalmente o Palmeiras tem alguma iniciativa no sentido de levar os torcedores para conhecerem o seu estádio. Mas isso, a meu ver, é válido muito mais para quem mora fora de SP ou para quem não costuma vir ao Palestra, e não para torcedores que vão aderir ao programa. Porque um guia não tem a menor condição de me apresentar à minha própria casa...
7. De resto, todos os pequenos benefícios oferecidos (carteirinha, email @avantipalmeiras, kit com camiseta, boné e certificado) são adereços diante do que gostaríamos:
GARANTIA DE INGRESSO e QUE FÔSSEMOS TRATADOS COMO TORCEDORES E NÃO COMO CONSUMIDORES!
14 novembro 2009
Vasco da Gama, o retorno
12 novembro 2009
O fim da realidade
Este time, no qual depositamos tanta esperança, conseguiu perder o título mais ganho entre todos os títulos ganhos que conseguimos perder nesta década perdida. E o fez de maneira tão inexplicável e ao mesmo tempo escandalosa que fica difícil qualificar agora o que eu penso de toda a situação. Indiscutível mesmo é que nenhum entre todos os campeonatos que jogamos no lixo nos últimos 10 anos provoca tanta vergonha e ressentimento como este Brasileirão/2009.
Eu bem poderia desperdiçar aqui alguns parágrafos para destacar e dissecar cada uma das inacreditáveis derrotas desta década perdida, mas seria inócuo diante do inconformismo com esta última, que não encontra paralelo em nossa história.
Chega a ser paradoxal que estejamos jogando a toalha com o time na liderança momentânea, mas não se pode esperar nada diferente. Porque não dá mesmo para confiar em um time que vence um jogo em oito e que conquista um mísero ponto dos 12 que foram disputados contra os quatro que serão rebaixados à Série B. Não dá para continuar bancando ilusões sem fim e sonhando com o que já foi uma realidade.
Porque este grupo atual (atletas, comissão técnica e alguns dirigentes) conseguiu acabar não com um sonho, mas com uma realidade. Tomaram um título que era nosso sem qualquer explicação razoável e o fizeram de modo que sentimos agora mais vergonha na condição de líderes do que se estivéssemos lá pelo meio da tabela.
E eu, passados mais de 50 jogos vistos da arquibancada apenas neste ano que tanto prometia, cheguei também ao meu limite na arte de me iludir e de sonhar com aquilo que parece estar distante do que pode ser alcançado com o nosso grito que parte da arquibancada. Porque parece mesmo que quanto mais nos esforçamos e quanto mais lutamos, mais decepções sofremos.
Deve ser também por isso que ontem, enquanto eu cantava pelo time em meio ao fúnebre primeiro tempo, algumas vezes desejei que aquilo tudo chegasse ao fim ainda no intervalo, quase como se fosse preciso ali um tiro de misericórdia para acabar com tanto sofrimento. Chega!
2010 está por vir e é fato que vamos novamente sucumbir a outras ilusões. Mas eu me recuso a mantê-las agora. Porque nos tiraram a realidade, e eu não aceito agora esperanças vãs, menos ainda neste time que já demonstrou não merecer a nossa confiança.
***
Notem que eu escrevi isso tudo sem que usar o nome do Palmeiras uma única vez até aqui. Porque o Palmeiras, o grande Palmeiras, não merece este grupo que nos tirou um título que já era realidade.
11 novembro 2009
Uma missão a cumprir
12 de maio de 2009, Copa Libertadores. Mesmo com a derrota no tempo normal, o Palestra buscou nos pênaltis a vaga na casa do adversário. Não apenas o eliminou, mas também o afundou de maneira irreversível.
11 de novembro de 2009, Brasileirão. Temos uma missão a cumprir. É chegado o dia de fazer gente como Guilherme Beltrão engolir de uma vez por todas tudo o que já disse.
Nós começamos. E nós vamos terminar.
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É COM A GENTE!
A diretoria apelou para a torcida. Quer a nossa presença, que nem precisaria ser solicitada, mas não fez muito para que o apoio fosse maciço: ingressos a R$ 40 e ficamos por isso mesmo. Vamos os guerreiros – e os oportunistas devem sumir –, pouco importando qual seja a situação do time. O apoio será incondicional, como sempre foi.
Quanto ao programa de sócio-torcedor, eu sinceramente espero pelo pior. Os primeiros indícios já apontam para algo que será uma afronta ao torcedor. Vamos aguardar.
06 novembro 2009
Do Maraca para o título
De quebra, temos ainda um time bastante superior e um retrospecto amplamente favorável, com mais vitórias que o Fluminense mesmo na condição de visitante (eu teria vergonha de perder o confronto direto como mandante). E nada, nem os 40ºC da Cidade Maravilhosa, vai nos tirar essa vitória. Porque aqui é Palmeiras, porque o Maraca lotado traz o clima de final que tanto queremos e porque o mal não pode prevalecer de novo.
À vitória, guerreiros!
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O fim de semana no Rio terá ainda o retorno do grande Vasco da Gama à Série A. Amanhã, 16h10. Vai ser bom poder reencontrar os irmãos vascaínos, ver o Maraca em festa e ainda presenciar o retorno de um gigante ao lugar de onde ele nunca deveria ter saído.
04 novembro 2009
O exemplo que vem do rival
Deixemos de lado o preço dos ingressos, que é bastante elevado, mas talvez necessário diante da procura. Interessa aqui o tratamento destinado ao torcedor. O que se discute não é tanto a antecipação, que jamais será vista no Palmeiras, este clube irreversivelmente incompetente para vender ingressos, mas sim a prioridade que é concedida ao torcedor mais fiel (desculpem, mas a palavra é necessária), aquele que está ao lado do time nas horas boas e ruins.
Vejam que foi estabelecida a preferência de compra aos torcedores que, cadastrados no programa de fidelidade do clube, foram a pelo menos 10 jogos nesta temporada. 10 jogos no ano: é uma nota de corte até modesta, mas já é uma nota de corte, e talvez seja o suficiente para afastar todo aquele contingente de oportunistas que só vão apoiar o time nas finais e nos jogos decisivos. Quem esteve ao lado do clube pode comprar ingressos antes dos demais, fazendo valer o seu direito adquirido.
Quem só vai de vez em quando ou quem aparece só nas horas boas, corre o risco de ficar de fora. Simples, justo e lucrativo para o clube.
Enquanto isso, os palmeirenses convivemos com mais um adiamento do programa de sócio-torcedor. E, ao que parece, ele vai chegar já longe do que seria ideal.
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Aviso aos palestrinos que vamos ao Rio no domingo:
Os ingressos para o Maracanã estão à venda também aqui em SP, nos pontos de venda da Ingresso Fácil/BWA: Pacaembu, Canindé, Ibirapuera etc. Vamos ficar nas cadeiras azuis, a R$ 15 (não tem estudante aqui).
Para quem vai passar o fim de semana no Rio e quiser acompanhar o acesso do Vascão, dá para comprar também os ingressos para sábado: R$ 30 a arquibancada e R$ 15 a cadeira azul.
03 novembro 2009
É Pacaembu!
Tal situação, no entanto, choca-se com o discurso falastrão do prefeitinho de merda de Prudente, o tal Tupã, que ocupou espaço demais nos grandes jornais paulistanos desde o final de semana. Folha de S.Paulo e O Estado de S.Paulo, por exemplo, destacaram as melhorias no estádio (eu não notei nada de diferente em relação aos últimos dois jogos) e a intenção de levar para lá mais encontros dos grandes paulistas em 2010.
A questão é que Presidente Prudente é uma cidade esquecida no meio do nada, com estrutura precária, de difícil acesso e com logística inadequada mesmo para quem vem da capital. Eis então que resolveram construir um elefante branco em um descampado qualquer do município sem levar em conta que a cidade não tem nenhum clube disputando as principais divisões do futebol paulista.
Fizeram merda, também por influência da FPF, e quem está pagando a conta disso são os dois maiores clubes do estado e também as suas torcidas, que se viram obrigadas a viajar 1.200km três vezes no ano para ver um clássico que pertence à cidade de São Paulo e que deveria ter sido disputado aqui sem qualquer contestação.
Acontece que não temos nada a ver com o fato de Presidente Prudente ficar em um canto esquecido do mundo. Não temos culpa se a cidade não tem um time de futebol decente. Não temos culpa de existir aquele elefante branco. Não temos culpa de o prefeitinho populista querer fazer graça.
Mesmo assim, já pagamos muito caro por isso tudo. Se os presidentes de Palmeiras e SCCP insistirem no erro, estarão cometendo mais um atentado contra a história do clássico e desrespeitando as respectivas torcidas. E ninguém aqui é palhaço pra agüentar isso!
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Já me cansei dos protestos de quem mora no interior (vejam que eu não os chamei de caipiras, ok?). Não entendo o que motiva tamanha revolta, mas a verdade mesmo é que vocês já encheram o saco demais. Palmeiras e SCCP são clubes da capital paulista e, como tal, devem fazer o clássico por aqui.
Ah, vocês são palmeirenses e querem ver também? Certo, pois que venham até São Paulo e assistam. Nada impede que isso aconteça. Só não venham encher o nosso saco, nobres moradores do interior paulista (e sul-mato-grossenses, no caso dos prudentinos).
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Texto relevante para este post: Pacaembu, por que não?